A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 3
Era mesmo um sonho?


Notas iniciais do capítulo

Ressalto que esta estória não segue a mitologia por completo, é apenas uma base. Também usei características de alguns personagens da série Percy Jackson.



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Acordei com alguém me chamando. Levantei a cabeça e vi minha mãe em pé me sacudindo.

— Levante-se querida, já chegamos em Nova York.

Olhei para a cadeira ao meu lado, mas estava vazia. Será que aquilo foi um sonho? Levantei e segui a minha mãe até o saguão do aeroporto.

— Por que você saiu do meu lado e foi se sentar longe de mim?

Então aquela conversa não foi um sonho. Eu estava conversando com um cara lunático que dizia ser Apolo, o deus do sol.

— Encontrei um conhecido no avião, então sentei ao lado dele para conversar, mas acabei pegando no sono.

— Conhecido? Não tinha ninguém do seu lado quando acordei e a vi dormindo naquela cadeira.

Dei de ombros.

— Talvez tenha ido ao banheiro.

Ela concordou um pouco desconfiada, mas não quis prolongar o assunto. Pegamos um táxi e fomos para casa. Quando entrei em casa fui direto para o meu quarto e me joguei na cama. Fiquei relembrando a conversa que tive. Patético. Tirei o meu tênis e fui dormir.

Eu sei que tive um sonho.

Estava naquele mesmo lugar do antigo sonho, com as mesmas roupas e penteado. Andei pelo campo e vi um castelo. Não era um castelo. Era aquela coisa velha de estilo grego, só que estava com a aparência de nova. Andei em direção para aquele lugar, subi as escadas e me vi em um salão enorme, o mesmo daquela lembrança. Vi algumas portas gigantes, fui em direção a do meio e a abri. Entrei em um salão enorme com várias cadeiras de pedra, enormes também. Saí daquele cômodo e fui para a porta a direita. Vi que tinha um salão com uma mesa enorme e várias cadeiras a acompanhando. Saí daquele cômodo e fui para a última porta a esquerda. Abri a porta e vi um pequeno salão com uma escada circular no fundo, fui em direção a escada e subi. Encontrei algumas cortinas de seda dourada em várias portas e atrás das cortinas tinham paredes no fundo. Fui em direção a primeira porta, segui o corredor a esquerda e comecei a ouvir vozes. Parei ali mesmo, tentando identificar de quem eram as vozes.

— Estou preocupado. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Tive que tomar essa decisão.

Eu conhecia essa voz. Era um homem, mas não era o homem do avião. A voz é familiar, mas não lembro de quem seja.

— Essa decisão não está sendo muito bem aceita, pai. Não concordo com ela.

Essa voz eu também conhecia. Era de uma mulher. Também não lembro de quem seja.

— Mas terá que aceita-la, Ártemis. Agora me deixe sozinho.

Tomei um susto quando a garota parou na minha frente e ficou me olhando. Quando abri minha boca para explicar, ela passou por mim sem dizer nada. Estranhei. Ela não conseguiu me ver, mas acho que sentiu minha presença. Fiquei ali parada, tinha que saber quem era aquele homem. Dei alguns passos e espiei. Ele estava de costas, sentado na cama. Percebi que estava irritado. De repente algo aconteceu; ele levantou a cabeça e se virou. Fiquei assustada, mas sabia que ele não podia me ver. Ele se levantou e veio em minha direção, parou em minha frente e o meu coração disparou.

— Sei que está aí. Revele-se.

Continuei parada, só observando.

— Eu disse revele-se.

Não gostei do tom dele, então saí correndo de lá. Senti que ele me seguia e ouvi um barulho estranho. Quando olhei para trás, vi um raio em sua mão sendo apontado pra mim. Eu não acreditei que aquilo estava acontecendo. Ele lançou o raio em mim, eu gritei de dor e caí ao chão. Esperei que fosse vir mais alguma coisa, mas tudo estava em silêncio. Sentei e olhei na direção daquele homem. Ele me olhava, sem acreditar no que via.

— Alexis?

De novo aquele maldito nome.

— Por que todo mundo que encontro me chama assim? Meu nome não é esse.

Ele estranhou.

— Esse é o seu nome verdadeiro.

Suspirei. De novo essa história. Levantei gemendo de dor.

— Por que me atacou? Eu não iria fazer nada com você. Só queria saber quem era que estava naquele quarto.

— Você estava escondida e não se revelou quando pedi. Mas como não sabia quem estava ali?

— Não sabia e nem sei quem é você.

Ele parou e me analisou.

— Você está mesmo... Diferente. Não se lembra de mim?

Balancei negativamente minha cabeça.

— Sou Zeus, deus dos Céus.

Dei risada. De novo não.

— Vai me dizer agora que estou no Monte Olimpo?

— Você está no Monte Olimpo. E ainda quero saber como conseguiu entrar aqui se as portas estão fechadas?

— A última coisa que lembro é que estava deitada na minha cama dormindo.

— Talvez sim, mas uma parte sua está aqui. Ainda não respondeu a minha pergunta.

— Você não está entendo. Eu não faço ideia de como parei aqui. Só sei que estava em Nova York, na minha casa, dormindo.

— Nova York? Alexis, está me dizendo que esses anos todos você estava vivendo com os mortais? – Perguntou Zeus irritado.

— Desde que eu nasci vivo com a minha mãe.

— Sua mãe? Ela está morta! Em pedaços no Tártaro. – Ele passou a mão pelos cabelos escuros e cacheados – É contra lei estar vivendo com os mortais, eles não podem saber da nossa existência, Alexis. Você conhece muito bem as regras.

Certo, esse cara está maluco.

— Minha mãe não está morta, está em casa dormindo. E não sei do que você está falando. A única coisa que quero fazer é dar um jeito de acordar e sair desse sonho idiota.

— Sonho? – Ele riu – Você está louca. Também poderia, afinal só fez loucuras desde a última vez que te vi.

— Nunca o vi na minha vida.

Ele não gostou do que eu disse e veio em minha direção agarrando o meu braço. Quando ele fez isso o soltou ao mesmo tempo, horrorizado.

— O que houve com você?

— É o que me perguntaram também. Se me der licença, senhor, mas vou embora daqui.

Ele segurou o meu braço novamente e me puxou.

— Ei! O que você está fazendo?

— Tentando descobrir o que aconteceu com você.

Ele me levou até o grande salão com as cadeiras enormes e de algum jeito ficamos do mesmo tamanho delas. Ele tocou em cada uma das cadeiras e ficou parado, em frente a uma única cadeira virado para as outras que formavam um Ʊ. Ele ainda segurava o meu braço. De repente várias luzes douradas apareceram e juntos delas pessoas também. Quando todas as cadeiras estavam preenchidas, observei as pessoas que estavam ali em minha frente. Os homens vestiam roupas antigas gregas e as mulheres vestiam as mesmas roupas que a minha. Todos olhavam para mim sem acreditar, menos um, o homem do avião, ele estava sorrindo.

— Alguém poderia me explicar isso? – E apontou a cabeça dele para mim soltando o meu braço.

Espera aí, ele me chamou de coisa?

— Quero uma resposta. Agora.

Senti que ele estava se controlando.

— Estou tentando entender o que está acontecendo. Hermes?

O homem loiro olhou para mim e para Zeus.

— Sei a mesma coisa que o senhor sabe.

— Tem certeza? Não sabia que ela estava vivendo com os mortais? E bem debaixo do nosso nariz?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Atena.

A mulher dos cabelos do mesmo tom que os meus e os olhos cinza ficou analisando a situação.

— Não sei ao certo, mas parece que roubaram à memória dela. Está tudo confuso na cabeça dela.

Ele concordou com a cabeça e andou de um lado para o outro. De repente parou em frente a mulher da cadeira ao lado e a olhou.

— Me explique, Hera.

Ela levantou a cabeça e olhou para mim, irritada. Imaginei que ela desejava que eu não tivesse aparecido e depois olhou para Zeus.

— Era necessário.

Zeus respirava fundo tentando se controlar.

— Devolva as lembranças dela.

— Não está comigo.

Ele olhou para uma mulher muito bonita.

— Devolva, Afrodite.

Ela suspirou e de repente apareceu uma caixa na mão dela e entregou a Zeus. Ele pegou a caixa e a colocou em minhas mãos. Depois voltou em direção a elas.

— Quero conversar com elas a sós.

Os outros saíram de lá pelo mesmo modo que chegaram, pelas luzes douradas. Aproveitei a chance e imaginei voltando para casa, mas Zeus segurou a minha mão.

— Você fica aqui.

Mas era tarde demais. Pude ouvir a voz da minha mãe me chamando, então fiz de tudo para que Zeus largasse a minha mão e eu pudesse voltar para casa. Quando consegui, fechei meus olhos e depois abri. Estava deitada no meu quarto com uma caixa na minha mão e ainda estava com a minha blusa e calça jeans. Ouvi uma batida na porta, escondi a caixa e fingi estar dormindo. Ouvi a porta sendo aberta, depois de um tempo ela foi fechada. Ouvi o silêncio no quarto de novo e sentei na minha cama tentando absorver tudo aquilo. De uma coisa eu tinha certeza, não voltarei a dormir.


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