Amor Na Bagagem escrita por gabi13
Notas iniciais do capítulo
Começando a postar uma história que eu mesma escrevi. Todos os personagens pertencem a mim, assim como o enredo.
Dezembro. Tentando prestar a máxima atenção na tentativa de discurso motivador da minha professora, mas claramente mais interessada no barulho que meu colega faz ao bater com a caneta na classe, vibro ao ouvir o sinal do ensino fundamental. Levanto-me, e com cuidado, coloco vagarosamente todo o meu material de volta na bolsa. Ainda tenho dez minutos para ficar na sala, fazer despedidas e coisas do gênero. Finalmente, é meu último dia de aula naquele ano, e depois de tanto tempo, terei as minhas esperadas férias. Uni-me à despedida da turma, sorrindo entre os abraços e as promessas de encontros na folga, dos quais eu sabia que não participaria dessa vez. O motivo? Minha tia, dona de um apartamento no Rio, me convidou para passar a temporada inteira lá, como presente de meus 15 anos, e com tudo pago. Na verdade, eu já estou fazendo dezesseis em fevereiro... Mas o presente ainda estava de pé, então eu obviamente aceitei. Enquanto guardo meu conjunto de canetas favoritas no estojo, quase me perco em devaneios sobre o verão, tudo o que eu pretendo descobrir, conhecer e viver, porém sou rapidamente interrompida pelo grito de minha melhor amiga:
-Alice, eu vou morrer de saudades! - Ela grita com uma voz infantil, quase chorando. Becky é realmente um doce. Vestindo uma blusa azul que destaca seus cabelos ruivos e seus olhos celestes, ela está preocupada com a possibilidade de passar dois meses sem mim. Na verdade, ela está sempre preocupada, interrogando e tentando descobrir o que se passa por dentro das pessoas. Ok, eu tenho de admitir que às vezes ela talvez seja um pouco dramática demais, mas é parte da personalidade dela, uma atriz nata. Faz teatro desde os quatro anos, e realmente tem talento para a coisa, pois consegue fazer de qualquer atividade do dia a dia uma grande conquista... Ou então um grande drama, como agora.
-Calma Becky, são apenas dois meses! - Digo, tentando acalmá-la, o que não funciona, e ela se debulha em lágrimas.
- Dois meses é muito tempo! Você vai me ligar, né? -Claro que vou! E a gente ainda tem mais dois anos de ensino médio, você vai ter que me aguentar por muito tempo! - Ela parece se acalmar um pouco.
-Me promete que pelo menos vai tentar arrumar alguém pra você, e esquecer o...
Eu a interrompo.
-Becky, a gente já conversou sobre isso! Você sabe que eu não sou o tipo de garota que dá em cima dos outros, e você sabe o que aconteceu da última vez em que eu tentei, não é? – Isso a fez assentir de forma silenciosa. Ela sabia, pois tinha sido a pessoa que havia acompanhado toda a minha trajetória de “menina com o coração partido” para uma suposta transformação. Mas, mesmo assim, ela insiste:
-Você não pode desistir do seu sonho assim... Não era você que vivia falando de finais felizes, contos de fadas e príncipes encantados?
- É... Eu vivia, mas acontece que a vida não é um conto de fadas, e você tem que entender que eu não vou esbarrar com um garoto no meio da praia, me apaixonar perdidamente e ter um primeiro beijo de filme, sob a luz da lua. Isso não vai acontecer, e eu tive de aprender isso.
A verdade é que as palavras saíam da minha boca, mas não era naquilo que eu acreditava. Havia uma partezinha de mim que ainda acreditava em estrelas cadentes, poço dos desejos e que aquilo tudo realmente poderia acontecer... Mas eu aprendi que a pior coisa que eu poderia fazer é deixar essa parte ganhar a batalha. É muito mais fácil não acreditar em nada, porque você acaba não tendo nada para perder, e foi assim que eu passei a pensar depois do que havia passado. O problema é que Becky me conhecia bem demais.
- Ah, não me venha com esse papo de rainha do gelo, eu sei muito bem que você ainda acredita... Mesmo que não perceba, ok? E eu tenho certeza de que algo muito especial vai acontecer nesse verão.
- Ah, deixa de bobagem! – Sorrio, bem no fundo torcendo para que ela esteja certa.
-Qualquer coisa, você pode me ligar! E não se esquece, eu vou te fazer contar todos os detalhes! – Ela ri.
-Todos os detalhes de quê?
-Ah, nunca se sabe... – Levanta os olhos para mim, sorrindo escancaradamente.
-Ok, se algo acontecer eu te conto detalhe por detalhe, mas saiba que não vai. Sério.
-Tá bom. – Becky fala, de forma totalmente irônica.
O meu sinal toca. Dou tchau para todos, abraço-a uma última vez e saio, carregando minha bolsa no ombro em direção à parada de ônibus, louca para começar a me preparar para a viagem que vai sair... Amanhã.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado!