Sheizo fitou Kaito, se pondo em cima dele, passando uma mão nos seus fios negros, sentindo a maciez, delicadeza e limpeza que o adornavam. Ele aproximou um pouco o rosto daquele cabelo, sentindo aquele cheiro que o conquistara no primeiro dia em que se encontraram.

  Kaito olhava Sheizo com o canto de seus olhos, mas o outro nem percebeu, passando a mão pelo rosto do de cabelos negros, sentindo vontade até de lamber aquela pele aveludada, parando assim que percebeu o que pensava. Kaito riu.

 _ Você é lindo. - disse Kaito, rolando e se pondo em cima de Sheizo.

  Kaito colocou as duas mãos, uma de cada lado da cabeça do outro, colando os seus corpos. De repente, imagens de Gerard invadiram a mente de Sheizo, fazendo com que ele se desesperasse e saísse dali, indo para outro canto da cama com lágrimas nos olhos.

 _ O que foi? - perguntou Kaito, limpando uma lágrima que acabou descendo pelo rosto de Sheizo.

 _ Me solta! - exclamou o outro, o derrubando na cama, notando que Kaito se deixara levar, que ele podia muito bem ter o parado.

  Sheizo se colocou novamente por cima do garoto de cabelos negros, com as mãos ao lado da sua cabeça e seus corpos colados. Kaito percebeu isso, mas não se importou. O garoto de cabelos negros levou as mãos até o rosto do outro lentamente, aproximando os dois rostos e colando os seus lábios.

  Dessa vez, Sheizo entreabriu os lábios, deixando que o outro brincasse com a sua língua, avançando um pouco para a boca de Kaito também, saboreando aquele gosto delicioso. Eles se separaram novamente e então alguém bateu na porta.

 _ Senhor Kaito! Conseguimos prender o Hederen! O que fazemos com ele? Damos para os outros reinos e pegamos a maior recompensa que encontrarmos? - disse um servo, entrando no quarto.

 _ Eu sou o seu príncipe, não se esqueça disso... - resmungou Kaito, saindo debaixo de Sheizo e olhando o outro servo com um olhar repreendedor.

 _ Ah, desculpe! Mas o que faremos? - perguntou o outro servo, que tinha cabelos negros e olhos verdes.

 _ Com certeza o que não podemos fazer é prendê-lo, Hako. Precisamos dele, querendo ou não. Primeiramente, façam com que ele vá até a sala do general e diga para que o general o convença a nos servir. Depois, podemos... - começou Kaito e foi interrompido:

 _ Ah, mas nós já fizemos isso! Sabe, ele só pode nos ajudar se dermos algo bem valioso em troca. Ele quer a coroa ou... - murmurou Hako, se interrompendo e olhando para baixo. - Bom, achamos melhor deixá-lo preso em um quarto até que o senhor pudesse conversar com ele.

 _ Ou o que, Hako? - perguntou Kaito, o encarando.

 _ É... Bom, com certeza ele trocaria pela liberdade também... Ou, err... Por ele. - murmurou Hako, olhando para Sheizo, mordendo os lábios. - Mas claro que em hipótese alguma daremos um servo para ele! De jeito nenhum, sugerimos um escravo, mas ele não aceitou.

 _ Você está brincando comigo? - perguntou Kaito, sentindo mais uma vez a raiva aflorar em seu peito.

 _ S-senhor, desculpe, mas você perguntou! De-desculpe! - gaguejou Hako, se curvando.

 _ EU NÃO ACREDITO NISSO! QUANTAS PESSOAS QUEREM O SHEIZO? MAS QUE MERDA! - berrou Kaito, saindo do quarto batendo os pés. - AONDE ELE ESTÁ? AONDE AQUELE MALDITO DO HEDEREN ESTÁ?

 _ S-senhor! - exclamou Hako, saindo dali, fechando a porta.

  Sheizo arregalou os olhos, ficando paralisado na cama. Como assim aquele ladrçao queria ele? Mas como ele? Um servo, que era um escravo que foi expulso do seu reino? O que ele tinha que interessasse tantas pessoas assim? Por que ele? Quantos problemas ele podia trazer para um só reino? 

  Eram muitas perguntas, mas Sheizo não conseguia responder a nenhuma delas. Ele se deitou na cama, ouvindo a sua barriga roncar bem na hora em que uma escrava entrou sem nem pedir licença, colocando a comida que ele mesmo fizera em cima da cômoda, com um suco de frutas vermelhas, se retirando. Sheizo pulou da cama, começando a comer com um  sorriso no rosto, se esquecendo momentâneamente do acontecido.