Capítulo 1 – Existência Sem Você: Parte 1.

Vinte e um anos. E estava sozinha, andando lentamente. Acabara de terminar mais uma missão, exatamente no dia de seu aniversário, pois levara mais tempo do que o previsto. Havia sido chamada em Takigakure no Sato, pelo Shibuki, o líder. Tinha uma pequena probabilidade de uma epidemia de gripe por lá, e fora preciso fazer alguns antídotos, principalmente para os idosos e para as crianças. Felizmente, ninguém havia morrido antes de sua chegada.

E agora, voltando para Konoha, estava passando em frente ao País do Som. Um calafrio percorreu bem fundo a espinha de Haruno Sakura. Ele encontrava-se lá dentro. De qualquer forma, não era problema dela, não mais. Nunca foi na verdade, porque você não pode ter um envolvimento com uma pessoa, sem ela consentir. Sem ele sentir nada por você.

Passara mais de quatro anos. Longos quatro anos. Mas ela ainda sentia, ainda conseguia enxergar, sempre assistia... Como se estivesse vendo tudo por uma televisão... Ele partindo. Simplesmente partindo. Sem nenhuma palavra, apenas com um olhar, dando as costas e indo embora. Como se nada tivesse alguma importância. Precisamente como se ela nunca tivesse existido em sua vida.

A maldita guerra havia finalmente acabado. Um sem fim de ninjas haviam sido mortos, entes queridos para Sakura. Ela perdera tanto com aquilo. Era penoso imaginar que seu primeiro sensei, aquela pessoa que apesar da distância sempre esteve por perto, havia sucumbido à morte. Hatake Kakashi estava de fato morto? Era algo tão inimaginável. Como poderia acreditar? E contudo, não fora só ele. Sobraram tão poucos ninjas, que estar viva, ter sobrevivido, era uma faceta e tanto.

Seus pensamentos se dissolveram no exato momento em que ela o vira. Sasuke. Estava parado alguns metros de distância. Encontrava-se um pouco machucado, as roupas estavam rasgadas, mas não importava, afinal, ele também havia sobrevivido e nada importava, nada além disso. Por alguns instantes, que pareceram uma eternidade, mas que foram apenas poucos segundos, eles permaneceram fitando-se. Sasuke fitava-a profundamente, instigando aquelas belas esmeraldas, e como estivesse quebrando um feitiço, ele simplesmente se virou e partiu. Foi embora de Konoha, de sua vista e de seus sonhos, pois Sakura tinha certeza de que nunca mais o veria.

Com o coração ferido, fez o possível para manter as lágrimas dentro de si mesma. Passara por uma guerra e estava mais forte, não mais choraria por alguém que não lhe dava a mínima. Ele voltara, sim, mas apenas para concluir sua maldita vingança, nada mais. Nem mesmo um: “Olá” ou “Você está bem?” Oh, simplesmente nada disse!

Mesmo não o vendo mais, suas esmeraldas ainda miravam aquela paisagem, que não mais tinham sobre seu poder Uchiha Sasuke, mas ela estava impossibilitada de tomar outra atitude. Permaneceu assim até que Uzumaki Naruto aproximou-se por trás e colocou as mãos nos ombros da melhor amiga. Um calor percorreu-lhe o corpo. Apesar de tudo, Naruto era sem dúvida, um garoto lindo – tanto por fora, quanto por dentro – e ela tinha consciência do amor que ele lhe devotava.

Talvez, apenas talvez,nós devêssemos ficar com quem nos amasse não com aqueles que faziam nossos pobres corações dispararem. Era algo tão imaginável, ele, Naruto ter procurado por ela, querer saber se ela estava viva ou ferida. Entretanto, não era ele por quem ansiava estar próxima naquele momento, mas... Quem ela queria apenas a olhara e partira. Sem nenhuma palavra ou afeto.

“Você está bem, Sakura-chan?”, ele perguntou baixinho.

“Sim, eu estou bem.”, respondeu no mesmo tom, virando-se para ele. “Agora eu realmente estou bem. Acho que tudo vai melhorar, para a melhor. Isso que aconteceu foi horrível, mas de alguma forma, fez com que tudo mudasse... alcançasse a liberdade.” Sakura confessou, e mesmo que Naruto pensasse que ela estava falando da guerra, não era verdade, era sobre seu coração.

“Não...”, gritou uma garota em um fio de voz.

“Socorro!”, pedia ajuda outra, com uma voz mais firme.

Isso foi o suficiente para tirar Sakura de seu devaneio. Parecia que garotas estavam em perigo, talvez sendo... Porém, os gritos viam de dentro do Som. E isso, não era problema dela. Não tinha nada haver com o Som, e devia apenas seguir o seu caminho e esquecer. Os habitantes de lá eram problema de Sasuke, não seu. Já que era ele que se tornara o Otokage, assim como Naruto havia lhe contado.

Mas, não era de sua natureza, simplesmente ir embora e esquecer...

Gritos incessantes fizeram com que Sakura estremecesse. Não importava que estivesse violando regras, que não tivesse sido convidada para entrar no Som. O que realmente importava era ajudar, se tornar útil para aqueles que não podiam defender a si mesmo. Ela um dia, em um passado remoto, também não fora capaz de se defender e precisou de ajuda, não é? O que teria acontecido se ninguém estivesse lá?

Estaria morta. No entanto, pelos gritos e por alguns boatos que andou ouvindo do Som, aquelas pobres garotas indefesas podiam sofrer muito mais do que uma mera morte. Elas podiam estar prestes a serem violentadas, isso é, se ainda não tivessem sido. Mas de qualquer forma, faria algo ou tentaria ajudar de alguma maneira.

Sakura correu na direção dos gritos, entrando na vila oculta do Som sem demonstrar cerimônias. Então, ela avistou homens de péssimo aspecto, realmente de dar nojo. Cercando três garotas, que deviam ter em torno dos vinte anos, ou algo bem próximo disso.

“Vocês estão apenas atrasando as coisas. Deviam vir conosco de boa vontade e a dor seria menor... na hora da diversão.”, Sakura ouviu um homem grotesco ameaçá-las, a quem achou que deveria ser o líder.

As pobres garotas estavam apavoradas, mas permaneciam em silêncio, apenas deixando que as lágrimas descessem por suas faces. E o brutamonte, ria debochadamente; parecendo diverti-se muito.

Um era fácil derrotar, mas pelo que a ninja da Folha podia enxergar, havia no mínimo uns vinte homens. Não era impossível, nem seria fácil. Estaria arriscando sua própria vida, e por garotas de outra Vila.

“Você... realmente acha que vai ficar impune se nos levar... daqui?”, uma das garotas, a mais nova de todas, que deveria ter seus quatorzes anos, perguntou, aproximando-se do líder do bando.

“Volte, Gina!”

“Não importa o que nos aconteça... mas quando o Otokage... descobrir, não vai deixar isso barato.”

“Lindas palavras. Mas levaremos vocês e faremos o que desejarmos com seus pobres corpinhos saudáveis e esbeltos.” Ele empurrou Gina, que cambaleou e acabou caindo no chão, aos pés das duas outras garotas. “Espero ter sido suficientemente claro, agora!”

Sakura que até o momento, estava observando tudo atrás de uma moita, entendeu que deveria ser rápida; antes que o desgraçado cumprisse as ameaças. Não sabia ao certo qual era a intenção dos asquerosos, mas eles não gostavam do Sasuke, isso ficou muito claro.

Quando o homem puxou os cabelos de Gina, que ainda encontrava-se sentada no chão, devido à queda, Sakura deu um salto e parou do lado do traste, segurando com força o braço dele. Não demorou muito, ele largou a garota, que se levantou apressadamente e correu para junto das companheiras.

“Oh, que sorte!”, disse o homem, encarando Sakura. “Mais uma garota. E das boas!”

Ele não podia estar insinuando que... Desprezível e nojento!

Antes de salvar as garotas, teria que se esforçar para salvar a própria vida, Haruno percebeu, encarando a luxúria venenosa nos olhos do maldito. Nada seria pior do que ser violentada, ela sabia, a morte era boa demais, se fosse comparar com isso. Já tivera que cuidar de garotas que haviam tido uma sorte tão triste como essa, e na maioria dos casos, o cérebro ficava deteriorado e muitas acabavam matando-se.

Concentrou chakra na mão, e golpeio o cara em cheio no estômago, para em seguida golpeia-lo no lado esquerdo do rosto e indo direto para o tórax. Tão rápido que os golpes nem tiveram tempo para ter o seu resultado, mas no final, ele estava caindo no chão, com a cara amassada nas folhas que cresciam por ali.

“Apesar de tudo, eu consegui conversar com o Sasuke, na verdade, falamos sobre muitas coisas. Ele realmente falou bastante, para alguém como ele, você sabe. Sasuke não fala.”, Naruto confidenciou, depois de alguns minutos que a encontrara. Após ter certeza que ela encontrava-se realmente bem.

E aquilo foi o fim. Ele conversara com Naruto, mas e com ela? Nenhuma palavra. Não era algo justo, definitivamente. Mas... O que deveria esperar dele? Um beijo, como em seus loucos sonhos? Não, não podia. Ela queria apenas uma palavra, apenas uma e nada teve.

Nunca ouve um time, na verdade, não para Sasuke. Ela era apenas o estorvo, e ele e Naruto eram a “dupla”. A dupla que lutavam com um inimigo em comum, ou lutavam entre si... Apenas para descobrir quem era o mais poderoso. Não existia lugar para ela.

“Segure as malditas garotas do Som!”, esbravejou estirado no chão. “E o resto de vocês pegue a maldita garota de cabelos róseos.”

“Pode deixar. Essas crianças não irão escapar.”, disse outro, chamando mais outros dois para ajudá-lo na captura das garotas.

“Ela é uma shinobi de Konoha!”, gritou outro homem, percebendo sua bandana, enquanto esquivava dos ataques de Sakura.

Haruno Sakura, concentrando chakra nos pés e nas mãos, chutava e golpeava todos os homens que estivessem ao seu alcance, sem deixar nenhuma brecha. Mas, infelizmente, eles não eram tão fracos como o líder. Sakura recuou um pouco para a direita, enquanto cinco dos quinze homens com que lutava, tentavam encurralá-la. Ela girou na ponta dos pés, enquanto girava, passando um raspão nas pernas dos idiotas, concentrando metade de todo o seu chakra. Eles, todos os cinco, acabaram inconscientes.

No momento em que ela ia voltar-se para os outros dez homens, as garotas começaram a gritar histericamente, chamando sua atenção. Os desgraçados estavam colocando-as nos ombros, mesmo com as meninas chutando e debatendo-se.

E naquele pequeno momento, em que se encontrava distraída, um dos homens acabou atingindo-a na cabeça com um pedaço de madeira, talvez a parte de um troco de alguma das árvores. Não importa, tudo que sabia era que, fora atingida, e estava no chão a mercê daqueles ordinários.

“Agora nós a pegamos!”, gritou o líder, e de repente, ela era a garota que estava no circulo daqueles homens desgraçados. A garota que era a vitima. A quem precisava ser salva, ou então, com ajuda de um pequeno milagre, acabar com todos eles.

Continua...