"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."

Oscar Wilde

– Não me deixes cair - pedi ao meu pai, entrelaçando o meu braço no seu.

– Nunca - sussurrou , apertando levemente a minha mão.

Conti as lágrimas e mordi o lábio inferior. Estávamos à porta da igreja e eu conseguia ouvir os burburinhos dos convidados, o que me deixava nervosa.

Vi toda a minha turma de canto chegar e ergui uma sobrancelha. As raparigas vinham com um lindo vestido azul e os rapazes com um smoking e gravata azul. Ergui uma sobrancelha mas antes que pudesse perguntar, as portas da igreja abriram-se e aos casais, começaram a entrar, cantando:

There's nothing you can do that can't be done
There's nothing you can sing that can't be sung
There's nothing you can say, but you can learn how the play the game
It's easy

Comecei a sorrir emocionada e logo outro casal partiu cantando e dançando alegremente:

There's nothing you can make that can't be made
There's no one you can save that can't be saved
There's nothing you can do, but you can learn how to be you in time
It's easy (yeah, yeah, yeah, yeah)

Logo se posicionaram nas laterais do corredor, balaçando-se suavemente enquanto eu entrava juntamente com o meu pai. Continuaram a cantar e atirando pétalas de rosas azuis:

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need

Meu pai entregou minha mão a Thomas, que eu fitei com lágrimas nos meus olhos. Ele não parava de sorrir, contemplando sempre o azul dos meus olhos e sorrimos ternamente um para o outro.

–She loves you, yeah, yeah, yeah! - cantarolou o meu irmão, que também era o padrinho do meu irmão, enquanto que os outros faziam coro com ele.

O padre nos olhou com ternura e a cerimónia começou, decorrendo normalmente. Na altura de trocarmos os nossos votos, Thomas disse:

– Eleanor, eu acho que sempre soube que queria que fizesses parte da minha vida. Tu eras uma pirralha enervante que sempre se punha à frente da televisão quando eu e o Marco jogávamos PS2 - fiz beicinho - Mas eras a minha pirralha e eu sempre te amei muito. Por isso, hoje, aqui, na presença de todos, digo que te amo e que me entrego de corpo e alma a ti -jurou e eu senti as lágrimas a rolarem livremente pela minha cara.

– Thomas, eu sempre tive um fraquinho por você. Pela primeira vez na minha vida eu tenho alguém que precisa de mim, alguém que eu precisava há tanto tempo. Pela primeira vez, destemida, eu posso ir aonde a vida me leva e de alguma forma eu sei que vou ser forte. Eu te amo muito Thomas e hoje eu quero casar com você e ser para sempre sua.

Trocámos as alianças e o padre proclamou-nos marido e mulher.

– Já a pode beijar garoto - sussurrou para Thomas, que sorriu bobamente e, pegando-me nos seus braços, me inclinou e me beijou com desejo e a multidão irrompeu em aplausos.

Depois de tirarmos inúmeras fotos, e sim, quando eu digo muitas, eu quero dizer MESMO MUITAS, seguimos para uma quinta onde fui logo trocar o meu vestido por outro mais curto mas igualmente lindo.

O comer estava uma maravilha e logo veio a parte de dançarmos.

Thomas pegou na minha mão e nos encaminhou para a pista de dança, onde dançámos uma balada. As minhas mãos acariciavam o cabelo de Thomas enquanto as dele passeavam pelas minhas costas.

– Eu te amo - sussurrou e o seu hálito me fez arrepiar.

– Eu te amo milhões - disse de volta e logo a música mudou e eu fui dançar com outras pessoas.

– Adeus! - gritámos quando foi a altura de irmos para a nossa lua de mel. Entrámos no carro que logo acelerou, deixando para trás os braços levantados dos nossos convidados. Senti a mão de Thomas pousar na minha perna e nos beijámos ternamente.