Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 14
Visita a La Push




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Elena vasculha suas gavetas com desespero. A semana passara tão depressa que ela nem sequer escolhera a melhor roupa para o passeio à La Push. Haviam vestes espalhadas por todo o quarto, o tempo estava frio e, por isso, ela tivera de descartar o uso de sua blusa preferida, já que não tinha mangas e nenhum de seus casacos parecia combinar com ela.

Um barulho de motor pôde ser ouvido na rua e logo a campainha toca, preenchendo todo o interior da residência e fazendo Elena se arrepiar em expectativa.

Harry trajava calças compridas e um casaco fino, apenas para disfarçar sua indiferença quanto ao frio, e, enquanto aguardava, fica a analisar a casa dos Noolan. Ela era grande e parecia ser bem aconchegante, mas o que realmente chamou sua atenção, foi a sacada no andar de cima, cuja porta estava aberta e deixava escapar o delicioso cheiro de Elena, denunciando que aquele era o seu quarto.

Um barulho estranho podia ser ouvido do lado de dentro, seguido da advertência de uma mulher para que Elena não corresse na escada e, na sequência, a porta se abre.

― Oi, Harry.

― Está pronta para seu passeio, Srta Noolan? Seu guia turístico está às suas ordens hoje – brinca.

― Estou pronta. – Sorri. – Não como eu gostaria, mas estou pronta.

― Por quê? Você está ótima.

― Vou conhecer os seus pais e queria causar uma boa impressão – explica embaraçada –, mas não encontrei a roupa adequada para usar.

― Eles vão adorá-la, não importa como esteja vestida, eu prometo!

Elena se despede dos pais, que apenas cumprimentam Harry a distância e, em meio minuto, eles já se dirigiam à reserva. O trajeto fora feito em silêncio, já que a menina tremia com o nervosismo e o mestiço julgava ser a ansiedade de conhecer uma reserva de verdade, contudo, não era bem isso que a perturbava naquele momento...

Um tempo depois, Harry já estacionava em frente ao seu primeiro destino: sua própria casa.

― Essa é a minha casa! Quero que conheça meus pais antes de qualquer outra coisa.

Ela sorri nervosamente e, assim que desce do veículo, corre para o lado de Harry, que podia ouvir alguns ruídos dentro da casa. Seus pais certamente notaram sua chegada e estavam se preparando para receber a futura integrante da família: seu imprinting.

― Vista alguma coisa, Lucian – retruca Leah baixinho, dentro da casa. – Isso é uma regata, pelo menos faça de conta que está com frio!

― Está bem, e você se comporte e deixe-a a vontade, ela está nervosa, Leah.

― Por que eu precisaria me comportar? – retruca de volta

― Você é a sogra e as sogras são sempre bruxas. – Leva um soco no estômago, fazendo Harry rir.

― Por que está rindo? – pergunta Elena curiosa.

― Estou feliz por ter aceitado meu convite – disfarça.

Harry abre a porta devagar, encontrando os pais na sala, fingindo despreocupação. Ele reprimi uma risada diante daquela simulação fajuta e finalmente começa as apresentações.

― Mãe, pai, quero que conheçam uma pessoa... Esta é Elena. – Olha nos olhos dela, demonstrando o tamanho de sua satisfação em apresentá-los. – Elena, esses são os meus pais, Leah e Lucian. – Aponta cada um.

― É um prazer conhecer vocês – começa Elena.

― O prazer é nosso! – continua Lucian. – Harry não costuma trazer ninguém da escola aqui, você deve ser muito especial para ele.

― Obrigada!

― Muito prazer, Elena – começa Leah. – Seja bem-vinda, sinta-se à vontade em nossa casa.

Elena sorri e agradece novamente. Aos seus olhos, nada havia de errado com aquela família, muito pelo contrário, ela adorou conhecê-los e amou a chance de analisar as feições de ambos, para descobrir qual traço Harry puxou de quem. Lucian sorri com os pensamentos da menina e, enquanto Leah a puxava para um desjejum, ele se aproxima do filho.

― Ela gosta de você, sua mente está uma adrenalina total, querendo descobrir mais sobre sua vida, gostos e família.

― Acha que devo contar? – pergunta, se referindo ao segredo da transformação.

― Ainda não, é muito cedo... Prepare-se porque o bando vai querer conhecê-la, seu tio não consegue manter segredos para eles.

Harry revira os olhos, Seth nunca fora bom para esconder coisas do bando e ele já esperava que todos ficassem sabendo, porém, tê-los tão perto de Elena não era algo que lhe agradava, principalmente quando se tratava de Nicolas.

― Este é o momento em que eu banco o pai chato e começo a contar coisas constrangedoras sobre você? – diz Lucian, rindo e acompanhando o filho até a cozinha.

― Nem pensar, não me faça passar vergonha, pai, por favor – implora.

A manhã fora extremamente agradável. Elena realmente caíra aos gostos da família Clearwater e vice-versa. E assim que terminam o café da manhã, os moradores puderam ouvir os passos do bando quileute vindo em direção à casa.

Harry disfarçadamente a convida para uma caminhada, para, assim, poderem se encontrar com o bando por "pura coincidência". Sua estratégia saíra melhor que a encomenda, pois a menina aceitara prontamente e, assim que saíram da residência, "coincidentemente" se encontraram com o Sam e os demais garotos. Harry estranha a ausência de Nicolas, já que ele nunca perdia a oportunidade de tentar diminuí-lo diante dos outros, mas agradece mentalmente por sua falta.

― Esses são alguns amigos da família, quer conhecê-los? – sussurra para Elena, que assente com a cabeça.

E enquanto ele os apresentava, Leah e Lucian saem na varanda da casa para observar. A quileute estreita os olhos logo que vê o estado em que os lobos vieram, todos sem camisa e descalços, dando mil motivos para a visitante desconfiar de que havia algo errado.

― Nós aqui, tentando parecer uma família normal, e eles me aparecem assim? É tão difícil fingir que é um humano comum? – sussurra irritada. – Por que está com essa cara esquisita?

― Você não vai acreditar – diz Lucian em tom zombeteiro –, ela está contando.

― Contando? O quê?

― As tatuagens... Ela estranhou as tatuagens e está contando quantos quileutes a tem.

― Que ótimo, só falta Elena pensar que são algum tipo de gangue.

― Ainda bem que a sua está bem coberta – brinca –, ou ela pensaria que também somos da "gangue". – Faz aspas com os dedos, apenas para enfatizar sua brincadeira. – Por falar nisso, ela acaba de ficar aliviada por Harry não ter a tatuagem.

― Maravilha, agora é certeza: ela pensa que somos marginais.

― Nós, não... Mas eles... – Aponta com a cabeça para Sam e o bando. – É bem provável que sim!

Os quileutes conversavam animados com a garota, afinal, para eles, era importante conhecer a companheira de Harry, que já era tido como o xodó da família Clearwater. E, para Elena, era sensacional conhecer os amigos de Harry e ouvi-los contar um pouco sobre as situações vergonhosas em que ele já se metera.

― Quando fizemos um acampamento na floresta – conta Paul –, Harry não quis ficar acordado para ouvir histórias em volta da fogueira e, como castigo, acabou tendo o cabelo e as sobrancelhas cortadas. – Ri. – E fui eu mesmo que as cortei!

― Você chama aquilo de cortar? – critica envergonhado. – Paul, você abriu um ninho de rato na minha cabeça, tive de raspá-la por sua causa e o Tio Seth riu de mim por duas semanas.

― Eu também já tive que raspar a minha – comenta Elena, tentando deixar Harry menos constrangido. – Era um encontro de negócios da família, eu briguei com praticamente todas as minhas primas e elas cortaram meu cabelo. Não deu para salvar nada e meus colegas de escola pensaram que eu estava com câncer, por aparecer com um lenço tampando a cabeça raspada. – Ri baixinho.

Paul e Quil riem descaradamente, enquanto os outros tentavam conter suas gargalhadas fatais. Até mesmo Harry relaxou, deixando-a com um gostinho agradável de "missão cumprida", afinal, sabia bem o que era ter seus familiares contanto fatos nada agradáveis de sua vida.

― Você é bonita, divertida e, pelo visto, encrenqueira – diz Embry com tom zombeteiro. – Tem mais alguma coisa que devemos saber sobre você, Elena?

― Sim. – Ri. – Eu não sou encrenqueira, minhas primas que eram muito chatas e esnobes.

― Quantos aqui não acreditam nela? – pergunta Paul levantando a mão e conferindo a votação. – Até mesmo Harry levantou a mão, me desculpe, Elena, mas ficaremos com a versão de encrenqueira.

Elena gargalha com o comentário, não se esquecendo de dar um leve soco no braço de Harry, por não acreditar em sua justificativa.

Sam era o único que permanecia mais calado, falando apenas o necessário e somente quando era questionado diretamente. Ele a estava analisando e seus instintos lhe gritavam que a menina escondia alguma coisa, pois parecia nervosa demais para o seu gosto.

Depois de mais alguns minutos de conversa, o bando se vai, deixando o caminho livre para o prometido passeio na floresta.

― Esqueci meu casaco – comenta Elena, virando-se para a casa.

― Eu pego – diz Harry, se oferecendo.

Ele corre em direção a casa e, enquanto esperava, Elena é surpreendida por uma respiração próxima ao seu ouvido. Ela se vira rapidamente e recua alguns passos, afinal, quem era aquele garoto?

― Oi, eu sou Nicolas – cumprimenta, estendendo a mão.

Elena estende o braço receosa e, assim que aperta a mão que lhe era oferecida, Nicolas a puxa para mais perto, prendendo seu corpo junto ao dele.

― Você é amiga de Harry? Ele andou falando muito de você... Todos falaram muito de você e fiquei curioso para conhecê-la. – Se aproxima de seu rosto. – Estive te observando de longe, com uma vontade imensa de provar o que Harry provou ao beijá-la...

― Se não tirar suas mãos dela, será o meu punho que sua boca beijará – rosna Harry, antes que Elena pudesse pronunciar qualquer coisa.

Nicolas salta para trás, libertando a humana e se retirando rapidamente, não esperando que o mestiço aparecesse tão rápido. Harry toca o rosto de Elena, averiguando se estava bem, entrega-lhe o casaco e corre atrás do Uley.

― Espere! – ordena entre dentes, sendo nitidamente ignorado.

Harry segura seu braço fortemente, obrigando-o a se virar. Só então ambos percebem o quanto ele estava furioso, pois suas garras sobressalentes perfuravam a pele de Nicolas, fazendo-o verter pequenos fios de sangue. Seus olhos estavam dourados e isso fez com que o Uley paralisasse de repente.

― Nunca mais se aproxime dela... Eu o proíbo de se aproximar, olhar ou conversar com Elena, entendeu? – Silêncio. – Entendeu, Nicolas?

Nicolas sente seu corpo tremer consideravelmente, enquanto sua cabeça e olhar baixam no mesmo instante, como se ele tivesse acabado de receber uma ordem de seu pai. Seu lobo interior estava humilhado, prostrado e de orelhas baixas diante do lobisomem à sua frente, ele não queria obedecê-lo, mas a ordem do Clearwater fora direta e clara...

Harry retorna para perto de Elena, modificando a cor de seus olhos e deixando que o Uley seguisse seu caminho.

― Você está bem? – pergunta ela, sentindo-se desconfortável com o acontecido.

― Sim, estou, e você?

― Estou bem...

Ele respira fundo, tentando acabar com a tremedeira que ainda estava sobre seu corpo. Elena toca seu braço por cima do casaco e, repentinamente, toda a raiva que sentia se esvai como num passe de mágica. Harry sorri com o gesto e começa o seu tour pela floresta que já conhecia tão bem, aproveitando a ocasião para segurar-lhe a mão.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Se preparem, o Natal esta chegando e com ele, o meu presentinho para vocês [^^] E além do presente de Natal, estou iniciando agora a primeira promoção de Leah 2: o/a autor(a) do 200º comentário poderá fazer qualquer pergunta sobre esta temporada e eu a responderei mesmo sendo spoiler, rs.
.
No próximo capítulo veremos a continuação do passeio do casal, onde algumas surpresas bem agradáveis os aguardam! Cap. 15: Compromisso
Beijos do tamanho da camada de ozônio :3