I Wont Let It Go escrita por Vítorms394


Capítulo 7
You're lucky to have her


Notas iniciais do capítulo

Tenho umas coisas para dizer antes que leiam:
*Volta o ponto de vista do Logan.
*Desculpem a demora.
*Próximo capítulo já está pronto. Falta só editar.
*Esse capítulo, inicialmente tinha aprox. 3.800 palavras, mas aí eu dividi em dois e o próximo será lançada logo logo.
*Esse capítulo não tem muitos acontecimentos. Por ser a primeira parte do capítulo inicial, infelizmente ficou sem graça. Porém, o próximo capítulo vai compensar.
Boa leitura (:



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Minhas pálpebras estavam pesadas e eu abri os olhos lentamente. Estava deitado olhando para uma luz que me encandeava. Percebi então ao olhar em volta que estava numa sala bem iluminada. Ao meu lado havia uma mesinha de cabeceira branca e do outro havia uma janela bem grande e cortinas listradas em branco e azul claro que escondiam uma pequena parte dela. A lua cintilava ao alto do céu estrelado e logo voltei minha atenção para o quarto. Onde eu estava, afinal?

Notei que estava deitado em cima de uma cama de hospital e tentei me levantar, mas senti uma dor lancinante vinda da minha costela. Repousei automaticamente na cama novamente. Olhei para o chão encerado e para as paredes brancas me perguntando como vim parar aqui no hospital.

Minha memória começou a processar e me lembrei do que Ashley e seus amigos fizeram comigo. Quanto tempo se passara? Quanto tempo fiquei desacordado?

Senti minha costela doer e me lembrei que eles a quebraram de tanto socar repetidas vezes. Eu estava sem camisa, obviamente, e havia vários curativos em mim. Meu tórax estava enfaixado e eu percebi os pontos em minha perna onde fizeram o corte em minha artéria. Perdi muito sangue naquela noite. Como eu sobrevivi a tudo isso? Não tinha mais esperança nem de respirar. Meus pulmões funcionavam devagar e com muita calma. Um deles ainda se recuperava da cirurgia que com certeza fui submetido. Levantei um braço cuidadosamente e o fitei. Minha pele estava mais branca do que o normal devido à perda de sangue.

Notei uma poltrona acolchoada que me parecia muito confortável ao canto do quarto e percebi que alguém deveria estar passando um tempo comigo sentado ali. Isso significa que alguém conhecido, ou não, me encontrou e agora estava olhando por mim.

De repente a porta se abriu e vi uma figura feminina adentrando o quarto. Ela segurava uma xícara de cerâmica e nem notou quando olhei rapidamente para ela. Num movimento lento ela se sentou na poltrona de cabeça baixa e bebeu um pouco do líquido em sua xícara. Percebi de relance que era chá. Ela levantou ligeiramente a cabeça e pude ter certeza de que aquela era a minha mãe. Não suportei nem mais um segundo e a chamei numa voz fraca. Ela levantou a cabeça rapidamente e seus olhos encontraram os meus lacrimejando. Ela correu até mim e segurou minha mão.

– Não consigo nem acreditar que você acordou! – e me deu um beijo na testa. Sorri para ela.

– Por quanto tempo fiquei assim?

Ela hesitou por um instante, mas disse:

– Três semanas – informou.

Olhei perplexo para ela.

– Você perdeu muito sangue – ela continuou – Quando te acharam na rua uma ambulância te trouxe rapidamente até aqui. Graças a Deus – ela beijou os dois dedos e aponto-os para o céu.

– Eu não teria sobrevivido. Eu não deveria ter sobrevivido. Eu perdi quase metade do meu sangue...

– Não exagere... – ela passou a mão nos cabelos pretos um pouco grisalhos – e não ouse dizer que não deveria estar vivo! Você sabe o que eu passei esse tempo todo? Achei que você nunca acordaria!

Me senti culpado por ter dito isso, mas as informações não batiam uma com a outra.

– Quem me trouxe para cá?

– Um grupo de adolescentes – disse – provavelmente do seu colégio – ela acrescentou – o encontrou caído no chão e ligou para uma ambulância que o trouxe aqui. Assim que chegou eles fizeram uma cirurgia em você.

Pisquei. "Bem, que bom que me acharam a tempo" pensei.

– Continue – eu pedi.

– Fizeram uma cirurgia em seu pulmão – ela me olhou triste e continuou – você fraturou a costela e então imobilizaram seu tórax – ela fez uma pausa para respirar fundo – você chegou ao hospital desmaiado e quando me ligaram avisando, você já estava em processo cirúrgico. Quem fez isso com você, afinal?

– Eu vou te contar, mãe. Mas antes, preciso descansar. Não estou forte o bastante para relembrar tudo isso – não menti. Não queria falar daquela psicopata agora. Só pensava em sair logo dali.

Ela suspirou cansada e então murmurou:

– Tudo bem, tudo bem – e abriu um sorriso acolhedor.

– Continue mãe. E então, eu fiquei desacordado desde que cheguei?

– Sim, querido. Está aqui desde aquela noite.

Mil pensamentos invadiram minha mente e eu me senti deslocado. Não sabia nada do que acontecera nas últimas três semanas e estava agonizando por dentro. Me lembrei de repente que na sexta-feira seguinte a semana que eu fui espancado, haveria uma prova. Três, aliás. Duas pela manhã e outra pela tarde. E não parava por aí: na semana seguinte haviam mais duas na quarta e quinta-feira. E nessa semana havia mais uma. Eram as provas do trimestre e eu as perdera.

– Perdi as provas do colégio – eu disse com uma voz fraca. Como iria ser aprovado esse ano se eu não tirasse uma nota alta nessas provas? Ou pelo o menos as fizesse?

Ela me lançou um olhar cheio de ternura e falou numa voz tranquila:

– Você pode fazer segunda chamada. Não se preocupe.

Suspirei. Tudo bem, eu poderia fazer as provas depois, mas como iria estudar para elas? Como se lesse meus pensamentos, minha mãe disse:

– Quando se recuperar por completo poderá fazê-las, querido. Não se apresse. Você ainda tem tempo – e me lançou um olhar bondoso.

De repente meu cérebro processou alguma informação em minha memória e então me lembrei de Amy. Ela poderia me ajudar com as provas. Amy. Quando eu a veria novamente?

– Amy está bem? – perguntei em tom de voz baixo.

– Está sim, querido. Ela vinha aqui todos os dias te ver. Quando soube do que aconteceu com você veio correndo saber como você estava. Toda tarde ela vinha me substituir. Dentro do horário de visitas, é claro. – balancei a cabeça – Ela trazia seus livros toda vez. Fazia sua tarefa de casa ao mesmo tempo em que fazia a dela – eu sorri – pedi para que não fizesse isso porque seria muito trabalhoso para ela. Porém, ela se mostrou insistente e nunca deixou de fazer. Todas as tardes chegava com os livros e se sentava naquela poltrona ali. – e apontou a poltrona sorrindo – Você tem sorte de tê-la, Logan.

Sim, eu tenho sorte.

O sorriso que estava em seu rosto baixou ligeiramente e ela levantou um dedo abrindo ligeiramente a boca. "Acabei de me lembrar" o gesto dizia. Ela soltou minha mão e disse "volto já" ao passar pela porta de madeira clara. Poucos minutos depois um homem a acompanhava para dentro do quarto. Ele sorriu para mim e pude perceber em suas feições que eu o conhecia. Ele vestia um jaleco branco e roupas de hospital por baixo dele. Seu cabelo castanho claro estava recém-cortado e penteado para baixo. Seus olhos verdes me fitaram por um momento e ele franziu o cenho.

– Não se lembra de mim, Logan? – ele abriu um largo sorriso mostrando os dentes. Eu o fitei lentamente tentando puxar vestígios em minha memória, mas quando olhei para seu nome costurado junto ao tecido do jaleco abri um sorriso involuntário.

– Andrew!

– Finalmente, achei que nunca se lembraria! – ele zombou sorrindo alegremente – E então, já está fazendo faculdade?

Fiquei se reação por um momento e pigarreei. O sorriso sumiu de seu rosto e minha mãe quebrou o silêncio entre nós.

– Ele não passou do terceiro ano.

– Ainda não? – ele perguntou sem saber o que dizia – nos conhecemos quando eu estava no terceiro ano, certo? Nós temos sete anos de diferença de idade, ou seja, você estava na quinta série quando nos conhecemos... – ele fez os cálculos rapidamente e acrescentou – Já que eu tenho vinte e seis anos, você tem dezoito, certo? Então...

Finalmente ele entendeu e se encolheu envergonhado. Sorri bondosamente para ele e quebrei o silêncio fatal que se estendeu por um longo minuto.

– Eu perdi o ano. Duas vezes.

Ele pediu desculpas e eu fiz um gesto de que não me importava.

Andrew Sparks era meu melhor amigo. Nos conhecemos no colégio onde fui expulso pela primeira vez. Ele era do terceiro ano e eu era da quinta série. Ele foi para a faculdade, mas nunca deixamos de nos ver. Quando perdi de ano pela primeira vez, mudei de colégio e ele começou a fazer sua residência para se tornar um médico. Nunca mais o vi desde então. Dois anos se passaram e ele mudou muito. Achava que nunca mais o veria.

Ele era muito diferente. Os cabelos escondiam as orelhas e parte dos olhos, seu rosto era parcialmente cheio de espinhas e ele era mais baixo. Hoje, os músculos se desenvolveram, as espinhas se foram, e o cabelo mudara.

– Vejo que se formou mesmo em medicina. Não achei que conseguiria – e soquei levemente seu braço o que o fez gargalhar.

– Cuidado, Logan. Não faça movimentos muito bruscos. Você perdeu muito sangue. Conseguimos uma aprovação para um exame de delito e a médica legista do hospital te examinou. Você recebeu algumas facadas. Achávamos que não sobreviveria. Seus ferimentos foram muito graves. Você quebrou uma costela e recebeu vários arranhões pelo corpo – me lembrei de quando eles me empurraram no chão e me arranhei no asfalto.

– Você ficará bem – minha mãe disse e Andrew se sentou na borda da cama depois de puxar a poltrona para minha mãe se sentar ao nosso lado.

Eu soltei um sorriso torto para ele. Passei três semanas inconsciente e vou passar boa parte da vida aqui até ficar realmente bom e Andrew sabe disso. Meus ferimentos não vão sarar tão fácil e eu com certeza perderei várias aulas. Agora minhas chances de passar de ano estavam ainda mais reduzidas. As notas do início do ano foram todas passadas para os registros do colégio atual e elas não são nem um pouco exemplares. Agora que perdi todas essas aulas e provas, fora as que eu ainda perderei, duvido que consiga recuperar. Pelo menos tenho Amy para me ajudar.

– Assim que chegou ao hospital, passou por uma cirurgia na artéria e pulmão. Quando finalmente foi liberado para o quarto, a enfermeira colocou os curativos em você e enfaixou seu tórax. Em pelo menos duas semanas ficará bom.

Suspirei. Duas semanas é tempo demais.

Andrew estava de plantão essa noite, então eu pedi para que minha mãe voltasse para casa para passar a noite numa cama descente. Com muito esforço consegui convencê-la. Ambos perguntavam quem fizera isso comigo, mas eu estava muito cansado para contar sobre Ashley. Decidi dormir um pouco quando eles saíram do quarto e desligaram as luzes. Olhei janela a fora e fitei a lua por um instante. Quando poderei ver Amy de novo?



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Notas finais do capítulo

*Eu não sou médico. Tentei ao máximo relatar o que aconteceu com o Logan quando ele chegou no hospital e se eu tiver errado em alguma coisa, peço desculpas.
*Próximo capítulo está sendo editado e logo será postado. Espero que tenho gostado do capítulo (: