Okami No Me escrita por BlackFang


Capítulo 31
Exame de Admissão


Notas iniciais do capítulo

"Ah, a morte. Sempre aparece quando menos se espera, tentando alcançar a todos com suas enormes mãos negras, envoltas num delicioso perfume que cativa os mais fracos."



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            O dia do exame finalmente chegara e como previsto, a primeira parte dele não foi problema para nenhum dos aprendizes, o que ligeiramente surpreendeu os avaliadores.
            No segundo dia, um dos instrutores, aparentando cerca de 30 anos e com os cabelos negros e espetados tomou a palavra para finalmente dar início a segunda etapa da prova, que se daria na entrada de uma enorme floresta dentro do território da Ordem.

            - Primeiramente gostaríamos de parabenizar a todos por terem sido aprovados na primeira fase do exame. – e tomou um envelope em mãos. – Agora daremos início a segunda e última parte a qual, de acordo com o contrato que vocês assinaram, estão terminantemente proibidos de apresentar o conteúdo da mesma para qualquer outro futuro aprendiz. Alguma objeção?

            Um silêncio percorreu a área em que estavam, o que foi suficiente para que o instrutor considerasse que todos estavam de acordo.

            - Agora entregarei as regras para vocês. – e retirou diversos envelopes menores que foram passados para todos os participantes. – Está terminantemente proibido, sob pena de desclassificação, que vocês abram esses envelopes antes de darem 253 passos para dentro da floresta. Lembrem-se que o teste é individual. Se um membros da dupla falhar, não acarretará efeito sobre o outro e qualquer pessoa que se retirar da floresta antes de completar o requisito escrito no papel também será desclassificado. Entenderam? Agora entrem.

            Antes de começar a andar, Sayuri sentiu um puxão na manga e virou-se para a pequena garota que sorria para ela.

            - Boa sorte, onee chan! – cochichou Kururu, o que foi retribuído com um sorriso da loba.

            O grupo de aprendizes trocou olhares antes de finalmente entrarem na floresta, juntamente do resto dos candidatos.

~*~
            Após tomarem a distância delimitada pelo instrutor, caminharam mais um pouco para se afastarem da massa que rapidamente se dispersou, deixando-os sozinhos para cautelosamente abrirem os envelopes, sem que nenhuma informação passasse despercebida.

            - Quê? – Hikaru foi o primeiro a protestar. – Isso é sacanagem né?
            - “No período decorrente ao exame, cada participante deverá executar um prisioneiro de guerra dos Tsukiyoru que será solto dentro do local de avaliação e trazer algo que comprove a caçada bem sucedida. Retalhos de roupa não serão aceitos como prova. O exame terá início assim que o sinal for dado.” – Li leu em voz alta, sem tentar esconder a surpresa.
            - Essa é a parte prática?! – disse Sayuri – Uma chacina?!
            - Isso significa que eles sempre mantiveram morcegos aqui dentro do nosso território. – completou Lucciane que mordia a unha por ter sido pega desprevenida por algo que foi muito além de suas hipóteses sobre a segunda fase.
            - Mas matar alguém para ser admitido na Ordem não parece coisa do Lacroix... – continuou Sayuri.
            - E não é. – disse Tsume. – Por mais que o Lacroix II e III tenham dado fim a qualquer tipo de violência desnecessária como execuções públicas, essa foi a única coisa da qual nenhum deles conseguiu apagar das tradições da Ordem.
            - Por quê não? – perguntou Hikaru que se irritava ao ver a expressão imutável do abyssium, que por sua vez apenas deu de ombros. – Eu te fiz uma pergunta, maldito! Se você sabe de algo, desembucha! – e tentou segurá-lo pelo colarinho, mas foi impedido por sua dupla.
            - Calma, Hikaru! Isso não vai ajudar em nada! – disse ela, fazendo com que o falcão controlasse a raiva.
            - Acredito que as famílias influentes estejam por trás disso. – disse Lucciane, ainda concluindo a linha de raciocínio.
            - Também pensei nisso. – disse o garoto de cabelo prateado. – Eles ainda devem acreditar que esse exame é o melhor jeito de adaptar os abyssiums a realidade da guerra, dando uma situação de vida ou morte para lidarmos.

            Tentavam encontrar uma linha de pensamento, mas foram interrompidos por um som alto, seguido de um clarão no céu causado por um sinalizador vermelho.

            - O que é isso? – Perguntou Kururu assim que o barulho cessou.
            - O exame começou. – Respondeu Tsume enquanto se virava ao grupo de aprendizes. – Se vocês pretendem ficar ai roendo as unhas e pensando nas tramas do alto escalão, divirtam-se. – e tornou o olhar para onde o sinalizador fora disparado. – Vamos, Kururu.
            - Kururu, você não precisa ir com ele! – gritou Kyle.
            - Mas os morcegos são nossos inimigos, não são? Uma hora ou outra teremos que fazer isso no campo de batalha.  – respondeu ela, confusa pela hesitação dos companheiros, mas logo voltou a mostrar seu costumeiro sorriso e animação. – Então, boa sorte pessoal! – e partiu atrás de Tsume.

            As palavras da garota atingiram a todos do grupo, talvez por saberem que ela tinha razão. Todos haviam sido treinados não apenas como abyssiums, mas como membros da Ordem Hoshikuro e cedo ou tarde, teriam que lutar por suas vidas.

            - Ela tem razão. Por mais que isso possa ser uma armação das grandes famílias, não podemos dar um jeito nisso agora, muito menos como reles aprendizes.
            - Não brinca comigo Grant! – respondeu Hikaru. – O quê você tem na cabeça?!
            - E o que podemos fazer?! – retrucou. – Tá esperando o quê?! Bater na porta do Lacroix e tentar mudar algo assim da noite pro dia?! Se você quiser ver mudanças aqui, vai ter que subir até o alto escalão!
            - Então você pretende sair matando os outros abyssiums só pra se promover?!
            - Pense bem, Hikaru!  Se eles são prisioneiros de guerra, provavelmente atacaram a Ordem e foram pegos! Não são simples abyssiums indef.... – mas com o reflexo rápido de Hikaru, Grant foi empurrado para trás e por pouco não foi atingido por algo que voou em sua direção.
            - Fiquem atentos! – alertou o falcão antes de materializar suas lâminas.

            Todos os aprendizes invocaram suas armas e aguardaram em silêncio pelo menor som entre as árvores.
            Num movimento rápido, Li recuou a mão para trás e conseguiu prender algo, que após alguns segundos de resistência soltou-se, deixando algo envolto aos fios de Chroma, caindo inerte no chão fazendo com que todos se voltassem para ver o que ele tinha conseguido.

            - Um braço?! – perguntou Kyle horrorizado.
            - Foi você que cortou? – perguntou Sayuri.
            - Não eu...prendi o morcego pelo braço mas parece que ele se mutilou para escapar...
            - Tá dizendo que o cara cortou o próprio braço pra fugir?! – perguntou Hikaru.

            Porém, a desatenção gerada entre eles foi o suficiente para que o inimigo revidasse, criando uma enorme rachadura no solo, da qual surgiu um enorme emaranhado de grossos galhos, dividindo o grupo em dois.

            - Lucciane! – gritou Sayuri. – Grant!
            - Sayuri! – respondeu a ruiva. – Estão todos bem?
            - Não fomos atingidos! Mas como vamos passar por essa barreira?
            - Parecem ser apenas galhos. – e balançou os leques, que envoltos em chama, aumentavam suas labaredas. – Se afastem! Vou queimá-los!

            Com um movimento rápido, criou uma enorme corrente de fogo que lançou contra os galhos, mas que foi dissipada por uma enorme cortina de vento vinda da onde o inimigo estava.

            - Lucciane?!
            - Tem mais deles! – disse Li. – Não temos como quebrar a barreira assim!

            Grant observava o terreno buscando uma saída, mas aparentemente estavam presos a mercê dos atacantes.

            - Tsc. Desse jeito não temos como destruir essa muralha. Mas...venha, Kyle!

            Numa segunda tentativa, os irmãos Eckhart tentaram derrubá-la, mas foram novamente repelidos pela corrente de vento que os arremessou contra as árvores.

            - Mas que droga! – praguejou o ruivo antes de se levantar. – Precisamos pensar num jeito de destruí-la!
            - Não temos tempo, Grant! Tem mais deles vindo!- alertou o falcão.

            As auras assassinas se aproximavam rapidamente, diminuindo o tempo para que os aprendizes pensassem num plano, até que Hikaru decidiu.

            - Vamos nos separar!
            - Ficou louco?! No meio da florest....
            - Não temos como combatê-los separados enquanto eles estão em um número maior! Se nos separarmos, dividiremos o grupo deles também!
            - Nem sabemos se eles vão se dividir! Eles podem acabar indo atrás de um só grupo!
            - E que outra escolha temos?! Se ficarmos aqui não temos chance de resistência!
            - Não podemos arriscar!
            - Ele tem razão, Grant! – disse Lucciane tocando seu ombro. –  Além disso, não temos tempo para pensar em alguma estratégia. – e voltou seu olhar para o lugar onde o Chroma era sentido.

            Por alguns instantes ele refletiu, avaliando as possibilidades enquanto os outros esperavam, avaliando o Chroma dos inimigos.

            - Vocês dão conta? – disse finalmente.
            - Ficaremos bem! – respondeu Sayuri.
            - Nos encontraremos na saída da floresta com o que for preciso para nos mantermos vivos! – disse antes de se virar para o lado oposto da muralha.

            Os dois grupos começaram a se afastar, mas Grant parou e disse algo que refletia o desejo de todos naquela momento.

            - Sobrevivam! – disse finalmente e sua voz ecoou pela floresta, podendo ser ouvida por outros abyssiums próximos. 


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