Fix You escrita por Hopeless


Capítulo 2
Mizpá


Notas iniciais do capítulo

Mizpá; vínculo emocional entre pessoas separadas fisicamente ou pela morte.
.
Acredito que tenha demorado três dias para começar e terminar este capítulo. Escrevi um pouquinho a cada dia - inclusive ontem, que fiquei sem internet e acabei sentada num sofá duro, numa má posição e ouvindo dois garotos jogando Call of Duty(por acaso está escrito certo?).
Era isso ou esperar até as 4 e pouco.
Enfim, espero que o capítulo vos agrade. Aqui temos a apresentação de certos personagens, cuja finalidade pode ou não ser relevante para o enredo.
Ideias de última hora e seus problemas.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298358/chapter/2

"Eu poderia estar morta em um segundo. É tudo tão... frágil."

Um sorriso calmo adornava-lhe os lábios. Os olhos, outrora expressivos, agora se mantinham fechados. Os traços do rosto, por hora serenos, enganavam a todos - a princípio, pelo estado mental em qual a garota se encontrava e, não menos importante, o fato de um descuido e ela arrancaria sua cabeça fora. O longo cabelo castanho balançava de acordo com o vento - com fios rebeldes que, hora ou outra, insistiam em lhe cair pelo rosto.


– Eu já disse o quanto acho seus olhos bonitos? - Comentou. - Magenta, não é? - Observou-a rir de forma suave, perguntando-se como esse tipo de pessoa cometeria tal erro.

– Bem, eu também gostaria de saber. - Levantou-se. - Parecem-me muito escuros para magenta... - Tocou em seu próprio rosto, curiosa.

– É. Talvez não. - Balançou a cabeça, em concordância. - Quero dizer, tem horas que parece magenta, um tanto quanto escuro. Outras, uma mistura bem feita de vinho, marrom e roxo.

– E agora? Qual a cor?

– Agora? - Fitou os olhos dela demoradamente. - Não sei dizer. Parece um roxo escuro, misturado com marrom.

– Oh, certo. - Riu. - Entretanto, não acho que você viria atrás de mim par falar que meus olhos são bonitos. Não mesmo.


Ary deteve-se. Com um suspiro, desarrumou os cabelos castanhos. Os olhos - cuja cor era a mesma - desviaram-se por um momento e ele mordeu o lábio inferior - sinal do quão nervoso encontrava-se.


No entanto, não chegou a se pronunciar. Impassível, observou o outro postar-se ao seu lado. Os fios negros, em completa desordem. Os orbes prateados - com um brilho afiado e desafiador. A tatuagem logo abaixo do olho esquerdo e três argolas na orelha direita. Diaurum.


Ao menos, era como o conheciam.


– Sua irresponsabilidade, imbecil! - Bradou. - Ou você acha que sua excelência está livre de punições?! Pois não está!

– Diaurum...

– Mantenha-se de bico fechado, Ary! - Não fez sequer questão de olhá-lo, dispensando-o com um aceno de mão. - Então, vossa senhoria, Sainth Anima, pode-se se dar ao luxo de me explicar que porra foi aquela?!

– Sem escândalos, Sehen. - Caminhou até perto dele, agachando-se perto de uma flor. Acônito. - Ou prefere que eu o chame de Diaurum?

– Não mude de assunto, Anima! - Bufou, aborrecido.

– Claro; claro. - Revirou os olhos. - Acalmou-se? Não é de seu feitio se irritar tão facilmente.

– Tão facilmente?! - Vociferou. - Você se esqueceu das regras, hein?! Porque, não, eu não esqueci. Eu sei muito bem das consequências de seus atos, Anima! E não estou disposto a pagá-los por sua causa!


Observou-a franzir o cenho, irritada.


– E você sabe muito bem do que eu estou falando, Sainth. – Disse de forma amarga. – Se voc—O que houve?

– Está morta. – Explicou. – A planta... E eu nem a toquei.


Diaurum manteve-se quieto, vendo a planta tornar cinza para, em seguida, ser levada pelo vento. Balançou a cabeça negativamente, dando meia volta – voltando de onde viera. Sainth levantou-se, levemente preocupada. Mirou a direção que as pétalas murchas seguiram, atenta a qualquer coisa. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios, não um que pudesse ser considerado normal – ou feliz -, mas um sádico – tendo prazer com o que quer que fosse.


– O céu vai apodrecer.


[...]

– Não acha que está pensando muito para alguém que não tem nada haver com isso? – Indagou irônico. – Não sou um bebê, Dmitry. Sei me cuidar.

– Pois bem, não é, mas age como tal! – Exaltou-se. – Ao invés de acabar com essa... Luta estúpida, não! Resolve que, simplesmente, irá dar corda a ela.

– Então, em sua concepção, eu sou o culpado de tudo? – Encarou-o friamente. – Que eu não deveria ter sequer pensando em me envolver?


Dmitry deu um passo pra trás, arrependido. A consciência pesava-lhe, e o segundo em que teve o ímpeto de responder “Sim, você é!” trazia-lhe um gosto forte – e amargo. Tornou a encarar o amigo – visto que desviara o olhar para o chão –, soltando o ar lentamente.


– Boss estúpido... – Murmurou. – Você sabe tanto quanto eu. Tem certeza que é isso que vale a pena, Orion?


Orion – ou Boss – mirou-o, uma sombra de dúvida pairando sob os olhos – cuja cor continuava indefinível -, para em seguida tornarem-se opacos – com um reflexo triste, ainda que sério.


– Não planejo discernir o que é certo e o que é errado. – Sentenciou como se fosse o bastante.

– Bem... – Revirou os olhos. – Não tenho escolha, de qualquer forma. Os guardiões já foram avisados. – Dmitry murmurou cansado.


E saiu do escritório.


– “O cenário distante e nostálgico,” – Começou baixinho. – “Que doce fragrância de neve, que ao amarrar minhas memórias quebradas...”. – Socou a própria mesa. – “Procuro o caminho o qual devo tomar.”.


[...]

Observando os extensos campos verdes – parte de sua propriedade -, Haskell não se dava ao trabalho de dar a devida atenção ao seu convidado. Esgotado – havia mantido certa esperança que ele fosse embora -, girou-se na cadeira, apoiando os cotovelos na mesa.


– Então, o que tem a me dizer, Noah? – Resignou-se. – E que não seja algo sobre eu pensar em acabar com isso. – Rosnou levemente perturbado.


Sustentando um olhar soberbo – impassível diante do olhar que o homem lançara -, largou certos papéis – em muitos deles podendo-se ver fotos – e uma pasta na mesa de carvalho.


– Era só isso, chefe. – Frisou chefe com escárnio. – Com licença.


E saiu porta afora, fechando-a de forma violenta.


– Ora, ora. Hoje não resolveu dar o ar da sua graça, Norah? – Comentou sarcástica.


Dalla era o que muitos homens poderiam considerar “bonita”. Os frios negros como carvão, fazendo contraste com sua tez branca e seus orbes azulados – embora esses mantivessem um brilho perverso. Encostada na parede observava o moreno virar-se para si. Noah não era a maioria. E, como tal, sua mão fechou-se na garganta da moça, elevando-a do chão.


– Desculpe-me. – Ironizou. – Desde que eu me lembro, eu nunca lhe dei liberdade para me chamar de “Norah”... Na realidade... – Apertou com mais força. – Nunca lhe dei liberdade para se dirigir a mim, Dalla. E espero que isso fique claro.


Largou-a de qualquer jeito no chão, sumindo das vistas da garota – esta, estando muito perto de perder a consciência.


– Maldito! – Piscou os olhos fortemente, tentando focar algo. – O que você espera em, Noah? O que lhe impede de nos trair e ir atrás de Orion? É ALGO TÃO IMPORTANTE ASSIM, SEU FILHO DA PUTA?! – Levantou-se, cambaleante.


– S-Senhora Dalla! – Exclamou uma das empregadas, correndo em direção à mulher.


Dalla apoiou-se na parede, a tempo de ouvir uma voz cantarolar - uma voz estranhamente familiar -, como se estivesse com a boca colada no seu ouvido:


– “Neste destino caótico, você pode não ser capaz de ver a certeza direito na frente de seus olhos.”.


[...]

Sentado na beirada de um prédio qualquer, continuava fitando o chão a metros de si. O prédio tinha aproximadamente vinte andares – seria uma boa queda. Não era uma das melhores mortes, mas dava para o gasto.


Piscou os olhos, brevemente divertido. Algo cômico pensar em desafiar a própria morte... Por um momento, poder decidir o próprio fim. O que, no momento, não deveria nem ser suposto.


– “Nas estrelas, na neve, e nas memórias eu procuro suas pegadas. Que descanse em paz eterna no mundo dos sonhos aqui.”. – Cantarolou baixinho. – “Quando tudo volta um dia para o modo como foi e você fica na beira do céu sozinho, a paz que você estava esperando deixa para trás rastros de luz.”.


Ignorando a parte de sua consciência que lhe ordenava que não saltasse, o fez. E enquanto caia lentamente, um sorriso sarcástico nascia em seus lábios.


– Começou, então?


Eu te dou meu amor eterno.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por um lado, penso que esse capítulo ficou estranho; parado e confuso. Por outro, eu tinha que apresentar os personagens. Interessante notar que nas três partes finais, cada uma delas tinha um trecho de uma música.
Relevante ou irrelevante? Eis a questão.
A propósito, a penúltima parte é a da família inimiga. E por falar nela, estou com falta de fichas para seus integrantes; alguém se habilita?
E, ao retornar para o assunto de fichas, esqueci de adicionar no capítulo anterior que vocês podem mandar duas fichas - uma para cada família.
Espero que tenham gostado. Aliás, alguém percebeu que eu troquei a capa? O que acharam dessa nova?
Reviews?