Um Matthieu Abstrato escrita por Zoë


Capítulo 1
Uma Carta de Matthieu




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"I'm so warm and calm inside

I no longer have to hide

Lets talk about someone else

Steaming soup against her mouth

Nothing really bothers her

She just wants to love herself

I will move away from here

You won't be afraid of fear" - You Know You're Right, Nirvana


Você provavelmente julga isso fácil, mas a dor que passa por cada músculo de meu corpo implora por entorpecentes. Um turbilhão de neurônios parecem tremer meu crânio, e um fervor queima o tecido de minha garganta. Minhas córneas ardem, e as lágrimas derretem por meus olhos, e logo, machucam minha pele seca e descamada. O formigamento provocado pela ansiedade (eu não estou acostumado…). Eu não consigo mais respirar, pois o sangue coagulado em minhas narinas agora me afoga. A vontade de gorfar prende minha garganta e exercita os músculos de meu abdômen que parecem rasgar meu estômago. O que mais eu deveria fazer se meu próprio cérebro não consegue mais produzir felicidade? Eu apenas não consigo distinguir mais o que é realidade, e isso me traz o arrependimento. Você julga isso fácil, mas não é. Eu tento melhorar… Esperar as cicatrizes que as agulhas formam em meus braços até minha veia abaixar. Queria ter um sangue limpo novamente; uma mente passiva e sem estas toxinas. Você julga isso fácil quando não é você que vive por baixo dessa pele, tendo que conviver com esse corpo cujo vivo trancafiado por mais de 19 anos. Uma carcaça morta, que cheira à fumaça e infelicidade. Você julga isso fácil quando me puxou o tapete, eu estava descalço, adoecendo, pisando sobre o chão gélido, e agora, você julga fácil que eu me recupere uma vez que foi você quem facilmente fez de mim um completo enfermo… De novo. Você disse que me aceitaria caso eu me recuperasse, mas pelo contrário, seguiu sua vida e me vê como um completo estranho. Aquelas noites em que te abriguei em meu mundo enquanto seus olhos derramavam lágrimas, os dias que eu lhe buscava na porta de sua escola, as festas que acabavam em minha cama, a sua solidão e sua tristeza que apesar de minha própria raiva, transformei em risadas, nunca existiram. Eu nunca existi. Você nunca existiu. Eu e você… Nunca existimos. E eu não julgo isso fácil de entender… Mas você? Oh, querida, você julga isso fácil.


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