Estava deitada em minha cama a algum tempo, pensando em como eu havia gostado dos dois meninos que conheci ontém, acho que seriamos como irmãos em pouco tempo. Eu me virava varias vezes na cama, tentando dormir novamente, mas pegar no sono parecia impossível, decidi levantar de uma vez. Abri meus olhos azuis lentamente tentando me acostumar com a claridade dos primeiros raios de sol da manhã. Assim que minha visão voltou ao normal eu perdi longos minutos encarando meu quarto, ele era completamente branco, me lembrava a enfermaria do internato, e isso não me deixava nada feliz, pois logo me vinha a mente imagens de meu melhor amigo deitado em uma maca, desmaiado, e aquela sena me cortava o coração, acho que nunca vou esquecer dos dias de preocupação que passei, mas isso já faz muito tempo! Voltei meus pensamentos para meu quarto e percebi que minha mãe estava encostada na porta me fitando com um sorriso doce nos lábios.

- Bom dia querida! ....eu estava pensando... Seu quarto precisa de pintura, decoração...e para isso eu e seu pai te daremos dinheiro para que você va comprar tudo o que precisa agora mesmo! - disse ela.

Minha boca se abriu em um perfeito "O" afinal minha mãe sabia ler pensamentos!!! Eu pensei em dizer que também estava pensando nisso, mas tudo que eu disse foi:

- Bom dia! E obrigada mãe, adorei sua ideia!

Me levantei e fui ao banheiro, fiz minha higiene pessoal, tomei meu banho, quando terminei estava com o meu tão familiar cheiro de morango, do jeito que eu gostava, meus longos cabelos castanho- mel caiam um pouco ondulados em minhas costas, eu coloquei uma regata branca, um short jeans, um all star preto, peguei meu celular e sai de meu quarto. Dei de cara com Dany, lindo como sempre, seus olhinhos cinzentos me fitavam com admiração e saudade. O pegue no colo e desci as escadas para a cozinha onde mamãe e papai conversavam animadamete enquanto comiam, sentei de frente para meus pais com Dany ao meu lado, comi duas torradas com geléia de frutas vermelhas e sai para comprar as coisas para o meu quarto.
Passei pela porta, já olhando para as casas ao meu redor,eram realmente muito parecidas! Desci minha rua, passei por uma pequena praça, apesar de ainda ser 8:00 da manhã, já haviam muitas pessoas nas ruas, abrindo seus comércios, passeando em família... Andei mais um pouco e cheguei a uma espécie de feira, era o tipo de lugar que se acha de tudo, inclusive tinta e mobília. Mesmo com a reconstrução do distrito doze as coisas não ficaram mais modernas por aqui, minha mãe diz que a feira está igual ao mercado que ela ia quando mais nova antes de ir para os jogos.
Entrei no mercado, fui passando por entre lojas, corredores estreitos, ruelas... Até que cheguei ao meu "destino" . Comecei a olhar as cores de tinta, decidi que pintaria um pássaro voando em uma das paredes, mas não um pássaro qualquer, um tordo, um tordo negro. Muitos acham que isso traz más lembranças para minha família, mas estão errados, traz orgulho, minha mãe se orgulha de ter sido o símbulo de uma revolução que resultou em vida melhor para todos. Eu sempre tive um apego por pássaros, principalmente tordos, e acho que eu era correspondida, pois sempre que eu chamava por um com um assobío especial que minha mãe me ensinara quando eu era apenas uma garotinha, os pássaros vinham ao meu encontro.

Estava caminhando de volta para a entrada da feira, quando três moleques chegaram perto de mim, o mais velho e mais forte pegou minhas duas mãos e segurou-as nas minhas costas, enquanto isso os outros dois estavam tentando pegar minhas sacolas. Ergui minha perna esquerda e acertei a face de um dos meninos com destreza e força, muita força. O menino atingido cambaleou tonto para trás, me aproveitando da distração dos seus comparças e me soltei, me virei de costas procurando algo para jogar contra meus agressores, achei uma pedra de tamanho médio e peso também médio, ela faria um bom estrago. 
Me abaixei para pegar a pedra, assim que levantei senti mãos fortes tocarem meus braços, imaginando ser o mesmo que havia me prendido me virei e acertei a pedra na cabeça do moleque. Olhei para frente e vi os mesmos gêmeos que havia encontrado no dia anterior, eles encaravam algo no chão com uma expressão preocupada, se os olhares dos dois e me surpreendi, eles não olhavam para algo e sim para algúem, eu havia atingido a pessoa errada com a pedra, a essa altura os moleleque já deveriam estar longe daqui, e o menino caído aos meus pé com cara de dor incredulidade e raiva, colocava as mãos na cabeça, deixando mais amostra seus braços fortes, devo admitir ele era lindo, lindo não, perfeito. O menino mais bonito que eu já tinha visto na minha vida! Eu me abaixei a sua frente.

- Desculpa, eu não sabia que os meninos que tentaram me roubar já haviam ido embora! - abaixei a cabeça, por algum motivo o olhar daquele garoto sobre mim, me intimidara, afinal, que olhos azuis eram aqueles?! Eu estava prestes a pedir desculpas de novo, e me oferecer para ajuda-lo, quando ele me interrompeu.
- Você é maluca garota?!? - ele gritou - Eu venho te salvar daqueles delinqüentes e ganho uma pedrada na cabeça!!! Quem você acha que é para fazer isso comigo?! - a essa altura eu e ele já estávamos de pé encarando um ao outro, e a raiva me dominava, descobri que o que ele tinha de beleza tinha também de petulância, idiotice e estupidez, eu não vou deixar ele falar assim comigo, mas não vou mesmo, se eu sentia alguma culpa por ter acertado ele, essa culpa não existia mais, agora eu acho que ele mereceu!

- Olha aqui garoto não grita comigo! - eu disse gritando com ele e apontando meu dedo indicador para sua cara_ Eu não vi vocês se aproximando, não jogaria uma pedra em um desconhecido!!! Não sou louca!!!

Quando eu acabei de falar os três garotos arregalaram os olhos, pelo visto ninguém enfrentava o lindo menino parado a minha frente.

Eles pareciam ter entrado em algum tipo de transe, não piscavam, falavam ou se moviam, pareciam estátuas vivas. Então o lindo garoto pareceu acordar, me lançou um olhar mortal, eu levantei minhas duas mãos acima da minha cabeça como se dissece " ai que meda" e ele saiu pisando duro, logo sumindo entre as pessoas.
Depois dessa atitude dele, os outros dois saíram do transe também, eu pensei que eles também ficariam bravos comigo e eu voltaria para a estaca zero, sem amigos. Mas ao contrário disso os dois ergueram uma das mão para me comprimentar, nó fizemos um hi-5 e eles começaram a falar ao mesmo tempo, as vezes eu entendia algumas coisas tipo " não acredito que você teve coragem" ou " você até deixou ele sem fala" , " alguém finalmente intimidou o grande Luca odair" foi aí que descobri que o nome do menino mais abusado, estúpido e metido que eu já vi se chamava Luca!
Estava perdida em pensamentos quando notei que o falatório havia se encerrado, e os dois olhavam pra mim com sorrisinhos.

- Nós já éramos seus fãs antes… - o número 1 disse.
- Mas agora!! Você virou nossa idola!!! - o número dois continuou. Eu ri com as frases ditas, tudo isso só porque enfrentei aquele tal de Luca? Percebi que o número 2 segurava minhas sacolas nas mãos, só então me lembrei de agradece-los.
- Meninos muito obrigada por terem me salvado dos moleques! E por terem pego minhas coisas de volta. - disse a eles.
- Não precisa agradecer! - o número um disse.
- Porque você tá comprando várias latas de tinta preta!? - número 2 continuou.
- Por acaso virou pedreira gótica?!!  - assim que o número 1 disse isso eu soltei uma grande gargalhada.
- Gótica ou não é linda rindo - o número 2 disse, eu corei e o número 1 concordou, eles dois também eram lindos, mas não tanto quanto o garo estúpido de hoje mais cedo.
- Não sou pedreira, muito menos gótica! Eu só vou fazer desenhos legais nas paredes do meu novo quarto, e obrigada pelo elogio.
- Bom saber que você não é pedreira e não é gótica - o número 1 disse - e você é linda mesmo, eu acho que você deveria se inscrever no concurso de Miss Panem - o número 2 ia continuar a falar quando eu o cortei, afinal o que ele estava pensando?! Eu? Miss!!!? O que!?!? NUNCA!!!!
- Pode ir parando meu querido, eu só vou ser miss quando a vaca espirrar e o boi disser saúde!!! - disse fazendo os dois rirem. Foi aí que me dei conta da hora, já estava tarde, eu tinha que ir acabar de reformar meu quarto. Disse tchau pros meninos.
- Então tchau milady!!! - o número 1 disse galanteador enquanto se abaixava para beijar minha mão e eu ria.

-Já disse que ser cavalheiro não é a sua cara!!! - o número dois disse enciumado, e levou um tapa na nuca do número 1.

- Não importa se eu sou cavalheiro ou não! Ela gosta mais de mim mesmo!!! - número 1 disse convencido.
- O que!?! Iludido você em meu filho!!!! É claro que ela me ama mais!!! - disse o número 2 indignado e enciumado ao mesmo tempo. E eu só rias da discussão inútil dos dois! Deixei eles falando sozinhos sobre quem eu amo mais e fui andando pra casa.

Cheguei lá e fui direto pro meu quarto, meu irmão Dany herdou a habilidade de papai para o desenho, eu também não era ruim, mas Dany era impressionante! O chamei para me ajudar e ele ficou todo feliz. 
Ficamos pintando e conversando, matando as saudades, passamos o resto da tarde juntos, devo dizer que fizemos um ótimo trabalho! Meu quarto ficou incrível, e já não me lembrava nada um hospital! O que é ótimo. O Dany foi dormir, e eu fiquei pensando no meu dia, até que ele me veio a cabeça, Luca Odair. A raiva me dominou novamente, eu precisava me acalmar, e só havia um jeito. 
Pulei a janela do meu quarto, fui até a arvore que eu escondo minhas armas de caça, pegeui meu arco, minhas flechas e saí correndo em disparada, cada vez entrando mais na floresta, enquanto corria eu atirava flechas que acertavam sempre meus alvos desejados, sem nunca errar, afinal, eu nunca erro.
Continuei a correr, até que ouvi um barulho vindo de trás de mim, eu me virei e atirei uma flecha na direção do som. Eu estava muito alerta, e tinha pouca luz na floresta, mas logo depois vi que tinha acertado um garoto, eu acertei sua camisa, prendendo o mesmo em uma arvore, mas a minha flecha não tocou nele. Ele era lindo, quase tão lindo como Luca, lembrar dele me fez ficar com raiva.

- Quem é você, o que faz aqui!?!? - disse lançando um olhar mortal ao desconhecido, fazendo ele me olhar com uma cara confusa.
- Meu nome é Jake. E você quem é? - disse ele Encarou interessado meu mini pijama de bolinhas e riu. - Adorei seu pijama.

- Não interessa quem eu sou, e pare de olhar para o meu pijama. desculpe pela flechada, é que não se vê muitos forasteiros por aqui!! - disse fria, agora eu já tinha colocado o arco nas costas, perto das flechas.
- Nossa você é muito linda! - ele disse se soltando da árvore, e chegando mais perto de mim, assim como Luca ele tinha olhos azuis, porém os dele eram de um azul intensamente negro, como um mar que você não ousaria adentrar. Seus cabelos eram negros, ele era forte, e como disse lindo. - sou um Pokémon, moro em uma pokebola, fica comigo ou não rola!?! - ele perguntou com uma cara de " estou seduzindo você" e eu não aguentei, eu tive que rir, eu ri muito, não sei porque, mas gostei de Jake.
- Foi mal aí Pokémon, mas, não rola não!!! - eu disse ainda rindo.
- Eu sabia que não ia rolar, mas você é linda de mais, eu tive que tentar.! - ele disse dando de ombros.
- Ok, mas que cantada foi essa?! Pelo menos você tem imaginação!
- Minha cantada é muito boa ok! - ele disse fazendo biquinho e eu ri.
- Bom eu tenho que ir agora, adeus Pokémon!
- Adeus Anonym ! - ele disse acenando, eu já estava de costas, porém me virei comuna cara interrogativa, ele me fitava divertido.
- É Anonym, significa anônima em alemão. - ele falou isso como se fosse natural, afinal todos falam alemão, não é? Eu? Sendo irônica!? IMAGINA!!! Enfim eu ri do comentário dele, é, nossa situação era realmente engraçada, um Pokémon sendo flechado por uma Anonym.
- Ok, tchau. - falei e saí correndo de lá.

Deixei minhas armas no esconderijo de sempre e voltei a correr, só parei depois de pular a janela de novo e ter certeza que ninguém sabia da minha saída. E por sorte não sabiam, não tomei banho nem troquei de roupa, simplesmente me joguei na cama, adormeci rápido, porém estava muito nervosa com o fato de amanhã ser meu primeiro dia de aula, e não conseguia parar de pensar em certos olhos azuis me fitando com ódio, minha raiva havia passado no momento, Jake a tirou de mim, mas eu sabia que ela voltaria assim que eu visse Luca outra vez.

Os Dias de Cão Acabaram ( Dog Days Are Over - Florence & The Machine)

A felicidade a acertou como um trem nos trilhos

Indo na direção dela, não há pra onde fugir

Ela se escondeu nos cantos, debaixo de camas

Ela matou-o com beijos e com isso ela fugiu

Com cada bolha, ela afundou com seu drink

E jogou para longe em baixo da pia da cozinha

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Os cavalos estão chegando

Então é melhor você correr

Corra rápido pra sua mãe, corra rápido pro seu pai

Corra pros seus filhos, pra suas irmãs e irmãos

Deixe todo seu amor, seu amor para trás

Você não pode levá-lo com você, se quiser sobreviver

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Você pode ouvir os cavalos?

Porque aí vêm eles

E eu nunca quis nada de você

Exceto o que você tinha e o que sobrou além disso também, oh

A felicidade a acertou como uma bala nas costas

Golpeada pela imensa altura de alguém que deveria saber melhor que isso

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Você pode ouvir os cavalos?

Porque aí vêm eles

Corra rápido pra sua mãe, corra rápido pro seu pai

Corra pros seus filhos, pra suas irmãs e irmãos

Deixe todo seu amor, seu amor para trás

Você não pode levá-lo com você, se quiser sobreviver

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Você pode ouvir os cavalos?

Porque aí vêm eles

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Os cavalos estão chegando

Porque aí vêm eles

Os dias de cão acabaram

Os dias de cão chegaram ao fim

Os cavalos estão chegando

Então é melhor você correr