Amor Na Bagagem escrita por gabi13


Capítulo 6
Capítulo 6 - Perdidas




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O motorista arranca, nos deixando na calçada toda feita de mosaicos coloridos. Saio andando com Becky no meu encalço, passando por muros cheios de flores, casas antigas e jardins bem decorados. Tenho uma leve impressão de que já passei por uma ou duas construções mais de uma vez, mas simplesmente ignoro. Depois de vinte minutos de caminhada, Becky pergunta:

-Alice, você sabe onde nós estamos?

-É claro que eu sei. Nós só  temos que dobrar aqui e... – Olho confusa para o caminho na minha frente. – Opa.

-Ai meu Deus, o que aconteceu? – Ela me olha apavorada.

-Eu acho que nós nos perdemos. Que droga!

-E agora, o que a gente faz? 

-Vamos pedir informação em algum lugar. – Continuamos andando, até encontrar uma pequena lojinha de artesanato, com tapeçarias e redes de praia na vitrine. Na frente dela, se encontra uma simpática garota, que, ao escutar nosso problema, rapidamente nos oferece carona para a casa de minha tia que, se não aceitássemos, teríamos de pegar um ônibus para encontrar. Acho que eu me enganei, mas eu juro que a esquina era igualzinha a da casa de minha tia. Ok, eu sei que não devemos aceitar carona de estranhos e coisa e tal, mas nós não tínhamos exatamente uma opção... Não havia jeito de colocar as malas no ônibus, e nós nem sabíamos como funcionava o sistema de condução aqui.

A garota, chamada Melissa, pega as chaves, aperta um botão e podemos ouvir um pequeno carro apitar do outro lado da rua. Colocamos a bagagem no porta-malas e entramos. Ela vira a chave, dando a partida e fazendo um ronco alto sair do motor.

-E então garotas, vocês são de onde? – Ela nos pergunta, virando os olhos verdes para nós.

-Somos do Rio Grande do Sul. – Becky responde.

-Já passei uma semana lá, é bem frio, né? Vocês devem estar desacostumadas.

-Sim, com certeza, nunca fez um calor assim na nossa cidade. A maior temperatura foi de 28 ºC, eu acho.

-Nossa, aqui sobe muito mais no verão, vocês vão ver! 

-Sério? Que demais!

Becky e Melissa começam a conversar, e eu, totalmente alheia ao papo delas, observo as pessoas nas ruas, os cachorros, cada entrelinha da cidade. O carro finalmente entra em uma rua conhecida, e para na frente da mansão  (ok, não vou negar, minha tia tem dinheiro, e isso é um fato) em que passei uma semana de todos os verões da minha vida com meus pais, e que agora estaria livre por dois meses, para uma temporada inteira com minha melhor amiga. Realmente, é um sonho.  A casa é grande e inteiramente branca, com canteiros de flores coloridas, uma sacada frontal e duas laterais, degraus de mármore, piscina térmica e uma enorme porta de madeira que dá acesso ao hall de entrada.

Melissa se despede de nós com beijinhos e nos passa seu número de telefone, o que estranho, pois estou acostumada com as pessoas um pouco frias de minha cidade natal. Lá é um pouco incomum dar beijinhos em desconhecidos, mas simplesmente aceito a hospitalidade. Enquanto Becky corre para bater o interfone, nossa nova amiga se aproxima de mim e diz, com um tom de suspense:

-Você me parece meio quietinha, mas eu tenho certeza de que algo muito bom vai acontecer com você... estou falando sério!

-Como assim, algo de bom? E como você sabe? – Pergunto, totalmente confusa.

-Ah, não sei, você vai ter que descobrir! – Ela diz, voltando à sua postura original e sorrindo alegremente. – Adorei conhecer vocês, meninas. Boa temporada!

Agradecemos sorrindo pela ajuda dela, que entra no carro e acelera, virando a esquina e indo numa direção diferente da qual viemos. Apenas após isso, percebi um detalhe.

-Onde estão nossas malas? – Pergunto apavorada.

-Ai que droga! Ligue para a Melissa, nós esquecemos totalmente!

Puxo o papelzinho com o número dela no bolso, tiro meu celular da bolsa e disco rapidamente, mas tudo o que consigo ouvir é um aviso da operadora, dizendo que aquele número não existe. Droga.

-Becky... Nós fomos enganadas. Mas veja o lado bom, pelo menos nós ainda temos nossas bolsas, e a pasta com meu notebook está dentro da minha.

-Alice! A minha também, mas isso não é um lado bom, o que vamos fazer agora?

-Que tal dar uma passada no shopping e comprar roupas novas? – Quase morremos de susto ao ouvir uma voz vinda de trás de nós. Nem percebemos que minha tia havia aberto a porta e estava ali, parada ao lado de um arbusto de jasmins e ouvindo tudo. – Vocês não aprenderam que não deviam pegar carona com estranhos, mocinhas?

-Eu sei tia, mas não tinha opção e... – Sou interrompida por ela. – Tudo bem, tudo bem, isso se resolve... Vou incluir esse pequeno prejuízo no seu presente de aniversário. Mas como estão vocês? Eu estava morrendo de saudades!

Antes de responder eu a abraço, me apoiando na ponta dos pés. Ela é bem mais alta do que eu. Eu puxei a altura da minha mãe, que apesar de muito parecida com minha tia, é bem mais baixa do que ela. Becky também a abraça um pouco tímida, já que elas nunca haviam se falado.

-Tudo bem, e com você?

-Tudo bem também! Por que vocês não entram? Não deve estar bom ficar aí na chuva... Que azar o de vocês... Choveu logo hoje!

Concordamos com a cabeça, entrando pelo portão de grades brancas recém pintadas e subindo as escadas de mármore que provavelmente haviam sido trocadas, já que até ano passado elas eram feitas de um material parecido com cerâmica.

-Não se preocupem, amanhã a chuva já vai ter parado... Deixem as coisas aí no hall mesmo, vamos fazer algumas compras.



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