Vou lhes contar minha historia, meu nome é Clarice, estou no auge dos meus 17 anos. Sou uma jovem como outra qualquer, menos por uma excessão..minha aparência é comum, sou um pouco mais alta que a maioria das meninas da minha idade, mas a diferença é pouca, tenho cabelos longos e lisos, em um tom castanho, sou magra, palida, meus olhos são castanhos como o da grande maioria, antigamente as pessoas diziam que eu tinha um brilho especial no olhar..que irônia, se eu tivesse mesmo esse brilho, minha vida seria totalmente diferente

Sou orfã desde os 5 anos de idade, meus pais morreram em um ancidente de carro, no inverno de 12 anos atras, como aqui nessa cidadesinha do interior neva muito no inverno, o chão costuma ficar muito escorregadio...era aniversário de casamento de sete anos deles, eles sairam para jantar em uma noite de sexta-feira, e não voltaram mais.

Desde então cresci sozinha, como nunca conheci minha familia, tive que me virar, de pouco em pouco tempo, uma tia distante e que me ajudava por caridade vinha me ver, me deixava algum dinheiro e compras para que eu sobrevivesse. Assim foi por toda a minha infância. Até que, com 16 anos, após sentir algumas dores, resolvi ir ao médico, e descobri que tinha câncer.

Hoje, com 17 anos, e internada em um hospital por tres meses, estou em estágio terminal. Não há mais nada que os médicos podem fazer, então, eu fico aqui, nessa cama de hospital, olhando a janela, vendo enquanto neve cai e esperando a minha morte.

Hoje, é uma quinta-feira, estou mais animada para escrever, hoje, uma criancinha que veio ver a avó que está doente, e entrou por engano em meu quarto. Era muito simpática, se desculpou por me atrapalhar e deixou uma das flores que havia trazido para sua avó na mesinha perto da minha cama. Era uma rosa branca.

Gosto muito de rosas, minha mãe adorava rosas, tanto que plantou uma roseira no nosso jardim. Foi tudo o que me restou dela após sua morte, portando, cuidei muito bem delas, o máximo que pude durante minha infância, mas algum tempo depois, a roseira morreu, mas mesmo assim, continua lá, ao lado de nossa casinha, uma lembrança que deixei para quando estivesse com muita saudade.

Já está de tarde, a nostalgia e incerteza de se eu verei o dia nascer novamente volta a me agoniar, como tem feito toda a noite

Sinto fortes dores, mas nem me preocupo em chamar os médicos, tudo o que eles podem fazer por mim é me dar um remedio para amenizar a dor, um remedio que me faz dormir, não tenho tempo para dormir, quero passar meus ultimos momentos consciente, é tudo o que eu quero.