I Feel Infinite escrita por Mr Brightside


Capítulo 3
Capítulo 2 - 12 de Novembro de 2009


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente gostaria de pedir desculpas por todo esse longo tempo que não venho aqui. Em momento algum quis dar esse tempo, porém, passei por um período em que eu estava mais ocupado do que poderia e mais preocupado do que deveria. Por isso, achei o mais sensato naquela situação. Novamente, desculpem-me todas as leitoras que acompanhavam a fanfic, e espero que continuem comigo de agora em diante. Esse é o maior capítulo que escrevi até agora, então, bom, vejam isso como mais um pedido encarecido de desculpas. Ah, eu gostaria de fazer uma ressalva a todas as pessoas que enviaram reviwes: Primeiro muito obrigado. E segundo, não respondi por pura falta de tempo, mesmo assim, li todas e fiquei extremamente feliz com o que recebi. Responderei todas em breve. E já respondendo quem me perguntou sobre os dias em que postarei, acredito toda quinta ou sexta de cada semana. Bom, é isso. Boa leitura.



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12 de Novembro de 2009



Querido amigo,





Antes de tudo, desculpe por todo esse tempo que não venho lhe enviando qualquer carta. Eu sei que talvez você nem tenha tido o esforço em abrir as anteriores, porém, eu sinceramente não acredito nisso. Algo em você me faz acreditar no contrário. Algo me faz acreditar que você leu todas as minhas observações e referências confusas, e que talvez, isso realmente esteja se tornando divertido para você. Bom, após esse momento, gostaria de lhe pedir e dizer duas coisas: 1º, estou realmente tentando levar em consideração todas as dicas que o Will, meu professor de literatura, tem dado em relação a minha narrativa. Assim, tentarei ir com calma dessa vez, e falar ponto por ponto da forma mais organizada possível. Às vezes começo a falar ou escrever algo, e quando percebo, já estou tratando de outro assunto completamente diferente. Isso me deixa envergonhada em algumas vezes. 2º, tenho muito do que contar em relação aos últimos dias. Muita coisa mesmo! Coisas que me deixaram feliz, e outras que tiveram o efeito contrário. Assim, adianto desde já que, se está interessado e com tempo, continue. Se não, já fico inteiramente agradecida por ter lido até esse ponto.




Na sexta-feira passada, tive minha primeira reunião com o clube de fotografia. Sim, eu já havia escrito sobre isso na última carta, mas senti na dívida em aprofundar ainda mais, já que foi de certa forma ‘importante’ para outra coisa que aconteceu comigo na semana seguinte. Uma coisa muito boa, aliás. Na última reunião, nossa professora, Sr.ª Holliday — mas que preferia ser tratada casualmente como Holly —, pediu para que toda turma formasse um círculo ao seu redor com as carteiras. Era outra dinâmica, até onde eu havia entendido. Fiquei apavorada a princípio, quero dizer, outra? Já não bastou aquela das apresentações? Supliquei mentalmente para que não precisasse sair do meu lugar, ou me levantar, dessa vez, mas permaneci quietinha no meu lugar. Do meu lado direito estava aquela garota asiática, que acabei por descobrir mais tarde se chamar Tina-alguma-coisa, e no esquerdo, o tal Matt do fundo da sala. Enquanto a professora falava com outra aluna, antes de dar início, vaguei cautelosamente com os meus olhos pela classe. Reparei melhor nos meus colegas. Havia mais garotas que garotos ali. Um dos caras, sentado algumas carteiras ao lado da Tina, paquerava uma garota loira à sua frente. Ele devia ser do time de futebol, já que usava um casaco vermelho com a insígnia da escola. Achei aquilo um pouco engraçado, já que a garota parecia não dar à mínima. Até esbocei um meio sorriso, com a cabeça baixa e os nós dos dedos já vermelhos de tanto apertarem a parte inferior da minha cadeira, porém, acabou desaparecendo quando notei que mais ninguém estava dando atenção naquilo. Bobagem minha. Na verdade, minha atenção não foi focada totalmente no tal cara, mas sim no garoto risonho ao seu lado. Naquele momento, me perguntei qual era mesmo o seu nome. Kurt? Sim, Kurt. Ele estava descontraído em sua carteira, com os as mãos por trás da cabeça, conversando sem pressa com uma garota à sua esquerda. Ele gesticulava bastante enquanto falava, e ria também. Eles pareciam se divertir, me espantaria se a garota não estivesse também tão empolgada. Então, ele olhou para mim. Seus olhos eram grandes e esverdeados, bastante espirituosos. Parecia até um bebê com aquela pele tão uniforme e o sorriso faceiro nos lábios. Ele me soltou uma piscada, antes de fazer um daqueles gestos de saudações à realeza e voltar a gargalhar. Ri em resposta. Pensei em responder da mesma forma, porém, foi nesse instante que Holly voltou a falar.




— E então, muchachos? — Ela e aquela mania de incrementar frases com palavras em espanhol. Era divertido, e acho que não fui a única a pensar assim, já que quase toda classe soltou uma risadinha ou outra. Eu até entendia algumas palavras, graças à época em que ainda andava com Santana. — Bom, nossas aulas de agora em diante serão assim. Em círculos. É algo próprio, na verdade. Sem isso de primeiros ou últimos da fila, porque a meu ver, assim, deixamos o que nos defere fora da sala.





Guardei bem suas palavras. “Deixamos o que nos defere fora da sala”. Por dois minutos, realmente acreditei estar no lugar certo, após muito tempo. A sensação de inclusão nunca foi algo que senti com facilidade. Longe disse. Acho que Frannie sabia o que dizia quando praticamente exigiu que eu me inscrevesse em alguma aula extracurricular. Talvez ela soubesse mesmo. Talvez ela tivesse certeza do que eu precisava. Sabia que pontos extras não me estimulavam ou interessavam, mas sim esse sentimento. Terei de agradecê-la qualquer hora. Bom, daquele momento em diante, e quando saí do devaneio, acabei entendendo que não haveria dinâmica alguma. Pelo menos, não naquela aula, que acabou por se resumir no que o programa iria propor e os horários e dias — Todas as quartas e sextas após as últimas aulas — em que voltaríamos a nos encontrar. Pularei essa parte justamente por já ter resumido todo o seu fim de horário no que falei anteriormente. Na verdade, não era disso que queria falar em particular, e sim do seu fim.





— Então você é a caloura? — Girei meu corpo sobre os calcanhares. E lá estavam aqueles olhos que por algum motivo me faziam lembrar o Sr. Raposo, de um livro infantil que minha mãe geralmente lia quando eu era mais nova e não conseguia dormir. Ouvi falar que o livro serviria para uma adaptação cinematográfica que ainda sairia nesse ano, inclusive. Talvez eu fosse assistir com a minha mãe, mesmo que ela não curtisse cinemas. A questão era, o Sr. Raposo, ou Kurt, estava parado bem ali, olhando para mim. E não, ele não parecia ter o desejo de me sacanear, o qualquer coisa do tipo. Apenas... Conversar.





— A-ah, sim. Sou Quinn. “A caloura”. — Sorri meio de lado, enquanto posicionava a alça da minha mochila sobre o ombro. Tentei parecer descontraída enquanto repetia o que ele acabara de dizer, mas não sei. “A caloura” parecia ser algo muito maior... Indiferente, do que eu realmente sentia ser. Será que todos me chamavam assim nas rodas de conversas maldosas da cantina?





— E então, de onde a caloura vem?





— Escola Primária Stanford. — Apertei meus lábios e passei os dedos por baixo da alça em meu ombro — Sabe... Uhm... Ela ficava perto daquela loja de lençóis... Sheets-N-Things.





— Mesmo? Legal. Não conheço sua antiga escola, mas a Rachel e eu já fomos uma vez nessa loja. Já viu os preços dos conjuntos de toalhas? São absurdamente caros. — Ele riu demasiadamente e eu não me contive em acompanha-lo. Não com tanta magnitude, os olhos ainda certos nas minhas sapatilhas, mas aquilo não deixava de ser uma risada. A primeira que dava naquele novo lugar. E com um novo alguém. Kurt era realmente legal. Ele parecia ser do tipo que não tinha problemas, ou se tinha facilmente os aproveitava para gerar diferentes gargalhadas. Era o estilo de “cara legal”, como Will.





Foi ai que continuamos a conversar. Mesmo quando saímos de classe, no percurso que fiz até o estacionamento da escola onde aguardaria Frannie. Isso é, quando notamos que estávamos apenas nós dois lá, e Sr.ª Holliday na porta com uma mão na maçaneta, outra erguida com as chaves balançando e um sorriso divertido que praticamente gritava “Vocês ainda sairão hoje da minha sala?”. No pouco tempo, que devo resumir em menos de 10 minutos, conheci um pouco melhor sobre o cara ao meu lado. Ele era filho único. Sim, era, porque agora seu pai estava “amando loucamente” — segundo suas próprias palavras — uma nova mulher, e ela já era mãe. Perguntei-me calada onde estava sua mãe, mas não falei isso, porque tive medo de que ela já houvesse falecido e, francamente, não ando lidando tão bem com esse tipo de coisa. Consolar alguém é um pouco melancólico demais. Ele estava tendo um relacionamento com alguém, mas novamente, não o questionei sobre isso também. Seu pai era dono de uma oficina no centro. Ah, e ele não ligava em falar e falar mais um pouco. Mesmo que eu não respondesse com o mesmo número de palavras. Ou simplesmente escutasse, com a mão na alça da mochila, e os olhos de relance para o lado. Não que eu não estivesse interessada nele, ou no que ele dizia. Não mesmo! Kurt era fantástico! Eu só não sabia muito que falar. Talvez em outra oportunidade... Quem sabe? Ele falava. Eu escutava. Estava dando certo.





— Então — Ele continuou, parando sobre os calcanhares, com o fichário contra a camisa de botões azul, e os olhos zapeando pelo estacionamento. — Qual deles é o seu?





Espremi meus olhos. Quais deles? O quê? Acho que ele notou minha confusão, já que apontou com o queixo para um conversível vermelho ao fundo, e então entendi.





— Nenhum, na verdade. — Ri sem graça, já que a perguntava havia sido meio óbvia, no final das contas — Estou esperando minha irmã... Ela está em um desses treinos de última hora da torcida.





— Sua irmã é uma das Cheerios? Oh... — Seu “Oh” pareceu tão sonoro. Como se estivéssemos falando de um grande cargo presidencial. Se bem que, levando em conta onde estávamos talvez fosse mesmo. — Qual delas é a sua irmã? Aquela que apareceu com aquilo no pescoço esses dias? Celeste Hawkins?





Ele fechou as mãos ao redor do pescoço, como se estivesse com uma camisa de gola tartaruga, mas deduzi que não seria daquilo que ele estava abordando. Talvez uma dessas coisas que se colocam ao redor do pescoço quando se está com torcicolo ou algo do gênero. Não lembro exatamente o nome daquilo, mas Frannie riu da minha cara quando vi um pela primeira vez e perguntei se a pessoa havia quebrado o pescoço e aquilo servia como uma forma de uni-lo novamente. Bom, independente do que fosse, eu nem conhecia essa tal de Celeste. Ou pelo menos, não me recordava do seu nome. Eu conhecia casualmente as amigas de equipe da minha irmã. Elas de vez em quando iam lá em casa, e mesmo que a Frannie não me deixasse participar de suas reuniões particulares no seu quarto, eu às via quando saiam de lá para beber algo, ir ao banheiro ou simplesmente irem embora.





— Não. Ela não é minha irmã — Respondi, mordendo o lado interior da minha bochecha ao fim. Fiz uma pausa antes de respondê-lo. — Você deve conhecê-la de vista, pelo menos, eu acho... Sabe a Frannie? Frannie Fabray? Então.





Por dois minutos, realmente pensei que Kurt iria ter um ataque. Ele abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas então fechou novamente. Repetiu isso algumas vezes, aliás. Seus olhos praticamente saltaram com todo aquele brilho. Fiquei sem ação. O máximo que fiz foi olhar para os lados, procurando alguém, caso ele realmente estivesse tendo um ataque. Não que ele fosse gordo, longe disso, eu só era magricela demais para arrastá-lo até a enfermaria se preciso. Pisquei algumas vezes, confusa. E logo ele voltou a sorrir.





— Oh. Meu. Deus! Você é irmã da Frannie Fabray? A líder das Cheerios? Frannie Fabray!? Seriously?





— É... Sou. — Foi o que eu disse. Sorri meio sem jeito, porém, tenho que confessar, foi um pouco decepcionante. Não que fosse ruim. Ou anormal. Quero dizer, toda a animação do Kurt foi bacana da parte dele e ele parecia gostar dela de alguma forma; era só que ele era como os outros. Todos os outros que conheci por toda minha vida. “Frannie Fabray? Oh meu Deus” era exatamente o que todos diziam. E era exatamente daquela forma que eu me sentia. Na sombra da Frannie Fabray. A maravilhosa, popular e educada senhorita Fabray. Eu sei, isso pode soar como inveja. Mas acredite, às vezes, estar protegido atrás da barra de alguém pode te deixar longe de conhecer o mundo. Pelo menos, era assim que eu sentia. Bom, no fim, isso seria uma bobagem, já que a ‘idolatria’ do Kurt não mudava o cara legal que ele era. Acabei me reduzindo em desabrochar um meio sorriso, enquanto continuava a morder o inferior da minha bochecha.





— Você tem noção de quem ela é por aqui? — Eu tinha. E como tinha. — Sua irmã é quase uma lenda. Deveria se orgulhar disso. Bom, eu me orgulharia.





E então ele voltou a ser o cara de meia hora atrás. Sem idolatria a minha irmã. Simplesmente rindo histericamente com uma das mãos arrumando o topete castanho, mesmo que não estivesse bagunçado. E pela milésima vez, eu estava rindo junto. Ele era tão agradável. Quem não riria? Ele segurou meu pulso, puxando para mais perto de si. Pisquei algumas vezes, sem entender a princípio, então senti minha cabeça encostar-se ao seu peito. E foi ali meu primeiro abraço no high school. Talvez não fosse nada para ele, mas era diferente para mim. Porque eu ainda lembrava com quem levei meu último abraço. Brittany. Fechei os olhos um pouquinho. Apertei-os com força porque talvez desse certo. E ela estava lá. No último ano. A mesma neve caindo do céu. A mesma Brittany que perdi há alguns meses. Fiquei com medo de abri-los, fiquei com medo de perdê-la novamente. Quando a luz voltou a invadir meus olhos, tudo tinha ido embora. E lá estava o estacionamento novamente. O conversível também. E Kurt, agora só a mão sobre meu ombro enquanto segurava seu celular checando alguma coisa.





— Tenho que ir... Você ficará bem sozinha? Se quiser, posso continuar contigo até sua...





— Não, não. Tudo bem. — Mexi a cabeça algumas vezes, com um sorriso faceiro em meus lábios. Ele guardou seu celular e fichário dentro da mochila, e quando voltou os olhos em minha direção, sorriu em resposta.





— Pois bem, caloura. Te vejo por ai? — Assenti animada com a cabeça. Mais tarde, em casa, me perguntei se estava parecendo animada demais. Como um cachorrinho abanando o rabinho, sabe? Bom, eu não havia me importado com aquilo naquele momento. — Tudo bem, então. Foi um prazer conhece-la, Quinn. Ah, eu sei que você deve saber disso, mas não acho que seja cavalheiro da minha parte sair sem me apresentar formalmente. Kurt Hummel, à sua disposição.





Ele estava com a mão estendida, com mais um daqueles sorrisos prontos nos lábios. Porém, invés de apertá-la, fingi segurar a barra de um vestido imaginário, e puxá-las para o lado, como uma pseuda-Maria-Antonieta. Quando olhei para ele, fiquei na expectativa que tivesse entendido aquilo como uma resposta atrasada a aquela saudação na aula de fotografia. Acho que funcionou. Kurt saiu do estacionamento, segui-o com os olhos e enquanto o mesmo passava pelas guaritas, gritou “Au revoir”. Sorri. Escutei aquele alarme agudo e que sempre irritava meus ouvidos de quando o carro era destravado. Frannie vinha logo em seguida, parecia mal-humorada, mesmo assim, eu tinha noção que nem ela em um dos seus dias iriam me tirar àquela felicidade. Não naquele dia.





A última coisa que eu queria fazer na terça-feira à noite era assistir à seleção das Cheerios. Mas lá estava eu, atravessando o campo com uma garrafa térmica nas mãos, seguindo minha irmã e outras garotas com corpos perfeitos. Um monte delas. Olhei-as com cuidado enquanto atravessava o campo. Eles pareciam tão... Estereotipadas. A sua maioria era loira, com altos rabos de cavalos chacoalhantes e corpos esguios que eu realmente duvidava se eram sustentados com a comida da cantina. Ou com alguma comida. Eram estereótipos dela. Estereótipos da Frannie. Como eu nunca havia notado isso antes? Minha irmã parou em frente a uma mesa de metal na frente das arquibancadas, com três cadeiras também de metal por trás, tendo duas já ocupadas por Sidney Grey e Meredith Prescott, se eu não estava enganada. Elas deveriam formar o “júri” da noite. Quando coloquei a garrafa térmica sobre o balcão, Frannie virou-se para mim e indicou a arquibancada com o queixo, já que suas mãos estavam ocupadas em segurar uma prancheta e checar com uma caneta esferográfica os nomes das garotas que já estavam por ali. Eu sei, esse trabalho deveria ser feito pela treinadora das Cheerios, mas pelo que soube, a mesma estava doente e não pode sair de casa. Por isso minha irmã estava tão estressada nos últimos dias. Como eu sabia disso? Final de semana. Ela dividiu seu tempo em discutir com o namorado de todas as formas possíveis — cogitei até por sinais de fumaça, como naqueles cartoons antigos, mas guardei isso como uma piadinha própria — e preparar alguns formulários, dentre outras coisas para a seleção das novas animadoras de torcidas nessa noite. Enfiei as mãos dentro dos bolsos frontais do meu casaco e caminhei até uma das arquibancadas. Alguns colegas de aula também estavam por lá, fossem para assistir a seleção das Cheerios, ou o treino do time de futebol que naquela noite também utilizava metade do campo, porém, nenhum rosto me fez cogitar algum tipo de aproximação do tipo “Ei, acho que já te vi em alguma aula. Gostando do treino?”. A verdade era que eu ansiava ver Kurt por ali. Oh, inclusive, no sábado, ele me adicionou a sua lista de amigo do facebook. Não sei como ele me encontrou. Mas, como eu dizia, meu amigo parecia gostar das Cheerios. Pelo menos, ele gostava da minha irmã o bastante para estar ali. Talvez, se eu tivesse sorte, ele estaria. Pena eu não contar com ela, geralmente. Outra pessoa, que certamente viria, seria Santana. Entretanto, com ela eu não estava tão animada. Ela estava... diferente demais, entende? Não demorei em ver seu rabo de cavalo moreno chacoalhando enquanto chegava ao campo. Ela estava acompanhada de outra garota, que acreditei ser a tal Celeste que Kurt comentara no estacionamento. Ela tinha mesmo a “coisa” no pescoço, e aquilo me fez rir contidamente por um tempinho.



Lá para o meio das apresentações, eu já estava cansada de garotas pulando de um lado para o outro com pompons. Santana já havia se apresentando, e ido em bora logo em seguida. Acho que ela seria selecionada para a equipe, porque, bom, ela foi bem. Gostaria de ter visto a reação da minha irmã, mas ela parecia concentrada demais de costas. Daquele momento em diante, decidi passar meu tempo dando atenção ao meu celular. Jogar Angry Birds às vezes é muito relaxante, sabia?



— Acho que, pelo seu grau de atenção, Sr.ª Fabray, não perdi muita coisa.





Era Kurt. Sim, ele magicamente surgiu do meu lado. E não, isso não é verdade. Quando virei meu rosto em sua direção, e guardei meu celular, um pouco envergonhada, no bolso do casaco, notei que ele estava em pé na frente da estrada lateral da arquibancada.





— Acho que não, Kurt — Falei dentre uma risada — Elas só ficam assim. Pulando. Você realmente gosta disso?





— Ah, falando assim, você acabará magoando-as, Quinn. Seja mais dócil e aprecie o espetáculo, tudo bem? E sim, eu a-m-o isso.





Ele disse aquilo com tanta convicção que preferi não contrariá-lo. Mas eu sabia que, vindo dele, não seria tão sério assim. Acho que, na verdade, Kurt gostava mesmo era de ver garotas em sais curtas. Aquilo era engraçado, porque em momento algum pensei que ele fazia esse tipo de garoto. Enquanto estávamos ali, me senti na obrigação de puxar algum assunto, mas novamente não foi daquela vez. Acho que ele estava bem em só ficar repetindo o que as garotas falavam enquanto mexiam seus corpos.





— Não acredito que você me trouxe até aqui, para ver isso, Kurt. Cheerios!? Eu teria ficado melhor em casa assistindo “Mamma Mia!” enquanto mamãe preparava aquela salada de ovos. E você sabe disso.





Então virei meu pescoço. E lá estava aquela garota. Em pé, ao lado dele, com as mãos na cintura coberta por uma saia marrom, sobre a meia-calça escura e as sapatilhas do mesmo tom. Ela tinha um chaveiro de chaves com uma estrela dourada em uma das mãos, e em sua boca havia um sorriso que parecia discutir com sua pose autoritária e a batidinha frenética do pé contra a madeira. Kurt nem fez o esforço de se virar, mesmo que ela tivesse falado com ele. No entanto, pude notar que ele também estava sorrindo. Iria cutuca-lo com o cotovelo, se ela não tivesse sentando também ao seu lado e lhe entregado às chaves. Ela deitou em seu ombro, e entrelaçou seu braço no dele.





— Você está me devendo uma ida ao Lima Bean, sabia? Bem que poderia me levar hoje à noite. Claro, isso quando você tiver a boa vontade de fazer alguma coisa que peço.





— Mais uma dose de drama, por favor?





Ela voltou a erguer o corpo, com uma suposta expressão de que estava ofendido, dando uma tapinha no braço dele. Aquilo foi confuso, admito. Primeiro porque quando ouvi sua voz, pensei que ela realmente estiava irritada. Mas, depois entendi que eles estavam de onda um com o outro. Como sempre, Kurt estava rindo, e não era o único, já que ela também fazia isso com as mãos sobre os joelhos cobertos. E segundo... Bem, eu não a conhecia. Quem ela era? Será que era a namorada do Kurt? Eles estavam tão juntos ali. Talvez fosse mesmo um casal. Como falei, Kurt já havia dito que estava se relacionando com alguém. Eu só não sabia quem era a garota, bom, pelo menos até ali.





— Quem é essa garota?





— Você nunca conquistará o público desse jeito, sabia? — Ele falou sem tirar os olhos do campo. Arrumei minha postura, tentei fingir da melhor forma possível que não estava ali, ligada aos dois. Tentei.





— Você é bastante chato quando quer, sabia? — Ela protestou com o mesmo tom do início, voltando a dar uma tapa em seu braço, e agora, com um sorriso desenhado nos lábios e olhos em minha direção. Aliás, um belo sorriso. — Oi, eu sou a Rachel.





— Quinn. Eu me chamo Quinn. — E foi isso que eu consegui dizer. Acho que nem teve tanta timidez, já que consegui olhá-la. Talvez até tenha sorrido.





— Quinn? Belo nome. — Ela era simpática. E sua voz era bastante agradável também.





Quando Rachel voltou sua atenção ao campo, tomei coragem e tentei olhá-la melhor de relance. Eu estava envergonhada demais em virar todo meu rosto, sem falar que ela poderia achar que eu era do tipo esquisitona que ficava encarando as pessoas. Ela tinha cabelos castanhos meio volumosos, mas sem dúvida, muito bem cuidados e bonitos. Usava uma franja também, o que eu pessoalmente achei bonito. Seus olhos eram de um tom achocolatado, e que pareciam falar por si só, mesmo que ela não soltasse uma palavra. Brilhavam. E antes que se questione sobre isso dos olhos, eu não consegui reparar só em olhá-la de relance. Percebi antes, quando nos cumprimentamos. Ela comentava com Kurt sobre alguns jogadores, em tom de deboche. Parecia instigada em tentar irritá-lo, mesmo que naquela situação no fosse assim tão mal, pelo menos, eles riam bastante. Os olhos esverdeados do Sr. Raposo não estavam tão fixos na seleção das garotas, e sim nos jogadores do outro lado. Talvez ele gostasse de futebol também, eu tivesse algum conhecido entre eles. Decidi observá-los, e continue assim, até que notei que ambos não estavam mais sentados ao meu lado. Kurt me perguntou se eu gostaria de sair com eles. Foi então que descemos as arquibancadas, e fomos ao estacionamento. Isso depois que pedi para eles esperarem um pouco, já que eu deveria avisar para a Frannie que não ficaria até o final. Não sei se ela me escutou, mas concordou com a cabeça. A noite só havia começado.






Com amor, Quinn.





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Notas finais do capítulo

Novamente, obrigado a quem leu todo o capítulo. Não me sinto no direito de pedir review, assim, se você acha que a fanfic merece, fique à vontade. Lembrando que a opinião de vocês é o meu combustível.



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