Minha melhor amiga escrita por SraWeasleyPhelpsDiAngelo


Capítulo 21
XX


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores. Gostaria de desculpar-me pela demora. Vocês já estão cansados de saber que ando meio ocupada, né? Só peço que não me matem, por favor!!
Beijos, e espero que curtam o capítulo ;D



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Primeiro dia de aula. Coisa preocupante para uma garota que acabara de completar dezesseis anos, ainda mais quando é em um país que você não via há anos, onde, antes, todos te zoavam. Mas eu não podia fugir dos meus estudos. Firme e forte – ou tentando ser assim – eu entrei no carro com mamãe e meus dois irmãos mais novos. Eu só esperava que nos déssemos bem naquele lugar quase desconhecido para nós...

        Avancei pelo corredor até a sala do diretor, onde me mandaram ir no primeiro dia. Adentrei um cômodo pequeno, em que havia algumas cadeiras encostadas numa parede, outras duas na frente de uma escrivaninha, que era ocupada por uma mulher de aspecto áspero. Cabelos presos em um coque, óculos até a metade do nariz, que era bem em pé: a típica secretaria rudezinha. Havia também, bem no centro da parede oposta à porta de entrada, outra porta, ladeada por janelas de vidro.

        “Bom dia.” Dirigi-me à moça, que escrevia com fervor em alguns papéis, mas sem perder a elegância “Sou aluna nova e mandaram-me vir aqui no primeiro dia...”

        “Sente-se, queridinha.” Ela falou, subitamente “Preciso ditar-lhe as regras, enquanto o diretor não chega. Qual é o seu nome?”

        “Misty Daves” respondi, sentando-me.

        “Certo. Srta. Daves, preciso informar-lhe que não é permitido correr nos corredores nem nas salas de aula. Damas devem comportar-se como tais. Não permitimos algazarras nem gritarias. Silêncio em todo o colégio! Durante os períodos letivos, você deve dirigir-se às salas de seus professores, os quais o Diretor Rugby vai lhe passar os nomes e locais de lecionar. Importante: Não se esqueça, mocinha! Nada de comidas durante as aulas, desde chicletes à barrinhas de cereais! Nem celulares! É mania de adolescentes da sua idade ficar ‘tec, tec, tec’ no celular! Aborrecimento, é isso que esse aparelhinho traz! Além disso, não queremos ver os alunos batendo as portas dos armários...”

        Quando minha cabeça estava prestes a estourar com a voz aguda daquela mulher tagarela que pensava que eu não sabia me comportar numa escola, o Diretor abriu a porta da sala. Nunca agradeci tanto por ver um homem alto, com aquela chamada “barriguinha três meses”, expressão muito severa e cabelos grisalhos.

        “A Srta. deve ser Misty Daves, não?” ele indagou.

        “Sim, senhor.” Respondi, polidamente.

        “Por favor, venha comigo e eu lhe passo as informações que necessita.”

        Assenti e atravessei a porta ladeada por janelas de vidro, acompanhando o Sr. Rugby. Era uma sala muito maior que a anterior. Duas paredes opostas eram preenchidas por prateleiras e mais prateleiras, que abrigavam desde livros velhos e empoeirados à troféus lustrosos e chiques. Na parede oposta à porta, havia uma enorme escrivaninha, lotada de papéis e materiais de escritório. Uma poltrona de couro giratória com rodinhas encontrava-se atrás da escrivaninha, onde o Diretor sentou-se. As persianas das janelas de vidro estavam abaixadas.

        “Nossa, ela ainda tenta assustar alunos novos com a história das regras estritamente proibidas...” o homem desabafou, perdendo a pose severa “  Por amor à Deus, ela devia parar com esse falatório danado! Se ao menos algum aluno obedecesse...” e suas palavras ficaram no ar, em algum tipo de devaneio.

        Quando o Diretor voltou à tona, pediu-me que eu me sentasse numa cadeira em frente à escrivaninha.

        “Srta. Daves, aqui está sua lista de professores, ao lado encontram-se a matéria, o horário e em qual sala ele leciona.” Ele explicou-me, apontando um papel que resgatara das pilhas em cima da mesa de madeira “A Srta. não pode atrasar-se para cada aula, por isso tem um intervalo de dez minutos entre cada uma. Caso você chegue dez minutos atrasada, o professor te manda pra cá, e eu não serei esse cara bacana que estou sendo agora. Mais: Você pode notar que suas aulas de Educação Física não estão marcadas em sala de aula, mas como estamos em tempo de neve, vocês aprenderão teoria nessa matéria, já que não podem ocupar as quadras.” Ele fez uma pausa e respirou fundo “Pronta para ir à primeira aula?”

        Era uma pergunta meio difícil de ser respondida ao Diretor, mas eu sabia a resposta, que era “Não”. Eu não estava pronta, mas tinha de fingir estar, como fingia muitas outras coisas.

        “Deveria, não?” foi o que eu falei ao Sr. Rugby.

        “Você tem razão.” Ele sorriu “Vamos, então.”

        O Diretor Rugby guiou-me até a minha primeira sala de aula: a de História. Paramos em frente a porta, e o homem ao meu lado aconselhou-me, antes de bater três vezes à porta:

        “Respire fundo, mocinha. Apresentações são mesmo chatas e constrangedoras.”

        A sala do Professor Joseph era ampla e possuía um bom espaço entre as carteiras. O Prof. era baixinho, gorducho, branquelo, barbudo, porém meio calvo no topo da cabeça redonda, que parecia uma cebola.

        “Com licença, Professor. Desculpe a interrupção.” O Sr. Rugby começou “Trouxe a aluna nova.”

        Então, percebi que a turma inteira me olhava, inclusive o Professor.

        “Certo, Diretor. Pode fazer as apresentações.”

        “Obrigado, Joseph. Bom, pessoal, essa é a Srta. Daves; Misty Daves. Espero que a recebam bem.” E murmurou, para que apenas eu escutasse “Você consegue superar a merda do primeiro dia.”

        E eu sorri, provavelmente, fazendo com que todos pensassem que eu estava bem por estar ali, mas não estava. Não mesmo. Acho que o Sr. Rugby falou aquilo propositalmente, para que eu me sentisse um pouco mais à vontade. Tentei olhar para os lados, enquanto seguia para o único lugar vazio que restava na sala de aula. Não reconhecia ninguém ali, pelo menos, não com as vistas de relance. Sentei no fundo da sala, ao lado de um garoto, mas sem olhá-lo. Então, escutei:

        “Olá.”

        Virei o rosto e dei de cara com Brad Smith.

        “Ah, oi.” Respondi.

        “Então, no final, você achou sua escola...” ele sorriu.

        “Pois é” sorri de volta.

        “Bem-vinda, Srta. Daves!” o Professor Joseph cumprimentou.

        “Obrigada” respondi.

        Fiquei ali, sendo observada por quase toda a sala durante alguns segundos, mas logo todos já estavam de volta a seus afazeres. Peguei meu caderno e meu estojo dentro da mochila e copiei as poucas coisas que o Professor havia escrito. Afinal, talvez fosse mais fácil fingir as coisas para estranhos mesmo.

        O resto do meu período letivo foi como qualquer primeiro dia numa escola nova, ou seja, horrível. Todavia, eu estava muito perita na arte de ignorar.

        Por volta do horário de intervalo, o Sr. Rugby me procurou para mostrar meu armário, era como qualquer outro armário de escola.  Eu passei a maior parte do tempo com Brad, mas foi mais porque ele não saía de perto de mim. Talvez só não quisesse me excluir. Seria mesmo pior ficar sozinha naquele lugar, onde todos me olhavam.

        Só encontrei um de meus irmãos, Luck, no intervalo porque o intervalo de Martin era em outro horário. Luck não parecia mal nem bem... Acho que estava na mesma que eu, já que também não sorria. E, quando finalmente chegamos, os três, em casa, fomos correndo cada um para seu quarto.

        Apenas o gato e eu... Como já acontecera. Era muito pior ter que fingir para meus pais e irmãos, do que para aquelas pessoas daquela escola. Eu nem me importava com eles – talvez um pouquinho com Brad, afinal, ele me ajudara. Mas... O que eu poderia fazer, além de fingir que tudo estava certo?

        Meus planos já estavam montados. Os poucos dias que tivera desde a partida de Nana, usei para planejar. E estava quase tudo pronto. Minha mente, apesar de estar uma loucura, tinha fresquinhas minhas estratégias – que eu escrevera num papel.

Talvez eu estivesse sendo insana, mas eu não queria estar sã, se era para ficar sem ela... Eu não podia parar de viver, mas também não podia viver sem minha essência. Minha família não desconfiava mesmo de nada. Para eles, eu estava mesmo muito melhor que antes. Eu merecia créditos por atuação.

        Lavei meu rosto, olhei o espelho e ali notei vestígios de desespero. Eu precisava de ajuda, mas eu possuía a mim mesma.

        Já tendo tudo planejado, a semana foi uma droga já esperada, e, na tarde de domingo, eu parti com meus pensamentos e mais umas coisas desnecessárias a descrição aqui. Eu estava muito diferente da última vez que partira. Nesta, eu estava inocente e à procura de coisas que me acalmassem. Na segunda, eu estava com meu maior instinto assassino e estava indo atrás da encrenca. Eu sabia disso, mas, se eu estava me obrigando a viver, não me importaria em morrer. Passei meu batom vermelho, coloquei meus óculos escuros e soltei um riso irônico ao espelho. Comigo, só levava pão e água. Minha família? Amava muito, e justamente por isso estava me ausentando.

        Aquilo era como uma vingança. Ela queria me proteger, mas quando eu lhe disse que queria ser protegida? Quem ela realmente pensara que era?

Eu andava com meu surrado AllStar de cano longo, minha calça preta colada – que esquentava bastante –, uma blusa de mangas compridas muito quente– que, por acaso, realçava o tamanho dos meus seios – e um casaco grosso jogado por cima dos ombros. Eu guardava minha jaqueta mais quente junto com a comida e umas botas de neve, caso esfriasse ou nevasse.

        Antes de continuar, olhei para trás e fitei minha casa por alguns segundos, então, fechei meus olhos e suspirei, deixando tudo aquilo, continuei. O caminho não me cansava. Não sei dizer por quanto tempo andei, mas foi muito. Eu não sentia minhas pernas doerem ou não, eu não sentia mais nada. Durante meu trajeto, apenas observei e pensei. Observei esquilos e pássaros, pensando em como tudo era esquisito ali, naquele momento. Eu ria com esses pensamentos, mas sorria com os pequenos animais que via. Meu coração era, na verdade, o único órgão que eu verdadeiramente sentia.

        Em certo momento do meu caminhar, encostei-me numa árvore e respirei fundo. Senti minha garganta seca. Num ato de desespero repentino, recolhi da minha bolsa uma enorme garrafa de água e tomei grandes goladas. Será que é só isso? , veio-me o súbito pensamento. Ri ironicamente, então, repliquei a mim mesma:

        “Só? E você queria mais o quê?” e continuei meu caminho, devolvendo a garrafa à bolsa.

        Então, não sei quanto tempo depois disso, quando a lua brilhava intensamente no céu e, apesar disso, eu acendera minha velha lanterna, parei e sentei no gramado cheio de gravetos e folhas. Cochilei recostada numa árvore. Quando acordei, o sol estava nascendo, e eu havia caído para o lado e usava minha bolsa como travesseiro. Bocejei, tomei água, bati a poeira e pequenas folhas da roupa e voltei a caminhar. Comecei a reconhecer algumas coisas no caminho. Eu já estava perto daquele lago ou riozinho. Era estranho saber que já estivera ali antes, mas por motivos extremamente diferentes: Naquela primeira vez, eu queria esquecê-la. Na segunda, eu não queria esquecê-la. Tudo muito confuso.

        Meus passos eram idênticos e contínuos e eu sabia exatamente para qual lugar estava indo, mas não tinha extrema certeza de em qual situação estaria. E eu já avistava a montanha.

Usava minha jaqueta quentíssima – com aquele forro muito felpudo – porque o frio aumentara. Eu já tinha que andar com a cabeça um pouco baixa, para o vento não atingir diretamente meu rosto. Tinha trocado os AllStars pelas botas de neve, já que uma fina camada estava caindo. Devia estar por volta das doze horas, quando eu percebi a montanha muito mais próxima, entre as altas árvores. Talvez mais sete quilômetros e eu chegava, felizmente. Realmente minhas passadas eram bem rápidas. Talvez eu tivesse que parar e fazer uma fogueira para comer um pouco, já que o frio aumentara mesmo. E foi o que fiz...

Percebi como os livros do meu irmão eram realmente úteis para nossa sobrevivência. Aprendi como fazer várias coisas, como uma pequenina fogueira, mesmo quando tem uma fina camada de neve no chão. Eu sentei recostada numa árvore, mais nas raízes para não congelar meu bumbum. Comi meu pão esquentado na fogueira e fui tomando água junto. Para quem está com fome – não era exatamente meu caso – isso é um belo dum banquete. Depois da comida, apaguei a fogueira usando um pouco de água e continuei a andar.

A montanha estava há pouquíssima distância, cerca de uns três quilômetros. Já estava chegando perto da noite, naquele momento. Essa distância até a montanha diminuiu muito, até que eu cheguei a frente daquela mais que gigantesca rocha. Eu não tinha ideia da altitude daquele monte, mas eu sabia que era muito alto...

        Rodeei-a e encontrei uma pista para um tipo de porta: Rachaduras na parede... Entretanto, a única coisa que podia fazer era esperar, e esperei. Sentei-me há alguns metros dali, onde fui bolando minhas coisas de último momento. Como já tinha tudo planejado, apenas fiz o seguinte: Peguei uma grande e forte corda que carregava e, nas suas duas pontas, amarrei pesinhos que eram constituídos de pedras pontiagudas e pesadas. Eu havia treinado muito como usar aquilo. Só estava, na verdade, refazendo os nós que aprendera a fazer com livros do meu irmão caçula. Tudo estava pronto e eu esperei mais um pouco, até que a porta foi se abrindo e, de lá, saiu um alto ser vivo-morto: Louis tinha um belo sorriso modelando seus lábios. Após este, outro veio atrás: Gardenn. O primeiro parou em frente ao outro, e apurei meus ouvidos para escutar, sem fazer ruídos, com a respiração muito devagar, a fim de diminuir barulhos.

        “Bom, já sabe o que fazer quando encontra-la, não?” perguntou Gardenn.

        “Sim, repassei tudo, e já sei exatamente o que fazer.” O outro respondeu.

        “Ótimo, então, vá.”

        Louis foi-se, deixando Gardenn sozinho, que ficou olhando até ele sumir de vista por entre as árvores. Então, sorriu satisfeito. Aquele era o momento perfeito: Levantei e andei entre as árvores, chegando a lateral da porta na montanha. Gardenn não prestou atenção nos pequenos ruídos que provoquei. Não podia vê-lo de onde estava, mas fiquei escutando, prendendo a respiração. Soube que a pedra da porta estava sendo arrastada, por qualquer coisa, mas estava. Esgueirei-me e observei. O vampiro ainda se afastava, de costas para mim. Corri e usei toda a minha força – que estava muito bem treinada – atirando o peso na cabeça dele, que urrou e caiu ao chão. Eu já tinha meu rosto suado. Apesar de saber que o outro dos dois vampiros que sabia que existiam estava fora, sentia que o perigo ainda não havia acabado.

        Entrei por aquele corredor que já percorrera antes, então, senti um arrepio horrível percorrer meu corpo, mas continuei.

        Eu precisava continuar, e fui-me arriscar para salvar minha garota e minha vida, só não sabia até quando a sorte estaria ao meu lado...


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Notas finais do capítulo

Espero ainda continuar viva depois de vocês terem lido este capítulo. Não acho que seja um dos melhores que eu já escrevi, por isso, mais do que nunca, preciso de reviews! Bom, obrigada por lerem e preciso muito mesmo das opiniões! Beijos e até a próxima ^^
P.S.: Perdoem-me, por favor, pela demora!!



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