ATO III

CENA I

(No Jardim dos Capuleto, na frente da sacada de Julieta).

ROMEU-Julieta?
JULIETA-Romeu? É você que está ai?
ROMEU-Sim Julieta, venha cá, na janela!
JULIETA-Romeu?
ROMEU-Oi Julieta...
JULIETA-Vejo que já descobriu meu nome
ROMEU- Mas será possível, que quando finalmente acho aquela que seria o amor da minha vida, ela é minha pior inimiga? Será possível que o Cupido seja tão malvado comigo? Tudo que encontro na minha vida é tragédia, e quando finalmente encontro alguém para repartir meus dias, minhas felicidades, tristezas e conquistas... Não posso ficar com ela... Não sei como consegui me apegar a alguém tão rápido, isso nunca aconteceu! Sempre precisei de meses e ás vezes até anos pra me acostumar com a presença de alguém, para amar alguém então... Precisava de uma vida inteira. Mas agora sei o que o amor significa, significa que não preciso de uma vida inteira para conhecê-la, precisei de somente um beijo. Mas agora, este é o problema, me sinto insaciável, sinto que preciso de mais, preciso de Julieta, preciso simplesmente da minha maior inimiga... Nunca pude me imaginar com alguém tão distante. Só vi Julieta quando tínhamos cinco anos, nunca me lembraria dela... Passaram-se quatorze anos... E quatorze anos que fizeram Julieta ficar muito mais bela do que já era com cinco anos. Ainda me lembro das recomendações de meu pai através dos anos... “fique longe desta garota Romeu, ela só vai atrair problemas!” E agora vejo que, não posso ficar longe dela, sua imagem me faz delirar, seu sorriso me faz feliz, sua voz me faz sonhar, seus olhos me fazem derreter, e seus beijos me viciam. Quando pude senti-la pela primeira vez, entendi... Entendi que era ela e mais ninguém, entendi que não posso viver sem ela, entendi que seu toque é o que preciso pra sempre, sua voz é a que eu quero escutar pra sempre, é do lado dela que eu quero acordar todas as manhãs, e são seus olhos que eu nunca quero ver derramar nenhuma lágrima. Julieta pode ser só o cupido pregando-me peças outra vez, mas quero ter certeza, de que o que sinto é recíproco.
JULIETA- Mas é claro que é Romeu! Me sinto tão apaixonada por ti quanto tu por mim, preciso tanto de ti quanto tu precisa de mim, teu beijo também me faz delirar, teu olhos são como uma vida pra mim, até de seu cheiro preciso! Minha vida toda é uma desgraça! Sempre fui condenada a ficar presa nessa droga dessa casa, e quando acho alguém que poderia me tirar deste cativeiro ambulante, descubro que ele é o meu pior inimigo! Não precisamos ser assim! Retire teu Montéquio que eu retiro meu Capuleto, seremos só Romeu e Julieta, não inimigos, até mesmo porque nunca tive tal sentimento por ti! Ainda me lembro quando te vi pela primeira vez, eu tentava me esconder daquele que meus pais diziam ser o malvado Romeu, mas te olhar era intrigante, eu realmente nunca vi nenhum garotinho de cinco anos tão lindo, tenho que admitir que não te reconheci depois de quatorze anos, se bem que aquela beleza só foi se multiplicando pelo que vejo, e agora sei que é dessa figura que eu preciso, preciso de você Romeu!
ROMEU-Julieta, não podemos nos separar!
JULIETA- Eu sei... Romeu! Minha mãe está indo! Vá!
ROMEU- Nos encontramos amanhã?
JULIETA- Na academia, ao meio dia!
ROMEU- Não faltarei por nada!
JULIETA- Romeu espere!
ROMEU- Sim?
JULIETA- Me dá um último beijo?

(Romeu a beija)

ROMEU- Tchau pequena
JULIETA-Vai, anda logo, ela está chegando!

(Romeu sai)