Lá está ela.Katniss, o amor de minha vida, sim, digo vida, pois
só vivo por ela e por sua causa.Sem ela eu apenas existiria.E eu só sou eu porque
ela esta aqui, caso contrário, seria só mais um garoto da costura, filho de um
padeiro que morreu em mais uma das edições dos jogos vorazes.Ela me salvou.Não
sei explicar exatamente o porquê.Mais ela me salvou,isso é fato.

Ela esta
deitada, dormindo.No nosso quarto. Simplesmente linda,e feliz como um anjo, meu
anjo.Que me protege e me da vida. Quando volto a mim, estou silenciosamente me
deitando para observa-la.Tentando não acordá-la. Tão perfeita. Não menti quando
disse que gosto de vê-la dormir, pois ela perde a carranca.É verdade, mais o
verdadeiro motivo é que com ela dormindo eu me sinto seguro, e orgulhoso de
tê-la comigo, ao meu lado, como sempre sonhei.Como se finalmente ela fosse
minha.Só minha.

Quando
desperto novamente de meus pensamentos, me assusto,com aqueles lindos olhos
cinzentos fixos em mim. Sorrio.Ela sorri também.Quanto estou quase beijando-a.....
BUM!

Acordo
triste, assustado e principalmente bravo.Descubro o barulho que me despertou,me
assustando.A porta de meu quarto bateu, fazendo um estrondo que me
despertou.Fico triste por ter sido um sonho, mais um de tantos, mais tão real
que derrepente me bate uma saudade tão grande da minha garota em chamas que
chega a doer.E depois fico bravo, pois começo a pensar no que eu fiz,ou deixei
de fazer, no passado, para que hoje ela não estivesse realmente aqui, ao meu
lado.

-Chega Peeta!! - repreendo-me, pois ando pensando tanto na Katniss, que me esqueço de
mim. O que, sinceramente não vejo muita diferença.Peeta.Katniss.Sem Katniss não
haveria Peeta,então sim,somos a mesma pessoa.Bom,pelo menos para mim.Ela me
dominou dês de o primeiro dia de aula, com aquele vestido vermelho e suas
tranças,cantando enquanto todos,inclusive os tordos,se silenciaram.Apreciando a
mais perfeita voz que havia escutado em toda a minha vida.Perfeita.E a partir
daí, ela passou a me dominar.

Então, faço
comandos a mim mesmo, pois até as coisas mais básicas, como me sentar ou
escovar os dentes, ficam complicadas com Katniss longe de mim.

Digo longe,
mais na verdade ela esta bem perto, é minha nova vizinha.Mais de quê adianta se
nós não estamos nos falando. Meu pai aconselhou-me a deixa-la a sós por um
tempo, para que ela possa organizar seus sentimentos.Decido seguir seu conselho,
mais tenho de confessar, não tem sido muito fácil. Sonho com ela todas as
noites, e sinto sua falta cada dia mais.Então, após fazer minha higiene,desço.E
de novo, me espanto momentaneamente diante da visão de minha nova casa,o
melhor,mansão. Ainda não me acostumei a morar em uma casa tão grande.E acho que
nunca vou me acostumar, com tanta pobreza a minha volta.Olho em volta e
percebo, que de novo, fui o primeiro a acordar.

Agora que
nossa família é considerada rica, nós não precisamos mais trabalhar, o dinheiro
que recebo, na minha opinião, abasteceria todo o distrito.Mais eu e meu pai não
se opomos a trabalhar na padaria.É claro que baixamos o preço do Pão e que
começamos a trabalhar mais tarde.Meu pai diz que acordo cedo pois ainda nao me
acostumei com o horário menos rígido que agora temos,e ele, por sinal ja
deveria ter saido para se exercitar, já que acorda cedo também.Muitas vezes
acordo mais cedo do que ele, devido ao meus pesadelos com a arena,ou sonhos com
a Katniss.Não sei qual deles abomino mais.As vezes consigo dormir novamente,
até tudo se repetir. Preparo meu café da manhã, e me troco, para me distrair,
desenho.Mais antes que possa impedir, já estou desenhando seu rosto, perfeito e
determinado. Minha garota em chamas.Minha esperença.Meu anjo.Minha vida.

Finalmente,agora
posso seu quem realmente sou, fazer algo que não me lembre Katniss, pelo menos,
não totalmente. Posso ser quem eu era antes de tudo mudar. Só mais um padeiro.

O único
lugar onde me sinto quase feliz. Quando termino a primeira fornada, a segunda chega.
De pães de queijo, os preferidos da Katniss, ah Katniss...

Não sei o
que me deu mais derrepente, uma ideia veio a minha cabeça: e se eu lhe levasse
seus pães de queijo pessoalmente?Primeiramente, a ideia me causa arrepios, mais
depois penso,eu não preciso vê-la, não agora, quem sabe com o tempo, possamos
pelo menos dizer um ''oi'' sivilizadamente.

Quem diria,
minha vida nas mãos de um pão de queijo?! chega a ser irônico, que há alguns
meses, estávamos lá, estendendo aquelas amoras, nos negando a viver um sem o
outro.Nos declarando um para o outro, naquela caverna.E que depois, por
acaso,descubro que tudo era uma farsa, e que Katniss estava nos salvando, da
maior ameaça de todas:A capital, enquanto eu a observava dormir.Mais ouve
realmente alguma coisa naquela arena.Eu sinto que sim.E vou provar.

Obrigo-me a
deixar esse pensamento. Isso foi o que EU fiz exibindo aquelas amoras- cadeado.
Para Katniss foi apenas uma forma de sobreviver sem a culpa de todo o distrito
em seus ombros.Sem me matar.Para ser uma vitoriosa, nao uma assassina, fria e
cruel.

Ela tem
tido muito tempo para refletir sobre seus sentimentos.Pelo menos, eu estou mais
desocupado do que nunca.E esse fato só tem me deixado mais aflito em relação a
katniss.As vezes a observo,passo em frente a sua casa.Acompanho de longe sua
rotina.Eu simplesmente não consigo me afastar dela,por mais que eu tente, não
dá.Faço isso há anos.Nesse momento,há essa hora da manhã,ela deve estar na
floresta.O pensamento na hora me deixa irritado.Mais agora que Gale trabalha
nas minas do 12, fico um pouco mais tranquilo.

Então,concentro-me
novamente na “missão pão de queijo”,como acabei de batizar.Parece que hoje a
sorte esta ao meu favor,já que Katniss não esta em casa.Então tomo coragem e me
dirijo sua casa.Assim que chego a sua porta, meu coração para e penso
seriamente nas possibilidades de estar totalmente paralisado.Ou quem sabe até
desmaiado, ou pior,estar tendo um ataque cardíaco.Acho que isso não esta
acontecendo.Pois minha mente estaria quieta se tudo isso fosse real.Estou a
ponto de gritar, correr e explodir.Minha mente está em caos.Então
repentinamente, meus punho se fecha e bate na porta da família Mellark, e, para
minha alegria, que a atende é Primrose,a linda irmãzinha de Katniss.

-o...oi Peeta!-Prim diz confusa ao me ver

- oi Prim, como você está? Já se adaptou a nova vida? – Pergunto, finalmente reassumindo o
controle de minha mente, parecendo bem mais tranquilo do que estou por dentro

-Ah Peeta,
estou bem, e você? Como está?- diz ela, mais a vontade.

- Estou
bem, na verdade,vim trazer alguns pães para vocês e para Haymitch.Eles estão
fresquinhos. – Ainda bem que, no ultimo minuto,resolvi pegar alguns para
Haymitch também, para parecer que não fiz isso especialmente á Katniss, que
isso foi só uma cortesia.De vizinho para vizinho.Nada mais.Acho que deu certo,
pois Prim não parece desconfiar de nada.O problema é Katniss.O que ela pensaria
sobre isso? O mesmo que Prim?Bom, acho que não, mais agora já esta feito.

-Oh,
obrigada Peeta, é muita gentileza sua!Gostaria de entrar?Katniss não esta mais
posso...

- Não, não
precisa Prim  –interrompo-a
imediatamente, não sabia que ouvir o seu nome me deixaria tão nervoso. Então
percebo que não estou nada preparado para sequer, ficar frente a frente com
ela. Simplesmente ouvir seu nome, já me causou tantas emoções juntas que penso
que vou passar mal. – Tenho que ir, ainda tenho que me encontrar com Haymitch e
a padaria me espera. -digo, enquanto me despeço de Prim, e dirijo-me a casa de
Haymitch.Tenho visitado-o algumas vezes,mas nunca em sua casa, só em cogitar
essa possibilidade já ficava enjoado.Sua casa é a coisa mais nojenta que já
presenciei.Ninguém se sujeita a limpar aquilo.É sujeira demais.Como alguém pode
ser tão porco?Eu me considero muito organizado, mais o mérito disso vai todo
para minha mãe.Ainda me lembro de quantas broncas levei, de quantas vezes
apanhei de minha mãe, para que atendesse suas ordens, para aprender a me
organizar.Deu certo,e hoje, não convivo muito bem com a bagunça.

Cogito a
possibilidade de ligar do telefone de minha casa para Haymitch, e pedir que ele
me encontre na praça. Mais essa ideia logo é descartada já que, em um de seus
acessos de raiva, Haymitch destruiu seu telefone. E talvez eu nem saiba como
usa—lo, já que só as pessoas da vila dos vitoriosos e a população mais rica do
12(se é que no 12,há alguém considerado realmente rico.Por aqui, se você conseguir
se sustentar e sustentar uma família sem cometer crimes, você é considerado
rico.Mais nem esses, tem condições de comprar um telefone) tem telefones. Então
sobram: Haymitch,Katniss e Madge, a filha do prefeito,acho que a única amiga de
Katniss, se é que se considerem amigas.como já disse, Katniss é meio
complicada. Então como katniss e Madge, estão fora de cogitação, e Haymitch
destruiu seu telefone.

Eu ainda
não tive a oportunidade de utiliza-lo.Ele é diferente mais parece se fácil de
se usar.Já tive que lidar com coisa bem mais sofisticadas, como os chuveiros da
capital.Com mais de vinte botões com milhares de opções diferentes:sais de
banho, enxague,temperatura de água, cor de água,aroma,musica... Milhares de
coisas, que agora tenho em minha própria casa,mas me recuso a utiliza-los,pelo
menos não todos os dias. É luxo demais sendo que aqui no distrito12, na maioria
das casas,só há água fria, temos que ferver água se quiséssemos um banho quente
. Então prefiro deixar os pães em sua janela mesmo.Melhor não correr o risco de
ter que encarar aquilo que Haymitch chama de casa. Então volto a padaria e
assim minha rotina se segue. E passo a deixar pães quase todos os dias nas
portas de meus vizinhos.Até agora ninguém reclamou de nada.Então considero que
a ‘’missão pão-de- queijo’’ foi concluída com sucesso.