Difícil De Prender escrita por Milla Benson


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Para "atenuar" a demora, estou postando este outro capítulo!
Uma ótima leitura!



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Quinta – Feira – 19 de Março

       Olivia olhou o relógio da igreja que havia do outro lado da rua. Ele marcava 7h00 da manhã. Desceu do táxi que estava em frente ao Fórum e começou a subir as escadas. Ela usava calça social preta, uma blusa branca de seda com alguns detalhes, um casaco de couro vinho e óculos escuros. Não pode deixar de notar o tempo: apesar do frio, o sol estava saindo e seus raios iluminavam o Fórum, fazendo com que a claridade projetada no prédio fosse suave e bonita de se apreciar. O dia estava lindo.

- Talvez isso seja um bom sinal – pensou.

- Olivia!

      Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz. Era a promotora Novak. Ela usava um vestido social preto que marcava as curvas de seu corpo, um sobretudo bege e sapatos de salto. Os cabelos estavam presos em um coque e carregava consigo uma pasta, além de sua bolsa.

- Bom dia. Pronta para fazer uma visitinha ao apartamento de Joseph? – perguntou enquanto se aproximava da detetive.

- Estou sonhando com esse momento – respondeu dando um longo suspiro.

- Então vamos. Dentro de poucos minutos teremos o mandado – disse a promotora dando um sorriso confiante.

      As duas entraram no prédio e caminharam em direção à sala da juíza. Olivia ficou no corredor, enquanto Cassey entrou na sala.

- Bom dia, Meritíssima – disse ao entrar.

- Bom dia, promotora. Vejo que madrugou hoje – respondeu.

- Meritíssima, preciso de um mandado para o apartamento de Joseph Demiris – disse isso entregando os papeis do caso à juíza Petrovisk.

- E qual seria o motivo? – perguntou enquanto olhava os papeis que tinha nas mãos.

- Temos imagens que comprovam que o suspeito esteve com a segunda vítima, Mary Parker, menos de uma hora antes dela morrer. Pelo o que sabemos até agora, foi a última pessoa a estar com ela. Tudo indica que é o responsável – Casey falava olhando firmemente para a juíza.

- Isso é o que você quer que pareça! – disse um homem.

Novak nem precisaria ter ouvido a voz ou mesmo visto o homem que agora já estava posicionado ao seu lado, pelo perfume inconfundível que entrava pelas suas narinas, ela já sabia de quem se tratava. Era inconfundível... Kevin Miller.

- Como o senhor invade a minha sala desta forma, Dr. Miller? – perguntou a juíza Petrovisk enquanto se levantava da cadeira. Estava visivelmente indignada com a atitude do advogado.

- Ah, essa é uma mania horrível e muito desagradável que ele tem. Ontem ele fez a mesma coisa durante o interrogatório – falou Casey olhando seriamente para o homem que acabara de chegar.

Ele apenas deu um sorriso e dirigiu-se à juíza.

- Peço desculpas, Meritíssima – falou de forma educada - Estou aqui unicamente para garantir os direitos do meu cliente e impedir que continue sendo uma vítima de toda essa manipulação absurda – olhou para Casey.

- Do que você está falando, Kevin? Não existe manipulação nenhuma e até onde eu sei, seu cliente está bem longe de ser a vítima da história – respondeu a promotora rindo.

- Que coisa feia, Casey. Tentando enganar a juíza Petrovisk para conseguir um mandado. Está tão desesperada assim? – falou fingindo um ar de indignação.

- Manipulação? Enganar-me? Explique-se, Dr. Miller! – ordenou a juíza olhando a promotora e depois para o advogado.

Casey não podia acreditar no que estava acontecendo. Primeiro ele invade a sala e agora isso. Onde essa história ia parar?

- Meritíssima, o que acontece é que essas imagens foram manipuladas. O técnico de informática as alterou no laboratório! Ele usou recursos de um programa de computador para implantar o rosto do meu cliente nessas  imagens que a senhora tem nas mãos.

A juíza olhou as fotos, as analisou e depois dirigiu-se a promotora.

- Dra. Novak, isso é verdade? – perguntou perplexa e olhando fixamente para Casey.

- Não é exatamente da forma como ele está dizendo, Meritíssima – ela sabia que tinha que se manter calma para conseguir reverter a situação, mas pela cara da juíza, era visível que não estava gostando daquilo tudo – O que acontece é que a resolução da imagem estava ruim, então o técnico usou os recursos do programa de computador para melhorá-la e como somente a metade de um rosto estava visível, o programa criou a outra metade, resultando num rosto completo. Esse rosto foi inserido em uma busca no banco de dados e assim, chegamos ao suspeito em questão – concluiu a promotora.

- Exatamente! Como a senhora pode ver, a Dra. Novak acaba de admitir que houve manipulação! Ela disse que um programa criou parte de um rosto. Isso é um absurdo, Meritíssima! – falava o advogado gesticulando e demonstrando impaciência.

- Dra. Novak, diante dessas declarações, devo concordar com o Dr. Miller. Isso é inconstitucional! – ela não tirava os olhos da mulher loira a sua frente.

- Mas Meritíssima, o sistema judiciário dos Estados Unidos é completamente informatizado atualmente. Um exemplo é o programa de busca de impressões digitais que funciona praticamente da mesma forma. E nós não criamos parte de um rosto – disse com um olhar cheio de raiva para o advogado – o rosto foi apenas reconstruído com base em feições obtidas das imagens!

- “O rosto foi apenas reconstruído com base em feições obtidas das imagens” – repetiu o advogado dando uma gargalhada ao final – Dra. Novak, jogos de palavras não mudam os fatos. E sabe quais são? – a encarou – pois eu lhe digo: a promotoria está tão desesperada em resolver o caso, devido a pressão da imprensa, que precisa encontrar um culpado de qualquer forma. E como faz isso? – agora dirigiu-se à juíza – acusando pessoas, mesmo sem ter uma prova concreta. Confiando em um programa de computador, que todos nós sabemos que é passível de erros – falava cheio de confiança e firmeza, pois já sabia que tinha conseguido o que queria.

- Já chega, vocês dois! Dra. Novak – disse Petrovisk dirigindo-se à promotora – é claro que depois dessas declarações, não tem cabimento lhe conceder um mandado. E Dr. Miller – falou olhando para o advogado – da próxima vez que invadir a minha sala dessa forma, nunca mais pisará aqui.

- Sinto muito, Meritíssima e lhe peço desculpas novamente – fez um aceno com a cabeça – Tenha um bom dia – disse isso e saiu da sala.

      Casey estava petrificada. A sua mente estava como um redemoinho tentava entender a situação, verificar em que ponto exatamente tudo começou a dar errado, onde falhou. O mandado já estava quase em suas mãos, até aquele homem chegar e acabar com tudo.

- E Dra. Novak – a promotora foi arrancada de seus pensamentos pela voz da juíza – tenho uma audiência em quinze minutos. Peço que a senhora se retire e só volte aqui quando realmente tiver provas que relacionem o suspeito aos assassinatos – aproximou-se dela e olhou em seus olhos – e de preferência que as provas não tenham sido manipuladas para satisfazer os interesses e caprichos da promotoria. Porque se eu simplesmente desconfiar disso, tomarei medidas contra a senhora e todas as pessoas da equipe envolvidas no caso. Bom dia – concluiu de modo firme.

- Bom dia, Meritíssima – respondeu num sussurro.

      Quando ela saiu da sala, estava com uma aparência terrível, parecia até mesmo abatida. Tudo o que queria era sumir, mas infelizmente aquilo ainda não tinha acabado.

- Ora, promotora... não conseguiu o mandado? – perguntou o advogado simulando surpresa e cruzando os braços enquanto aguardava a resposta.

       Isso já era o limite da petulância, pensou Casey. Caminhou de forma firme e rápida na direção dele. Olivia estava afastada e achou melhor aproximar-se, pois viu que ela estava fora de controle.

- Você jogou sujo, Kevin – apontava o dedo para ele – como pode fazer a juíza Petrovisk acreditar que houve manipulação? – perguntou perplexa e pausadamente. Sua voz quase não era ouvida devido a raiva que sentia.

      Ele deu um sorriso e balançou a cabeça como se não acreditasse na pergunta que tinha ouvido. Só então respondeu:

- Aprenda uma coisa, Casey: eu sempre ganho.

Deu as costas e saiu.

      Olivia não acreditava na cena que tinha acabado de ver. Observou o advogado se retirando e Novak o acompanhando com o olhar até ele entrar no elevador.

- Como ele conseguiu fazer isso? – perguntou tirando o olhar do elevador e dirigindo-o à Casey.

- Jogando sujo, mentindo descaradamente e invertendo a situação. É o que ele faz de melhor! – a irritação ainda não tinha deixado a promotora.

- Casey, o que existe entre vocês? Porque ontem, na delegacia, ficou bem claro que já se conheciam e que tem uma tensão. E você está assim, toda descontrolada – perguntou Benson de forma calma e tentando não deixar Casey mais nervosa.

- Já estive no tribunal com ele outras duas vezes. Ele ganhou todas – bateu com a mão na parede e depois olhou para a detetive – E sabe o que é pior? Ele inocentou pessoas que eram culpadas. Olivia, aquelas pessoas tinham feito coisas terríveis e ele as inocentou! Conseguiu acabar com o meu caso, da mesma forma que está fazendo agora – a vermelhidão voltou a tomar a sua face e ela mordia os lábios.

- E essa é toda a história ou tem mais alguma coisa? – Olivia a olhava.

Casey ficou pensativa, como se estivesse se recordando de algo, engoliu e respondeu:

- Somente isso.

       Benson nunca tinha visto Novak daquele jeito. Ela ficava indignada e perdia a paciência em alguns casos, e até mesmo ela e Olivia já haviam se desentendido em algumas situações, mas nada comparado ao estado em que ela estava agora. A detetive não acreditou muito na resposta, porém não queria ser invasiva, então não insistiu.

- Ele não vai conseguir desta vez, Casey – disse a olhando firmemente – Nós vamos pegar o Joseph.

- Quero acreditar nisso – disse com um olhar perdido no espaço – Vamos para a delegacia dar a notícia.

As duas mulheres caminharam para a saída do Fórum. Ao chegar à rua, Olivia percebeu que o tempo havia mudado: agora o sol tinha se escondido e dado lugar a nuvens cinzentas, pesadas e ameaçadoras.

Assim como o olhar de Casey Novak.


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Notas finais do capítulo

Uaaaaaauuuuu... Adoro a tensão entre o Kevin e Casey! rsrs
Também amo a grosseria da juíza Petrovisk. Para mim, ela é a melhor dentre todos os juízes! haha
O que acharam?
Espero os comentários e sinceramente, espero que tenham bastantes, porque quando são poucos dá um desânimo enorme de escrever...
bjs e até o próximo capítulo!