Just a girl escrita por Emilly


Capítulo 16
Pensei que poderia contar com você




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Narrado por Alícia:

Acordei como sempre com o despertador tocando. Me levantei tomei banho e me vesti completamente diferente do que antes me vestiaMe olhei no espelho, e logo em seguida peguei meu fichário. Fui até a cozinha e peguei uma maçã na fruteira.
- Eu não vou vomitar. - Falei pra mim mesma.
Encarei a maçã por alguns segundos, e a mordi.
- Brigando com a comida? Parece que nunca comeu maçã antes. - Anny disse me observando. Fiquei calada e a ignorei. Peguei minha chave e fui em direção a escola. 
- Alícia... - Gabriel disse me olhando.
- O que foi? - Perguntei.
- Nossa, você ta diferente hoje.
- Diferente como? - O encarei.
- Você ta muito linda, nunca imaginaria que você se vestiria assim.
- Obrigado, eu acho. - Falei e ele riu.
- Ei, por que foi embora de repente da festa? Aconteceu alguma coisa?
- Eu só não estava me sentindo muito a vontade, desculpe se não avisei.
- Você esta mentindo pra mim, eu te conheço.

- Errado, você ACHA que me conhece. - Falei seca.
- Pelo jeito levantou do lado esquerdo da cama hoje.
- Não, eu estou ó-t-i-m-a.
- Então, por que esta agindo assim?
- Eu estou normal, Gabriel.
- Ok, não vou insistir.
- Ótimo.
- Ei, a Anny não ia vir com você? - Ele perguntou o que fez meu corpo esfriar completamente.
- Sim, mas eu saí mais cedo. - Respondi normalmente.
- Ah, ok. - Ele disse.
Chegamos na escola e Gabriel foi falar com os amigos dele. Encostei na parede e olhei para o chão. 

- Oi amor. - Escutei uma voz enjoada, só podia ser da Natalia.
- O que você quer? - Perguntei a encarando.
- Finalmente vestiu algo descente? - Ela perguntou e riu.
Fiquei calada e ela me fitou.
- Cadê o Biel? 
- Não sei.
- Você também não serve pra nada. - Ela revirou os olhos e derrubou meu fichário. 
Esperei ela sair para pega-lo, assim que ela foi se encontrar com as "amigas" dela, eu me abaixei para pega-lo, mas alguém me empurrou. Olhei pra cima e vi Anny.
- Isso é por não ter me esperado! Você sabe que eu não conheço a escola, mas isso já era de se esperar de você. - Ela falou.
- EU CANSEI! - Falei me levantando e a empurrando. Anny caiu no chão e bateu a cabeça de leve na parede. Eu sei que isso não é certo, mas eu não tive escolha, ela chegou ontem, mas eu não aguento mais ela. Eu passei quase a minha vida inteira tendo que aguentar a Natalia, já fui humilhada, perseguida, espancada várias vezes e agora com a chegada da Anny, eu não sei o que fazer.
Nesse momento, Anny gritou e todos que estavam no pátio me olharam. Gabriel se aproximou de nós, e a ajudou Anny a se levantar.
- Alícia, você ficou doida? - Gabriel se aproximou de mim, meio alterado.
- O que? Gabriel, eu...
- Não quero saber, não tenta explicar nada. - Ele me deu as costas e pegou na mão de Anny.
- Você esta bem? - Ele perguntou a ela.
- Minha cabeça ta doendo. - Ela falou com os olhos cheios de lágrimas e Gabriel a abraçou.
- Gabriel, eu... - Ia dizendo mas ele me interrompeu.
- Não fala nada, não quero ouvir sua voz. - Ele disse e senti meu coração apertar.
Ele abraçou Anny pela cintura, e a os dois sumiram em meio as pessoas que estavam no pátio. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, e eu apenas abaixei a cabeça, me sentando no chão.
- Eu vi o que aconteceu. - Ouvi uma voz familiar, olhei pra cima e vi Lysandre me olhando.
- Vai me julgar também?
- Não, eu te entendo.
- Mesmo?
- Sim. - Ele estendeu a mão para que eu a pegasse e foi isso que eu fiz. Me levantei e o fitei.
- É ele não é? - Ele me perguntou.
- O que?
- O garoto por quem você esta apaixonada...
- Eu não disse que estou apaixonada por ele! - Falei e ele sorriu de lado - Ta tão na cara assim?
- Muito, ta quase estampado na sua testa.
- Idiota. - Falei abaixando a cabeça rindo.
- Viu? Eu consegui te fazer sorrir. - Ele falou sorrindo.
- Besta. Por que não vai andar com seus amigos?
- Bem, eu não tenho amigos.
- E eu sou o que? - Perguntei e ele sorriu.
- Pensei que não queria ser minha amiga. - Ele disse.
- Idiota. - Falei e abracei ele.
O sinal bateu e eu fui pra sala, Gabriel me fitou assim que eu entrei. A Anny havia ficado na mesma sala que a gente, pra melhorar o meu dia, né? Passei reto por ele e me sentei onde sempre sentava. Ele se levantou e veio em minha direção, puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado. Ele ficou me fitando por alguns segundos.
- O que foi? - Perguntei o olhando.
- Você podia ter machucado a Anny pra valer, Alícia.
- Eu não quero machucar ninguém, porque EU sei bem como dói.
- Como assim?
- Eu nunca te contei, né?
- Existem várias coisas que eu não sei sobre você.

- Bem... eu sobro bullying na escola desde que meus pais morreram. Eu era perseguida, chamada de gorda, me trancavam nos armários, me zuaram, inventavam boatos com meu nome, sempre derrubavam meus livros no chão, achavam defeito em tudo que eu fazia. Eu... não gostava daquilo, não entendia o por que de tudo esta acontecendo comigo, mas eu sempre tentava sorrir, mesmo se fosse difícil. A dois anos atrás, no fim da aula, eu estava voltando pra casa como sempre, tinha até estranhado que ninguém havia mexido comigo naquele dia. Assim que saí no portão da frente, um grupo de garotas me cercaram, me empurraram na grande, me deram chutes, puxaram meu cabelo... eu apanhei como nunca havia apanhado antes. Meu corpo estava dolorido, eu implorava pra que elas parecem enquanto protegia meu rosto com a mão, e elas apenas riram. Ninguém viu, porque todos já haviam ido embora. Assim que a tortura acabou, eu voltei pra casa e me lamentei, eu estava me odiando por ser gorda. Foi ai, que descobri que minha tia não ia voltar pra casa, então fiz meu primeiro corte naquela noite. Com o tempo, passei a comer os alimentos compulsivamente e depois vomitava e emagreci muito, na esperança de que paracem de mexer comigo. Muitos pararam, mas muitos continuaram a me perseguir. Eu já não sabia mais o que fazer, o tempo passou e eu te conheci Gabriel, sei lá, Você conseguiu trazer um pouco de felicidade pra minha vida, se não fosse você eu já estaria morta agora. - Falei e ele sorriu de leve me olhando - Foi ai que a Anny chegou. Ela não é o que parece, me odeia e hoje antes de eu ter a empurrado, Natalia tinha jogado meus livros no chão e saiu, quando eu fui pega-los Anny me empurrou e disse algumas palavras. Eu cheguei ao meu limite, eu não aguentava mais tudo que estava acontecendo. - Falei apoiando meu rosto nas minhas mãos, e comecei a chorar.

- Eu... estava acreditando em você, mas depois de falar da Anny...
- Você não acredita em mim?
- Alícia a Anny é uma boa pessoa, nunca a vi ser má com ninguém, ela te trata tão bem.
- Isso é só quando tem alguém por perto!
- Eu não acredito em você - Ele disse isso e o meu mundo desabou naquele momento.
- Por que? - perguntei o fitando.
- Eu sei que você não gosta na Anny, mas eu gosto muito dela, e não aceito a ideia de que ela te trate mal. Ela não tem jeito de ser assim. - Ele disse se levantando.
Apenas o fitei, enquanto ele ia pro lugar. Eu estava paralisada, cheia de pensamentos na mente. Meus olhos e meu rosto estavam vermelhos de tanto ter chorado enquanto contava para ele um pouco do meu passado, agora com o que ele me disse, a vontade de chorar mais veio e eu não estava conseguindo me controlar. Todos já estavam dentro da sala, então peguei meu fichário e corri pra fora da sala em direção a escadaria. Ela ficava bem longe das salas, no fim do corredor onde ficavam os armários. Poucos pessoas passavam por lá, e agora em aula, ninguém passará, pelo menos é o que eu espero. Me sentei em nas escadas e ali desabei.


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