Alluring Secret. escrita por Hachimenroppi


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Yaay ~~ Agora eu tenho duas fics aqui. I'm so happy. Capítulo único da Alluring Secret de Vocaloid. Espero que gostem.



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     ”O anjo sem asas,

Rendeu-se ao contrato do Diabo.

Mesmo, que antes, fosse apenas um amor não correspondido.

Ele pôs fim nisso com as próprias mãos.”

[~]

     Eu era um anjo, estava voando pelo céu, quando de repente vi um humano.

     Seu nome era Orihara Izaya. Tinha 23 anos. Um informante, moreno, implicante, cheio de truques e bonito.

     Eu observava esse humano. Todo dia, eu voava para os céus do lugar onde ele ia.

     Quando começou a crescer desejos proibidos dentro de mim, minhas asas enfraqueceram. E eu caí perto de uma vila, eu comecei a andar por lá durante o crepúsculo, mas, eu não sabia onde estava. Afinal, eu apenas voava e seguia aquele rapaz humano. Eu andei, andei, até que não aguentava mais. Caí de joelhos no chão, e estava a beira de lágrimas, não aguentei segurar mais, era a primeira vez que eu estava chorando.

     De longe, podia se ver, um humano chegar. Ele se aproximou. Eu podia vê-lo bem de perto. Ele era mais lindo do que eu imaginei. Seus cabelos negros, e seus olhos castanhos avermelhados. 

     O moreno, resolveu quebrar o silêncio.

- Você está bem ? - Disse. - Qual seu nome ? - Estendeu sua mão para mim, ajudando-me a levantar. - Você tem asas ?! - Puxou minhas asas. - Nossa. São de verdade ! Que legal ! Você é um anjo. Mas, por que você está na terra ?

     Eram muitas perguntas. Meu amado parecia maravilhado com minha aparência. Resolvi respondê-lo.

- Estou um pouco cansado, apenas. Meu nome é Shizuo. Heiwajima Shizuo. Por favor, não puxe minhas asas, isso dói. E eu não sei porque eu estou na terra, eu apenas caí.

      Na verdade, eu sabia o motivo de eu ter caído, mas não queria contar isso à ele. Até porque o assustaria. “Amor a primeira vista” não é uma coisa que muitos humanos acreditam, afinal, é algo ridículo, não pode se apaixonar apenas por ver o rosto da pessoa, e como eu observei ele por dias e vi que ele dispensou uma garota quando ela se declarou, uma menina que ele nunca viu antes, ela disse que quando viu ele, sabia que ele era a pessoa certa, ele a dispensou sem dó. Agora, olhe para mim, sou um anjo caído, e sou um homem, ele nunca irá me aceitar.

     O que eu desejo, é o fruto proibido do amor impossível. Quero fazer o amor de um anjo e de um humano acontecer. Nem que para isso, eu tenha que me render a coisas perigosas.

     O humano que me apaixonei, era um tanto gentil. Me levou para sua casa, me limpou, mesmo eu dizendo que poderia me limpar sozinho, ele queria cuidar de cada machucado, de cada sujeira que eu possuía no corpo naquele momento. Deixou que eu me vestisse sozinho. Uma roupa daquele rapaz pequeno coube em mim.

- Deite-se na cama. Sinta-se em casa. - Ele mal disse isso, eu corei.

     Deitei-me na cama, o rapaz moreno da pele um tanto pálida deitou do meu lado,  me abraçou.

- O-o que está fazendo… Orihara-san ? - Eu me assustei um pouco com a ação do moreno. Por que ele estava me abraçando ?

- Perdão. - Me soltou - É que eu sou acostumado a abraçar o que está do meu lado quando durmo, era um travesseiro, mas hoje você está no lugar dele. Desculpe.

- Não. Tudo bem, eu não ligo. Me abrace, fique a vontade. - Voltou a me abraçar. Como era boa, a sensação de ser abraçado pela pessoa que ama.

     Eu consegui dormir como um anjo (?) com os abraços do moreno. É como se todos os meus problemas tivessem desaparecido. Dia seguinte. Acordei antes. Enquanto ele estava dormindo, eu fiquei olhando-o. Era muito fofo. Eu queria beijá-lo, mas era muito arriscado, e se ele acordasse ? Mesmo sendo arriscado de mais, eu o beijei, e ele acordou exatamente um minuto depois.

- Bom dia, anjo-caído ! - Ele disse, como se o beijo tivesse sido no sonho.

- B-bom dia… - Eu falei, irritado. Apelido mais que idiota esse que ele me deu.

     Ele se levantou, tomou banho, tomou café da manhã e quando ia sair de casa eu o pedi para ir junto. Ele aceitou, mas não tinha nada a fazer no escritório, a não ser ver uma humana ser rude com meu amado, enquanto arrumava tudo. Só acho que, se ela é empregada, ela tem que arrumar calada, não sei como ele não coloca aquela vaga- digo, aquela mulher na rua.

- Namie, vou sair um pouco.

- Deixe um ônibus te atropelar, okay ? - Disse a menina, que não tirava os olhos de um livro.

     O meu humano suspirou.

- Você não vem comigo, Shizu-chan ? 

     ”-chan” ? Um nome fofo e feminino. Me irritou por um momento, mas o que importava ? Era melhor que me chamar de “anjo caído” esse sim, era irritante e me deixava triste. - Vou sim. - Olhei uma última vez para traz, lançando um olhar de ódio a mulher. Estávamos na rua, a caminho da loja de sushi do forte homem russo e negro, compramos o sushi e estávamos voltando.

- Quer ? - Ele pegou um sushi e me ofereceu - Experimenta. Diga “aah”.

     Abri a boca… “aah”. Meu Deus. Era maravilhoso, nunca tinha comido nada parecido. Ou como anjo, eu acho que nunca precisei comer…

     Estávamos andando pela cidade, e vinha uma menina, era bonita, tinha longos cabelos ruivos e se dizia uma velha amiga de meu rapaz.

- Izaaayaaa !! Como você está ? - Ela falou. - E quem é o loiro lindo ?

- Stalk- Yuka-chan… Pintou o cabelo, ficou lindo, muito melhor que loiro, a cor laranja combina mais com você. Estou bem. Esse é o Shizu-chan. Foi bom vê-la. Até. - Saiu andando. Me segurei para não rir, ele tinha ignorado a ruiva linda, como nunca ignorou outra. Mas, para minha raiva, ela correu atrás dele e se jogou em cima do corpo frágil do meu humano precioso. - Sua…

- Ei, saia de cima dele. Quem pensas que é, sua louca ? - Eu empurrei ela e ajudei o informante a se levantar.

- Huh ? Sou amiga de infância, e você ? O que é do meu amado Izaya ? - Eu fiquei em silêncio, porque eu não era nada. Apenas um anjo caído que era incomodo em sua casa. E… amado ? Amado ? Ela disse “amado” ? - Nada, eu aposto. Não se meta em meu caminho. - Forcei minha mão em um punho. Já tinha visto essa menina lá de cima. Nunca gostei dela.

- Não se atreva a falar assim com meu anjo. Agora larga do meu pé. - As palavras maravilhosas que saíram da boca dele, me surpreendeu, até a garota voltar a falar com aquela voz de estourar os tímpanos.

- Mas, Izaya, eu vim aqui, mais uma vez para pedir a você pra ficar comigo. - Ela disse isso ? Como ela pôde dizer isso ?

- Vou pensar. Foi bom vê-la. Até.

     Ele disse que ia pensar. Meu mundo desmoronou. Apesar de eu não gostar nem um pouco da Yuka, ela é muito bonita, não posso negar, e eles são amigos de infância, há mais de 80% de chances de ele aceitá-la.

     Chegamos de volta ao escritório. - E eu estou de volta. Que pena para você, Namie-san, eu não fui atropelado por um ônibus.

- Grande pena ! - Olhei com raiva para ela mais uma vez. - O que foi, anjinho-caído ? Algum problema ? 

- Ignore-a. Venha cá, preciso de sua opinião. - Sentei-me perto de Izaya. - O que você acha de eu aceitar a Yuka ? Ela me persegue de mais, mas, se eu namorar ela, talvez ela mude, pare com esse comportamento louco, e ela está tão linda. - Eu ouvi isso ? Minha audição não estava me traindo ? Impossível.

     Eu me levantei.

- Eu não sou a pessoa certa para você pedir essas coisas. Perdoe-me. - Saí do escritório.

- E-espere, Shizu-chan…

     Um anjo a beira de lágrimas mais uma vez, eu não quero chorar, não quero ! Sim, sou um anjo que segura seus sentimentos, mesmo quando não aguento, eu me esforço muito para segurar, porém, nesse momento, eu não conseguia mais. Uma lágrima desceu, e o céu se fechou, começou a chover e eu ainda corria pela rua. Consegui chegar até na casa dele, mas a porta estava trancada, eu esperei por ele.

     Quando ele chegou, tinha uma vasilha dentro de uma sacola em uma de suas mãos, mas, parecia chateado comigo. O rosto de decepção dele, cortou meu coração. E eu não conseguia mais olhar para ele. Eu estava chorando e com vergonha de minhas atitudes. O rapaz pegou suas chaves abriu a porta e ajoelhou ao meu lado. 

- Você não vai entrar ? - Perguntou. - Está frio aí fora.

     Entrei na casa dele, fui até o quarto, sendo acompanhado por ele.

- Orihara-san… preciso te falar uma coisa, é muito importante. - Ele que estava saindo do quarto, virou-se para mim. - Eu… Eu…

- Você o que ? Diga de uma vez.

- EU TE AMO !! - Eu gritei com ele. Eu estava nervoso. - Foi por isso que minhas asas se enfraqueceram e eu caí do céu. Eu me apaixonei por um humano. - Não conseguia segurar minhas lágrimas de modo algum, elas escorriam pelo meu rosto como se o amanhã não fosse chegar. - Por favor, me aceite. Esqueça a Yuka, fique comigo. 

- A única coisa que eu posso dizer a você é: você é um anjo adorável, mas você está querendo algo impossível. Você quer que o amor de um anjo e um humano aconteça. - Eu sabia de tudo que ele estava falando, eu sei que sempre faço tudo errado, mas tudo o que eu quero é estar ao lado daquele humano… o que tem de tão errado nisso ? O que há de tão errado em amar ?

- É porque eu sou um anjo ? Então, vou abandonar esse meu coração puro, se para que eu possa te amar, não hesitarei em cortar essas asas. Deixe-me render ao Diabo. - Eu saí correndo. Não queria ninguém me vendo chorar, mesmo que Izaya já tivesse me visto naquele estado.

     Ridículo ! Mais uma vez, estou fugindo. Sou tão patético.

     E mais uma vez, tudo que eu queria se distanciou de mim, por causa da minha estupidez.

     De repente, do chão saiu alguém. Quem era ? 

- Olá ! - Ele disse. - Eu estive te observando, anjo caído. - Eu odiava quando me chamavam assim. Me sentia mais idiota do que já sou. - Quer poder ficar com esse humano ?

- Quem é você ? - Eu perguntei. - O que quer comigo ?

- Quem sou eu ? Essa é a sua menor preocupação. Matsumoto Yuka vai roubar Izaya de você. Você deixará ? Eu não quero nada de mais, apenas suas asas.

     Pedido estranho ? Também achei.

     É. O anjo caído, perdido e ferido, fez um contrato com o Diabo, apenas para ter a pessoa amada.

     Ele… ela… não. Aquilo me transformou em uma mulher. Com cabelos loiros, médios e ondulados, um corpo muito bonito, parecia ter 20 anos. E… eu não tinha mais minhas asas.

     Resolvi tentar de novo, para ver se conseguia fazê-lo me amar.

     Fui para Ikebukuro, a cidade em que meu amado estava. No momento em que eu cheguei lá, eu o avistei, fui correndo até ele, tropecei e caí. Ele se virou, e atrás dele tinha eu, que havia ralado o joelho.

- Ora, quem é essa menina linda ? - O elogio do humano me deixou realmente feliz. - Nova na cidade, pequenina ?

- Oi. Sou Shizuka. Heiwahara Shizuka Sou nova aqui. Poderia me mostrar a cidade ? Eu ficaria grata. - De onde tirei esse nome ? 

- E o que faremos a respeito do seu joelho ? - Passou a mão no machucado. Ardeu. - Desculpe. Vou cuidar disso depois. Mas, você chegou até a pessoa certa para mostrar-lhe a cidade. Sou Orihara Izaya, o informante de Ikebukuro. - Me ajudou a levantar. - Começaremos pelo paraíso. Pela loja de sushis do Simon.

     Ele me levou primeiro lá e me pagou uma porção de sushi. Deliciosos como sempre. Depois, me levou para conhecer as pessoas (que eu já conhecia), um garoto loiro, muito divertido e convencido, chamado Kida Masaomi. Ele não gostava muito do meu amado, na verdade, ele o odiava com todas as forças do corpo, e mesmo não gostando da pessoa que me acompanhava, ele me cumprimentou muito bem. O outro era um pouco menor que o meu moreno, tinha cabelos pretos e olhos azuis, ele era bem legal, seu nome era Ryuugamine Mikado. E a última, uma menina de cabelos curtos, olhos castanhos, Sonohara Anri, mas, eu a conhecia como Saika. Todos muito gentis. Ele me levou para conhecer a motoqueira sem cabeça e muitas outras outras coisas. Ikebukuro era mesmo uma cidade fantástica e fora do comum.

Depois, tive que me separar dele um pouco.

- Onde vai ? - Me perguntou

- Eu tenho que arranjar um emprego, estou sem dinheiro. - Respondi. - Ei, você vai muito naquela loja de Sushis do Simon-san ?

     Ele sorriu.

- Vou sim. Por que ? Quer trabalhar lá ?

- Quero sim ! Para poder ficar perto do meu primeiro amigo que fiz na nova cidade. - Amigo… por enquanto. - Me acompanha, Izaya-kun ?

- Claro. 

     Fomos até lá. E eu consegui o emprego. Foi muito mais fácil do que eu imaginei, e eu estava nervoso com isso.

- Você tem lugar pra ficar essa noite, Shizuka-chan ? - Ele me perguntou.

- Não… - Passei a mão na cabeça. 

- Vem pra minha casa, até arrumar uma. Será uma honra ter a Lady junto a mim. - Ele pegou minha mão e me girou.

Eu senti meu corpo queimar, estava com um pouco (muito) envergonhada. O que foi ? Sou um anjo tímido.

     Aceitei. Porque, se eu gosto dele, não faria sentido recusar. Ele me levou até a casa que eu já conhecia, me preparou um lamen, e puxa, o humano sabia cozinhar muito bem. Eu ainda não era muito bom em usar os hashis, o moreno ria muito da minha cara.

- AAAH ! Pare de rir. Seu malvado. Rindo da desgraça dos amigos.

- Tadinha da Shizuka-chan. Eu não sou malvado, pequenina… bom, talvez um pouco, mas é que é muito engraçado, você é japonesa mesmo ? Não consegue nem usar hashis. - Ele pegou a tigela de lamen e os hashis da minha mão. - Aqui. Diga “aaah”. - Mais uma vez ele fez isso. Ele gostava de bancar o papai. Imagino ele cuidando de nossos filhos.

      Ele me ajudou a comer e me ensinou a usar hashis, me senti um sonso naquele momento. Vi tantas pessoas comendo com aquilo, eu já deveria ter aprendido. Eu fui lavar a louça, enquanto Izaya lia um mangá BL, não me perguntem o por que, como eu saberia a resposta para algo assim ? E, não ! Ele não é homossexual, ele queria aceitar a Yuka, lembram ?

     Minutos depois, terminei de lavar a louça, voltei ao quarto. O humano estava dormindo como um bebê. Tive vontade de beijá-lo de novo, mas fiquei na vontade. Porque, não faz muito sentido, beijar alguém que “conheceu” hoje, certo ? Deitei ao lado dele, e como eu esperava, ele me abraçou. Corei. O abraço dele, não muda nunca. Tão confortável, dá aquela sensação de paz. Não existe nada melhor.

     Próximo dia. Acordei muito tempo depois de Izaya. Não sei, estava muito cansado e não consegui acordar cedo de jeito nenhum. Ele me comprou roupas.

- Aleluia você acordou. Nem se mexe quado dorme. Parece até que está morta.

- Que horror. E isso aí ? Essas saias, são pra mim ? - Que pergunta foi essa ? Eu esperava o que ? Que o moreno fosse vestir aquilo ? Como esperado, eu recebi uma resposta ignorante, mas foi muito bem merecida.

- Não. Não, não, não ! Eu vou vestir, gosto de me vestir como mulher antes de ir ao trabalho. - Eu não pude deixar de rir da cara dele.

- Então vista, que eu quero ver ! - Dei as roupas nas mãos dele.

- Hahaha. É pra você sim, tome um banho e vista isso. A loja de sushis abre em 20 minutos. E você perdeu o horário da manhã. - Como poderia pagar ele, por tudo que ele fez ? Quanta gentileza em uma só pessoa, mas quando eu ainda podia voar, ele parecia tão chato, frio e implicante, mas, ele é muito diferente. Cada dia que passa, amo mais e mais ele.

     Me perdi em pensamentos, e agora eu estava atrasado para o trabalho. Quando fui tomar banho, vi no espelho que tinha marcas em minhas costas. Marcas de asas arrancadas. Não doía, mas, não me agradavam nem um pouco. Eram feias, e me faziam lembrar de coisas terríveis.

     Ficar pensando no banho, enquanto a água caía era bom, mas eu só tinha mais 10 minutos. Saí do banho, me vesti e saí correndo. Ia me atrasar. Saí da casa do moreno correndo como um condenado. Cheguei. Consegui, bem na hora.

- Shizuka-chan, você perdeu o horário da manhã. - Falou o grande homem russo.

- Perdão ! Me esforçarei para não me atrasar mais. - Fui trabalhar. Eu não tinha a menor ideia de como fazer um sushi, então fiquei com o trabalho de entregar os pedidos.

     Minutos depois, alguém entra no meu local de trabalho. Adivinhem quem. É. Meu amado.

- Yoo, Simon. O de sempre por favor. Olha só. Conseguiu chegar a tempo.

- Claro que consegui. Mas, agora eu não posso falar, então não me desconcentra. - Como se ele precisasse falar algo para me desconcentrar do trabalho.

- Pedido pronto. Shizuka, venha buscar. - Peguei o pedido e entreguei-o para Izaya.

- Obrigada, doce menina. Ah, aqui, uma cópia da chave da minha casa. E hoje, eu tenho algo para falar com você.

     Simon se aproximou.

- Eu não quero interromper os pombinhos, mas ela trabalha aqui, então, sem distrações. - Eu fiquei com um olhar de “por que ?” e Izaya concordou com a cabeça, pagou e foi embora. - Você tem que se concentrar, ou será demitida. Entregue esse na mesa 5. - Eu não tinha escolha. Afinal, Simon estava certo, eu não queria, nem podia ser demitida, tinha que pagar o humano por tudo que ele fez por mim.

     Hora de ir para casa. Eu estava cansada e com os ouvidos doendo. Eu ainda estava me acostumando com a vida humana, então, era muito atrapalhado. Reclamações do tipo “Eu pedi um molho picante, cadê o molho ?” ou “Eu pedi outro tipo de sushi” cansativo. Eu errava em muitas coisas. E recebia reclamações, de pessoas que eu nem sabia quem eram. Foi estressante. 

     Mas, graças a Deus, eu estava em casa. Coloquei a mão no bolso, procurando a chave, peguei ela e abri a porta. - Tadaima. - Ele estava em casa. Deitado, lendo o novo capítulo de seu mangá BL. - Izaya ?

- Shizuka-chan ~~ Okaeri. - Me recebeu com o mesmo sorriso lindo de sempre.

- E o que você queria falar comigo ?

- Oh, sim. Como eu poderia esquecer algo assim ? - Ele deu um soco de leve na cabeça e se ajoelhou. - Shizuka… - Será ? É o que eu estou pensando ? Eu consegui ? - Quer… namorar comigo ? - Yaaay ~~ Eu tinha conseguido.

- Q-que… - Meu coração estava batendo muito forte e eu estava muito feliz. - Quero. Quero. Quero. - Eu pulei em cima dele, abraçando-o, a ponto de quebrar as costelas daquela pulguinha. Mesmo ainda não acreditando no que estava acontecendo, eu não conseguia me controlar. Sorriso enorme, de orelha a orelha. Creio que você, caro leitor, nunca estará tão feliz quanto eu estou neste momento.

     O pequeno moreno, esmagado em meus braços, me apertava forte também, apesar de ter sido apertado tão forte, ele parecia feliz. Já estava na hora de soltar ele, senão ele ia morrer sem ar. Era difícil soltar aquela coisa linda e fofa.

     Ele passou a mão em meu cabelo e me beijou. - Eu te amo. - Disse meu amado, calmo e despreocupado, enquanto eu, estava feliz, sorrindo, porém, vermelha e com o coração batendo forte.

- Okay, okay. Estou cansada, vou tomar um banho.

     Ele pegou minha mão. - Quer que eu te ajude ? - Corei, recusei, afinal, eu não queria que ele visse aquela marca horrorosa das asas arrancadas.

     Tomei um banho e me vesti. Saí do banheiro e deitei-me ao lado dele. Mais uma vez, fui abraçada por ele. 

- Seus braços parecem mágicos, parece que afastam os problemas e eu consigo dormir como um anjo. 

- Anjo… - Consegui ouvir ele sussurrar isso, mostrando-se triste. - Fico feliz que você durma bem quando é abraçada por mim. - Tentou esconder a tristeza quando olhou para mim, sorrindo falsamente. Ele sentia falta do meu outro eu. Mas, eu fiz tudo isso para ficar com ele, e agora que ele me quis, eu não podia voltar atrás. - Vamos dormir.

     Eu vi. Ele não estava tão feliz, estava acabando com a minha felicidade. Não consegui dormir. Fiquei acordada até de manhã. Fui para o trabalho, quase dormindo. Simon, vendo que eu estava com um rosto desanimado, naquela loja, onde eu devia estar alegre, resolveu falar comigo.

- Ei, você parece desanimada hoje. - Disse, em russo. Era tão diferente de quando ele falava japonês, ficava tão sério. - Aconteceu algo com o Izaya ? Parece que não dormiu direito por causa dele. Afinal, vocês moram juntos.

- Não é nada, Simon-san. Não precisa se preocupar comigo. - Eu falei, em russo. Eu sou um anjo inteligente, hunf. - Esse prato é na mesa 10 né ? Deixa eu entregar. - Voltei a falar japonês e fui entregar o pedido, que dessa vez, estava com o molho picante, porém, ele não queria o molho. Brigou com a menina desajeitada que colocou o molho na mesa dele. Mas, ontem ele queria o molho, por que hoje seria diferente ? Velho chato.

     Nesse dia, o meu humano não veio a loja. Por que ? Me perguntei se ele não queria ir me ver. Quando deu a hora de ir para casa, eu estava andando e vi um vulto. Nada mais. Me assustei, podia ser um mal sinal. Senti que algo de ruim ia acontecer ao meu amado. Parei de andar que nem uma lesma e corri para casa dele. Cheguei lá, no momento em que eu entrei pela porta, uma anja o matou, pude ver sangue escorrer de sua boca, enquanto aquele ser o olhava friamente.

- AAAAH !! Sua louca. O que você fez ? Por que você fez isso ? Eu o amava. Salve-o. Por favor, salve-o. - Eu chorava e gritava loucamente, com o moreno em meus braços. - Salve-o. Não o deixe morrer. Eu sei que você pode salvar ele.

- Você conseguiu o impossível por alguns dias. Mas, essas são as regras, o amor de um anjo e um humano não pode acontecer.

- Tanto faz. Eu não quero que ele morra. Salve ele. - Segurei uma das mão frias e pálidas do amado em meus braços.

- Você é um anjo que não obedeceu as regras. Se quer mesmo salvar esse humano, você deve morrer no lugar dele. - Eu não tive outra escolha, a não ser concordar, eu não podia deixar ele morrer, não por algo que eu fiz.

[~]

“O anjo sem asas, 

Se libertou do contrato com o Diabo,

Em troca de sua própria vida.

Deixando apenas uma única pena.

Ele salvou seu amado. 

Desaparecendo”

[~]

     Voltei a minha forma normal, segundos depois, ele acordou.

- Você está vivo ! - As lágrimas começaram a cair mais depressa, só que dessa vez era de felicidade.

- Huh ? Shizu-chan ? Você era a Shizuka ? Bem que vocês são bem parecidos. - Ele disse.

     Eu estava desaparecendo. Antes que desse minha hora, eu puxei o moreno para mim e o beijei. - Eu te amo. - Foram minhas últimas palavras para ele. Eu desapareci deixando uma única pena.

     Ele chorou.

- Espera. Não se vá. SHIZU-CHAAAAN !!! - Gritava. Agarrou-se a pena que eu havia deixado. - Eu tinha tanto a lhe falar.

     Deitou-se na cama, abraçado a pena. Chorando, encharcando seu travesseiro. Ele não podia mais falar o que queria comigo. Ele chorou até o amanhecer.

     No dia seguinte, ele escreveu muitas coisas em papéis, enquanto estava em seu escritório. Ele escreveu um texto, que dizia várias coisas. Acho que era o que ele queria falar comigo. Mas, ele escreveu sobre isso, como se tivesse sido um sonho. Ele se sentia culpado pela minha morte, e queria tirar a culpa de si. Queria convencer ele mesmo de que ele não tinha feito aquelas coisas. 

     Estava escrito: 

“Tive um sonho triste.

Nesse sonho eu não me apercebi

que tinha destruído um precioso tesouro

pelas minhas próprias mãos.

Num certo dia, essas memórias foram

empurradas para as profundezas do meu coração.

Apenas solidão restou de mim,

e está a destruir a minha mente vazia.

Olhando para o céu

e estendi os meus braços.

mas não consegui tocar na brancura que se estendia.

No sonho triste,

alguém sorria e segurava-me as minhas mãos

Quem era essa pessoa…?

Até aos fins do céu,

se eu pudesse voar e procurar-te,

eu segurar-te-ia nos meus braços

e nunca te largar.

Eu prometo.

Da memória enjaulada,

a minha alma-gêmea apareceu,

com um sorriso lamentoso

Instantaneamente, senti o que queria.

Meu coração,

vazio,

devia de ter sido preenchido.

Quanto mais o amo, mais vazio fica o meu coração.

Estou a falhar alguma coisa importante…?

Não posso deixar este sentimento alcançar-te,

apesar de te amar loucamente.

A minha mente continua vazia e dolorosa.

Eu amo-te tanto.

Uma coisa doce desapareceu.

Das profundezas da minha memória.

Lembro-me do meu amado em lágrimas.

Essa pessoa…

estava a olhar para o fundo do meu coração.

Essa pessoa é…

Eu sei que este sentimento nunca te irá alcançar.

Mesmo assim sendo, continuo a amar-te.

Eu dedico-te este texto sem importância.

Acreditando que posso voltar a ver-te.”

E em outro papel, estava: “ Eu sei que foi real… Me perdoe, Shizu-chan. Eu te amo, seu anjo-caído pirracento.”


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Notas finais do capítulo

E aí ? Gostaram do que leram ? Eu espero que sim. E obrigada por ler. *3*