O Melhor Amigo Do Meu Irmão escrita por Julieta Antunes
Há dias em que nem vale a pena sair da cama
- Ellie - ouvi uma voz chamar - Ellie - essa pessoa me abanava - Eleanor Fay toca a levantar! - gritou a voz da minha irmã e eu dou um pulo, saltando na cama e de ir de cara contra o chão.
- Porra, Z! Isso doeu! - gritei, levando a mão à cara que devia estar vermelha.
- Se queixa não. Eu já te estou chamando há muito tempo... - murmurou - se veste, estamos atrasadas - ordenou e saíu do meu quarto.
Saio do meu quarto e vou para o banheiro.
Tomo um banho à pressa e saio do banheiro enrolada na minha toalha cor de rosa.
Ao passar pelo corredor, dou de caras com Thomas que me mira de cima a baixo. Sinto as minhas faces a escaldarem me viro mas, ao dar um passo para a frente, caio e bato com o rabo no chão. Sorte que a toalha não deixa ver nada...
Mestre da subtileza.
- Você está bem? - perguntou Thomas, com um olho fechado e o outro semicerrado.
Não respondo e corro para o meu quarto.
As minhas bochechas estam mais coradas do que nunca e o meu cabelo todo bagunçado.
Não dês parte fraca.
Desta vez concordo com a Liz. Se vista, se arrume, seja fantástica e o deslumbre.
Ergui a cabeça e vesti umas calças pretas justas e uma camisola e uma camisola com uma moça muito gira (a camisola não a moça). Calçei umas sandálias e coloquei umas pulseiras. Pûs o colar de minha avó ao pescoço, que era uma herança de família e coloquei o meu Samsung Star ao bolso. O meu Iphone estava sem bateria.
Sai de meu quarto e fui para a cozinha.
- Merda! Me esqueci de Rúben! - gritou Z, se levantando subitamente da cadeira onde estava sentada.
Por vezes nem eu acredito que somos gémeas.
Somos tão diferentes: psicologicamente e fisicamente. Ela é loura, eu tenho o cabelo preto como a noite. Ela é popular, eu só me dou com os tolos da nossa turma (não que eu me esteje a queixar). Ela é uma cheerleader e faço parte do coro da escola (novamente digo, eu não me estou a queixar). Ela é tudo o que eu não sou... Ou que não consigo ser...
Ela já estava com o seu uniforme da claque vestido e o seu cabelo estava apanhado num daqueles penteados complicados que as meninas da claque. Um batom vermelho lhe marcava os seus lábios e trazia um fio que dizia Cheer.
Os seus olhos me fitaram e eu logo percebi aquilo que nos unia.
Os nossos olhos, o nosso olhar.
Sorri e ela sorriu de volta. Ela se levantou e buscou na sua bolsa o seu celular.
- Adeus, malta! Nos vemos na escola! - gritou saindo de casa.
Me sentei à mesa e Thomas se sentou à minha frente.
Peguei em meus cereais e os comecei a comer com satisfação sobre o olhar atento de Thomas que teimava a olhar para mim, fixamente.
- Você quer? - perguntei, erguendo uma sobrancelha.
Ele abanou a cabeça e eu encolhi os ombros, continuando a comer.
Diga alguma coisa! gritou Liz Se faça sexy!
- Então... - lançei um sorriso sedutor a Thomas mas, ao colocar os braços em cima da mesa, acabo por derrubar a jarra de leite por cima dele.
- Merda! - xingou e eu logo me levantei.
- Peço imensa desculpa, eu limpo! - exclamei, pegando num pano e limpando suas calças.
- Deixa estar - ele murmurou mas eu continuei a limpar o que resultou num Thomas jr. excitado.
Arregalei os olhos e Thomas olhou para mim de olhos igualmente arregalados.
Nos virámos de costas um para o outro e eu conti uma gargalhada.
- Thomas, vamos? - perguntou o meu irmão entrando na cozinha e, ao nos ver assim, perguntou - O que é que se passa aqui?
- Nada - respondi à pressa e comecei a limpar o chão sujo de leite.
- Isso nas tuas calças e no chão, é leite leite e não leite do Thomas jr. certo? - perguntou o meu irmão maldosamente e Thomas assentiu. Comecei a corar violentamente.
- Tenho de ir - murmurei e, beijando a bochecha de meu irmão e pegando na minha mala e em meu casaco.
- Não necessita de carona? - perguntou Thomas e eu abanei a cabeça, gritando:
- Não, obrigada!
Sai de casa e fui jogando as pedras da calçada enquanto percorria o caminho que separava minha casa do colégio.
- Bu! - gritou uma voz ao meu ouvido e eu dei um salto, guinchando.
Me virei e me deparei com Judith, a minha melhor amiga, com cara de inocente olhando para mim. O seu cabelo ruivo cacheado caia suavemente sobre suas costas e os seus enormes olhos verdes brilhavam de uma falsa inocência.
- Parva! - gritei, lhe dando um tapa.
- Ui ui, garota stressada. Tenha calma o que se passa!
Isso, já não basta teres pessoas dentro da tua cabeça para desabafares ainda tens de pôr pessoas aí fora a fazer de conselheiras.
- Se cala, Liz - murmurei baixinho.
- Está dizendo alguma coisa? - me perguntou, mordendo a boca.
- Nada, não - senti algo cair em meu casaco e os risos estridentes de Ju.
- Uma ave decidiu cagar em você! - guinchava no meio da rua, atraindo atenções indesejadas.
É como eu disse ao início: Há dias em que nem vale a pena sair da cama
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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