Okami No Me escrita por BlackFang


Capítulo 21
A Busca de Bohr


Notas iniciais do capítulo

" As provas da traição, rapidamente apagadas pelas mentiras, assim como as pegadas na areia são apagadas pelo mar"



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As equipes se encontraram em frente a caverna que tinha sua entrada iluminada apenas por algumas tochas, assim como no resto da pequena clareira. Dessa vez a plateia não estava presentes o que os deixavam sozinhos com o pequeno juiz.

- Ué? Cadê o resto da cambada? – perguntou Grant.
- The audience iiiiis....at home! – a falta de pessoas não diminuía a hiperatividade do homem. – Mas não se preocupem! Temos várias câmeras dentro das cavernas para que todos possam nos acompanhar de suas casas! Claro que elas também servem para que vocês sinalizem sinais de desistência caso não consigam completar a prova!
- Sinal de desistência? Pff... – zombava ele – numa caça ao tesouro não tem como o time Pedreira sair perdendo!
- Só eu que estou me sentindo num daqueles reality shows? – perguntava Sayuri enquanto contava as várias câmeras que estava na clareira.
- No time for talking! Entramos no ar em 3...2...ACTION! Good night ladies and gentlemans! Aqui é o seu narrador J, e estamos prestes a começar a Busca de Bohr, onde os participantes terão que percorrer os diversos túneis da caverna em busca dos dois baús que os levarão a etapa final do torneio! Quais serão os vencedores? We’ll see! – e se virou para as equipes – Agora, que os times fiquem em posição e não se esqueçam que se forem desistir, devem levantar os braços em forma de X e dizer a frase “Me rendo a provação” !

Ao comando de J, a maioria pegou alguns apetrechos que trouxeram. Kururu chamava atenção com o barulho irritante de sua lanterna que funcionava ao apertar repetidamente um botão, a famosa lanterna recarregável.
- Nós vamos pro lado oposto disso aí né? – perguntava Sayuri enquanto apontava para Kururu que se divertia, ignorando o barulho.
- Com certeza- respondeu Hikaru.
- We’ll start the race in 3...2...START!

E assim como na corrida de Heranes, os times correram em disparada para a escuridão da caverna e a única coisa que era possível enxergar do lado de fora, eram as fracas luzes, fossem lanternas ou tochas, que logo pareciam mais faíscas sendo engolidas pela escuridão.
A quantidade de becos sem saída parecia ser infinita e todos os grupos já corriam sozinhos, cada um por um túnel que geralmente os obrigava a voltar. De vez em quando ouviam o barulho de pedras sendo quebradas por Grant e Kyle que colocavam em prática os conhecimentos adquiridos durante seu treinamento nas minas de extração. Conseguiam abrir túneis sem causar desabamentos, o que facilitava muito sua ida até os baús. Também não demorou muito para ouvir que alguém caíra numa armadilha já que era impossível não reconhecer o grito de Kururu, mesmo a uma enorme distância.

- Pelo visto a lanterna de porquinho não ajudou muito – ria Hikaru.
- Mas pelo visto nós também não estamos chegando a lugar nenhum! – retrucou a loba enquanto corriam por um enorme corredor.
- Mas nem o Grant conseguiu achar algum deles ainda! Não imaginava que uma caça ao tesouro dos Hoshikuro fosse desse jeito!
- Acho que nossa única opção é continuar indo na sorte. – dizia cabisbaixa, pensando na quantidade de becos sem saída que iriam encontrar.
- Espera aí! Você tá vendo aquilo? – e apontava para uma fraca luz que parecia vir do final do caminho.
- Luz? Será que demos sorte?? – agora estava animada em encontrar os malditos baús.

Correram até o final porém, a iluminação não passava de um feixe de luz da lua que penetrava na caverna por meio de um buraco no teto – o que deixou os cabelos de Sayuri brancos por causa da lua cheia.

- Outro beco sem saída? Mas que droga! Achei que finalmente tínhamos encontrado o final! – dizia desanimada.
- Não tem jeito. Temos que voltar tudo.
- Não...espera ai... – dizia olhando para a parede iluminada com a luz. – não tem algo estranho com essa parede?
- Algo estranho? – e olhou mais de perto – Agora que você falou...ela é lisa...será efeito da decomposição? Chuva ou algo assim.
- Acho que não. Se fosse assim as outras partes também estariam lisas não é?
- Mas o que isso tem a ver com a competição? – e uma ideia veio a sua mente – Será que isso daí é falso? Há! Tentaram nos enganar mas não rolou! – e fechou a mão em punho, desferindo um soco contra a rocha – Aiaiaiaiaaaai! – e recuou segurando a mão que usara para o golpe – Tá bom, isso definitivamente NÃO é falso. Melhor voltarmos e procurarmos outro túnel.
- Espera aí... – e começou a tatear a parede – Você tinha razão, Hikaru. Isso aqui é falso!
- Como assim falso?! Se fosse eu teria conseguido quebrar!
- Não digo que é falso por ter algo por trás...isso aqui é uma ilusão! Se você passar as mãos, dá pra sentir que a parede é irregular. Olha – e colocou a mão de Hikaru nas depressões.
- Mas por que fariam algo assim aqui? Fingir que uma rocha é lisa para disfarçar as deformações? Não faz sentido nenhum!
- Deformações...é? – e lembrou-se do sonho que tivera a tarde com o jovem de cabelos verdes. – Con Rit! É isso!
- É isso o quê?? – respondeu assustado pela ‘descoberta’ de sua dupla.
- A caverna de Con Rit! Isso daqui é uma porta secreta! A busca de Bohr, lembra? Então aquele garoto era...
- Pode parar! Explica isso direito! Que diabos é Con Rit?
- Lembra que o juiz disse que nessa caverna tinha um monstro adormecido? Lytch me disse que o nome dela é Con Rit e que provavelmente estava num lugar inacessível tanto aos seres normais quanto aos sobrenaturais! Acho que essa pedra pode ser uma porta.
- Tá, mas independente de ser uma porta, se nem youkais conseguem entrar ai, por que nós conseguiríamos?
- Deve ter um código ou alguma coisa que nos deixe entrar... – e pensou nas palavras que Bohr dissera antes de serem levados para a caverna – Eu acho que sei qual é.
- Mas como você sabe disso? Não vai me dizer que é por causa....desse cabelo branco.
- Claro que não, idiota! – e deu um soco na cabeça do falcão.
- Mas mesmo que essa coisa abra, você não pretende encontrar um monstro mitológico de uma hora pra outra né?
- Hikaru eu...
- Nem pensar! Não vou te deixar entrar sozinha aí!
- HIKARU! – agora dizia em tom autoritário – Se eu tive um sonho com isso é por que TEM alguma coisa que eu preciso saber! Então pode tirar o cavalinho da chuva e me deixar entrar!
- Say...– respondeu surpreso pela força de vontade que não era usual a dupla. – D-droga! Você tem quinze minutos, entendeu? Se passar desse tempo eu me rendo da prova e vou atrás de ajuda para encontrar você!
- Entendido – e fez um sinal de continência antes de virar para a porta e respirar fundo e dizer a palavra que ouvira de Bohr em seus sonhos. – Aperi.

Nenhuma porta se abrira, mas num piscar de olhos, Sayuri não estava mais naquele beco sem saída e sim, em cima do pequeno penhasco que terminava no lago de sua visão. O frio de antes era o mesmo que sentira agora e o silêncio permanecia imutável.

- O-olá! Tem alguém ai?

Nenhuma resposta foi obtida já que nenhum som fora ouvido em toda a extensão do lugar em que estava. Talvez a entidade não estivesse mais ali. Mas a abyssium não aceitava ter vindo até aquele lugar à toa, principalmente depois da visão que tivera.

- Con Rit! Apareça!

Antes que terminasse de pronunciar a última palavra, ondas se formaram dentro do lago e algo monstruoso saiu dele.
Dois olhos enormes a encaravam, mas não tinham pupilas. O brilho que emanavam era tão intenso que se assemelhavam a dois enormes cristais envoltos em uma aura que mesmo em meio a escuridão, não era necessária muita sensibilidade para saber que podia matá-la em segundos.
A atmosfera mudara completamente. Como não percebera a presença de algo tão monstruoso como aquela que a cercava? O silêncio se prolongou até que a criatura tomou a palavra.

- Quem és tu que perturba meu repouso eterno?
- S-Sayuri Hanade, um membro dos Hoshikuro...
- HOSHIKURO?? SUMA DAQUI IMEDIATAMENTE! NÃO ACEITO TAL PRESENÇA ODIOSA EM MINHA MORADA!

O chão tremia as ondas aumentavam cada vez mais, fazendo com que a loba perdesse o equilibro e se segurasse a uma das rochas para manter-se em pé.

- MALDITOS SEJAM OS QUE TRAÍRAM O LOBO BRANCO! AMALDIÇOADOS SEJAM OS QUE TRAÍRAM HAVOC!
- Mas eu sou o lobo branco!
- NÃO MINTA PARA MIM, VÍBORA NEGRA DOS HOSHIKURO! HAVOC NÃO VIVE MAIS NESSE MUNDO!

Tudo poderia desabar e ela tinha que pensar em algo. E tinha que ser rápido. Mas o que poderia salvá-la de uma entidade antiga? Tinha que provar que realmente era o lobo branco.
Elevou sua aura branca o máximo que pôde até que os tremores parassem e a criatura se aquietasse, tomando a forma da enorme centopeia que vira em seus sonhos e que se aproximou – tão rápido que a fez levar as mãos a boca para não gritar. A escura caverna ganhava um pouco de luz suficiente para iluminar Sayuri e Con Rit.

- Então és...a próxima sacerdotisa? – e a loba apenas assentiu com a cabeça, ainda assustada - Mas sinto que Taruk ainda vive. Então ainda és uma aprendiz?
- S-sim....
- Aprendiz dos Hoshikuro...assim como ele... – murmurava para si mesma. – mas o que a traz aqui?
-U-um sonho – dizia trêmula – Tive um sonho sobre você e Bohr conversando nessa caverna e...acabei encontrando a porta.
- Bohr...- divagava em meio a seus pensamentos – sim...aquele jovem de Palles...há quantos séculos foi nosso último encontro? Desde a caça aos vampiros...sim...
- Caça aos...morcegos, você diz?
- Então agora, chamam de morcegos? Interessante...conheces a história da caça?
- Não... nunca me contaram nada sobre isso...
- Os líderes continuam a esconder os pecados do passado de seus soldados. Enviam todos a guerra sem que ao menos saibam o por que lutam...- e observava a expressão confusa de Sayuri – Desejas que conte-lhe a história? Mas deverá ouvi-la como a sacerdotisa da lua e não como uma Hoshikuro.
- Como a...sacerdotisa? Entendo. – e assentiu com a cabeça.
- Que assim seja – e tocou-lhe a testa com uma de suas enormes patas.

A imagem da caverna começara a sumir e ser preenchida por memórias de um lugar distante.


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