- Você é o Zeon? – perguntou Hikaru estranhando a falta de energia emanada pelo homem em comparação com os outros lobos.
            - E se eu for? – disse com um sorriso sádico – Ei Linus, onde o Lacroix achou esses ratinhos? E por que diabos ele mandou pra mim?
            - Er...parece que o líder vê capacidade neles Zeon- san. Quando eles foram atacados pelos Tsukiyoru conseguiram despertar os guardiões.....e além do mais estamos com falta de treinadores.
            - Se eles tem capacidade ou não sou eu quem vou decidir. Francamente, viu? Sempre jogam essas coisas pra mim. – dizia coçando a cabeça, desapontado – quais os animais deles, Linus?
            - Falcão Azul e um lobo branco.
            - Hmm... um passarinho e um cachorrinho...mas eis um cachorrinho bem raro por aqui. – disse com interesse – quanto tempo até a asa do passarinho melhorar?
            - Acredito que em três dias.
            - Ótimo, então começamos em três dias. Estejam prontos as 5:50 na entrada da floresta – e saiu andando para o lado oposto – se atrasarem um minuto vão se arrepender de não terem sido mortos pelos morcegos – disse com um olhar que causou arrepios a todos que estavam por perto. Não precisava de mais para saber o por que de sua fama de monstro.
            - Er...Linus-san, sei que somos novos e não entendemos direito como funciona mas...será que não tem nenhum outro professor? Nenhum mesmo? – dizia Sayuri com cara de cão sem dono.
            - Sinto muito Sayuri-san, mas foram ordens do líder que Zeon-san fosse seu mestre.
            - POR QUE LACROIX, POR QUE??? – disse se jogando de joelhos no chão.
            - Mas eu não sinto nenhuma aura vindo dele, por que?
            - Embora aqui seja um lugar teoricamente seguro, alguns de nós escondemos nossa presença para não correr o risco de sermos encontrados ou pegos desprevenidos. Além do mais existem alguns humanos sensitivos que podem senti-la. O caso do Zeon é outra história. Ele vive fugindo dos deveres na Ordem, e é um problema achá-lo. Teve uma vez que o encontramos numa ilha semi deserta e precisamos de 3 mestres para amarrá-lo.
            - Então no final das contas ele paga de mau mas na verdade é só um preguiços... – Hikaru foi acertado por um chute nas costelas que o jogou longe e o fez tossir antes que visse o autor do golpe. Zeon voltou, e pelo visto escutou o que ele havia dito.
            - Olha a boca, passarinho.
            - POR QUE SOU SEMPRE EU QUE APANHO NESSA HISTÓRIA!? MAS QUE DROGA SEU...
            - Seu...o quê? – e o olhar demoníaco estava de volta aos olhos e Zeon.
            - N-n-nada senhor!
            - Senhor? Me chame de mestre, passarinho- e novamente deu meia volta seguindo pela trilha.
            - Esse cara é assustador – disse Hikaru se levantando com a ajuda de Linus.

- D-de qualquer forma – disse Linus- vou explicar como funcionam as coisas por aqui. Dividimos os grupos que treinam durante o dia, tarde ou noite. Os novatos costumam treinar nos primeiros horários e os veteranos ficam com o período noturno, ou seja, vocês terão um turno ocupado pelo treino, um ocupado pelo trabalho no hotel e um terceiro para atividades pessoais. É puxado mas logo se acostumam. Levando em consideração seu novo mestre, Lacroix abriu uma pequena exceção: durante o primeiro mês se dedicarão apenas ao treino, e só após isso começarão a trabalhar.
            - Mas por que essa exceção?
             - Provavelmente não conseguirão andar após os primeiros dias de treino....
            - Er... o que acha Sayuri?
            - Estamos....amaldiçoados....- dizia com uma expressão de quem estava condenada a morte.
            - Nyan! Tenho medo do Zeon! Boa sorte onee chan, onii chan!
            - Nem toda a sorte do mundo vai nos salvar. Estamos ferrados, muito ferrados – murmurava Sayuri olhando para o chão movendo o dedo em círculos.
            - Mas não é todo mundo que tem permissão para treinar com a Chimera do Leste. Alguns veriam essa oportunidade como uma honra.
            - Chimera? Não é aquela besta que tem partes de vários animais? Por que esse apelido?
            - São poucos os que sabem, e eu não sou um deles.
            - Ah, que ótimo, nosso treinador é uma chimera. Espero que não cuspa fogo.
            - Estamos condenados....condenados...-continuava Sayuri num canto isolado.
            - De qualquer forma, já podemos voltar. Acho que suas bagagens já chegaram.
            - P-perai...quem pegou nossas coisas?
            - Membros da Ordem..
            - Não! Digo...homens?
             - Provavelmente, por que?
            - Isso quer dizer que...eles viram minhas....roupas...íntimas?
            - Er...
            - ....POR QUE??? NADA TÁ DANDO CERTO HOJE! – dizia enquanto rolava no chão.
            - Mas jajá é hora do jantar de boas vindas! Comida boa yay! – Dizia Kururu pulando de alegria agora que Zeon estava longe.
            - Ah sim, se não me engano o líder tinha falado sobre isso ontem. Mas não imaginava que seria tão rápido.
            - Comida? – Sayuri se animava – Comida?? Agora sim o dia tá ficando bom! To faminta!
            - Isso! Comida! Comida a vontade! – pulava Kururu junto a ela, que logo parou já que anda estava dolorida.
            - Não acredito que ela se recupera tão rápido com comida.  É uma gorda mesmo.
            - Sou... O QUÊ SUA GALINHA!?
            - Quer brigar? Cai dentro sua baixinha!

Assim como nos dias normais uma briga entre os dois começava durante o caminho e volta. De alguma, durante esses pequenos minutos os faziam esquecer que existia uma guerra e que seu mestre iria triturá-los em três dias.