Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 8
Não Mereço ser Seu Filho




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O lobo permanecera inconsciente durante um dia inteiro. Harry não fora a escola mais uma vez, pois seria difícil fingir que estava bem, quando sua vida nitidamente virara de cabeça para baixo em menos de uma semana. E na manhã de terça-feira, enquanto mãe e filho faziam o desjejum, um respirar profundo pôde ser ouvido do quarto.

― Leah! – chama ele, sentindo a sequidão em sua garganta.

A quileute corre rapidamente ao seu encontro, deixando sua cadeira cair e quase fazendo a mesa virar, sem notar o corpo endurecido de Harry ao ouvir novamente a voz do pai. Ele tinha medo de encará-lo e, por isso, foge, matando mais um dia de aula e correndo para se refugiar em algum lugar.

― Você finalmente acordou! – Sorri Leah, sentando-se ao seu lado na cama e beijando sua testa.

― Preciso de água.

― Harry, traga um pouco de água, por favor!

― Ele não está em casa...

― Está sim, na cozinha.

― Eu o ouvi sair.

― Ouviu? – pergunta confusa.

Lucian apenas assente com a cabeça e se levanta, vagarosamente, sendo auxiliado por Leah. Ele podia sentir a perna um pouco dormente, por estar tanto tempo estática, mas se levanta mesmo assim, aceitando o apoio que a quileute lhe oferecia.

Ambos caminham até a cozinha, onde Leah constata que o filho realmente fugira. Ela serve o copo de água ao cherokee, pega-o logo depois, já vazio, e, quando faz menção de colocá-lo na pia, é agarrada pela cintura e puxada para o colo do Lucian.

O copo voa de suas mãos e se estilhaça no chão, tamanha a força e rapidez com que ele a puxara para si. Lucian respira profundamente o pescoço da loba, beijando a região em seguida e apertando-a ainda mais em seu corpo.

― Lucian, o que há com você? – pergunta sentindo suas bochechas queimarem e um calafrio se alojar em sua espinha.

― Seu cheiro me embriaga... Como pude viver tanto tempo sem senti-lo? – pergunta de olhos fechados, sentindo novamente a fragrância feminina. – É como uma droga que não me importaria em viciar.

― Você pode... Mas como? Quero dizer, você não podia...

― Não sei o que aconteceu, minha cabeça dói, não consigo formular nenhuma teoria para isso ainda... Tudo o que sei é que estou feliz por tê-la aqui, meus instintos queimam por você e cada célula minha deseja ansiosamente sentir seu corpo colado ao meu.

Leah sente o calor de suas bochechas se alastrarem por todo o seu rosto. Seus instintos também clamavam por ele e, durante toda a manhã, o casal se esquecera do garoto fugitivo, concentrando-se apenas naquele momento, nos dois juntos.

O Sol já estava a pino quando Leah e Lucian finalmente caíram em si, decidindo que era hora de procurar por Harry, afinal, ele não poderia fugir para sempre.

― Eu vou! – diz Lucian.

― Você acabou de se recuperar, teve uma manhã caliente ao meu lado e ainda não colocou nada no estômago... É melhor ficar.

― Estou forte como um touro ou sei lá o quê, odeio ditados. – Dá de ombro. – Deixe-me sair e esticar as pernas, prometo que quando retornar trarei Harry comigo.

A loba concorda sem questionar, sabendo que, cedo ou tarde, eles teriam de conversar. Lucian toma um banho rápido, captura os lábios de Leah mais uma vez – quase desistindo da ideia de sair dali – e segue à procura do filho. Ele caminha até a floresta, largando sua camisa no meio do caminho e transformando-se rapidamente, deixando que sua fera corresse livre por entre as árvores, tentando captar o rastro do fugitivo.

Lucian nunca sentira o cheiro de Harry, mas lembrava-se de Leah o informando que sua fragrância corporal era amadeirada como o dele, com um toque de lavanda ou algo assim. Ele cheira o ar por longos minutos, e logo consegue captar a trilha de seu aroma, que apesar de fraca, ainda permanecia ali.

Alguns quileutes correram ao seu lado durante alguns metros, felizes por vê-lo bem e recuperado, mas Lucian os ignorou e seguiu para o penhasco, local para onde o rastro o levava.

Harry foi encontrado sentado à beira de uma árvore, olhando para o mar. Havia preferido aquele lugar, pois sabia que ninguém estaria ali àquela hora do dia e poderia ficar só. O cheiro familiar de seu pai invade suas narinas fazendo os pelos de sua nuca se eriçarem, e, quando menos percebe, Lucian estava sentando-se ao seu lado.

― Oi – cumprimenta o cherokee.

― Oi.

― Como você está?

― Bem, eu acho – responde receoso, esfregando as mãos uma na outra. – E você, como está?

― Bem melhor agora, levando em conta que...

― Me desculpe – pede o interrompendo –, foi tudo minha culpa. Eu o mandei para a floresta, menti sobre minha mãe estar lá, não sabia que havia um vampiro aos arredores, não sabia que você era... – Engole em seco.

― Deficiente? – completa com olhar compreensivo.

Lucian puxa o filho para um abraço e é prontamente correspondido. Harry estava magoado, arrependido e assustado, tudo isso era nítido em seus olhos, em seu jeito de agir e de falar.

― Esqueça o que aconteceu. Se for o meu perdão que você quer, então relaxe, você o tem. Desculpe-me por nunca ter lhe contado sobre isso, eu errei, fiquei com medo de...

― Me decepcionar, eu sei – completa Harry –, dona Leah já me contou.

O cherokee sorri, pois se Harry estava a chamar a mãe pelo nome e com o prefixo "dona", significava que seu humor estava melhorando. Ambos desfazem o abraço e ficam em silêncio por alguns segundos, acostumando-se novamente com a companhia um do outro, até que o alfa resolve continuar:

― Sabe, Harry, eu nunca pensei que viveria para ver seu nascimento.

― O quê?

Lucian toca o ombro do filho, enviado a ele lembranças sobre quando fora capturado pelos Volturis, como fizera com Edward a muitos anos atrás. Os olhos do garoto se arregalavam e seu corpo treme com as cenas de tortura guardadas em sua memória, finalmente conseguindo entender como certas coisas aconteceram.

― Pensei que não sobreviveria a isso, mas consegui e ainda pude voltar para ver o nascimento de meu único filho. – Suspira. – Me desculpe se tenho sido um mau pai, eu estou tentando... Não existe manual para isso e tudo o que fiz até hoje, foi tentando acertar.

― Pare de falar estas coisas – pede Harry, chorando novamente, como fizera em frente a sua mãe. – Você só está me fazendo sentir pior.

― O que disse? – pergunta confuso.

― Você não é um mau pai, eu é que não sou um bom filho. – Soluça, esfregando as mãos nos olhos. – Depois de tudo o que passou, depois de comemorar meu nascimento e cuidar de mim, tudo o que consegui fazer foi magoá-lo. Desculpe-me por tudo o que lhe disse, eu não o odeio, você não é um monstro e nunca vou querer que saia da minha vida de verdade. Eu realmente não mereço ser seu filho!

― Nunca mais diga tal besteira – repreende no mesmo instante, agarrando o queixo do garoto para encará-lo. – Eu te amo, não importando o que tenha se passado. Você é meu filho, Harry, Leah gerou você e por isso o tenho como o ser mais precioso e incrível para mim! Se não está de acordo com suas atitudes então as mude, mas nunca mais repita estas palavras.

Harry assente com a cabeça e permanece em silêncio, enquanto enxugava o rosto novamente. E então, repentinamente, mais uma questão surge em sua mente: como o pai o havia encontrado?

― Tudo voltou! – responde o pensamento do filho.

― O quê?

― Meus sentidos, todos voltaram. Foi assim que consegui encontrá-lo.

― Quer dizer que pode ouvir e cheirar como um lobisomem?

― Sim, acredito que o veneno de Hana não só combateu a mordida do vampiro, como também corrigiu minha falha corporal. É minha única teoria até agora. Estou completamente curado, um lobisomem completo novamente! – Sorri.

― Isso é bom – sussurra Harry. – Você pode me ensinar a ser um bom lobisomem? Digo, aprender a me controlar e fazer todas as coisas que você faz?

― Ser o seu mentor sempre foi o meu desejo – confessa, bagunçando os cabelos de Harry animadamente. – E, como sua primeira lição, o desafio a pular do penhasco!

― Está louco? Mamãe disse que não posso pular.

― Ela disse que o antigo Harry não poderia pular, pois seu corpo frágil se machucaria. Você é um lobo agora, é mais resistente e pode fazer qualquer coisa.

― Qualquer coisa? – pergunta desconfiado.

― Se eu fui capaz de sobreviver a um vampiro, então o meu filho, o sangue de meu sangue, também pode fazer qualquer coisa.

Harry sorri, empolgado, já que sempre fora seu desejo saltar do penhasco como todos os quileute metamorfos faziam. Ele se ajeita na beirada, ao lado do pai, e ambos saltam ao mesmo tempo, sentindo a adrenalina da queda dominar-lhes o corpo, seguido da sensação amortecedora da água gelada.

O filho emergi primeiro em meio as águas salgadas, gritando em comemoração ao seu primeiro feito como um lobisomem. E o pai surge logo depois, seguindo o exemplo e comemorando a vida que finalmente voltava a ser como antes.

― Se você ficar doente – diz Harry cuspindo a água salgada de sua boca –, qual de nós dois mamãe vai estrangular primeiro?

― Não sei. – Ri.

Na volta para casa, pai e filho encontram Nicolas e outros membros do bando quileute, que instintivamente lançam olhares acusadoras para Harry. Tal feito não passa despercebido por Lucian, que sente seu sangue ferver e sua fera rosnar dentro de seu peito.

― Espere aqui – diz a Harry, enquanto se aproximava dos quileute. – Nicolas preciso que mande uma mensagem a todos do bando.

― Claro, é só dizer e, como filho do alfa, eu enviarei.

― Se mais alguém olhar para o meu filhote de forma agressiva ou torta, tomarei isso como uma afronta direta a mim e não pensarei duas vezes em dar uma surra no dono de tais olhos!

Nicolas engole em seco e sai rapidamente, antes que pudesse cometer tal deslize e sair dali gravemente ferido, sendo logo seguido pelos demais integrantes do bando.

Harry ri interiormente pelo fato de ser chamado de "filhote", como se ainda tivesse quatro ou cinco anos de idade, porém, não podia negar que sentia-se seguro com a presença de Lucian, assim como acontecera com Leah no dia de sua primeira transformação.

― Vamos pivete – chama Lucian, arrancando uma careta descontente de Harry.

― Poxa, pai, você precisa me tratar com mais respeito, sou um lobo e um lobisomem agora, não posso ficar sendo chamado de pivete ou de filhote por aí... Vou ficar com uma fama ruim.

― Como se isso fosse acontecer! – Gargalha. – Você é o homem mais poderoso de La Push, capaz de dominar as duas espécies de lobo, acha mesmo que ficará mal falado?

Harry sente o peito crescer diante de tal elogio e um sorriso se abrir em seu rosto. Ele era poderoso, um lobisomem diferente de qualquer outro, e seu pai parecia ter orgulho disso... É claro que os últimos acontecimentos não seriam esquecidos tão depressa, mas ele estava contente pelas coisas começarem a melhorar.

 


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Notas finais do capítulo

Aee, espero que gostem!! Na minha cabeça o capitulo estava bem emocionante [.-.] espero que tenha conseguido escrevê-lo bem :3
Eu queria ter postado o capitulo durante a madrugada, mas estava me sentindo tão mal que não consegui. Minha rinite alérgica atacou com a mudança de tempo, meu nariz ficou tapado, espirrava como uma retardada, tive dor de cabeça e de bônus ganhei uma febrinha, kk. Mas fiquem tranquilas, o capitulo esta ON e eu prometo não "bater as botas" antes de terminar a fic lol