Querido Diário escrita por Jupratees


Capítulo 3
Skyfall




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– Aonde está me levando? - Perguntei com a voz falha, fitando o vazio da escuridão. Ele não respondeu.– Acho que não entendeu minha pergunta. - Sorri de forma sarcástica. - Aonde estamos indo?

– Gosta de perguntas. - Ele sorriu. - Logo saberá. A única coisa que posso adiantar é que não irá se arrepender. - Deveria ter medo, mas aquilo me provocava. E a cada surpresa que ele escondia mais eu me sentia presa em desvendá-lo (de todas as formas possíveis). Mordi meu lábio com força, criando fantasias em minha mente. Minha anormalidade fugia do controle. Diante de tantas possibilidades trágicas naquela noite, eu só conseguia me imaginar em cima dele. Fui desviada de meus pensamentos quando ele parou e eu, desatenta, choquei-me contra suas costas.

– Desculpe-me - murmurei, meio sem-graça. – Eu... - Fui silenciada por seu dedo indicador que percorreu suavemente meus lábios que involuntariamente se abriram, ansiando pelos seus.

– Tão linda - Ele sorriu, me olhando de cima à baixo. Estremeci, eu estava totalmente embriagada naquela deliciosa sensação. Certo. Estava fofo até ai e eu deveria ter dito tudo mas sabe como é, sempre imaginamos coisas que não são possíveis, e entretanto, quando acontecimentos históricos e teóricamente impossíveis nos ocorrem, ficamos sem "rumo". Estava tão deslumbrada com o momento que só voltei a mim quando senti minhas costas irem de encontro a um grande tronco de árvore, reclamei baixinho, o vento batia fortemente sobre meu corpo, eu já não ouvia som algum além do silêncio noturno. As folhas se mexiam com brutalidade. Era como se eu sentisse que fosse morrer, ou talvez, nascer denovo. Cuidadosamente ele inclinou meu pescoço para o lado, deslizando com cautela seus lábios sobre minha orelha. Arrepiei. Não era algo que eu já tivesse sentido. Ele era incrivelmente bom nisso, e eu sabia que corria perigo, mas meus hormônios latejavam por ele. Eu precisava ter tudo que me fosse direito. Queria ele pra mim. A certeza de que seria meu. Fechei os olhos, me entregando ao momento. Apertei - o contra meu corpo, desejando que ele continuasse. Ele sorriu. - Deliciosa. - Permaneci quieta, agora acompanhando todas suas ações. Ele mordiscou minha boca de leve, voltando ao meu pescoço. – Eu quero você. - Um arrepio mais forte percorreu minha veia.

– Sou sua. Sempre fui. - Confessei. Eu era viciada nele, e que vício!

– Eu quero você sendo minha a partir deste momento para sempre.

– Por mim tudo bem. - Caham, só pra me defender, não sou uma garota fácil, certo? Só que eu achei meio complicado sentir o cara que você sempre amou do nada dizendo que te deseja enquanto faz o favor de te deixar excitada apenas ao falar em sua orelha.

– Você não entendeu Liss. - Ele se afastou e de repente me arrependi de ter dito a última frase. Apenas o fitei.– Quero que seja minha pela eternidade, literalmente. - Ele sorriu, o sorriso perfeito refletido sob a luz da lua cheia. 01:00 ouvi o sino da catedral bater. Arrepiei novamente. Antes que eu pudesse contestar, vi-o de relance sobre meu pescoço. Minha pele queimou, senti uma ardência extremamente aguda. Ou eu estava sonhando, ou minha hora havia chegado. Tentei agarrar-me à única coisa que vi à minha frente, a velha árvore na qual momentos atrás me fizera sentir maravilhada. Soltei um grito agonizado pela ardência mútua que fazia meu sangue latejar, murmurando seu nome em meio a escuridão.

– Maddox!– Grunhi, usando minhas últimas palavras.

– Um dia. - Podia jurar ter visto ele sorrir, mas de uma certa forma, triste, e esforcei-me para acreditar na falsa esperança de que ele voltaria. Ele sumiu mais uma vez em meio à mata escura. E eu... Bom... Eu soltei meu último suspiro e depois disso... eu apaguei e não me lembro de mais nada.

Estranho, confuso. Sabe, esperei minha vida toda por ele. Passei anos, décadas acreditando que ele viesse me procurar. Mas nunca o encontrei. Tão tola. Maddox se tornou um passado esquecido... Acho que já dei na cara o que aconteceu. Sou imortal. Ele me tornou essa soberania com características humanas. Pra ficar ao meu lado. Ao meu lado?! Lógica estranha. Tudo que sei, diário, é que não devemos confiar em nada do que nos dizem. Nem que sejam palavras da pessoa que se ama. Pelo menos é o que me foi comprovado por enquanto.

8:10 29 de novembro de 2020

– Tá pronto!

– Ok, já estou indo.

– Tá demorando demais já.

– Mas que saco Lucas, já estou aqui.

– Sério Liss, namoral cara, de que família você veio? tartarugas ou lesmas? No teu caso deve ter sido cruzamento dos dois. - risos

– Ai que comediante você, neném! Não sei porque não faz programa de humor...

– Porque esse talento é seu. - Ele sorriu e eu joguei o pano em cima da mesa nele.

– Idiota.


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