POV SILENA

Eu já estava sentada no sofá, com a minha mochila no colo, enquanto esperava Charlie pegar suas coisas para irmos até o apartamento de Connor. Eu realmente era a mais bagunceira, mas como mamãe me ajudou a organizar minhas coisas que eu deveria levar hoje, eu já estava pronta. E Charlie que disse já ter idade suficiente para arrumar sua própria mochila, recusou a ajuda de mamãe, e estava completamente enrolado. Mamãe estava no salão da Piper se arrumando. Hoje eles iriam jantar fora, e dispensaram a gente para os cuidados de Connor. Eu estava realmente impaciente em esperar meu irmão. Não gosto de ficar sem fazer nada por tanto tempo. Quando resolvi subir até o segundo andar para apressa-lo, Charlie vinha descendo a escada.

-Pronto? – eu perguntei.

-Ahaam, cadê papai? – ele disse.

-To aqui. Tudo certinho crianças? – papai disse entrando na sala.

-Tudo. – nós respondemos.

-Então, vamos logo, Connor já está esperando.

Nós assentimos e seguimos nosso pai até o carro. Charlie como sempre foi na frente com ele, enquanto eu fazia companhia para as nossas mochilas.

-Papai? – eu perguntei.

-Sim?

-Que horas você vai buscar a gente amanha?

-Acho que antes do almoço, não sei. Provavelmente assim que eu acordar.

-Mas, como eu sei que você vai acordar bem tarde amanhã - Charlie disse para papai sorrindo.

-Talvez. – foi a única coisa que ele respondeu.

Indo de carro, o apartamento de Connor ficava só a oito minutos de casa. Logo papai estacionou na frente do prédio, disse que não usaria o estacionamento.

-Jake já está aqui? – Charlie perguntou.

-Não sei. Jason disse que o traria logo. Talvez ele chegue mais tarde.

-Mas ele vem? – eu perguntei.

-Vem sim.

Subimos pelo elevador, e logo estávamos parados em frente ao corredor do apartamento de Connor. Alguns passos a frente, havia um homem e um garoto, ambos tinham cabelos loiros, e o menino levava uma mochila nas costas.

-Hey Jason! – papai acenou e ele se virou em nossa direção.

-Olá Percy. – ele disse nos esperando. Jake cumprimentou Charlie com um toque de mãos e acenou discretamente para mim.

-Bom agora vocês se viram, não é? – Jason disse olhando para nós três e tocando a campainha.

Ouvimos alguns barulhos dentro do apartamento, até que Connor abriu a porta.

-Olá pessoas!

-Olá, Connor, aqui estão às crianças, tome conta delas, e tente não se machucar. Amanhã nós as pegamos ok? – meu pai disse dando tchau para todos e junto com Jason se encaminhou para saída.

Connor fez sinal para que entrássemos. Charles foi à frente seguido por mim e Jake logo atrás. Nos sentamos no sofá, e ainda estávamos com as mochilas quando Connor disse:

-Bom, eu não sei ser babá, portanto não façam nada perigoso, ta bem? E, eu pretendia assistir um jogo de basquete, mas acho que nem todos nós gostamos, então aluguei alguns DVDs para nos distrair. Vocês podem deixar as suas coisas no quarto do Travis que é onde vocês irão dormir. – quando ele terminou, nós três o seguimos até o quarto do Travis. Tinha uma cama de solteiro, um armário, e uma escrivaninha. No chão havia um colchão de casal com alguns travesseiros. Largamos tudo em cima da cama e nos viramos para Connor.

-Vocês estão com fome? – Connor perguntou.

-Não – nós três respondemos.

-Então podemos ver os filmes, certo? Acho que conseguimos ver os três antes de meia noite. – ele disse sorrindo.

Jake, Charlie e eu nos entreolhamos. Alguns filmes em quatro horas? Que filmes ele havia alugado? Voltamos para a sala, e enquanto nos sentávamos no sofá, Connor pegou uma sacola de locadora, e nos entregou.

-Escolham qual veremos primeiro.

Havia cinco filmes ali. Eu não gostei de nenhum. Eram animações. Connor realmente achava que éramos crianças, certo? Charles e Jake pareciam desconfortáveis em dizer alguma coisa, mas isso não era problema pra mim:

-Connor. Tipo, nós não gostamos de desenhos. Você teve uma ótima ideia, só não acertou na escolha dos filmes. – eu disse

-Oh. Sinto muito Silena. Deveria ter levado vocês para escolher alguma coisa. – ele disse meio sem jeito.

-Sem problemas. Vamos fazer outra coisa. Nada de filmes. – eu disse e os meninos concordaram.

Connor pensou por algum tempo, até que sorriu.

-Vocês sabem jogar pôquer?

-Não – eu respondi juntamente com Charlie. Jake sorriu:

-Eu sei.

-Sabe? – Charlie perguntou.

-Ahaam. Meu pai joga ás vezes. Me ensinou.

-Acho que vai demorar um pouco pra ensinar o Charlie e a Silena, então vamos fazer outra coisa. – Connor sugeriu.

-Video game? – Jake perguntou.

Todos concordaram, parecia uma boa ideia para passar a próxima hora. Mais tarde decidiríamos o que fazer.

Connor ligou o video game, e estávamos jogando em duplas. Eu e Jake contra Connor e Charlie.

POV JAKE

Depois de uma hora sentados naquele sofá, Silena resolveu que não queria mais jogar. Embora nós três ainda quiséssemos ela bateu o pé, e disse não. Como todos fazem o que ela quer, resolvemos escutar a sugestão magnífica que ela teve:

-Jake, você não está aprendendo a tocar violão com o Connor? Vocês podiam tocar pra gente. Ia ser bem legal.

Até que a ideia não foi tão ruim. Depois de dois meses de aula, eu já havia aprendido algumas coisas, mas eu fiquei com vergonha de tocar pra eles, então Connor concordou em pegar seu violão. Ele tocou algumas músicas bem legais, do gosto dele. Silena pediu umas de uma garota lá, mas Connor não conhecia. Alguns minutos depois, o celular dele tocou.

-Alô! Oi. O que? Não posso. Esqueceu que to com as crianças? Te vira. Mas, já disse que não. Como? Tudo bem. Vou ver o que posso fazer. – ele desligou o celular meio emburrado e disse- Vocês podem ficar mais ou menos uma hora sozinhos? Preciso ajudar um amigo, e tenho mesmo que ir.

Nós ficamos em silencio, nos entreolhando até que Silena disse:

-Olha, meu pai confiou em você. Vou ter que contar pra ele se nos deixar sozinhos. A não ser que você me ajude com algo...

-Com o que? – ele perguntou.

-Preciso comprar uma revista e to sem dinheiro. – ela disse com aquele olhar pidão.

-Tudo bem. – ele mexeu nos bolsos e tirou algumas notas. –Aqui. Dez dólares para cada um, com o trato de vocês não contarem sobre isso para seus pais.

-Fechado. – Silena respondeu toda sorridente. Devo admitir que essa garota sabe fazer negócio.

-Então ta certo. Jake, você tem meu número, se acontecer alguma coisa me ligue. Volto em uma hora. – disse Connor saindo apressado pela porta.

Silena virou-se para Charlie e eu, e com um sorriso maléfico exclamou:

-Temos o apartamento só para gente por uma hora! Isso não é ótimo?

-Silena, se comporte, por favor. Venha, vamos ligar a TV e procurar algo para assistir. Ele já volta. – Charles disse voltando para o sofá.

-Fala sério! Charlie! Vamos aproveitar.

-É. Cara, não é uma ideia ruim. Não vamos destruir a casa, só nos divertir um pouco. – eu disse.

-Divertir como?

-Eu vou assaltar a cozinha. – eu disse me encaminhando para lá.

-Eu quero ouvir música! – Silena exclamou e foi mexer nos CDs que estavam na estante.

-Charlie! Vem cara! – eu gritei enquanto abria a geladeira. Charles veio relutante para meu lado, e Silena ergueu um CD de capa desconhecida:

-Isso vai ser divertido! – ela disse colocando o CD para tocar.

Katty Perry. Não sabia que Connor curtia as músicas dela, mas devo admitir, eram muito boas. Silena sabia todas as letras, e deixou o volume alto o suficiente para que sua voz não atrapalhasse o desempenho magnífico da Katty. Charles agora já não se preocupava com não bagunçar a casa ou coisas do gênero. Nós comemos pizza fria, sorvete, bolo de chocolate, tomamos Pepsi, e sem falar os salgadinhos que encontramos. Dividimos com a Silena, mas esta estava mais ocupada em cantar e dançar como louca. Era como se ela fingisse que nós dois não estávamos ali. Fazia seu próprio show. Eu nunca tinha reparado antes, mas ela levava jeito pra coisa. Era afinada e dançava muito bem. Talvez um dia, ela fosse como a Katty. E se fosse, pode ter certeza que eu estaria na primeira fila do seu show.

Quando dei por mim, as músicas dos CD já tinham acabado, mas Silena colocou no repeat. Agora Charlie e eu nos juntamos a ela na cantoria, e até arriscamos alguns passos. E uma hora, passou muito rápido. Se não fosse por um pequeno intervalo no CD, nós não escutaríamos as batidas na porta. Charles foi atender, e Silena abaixou o som. Era um senhor, não de idade, mas bem mais velho que nós. Aparentava ter uns quarenta e tantos anos.

-Oi. – Charles disse.

-Oi? Garoto! Quero falar imediatamente com o pai de vocês!

-Nós não moramos aqui senhor. Estamos na casa de um amigo.

-Que seja! Exijo falar com o morador responsável por este apartamento.

-O Connor não está o senhor quer deixar recado?

-Recado? Pois falo pra você mesmo, afinal você deve estar causando esse barulho insuportável! Desligue esse som imediatamente! Já passa das dez da noite, e as pessoas querem dormir! Eu espero não ouvir barulhos ensurdecedores daqui novamente garoto, ou as coisas ficarão feias. – o cara disse com uma expressão nada amigável.

-Sim senhor. – Charles respondeu e fechou a porta.

Nos olhamos e desatamos a rir. Gargalhadas que provavelmente faziam tanto barulho quanto a musica que já não mais tocava.

-Tá, tudo bem. Eu sabia que ia dar algo errado. Vamos ver TV. - Charles disse indo para o sofá.

-Connor já não devia ter chego? – Silena perguntou.

-Verdade. Já faz pouco mais de duas horas que ele saiu. Onde será que ele foi?- eu perguntei.

-Não sei e sinceramente, é melhor não sabermos. Como diz minha mãe, ele é um Stoll. Não se deve perguntar muita coisa sobre o que eles fazem. – Charles disse.

-Tudo bem. Vamos ver TV. – Silena concordou e se ajeitou ao lado do irmão no sofá.

Alguns minutos depois, Connor abriu a porta. Olhou para nós e exclamou:

-Ah! Que maravilha! Ficaram a noite toda vendo TV?

-Ahaam. – nós três respondemos.

-Já estão com sono? Com fome talvez?

-Não. – repetimos o unissono.

-Tudo bem. Eu vou arrumar as camas de vocês. – ele foi e nos deixou na sala. Um pouco depois ele voltou e Silena disse que já estava cansada, era quase meia noite, então ela foi deitar. Charles e eu ficamos assistindo TV mais um tempo. Quando finalmente Connor resolveu que já era hora de irmos pra cama, nós obedecemos. Quando chegamos ao quarto de Travis, Silena estava adormecida na cama de solteiro. E apenas o colchão de casal restava. Eu olhei para Charlie, ele olhou para mim e exclamou juntos:

-Não acredito que vou dormir com você!