Remus estava em paz lendo o seu livro. Ao menos era o que ele imaginou. Resolvera sair de dentro do castelo para ler um pouco, e Sirius se recusou a deixa-lo ir sozinho porque estava “muito frio”.

— Eu não sou uma criança, Sirius! — ele reclamara quando o outro tentara lhe impedir de sair.

— De fato, mas eu não quero deixar meu namorado nesse frio, você vai pegar um resfriado.

— Você é realmente muito adorável, Padfoot — Remus retrucou com sarcasmo na voz.

— Se você quer saber, eu não estou preocupado com o seu bem estar — Sirius contestou, o que resultou em uma expressão surpresa no rosto de Remus —, eu estou preocupado com o meu Natal.

— O que raios você quer dizer com isso?

— Ora, Remus, não seja estúpido. Como você espera que eu vá me divertir no Natal se você está com resfriado? — Não precisaria de mais para que Lupin entendesse onde o namorado queria chegar, especialmente quando este trazia um sorriso extremamente sugestivo no rosto. Remus deu-lhe um chute na canela, irritado.

— Eu não sou seu escravo, Sirius.

— Escravo? Você não devia me dar tais ideias, Remmy — disse e deu uma piscadinha para Remus em seguida, que desistiu de tentar argumentar com Sirius e continuou sua caminhada. Apesar das reclamações, não parou novamente até ter saído do castelo, com o outro o seguindo irritado. Sentou-se em um banco no jardim, abriu seu livro e decidiu ignorar Sirius – pelo menos até a hora de trocar os presentes de Natal.

Apesar de ter sucedido em sair do castelo, Sirius não parecia nem um pouco disposto a deixa-lo em paz. Lançava luzes coloridas por todo lugar, conjurava os mais bizarros tipos de animais e, por vezes, cantava músicas tão bizarras que Remus tinha certeza que estavam sendo inventadas na hora.

Remus conseguiria suportar por muito mais tempo. Isso se Sirius não tivesse jogado uma bela bola de neve bem no meio de seu rosto, e principalmente por não parecer nem um pouco arrependido de tê-lo feito.

— Sirius! — Remus finalmente fechou o livro e lançou um olhar assassino para o namorado, o que pareceu não intimidá-lo nem um pouco. Muito pelo contrário, ele estava vitorioso por ter atraído a atenção de Remus.

— Moony, eu estou entediado! E com frio. Vamos voltar, por favor.

— Eu nunca pedi para você vir junto comigo. Não é minha culpa se você é um cachorrinho obediente e me seguiu.

Sirius pareceu extremamente ofendido com o comentário e lançou outra bola de neve em Remus, que também pareceu extremamente ofendido com a segunda bolada de neve que levara e resolveu se vingar, jogando uma em Sirius.

— Seu lobo pulguento! — o Black xingou e “partiu para a guerra”. Fez uma bola ainda maior do que as outras e a lançou em Remus, que desta vez estava atento e desviou.

Não muito tempo depois, estavam tacando bolas de neve um no outro como duas crianças e, muito importante observar, também rindo como tais. Mas, num determinado momento, Remus fez sinais com a mão para que o namorado parasse de jogar as bolas de neve.

— O que foi? — Sirius perguntou com um leve tom de preocupação (que ele jamais admitiria que sequer esteve lá) que fez Remus dar um sorriso.

— Eu estou encharcado de neve e estou com frio — disse, abraçando o corpo e respirando ofegante. Sirius caminhou para a direção dele e quando pôde, puxou-o para perto, diminuindo a distância entre eles.

Remus ficou olhando dentro dos olhos do namorado e não se surpreendeu quando este lhe puxou para perto e pressionou seus lábios contra os dele. Imediatamente, seu corpo relaxou e ele enroscou a mão no pescoço de Sirius, brincando com seu cabelo negro enquanto se beijavam.

Quando sentiram necessidade de ar novamente, Sirius olhou dentro dos olhos âmbar do Lupin com um sorriso no rosto. Ele sempre tinha esse sorriso quando se beijavam, e Remus sempre gostava de vê-lo sorrir daquele jeito.

— E então? — Sirius perguntou, curioso.

— E então o quê?

— Você ainda está com frio? — Sirius especificou a pergunta.

Remus não tinha nem prestado atenção nisso, mas não se surpreendeu nem um pouco quando percebeu que, não, não estava com nem um pouco de frio. Sirius era assim, afinal; ele tinha esse efeito nas pessoas. Ele as fazia sorrir quando estavam tristes. Ele, de certa forma, iluminava os lugares pelos quais ia, tirava deles todo o frio que restava.

— Não — Remus sorriu — Nunca vou estar com frio contanto que eu tenha você.