Clint não era o que se podia chamar de ótimo dançarino, mas ele estava se esforçando, coitado. Emma ria a cada pisada que ele dava em seus pés, mas tinha sérias dúvidas se conseguiria andar depois daquela dança.

– Se você parasse de pular a cada passo, - Emma disse, entre risadas – talvez você conseguisse parar de pisar no meu pé.

– Me desculpe – ele disse, soltando uma gargalhada – não imaginei que fosse tão difícil assim.

– Não é, se concentre. Pra lá, pra cá, isso, agora gira. – Emma dava suas instruções – Isso! Pegou o jeito. E talvez, agora meu pé não fique tão roxo.

– Você é ótima professora. Talvez devesse ensinar Steve a dançar também.

O sorriso fugiu do rosto da garota. – Ele está bem com a filha do prefeito – ela respondeu.

– Não pela cara de desespero dele nesse momento.

Emma olhou. E não conseguiu segurar a risada. Ele estava com as sobrancelhas arqueadas, e murmurava algo como “Desculpe, eu realmente não levo jeito”.

– Você gosta dele né? – Clint perguntou.

– Gostar é coisa de criança. – Ela respondeu – Sou focada no meu trabalho. Não tem nada mais importante que isso.

– Aham, agora diz isso pro seu olho que brilha toda vez que ele sorri. – Emma olhou para ele, confusa – Acha que eu não percebi? Sabe, pra ser um bom arqueiro, tem que estar ligado aos detalhes, para nunca errar o alvo.

– Ridículo – Emma disse, girando os olhos.

Enquanto isso, Steve não podia estar mais desconfortável. Conseguiu aprender os passos básicos da dança, mas Luana não parava de jogar indiretas.

– Sabe – ela disse – quando eu te vi entrar, pensei que estava acompanhado daquela loira. Mas percebi que você é bom demais para ela.

– Eu estou acompanhado dela, mas só somos amigos – ele respondeu.

– Eu sei, um cara como você, merece coisa melhor.

– O que quer dizer com isso?

– Ah, ela não passa de uma menina. Não tem o potencial que eu tenho. – ela respondeu, com certa arrogância. – Vou pegar uma bebida, me espera aqui?

Ele não respondeu, só balançou a cabeça levemente. Enquanto ela se afastava, ele correu os olhos em busca de Emma e Clint. Eles pareciam estar se divertindo. No canto do olho, viu Natasha sair do banheiro. Sem hesitar, foi ao encontro dos dois.

– Hmm, acho que a sua acompanhante acabou de chegar – Steve disse.

– Vou lá encontrar ela, obrigado pelo aviso. Obrigado pela dança, Em – ele pegou sua mão, e seguiu-a em direção à boca, percebendo o que ele ia fazer, ela puxou a mão rapidamente e virou os olhos. Ele sorriu e se foi.

– Vocês estão...- Steve disse

– NÃO – Emma interrompeu – quer dizer... – pigarreou – Enfim, como estava a danç..?/

– Terrível – ele respondeu antes que ela pudesse terminar a frase. Ele esticou sua mão – Mas eu posso ter a honra de dançar com você?

– Já sabe dançar? – ela riu

– Não! Digamos que a Luana não era uma boa professora, mas deu pra aprender os passos básicos, depois de pisar no pé dela umas dez vezes.

– Não é difícil. Olha, coloca essa mão na minha cintura.

– ONDE?

– Na minha cintura, anda.

– Ok – ele respondeu, sem graça.

– Isso, agora, postura. Tente não pisar no meu pé. Um passo pra lá, e um pra cá. Isso mesmo. Girando aos poucos. PRONTO! Pegou o jeito. É isso aí.

– É mais fácil aprender com você. Você não fica rebolando e tentando me beijar!

Ela riu. Como não rir daquele jeito adoravelmente antigo dele? Nunca encontrou um homem que tivesse respeito pelas mulheres. Que não ficasse com várias em uma noite, só por diversão. Ela já tinha desistido dos homens fazia algum tempo.

Emma on

Steve era totalmente desajeitado para dançar. Ria de seu esforço para não pisar no meu pé, e das suas desculpas quando pisava. Natasha e Clint estavam no bar, bebericando alguma coisa, enquanto olhavam discretamente, procurando algo fora dos padrões.

A música mudou. “AH NÃO, Enchanted da Taylor Swift não!”. Pode parecer estranho que uma Engenheira e Física goste de Taylor Swift, mas é isso aí. Essa é a verdade, sou fã nº 1 dela.

Steve percebeu minha rápida expressão de surpresa ao escutar os primeiros versos da música.

– Está tudo bem? – ele perguntou, com aquela formalidade de sempre. Era até engraçado, ele nunca deixava de me chamar de senhorita, nunca cortava as palavras ou usava gírias. E era SEMPRE um perfeito cavaleiro.

– Está tudo ótimo – respondi – só que essa é a minha música favorita.

Ele sorriu. Seus perfeitos dentes brancos e alinhados davam ainda mais destaque para seus olhos azuis. Seu cabelo loiro estava perfeitamente penteado. Sorri de volta.

Olhando por cima de seu ombro, e vi Luana chegando. Com aquele nariz empinado, olhou para nós dois, no centro da pista de dança, e tive a impressão que ela queria me matar.

Ela se aproximou, tocou o ombro de Steve. O mesmo se virou e a encarou.

– Pensei que você fosse me esperar. – ela disse

– Me desculpe, não quero ser rude, mas eu não prometi nada a você. – ele respondeu.

– Não acredito que vai perder seu tempo com essa umazinha aí – ela falou. – Ele não é homem pra você. – levantei a sobrancelha. - Vai achar alguém da sua laia, vai querida.

Lhe dirigi um sorriso falto – Não, querida, - com ênfase na palavra – e fique sabendo que...

Antes que eu pudesse terminar, o teto desabou. Vi uma luz ofuscante vinda lá de cima. Algo se mexia no céu. Corri para tentar ajudar as pessoas que estavam fugindo dali, mesmo sem entender o que se passava.

Mas não pude correr muito, pois algo atingiu minha perna esquerda, e uma dor alucinante me fez perder os sentidos aos poucos. Caí no chão e tudo ficou escuro, um pouco depois de escutar o último verso da música, que ainda tocava ao fundo.

"Please, don't have somebody waiting on you"