Senti meu corpo bater no chão de terra.Doeu.Muito.Quase soltei um palavrão ali, mas me levantei com dificuldade.E percebi que estava sendo observada.O segurança que antes dormia, agora me olhava atônito, assim como seu companheiro.Pensei rápido, aproveitei o momento de "atonitêz" de ambos, apanhei a apostila e sai em disparada, ignorando a dor que ainda sentia.Eu tinha duas opções: ser pega ou fugir.E obviamente eu escolhi a segunda opção.Corri como nunca até o portão de entrada.Sabia que ele estaria trancado, então apenas o saltei, sentindo uma dor aguda na perna.Senti também um líquido quente escorrer no local da dor.Não olhei.Não podia me dar esse luxo.Corri até alcançar a estrada.Peguei um desvio.Virei a esquerda,a direita e a esquerda de novo.Apenas parei porque avistei uma loja de conveniência.Entrei sentindo o suor escorrer pela minha face, minha respiração descontrolada e meus membros arderem como se estivessem no fogo.O dono da loja me olhava com a testa franzida.Ou seria dona?Não me lembro.Apenas lembro da minha visão ficando turva e de meus joelhos cedendo, me levando ao encontro do chão frio.

     Pisquei várias vezes, tentando me acostumar com a claridade.Minha cabeça doía e eu estava muito fraca.Estava em uma cama de casal com lençóis azul celeste.As paredes eram brancas.Encostada na lateral do quato havia uma cômoda branca com porta retratos em cima.Havia um quadro.Era uma bailarina oferecendo flores a um homem com uma capa preta e um chapéu cobrindo-lhe o rosto.Eu ainda estava fraca demais e acabei dormindo novamente, mesmo sem saber onde eu estava ou se estava segura.

    Dessa vez acordei com alguém sacudindo meu ombro.Abri os olhos e olhei pra cima.Andrew?Não.Parecia muito.Mas não era.Tinha os mesmos olhos azuis.O cabelo preto.Parecia mais velho.Devia ter uns 21 ou 22 anos.Fiquei surpresa com a semelhança.

__Você está melhor?- ele perguntou e me entegou um prato fundo.Sopa.

__Estou.Quem é você?Onde estou?Você me sequestrou?- disparei perguntas.

__Sim, vejo que está melhor.Você rasgou a perna garota!Perdeu muito sangue.Enquanto dormia lhe apliquei uma anestesia e costurei o ferimento.-ele não respondeu minhas perguntas.

__Você não me respondeu.- falei examinando o ferimento costurado em minha perna.

__É assim que você me agradece?Ingratidão.Tome a sopa.Vai lhe fazer bem.- que ódio!

  Bufei e revirei os olhos, mas tomei a sopa quase que na velocidade da luz.Sim, eu estava com fome!Ele arregalou os olhos e se sentou na beirada da cama.

__O que aconteceu com você?E o que é isto?- ele perguntou levantando a apostila azul.Ahh, que bom, ela estava ali.

__Não sei se posso confiar em você.-respondi.Tá, o cara meio que salvou minha vida, mas eu não sei se ele seria compreensivo com a minha situação.

__Ok, tudo bem.Se não quer contar, não conte.- hum, que bom.

__Olha, muito obrigada por me...salvar, por costurar minha perna mas eu tenho que ir.- falei me levantando da cama.

__Hum, tem certeza?- ele perguntou apontando para o ferimento.Minha calça estava rasgada no local.

__Tenho, eu vou ficar bem.- falei.

__Ok.Ah, meu nome é James.James Black.-