Reunidos no deque de Sunny, após deixavam a ilha dos homens peixes os chapéus de palha mais uma vez comemoravam sua vitória em mais uma batalha. Eles nunca pediam para entrar em confusão e se envolver em lutas, pondo suas vidas em risco, contudo todos já haviam notado que seu capitão atraía todo o tipo de baderna.

A única vantagem depois das duras lutas eram os banquetes, os presentes e comes e bebes oferecidos pelas pessoas geralmente muito agradecidas pela ajuda deles, porém esses agradecimentos tinham um limite para Roronoa Zoro.

Como ele mesmo afirmou, não queria ser nenhum herói, longe disso, afinal ele não queria ter que dividir o seu sake e, para ele, ser herói significava dividir. Quanto aos outros chapéus de palha, bem... Ele não ligava muito para o que eles desejavam, com exceção é claro de seu capitão.

Não, ele não queria que Luffy fosse um herói, ele não gostava da perspectiva de ter de dividir e nesse caso não era a sua preciosa bebida. Se ele fosse mesmo sincero, admitiria que o principal motivo de não querer que eles fossem visto como heróis era por ter mais gente, sim, pois ele sabia que já tinha muitas pessoas além dele que amavam certo garoto de chapéu de palha e para ele já bastava ter de dividir Luffy com seus Nakamas.

Por falar em dividir o garoto com os Nakamas... Era aquilo que acontecia no momento. Mesmo que fingisse não se importar, o espadachim queria toda a atenção de Luffy para si, mas a atenção do chapéu de palha era monopolizada pelos outros membros do bando que estavam reunidos no deque que até poucos minutos atrás estava vazio, silencioso e tedioso, isso até Luffy exigir atenção.

Um por um, Zoro viu seus companheiros se aproximarem de onde o capitão estava sentando, atendendo ao chamado do garoto, não porque ele tinha ordenado como capitão do navio a presença dos seus companheiros a sua volta e sim porque Luffy com sua alegria atraía a todos, assim como um enxame de abelhas eram atraídas pelo mel. E ao mesmo tempo em que Zoro amava essa capacidade de atrair os outros do garoto, ele também a odiava.

– Oe... Zoro... Tá acordado?

Zoro ouviu a voz estridente e ao mesmo tempo viciante que chegou aos seus ouvidos incrivelmente baixa, quase conspiratória, fazendo com que abrisse os olhos que nem tinha notado ter fechado, expirando fortemente e lançando a cabeça para trás ao se deparar com o rosto de seu capitão a milímetros do seu.

– O-O que pensa que está fazendo, Luffy? - Questionou Zoro, visivelmente desconcertado com a proximidade do garoto. Apesar de ter afastado o rosto do outro o quanto pôde, Luffy ainda permanecia com a face perigosamente próxima a dele, suas pernas uma de cada lado das pernas de Zoro, mas sem tocar no corpo do espadachim realmente.

– Estava pensando... - Ditou o chapéu de palha enquanto fazia uma expressão estranha, como se realmente estivesse a pensar em algo complicado.

– Em quê? – Curiosamente perguntou Zoro, olhando paro o rosto do garoto com atenção, reparando nas bochechas rosadas e parecendo sentir pela primeira vez o hálito que cheirava a sake do rapaz, sabendo que Luffy estava bêbado. Fato normal, já que todos tinham se reunido ali para comer e beber, em uma espécie de comemoração só deles após a batalha, afinal todos gostavam de estar próximo ao capitão, mas pelo estado de Luffy ele havia se excedido um pouco hoje.

– Se você gostaria de me beijar.

– O quê?! - Gritou Zoro, corando fortemente antes de sua cabeça girar ao redor, olhando um a um seus companheiros que ele nem notou já terem se dispersado. Nami estava no leme com um copo na mão, conversando baixinho com Frank, ambos com os olhos na paisagem à frente. Sanji e Robin estavam mais atrás, deitados em cadeiras de praia conversando entre si, ambos perdidos em suas conversas enquanto Usopp, Chopper e Brook dormiam esparramados pelo tapete de grama do Sunny depois de terem bebido demais, ou seja, ninguém parecia ver ou ligar para o que seu capitão e ele estavam fazendo e falando.

– Hancok queria me beijar... - Murmurou Luffy pensativamente. - Ela disse que gostava de mim. Você não gosta de mim, Zoro?

O Roronoa quis gritar e na mesma proporção quis fatiar a imperatriz pirata por sua ousadia, mas o que ele poderia dizer? Se ele queria beijar Luffy? Sim, há muito tempo que tinha esse desejo, porém Luffy era tão... Inocente e estava bêbado no momento, e mesmo que não estivesse ele duvidava que o garoto entendesse o que querer beijar e gostar significavam. Provavelmente Luffy estava apenas curioso.

– Você não quer? - Sussurrou Luffy novamente. - Devo perguntar ao Sanji, então?

– Não! - Zoro se viu gritando novamente e dessa vez ele nem se deu ao trabalho de olhar ao redor para ver se tinha chamado a atenção. Movido a algo que ele nunca admitiria ser ciúmes, ele agarrou o braço do rapaz que estava prestes a se levantar e o puxou, obrigando Luffy a sentar em seu colo antes de agarrá-lo pela nuca e juntar os lábios em um aperto casto, mas que fez seu coração acelerar e seu mundo girar, permanecendo assim, com os lábios unidos até que o ar faltou.

– Zoro... - Sussurrou Luffy com a expressão atipicamente séria quando o aperto de seus lábios de desfez.

– Luffy, eu... – Resmungou Zoro abrindo os olhos e estranhando a expressão de Luffy, e mesmo que sua mente gritasse que o que fez foi errado ele não conseguia se arrepender, além disso, não deixaria que Luffy tentasse beijar outro alguém, muito menos Sanji. Quem sabe o que o cozinheiro pervertido faria ao garoto se ele fosse pedir um beijo?

– Eu acho que eu não teria gostado de fazer isso com Hancock e nem com Sanji. - Completou Luffy com um sorriso gigante, fazendo o coração de Zoro acelerar, seus olhos se fechando rapidamente quando o moreno buscou seus lábios novamente.

Zoro gemeu por entre as bocas coladas e não resistiu a lamber os lábios macios de Luffy que instintivamente se abriram, permitindo ao Roronoa o aprofundar do beijo que, apesar de desajeitado, foi delicioso, a inexperiência de Luffy sendo sobrepujada por sua curiosidade e vontade de aprender enquanto Zoro incrivelmente se mostrou um professor paciente e dedicado.

– Bom... Melhor do que sake. - Murmurou Zoro sem pensar quando o beijo teve fim.

– Uhumm... - Concordou Luffy com uma expressão perdida que fez Zoro sorrir e voltar a beijá-lo até ficarem sem ar e mesmo com as bocas separaras não queriam se soltar, então ambos permaneceram com os olhos ainda fechados, suas bocas unidas por um fio de saliva e testas coladas enquanto ofegavam com sorrisos no rosto, até quase em comum acordo os olhos de ambos se abrirem rapidamente só para no instante seguinte se fecharem enquanto os lábios voltaram a se unir. Luffy se mostrando um aluno aplicado ao tomar tudo que Zoro tinha, sua língua fazendo o primeiro movimento e adentrando a cavidade quente de Zoro, imitando tudo que a própria língua do espadachim tinha feito em sua boca minutos antes.

– Luffy... Não deixe ninguém mais fazer isso com você. - Ordenou Zoro ao fim do beijo, esperando uma pergunta do chapéu de palha ou uma resposta que o deixaria contrariado, afinal o chapéu de palha não aceitava ordens, contudo se surpreendendo quando o moreno concordou.

– Estou bem com isso... – Aceitou Luffy. - Para mim só Zoro me beijar está bem, mas me beije todos os dias.

Zoro riu e abraçou Luffy, sorrindo quando o rapaz se aconchegou em seus braços, bocejando sonolento.

– Vamos ver se você vai dizer isso amanhã quando estiver sóbrio. - Falou Zoro preocupado.

– Eu nunca mudo de idéia, Zoro. - Murmurou Luffy se aconchegando a Zoro, que concordou com as palavras do garoto e sorriu, abraçando a cintura de seu capitão, esperando que o garoto dormisse logo, mas se surpreendendo quando o ouviu rir.

– Shi, shi, shi...

– Que foi? – Questionou o espadachim curioso.

– Agora eu entendo porque Hancok falou que eu ia gostar de beijar Zoro, seu gosto é melhor do que carne.

– Você não está bêbado, está? – Perguntou Zoro repentinamente.

Luffy não respondeu, mas mesmo assim o Roronoa obteve sua resposta quando o rosto do capitão se avermelhou ainda mais e seu corpo se tencionou em seu colo. Pelo jeito, Luffy tinha aprendido a arte de mentir muito bem nesses dois longos anos que estiveram separados, mas quem era ele para se zangar se tinha sido o maior beneficiado?

Dando um sorriso de lado ele apertou mais o moreno contra si, como se assim dissesse que tudo estava bem, sentindo Luffy voltar a relaxar e fechar os olhos, e resolvendo seguir o exemplo do garoto ele fez o mesmo. Ele não viu mais pôde sentir vários pares de olhos sobre eles, sabendo com certeza que alguns provavelmente estavam raivosos, outros ciumentos e alguns poucos alegres com o que viram enquanto ele estava puramente feliz sabendo que dentre todos os outros tripulantes do navio o garoto o havia escolhido, que mais uma vez ele era a primeira opção de Luffy e Zoro não abandonaria o título de primeiro por nada porque, afinal, ele era egoísta, principalmente quando se tratava de seu amado chapéu de palha.