Alvorada escrita por Katy Clearwater


Capítulo 4
Capítulo quatro: Inesperado




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Capítulo quatro: Inesperado

          

         Minha cabeça fervilhava com idéias, pensamentos e suposições sobre a volta dos Cullens como se eu já não estivesse com ela fervilhando o bastante por causa dos meus problemas com Jake.

         Fui para casa antes de anoitecer para ir preparando o ambiente para meu inevitável encontro com Charlie, só mais uma conversa estressante que eu não poderia evitar. Resolvi preparar um jantar que ocupasse meu tempo e minha mente para amenizar as coisas com Charlie, eu sempre melhorava a situação com uma boa comida. Charlie era facilmente pego pelo estomago. Optei por bolo de carne e batatas, enquanto o a carne cozinhava fui descascar batatas e acabei me perdendo em pensamentos e quase arrancando os dedos no processo. ”Chega de batatas!” pensei comigo mesma e tentei voltar a pensar na preparação do jantar, mas quanto mais tentava mais pensava na minha conversa com Alice.

             Não chegava nem perto das sete e já estava com jantar pronto e casa arrumada, porém nada de Jake ou Charlie e isso estava me matando. Já me perdia de novo em pensamentos inúteis quando ouvi um barulho de carro na entrada, meu 1° pensamento foi para Jake, mas imaginei logo, que devido a tensão do momento, ele não viria de carro. Ouvi um barulho de chaves e pés se arrastando pelo corredor, com certeza era Charlie. Meu pai parou seu andar minucioso bem na soleira da porta, recostou-se na soleira com os braços cruzados na altura do peito, tipo os tiras maus fazem, mas não deu uma palavra. Eu abaixei a cabeça, queria mesmo era entrar no chão, mas não ia ficar bem se eu me enroscasse feito uma bola para conversar com meu pai. Respirei fundo e resolvi começar logo com aquele sofrimento para que ele terminasse logo.

 

- Boa noite pai. – devia ter pensado mais e dito algo melhor.

 

- Boa noite. – Charlie não expressava nenhuma emoção na voz e isso era muito preocupante preferia que parecesse com raiva.

 

- Eu preparei o jantar. – eu apontei para o fogão sem levantar os olhos, aquela conversa estava mil vezes pior do que eu esperava.

 

- Está com cheiro muito bom. – agora Charlie deu passos calculados e sentou-se na cadeira ao meu lado.

 

- Bella podemos conversar sobre uma coisa?

 

- Claro pai. – como se o fato de eu dizer não fosse mudar algo.

 

- Liguei para Renné hoje. – Charlie usou um tom extra de importância no nome da minha mãe e eu sabia o que isso queria dizer; ou seja: ”Liguei para Renné hoje, ela me contou tudo que você contou para ela e não para mim. Estou extremamente despontado com você.”

 

- Que bom pai, como ela está? – tentei disfarçar o máximo que pude meu embaraço.

 

- Bem e muito mais interada da sua vida do que eu. – “BINGO!” parecia que agora eu também era vidente.

 

- Pai, eu... - Charlie levantou uma das mãos me impedindo de falar.

 

- Por favor, Bella... Não diga nada. Melhor vamos encerrar a conversa que nem começamos. Acho que não precisa saber de mais nada, Renné lhe educou muito bem e lhe deixou ciente de todos os riscos e responsabilidades nas suas ações, não me restou nada para te ensinar ou conversar. Não precisa inventar desculpas se não quer falar sobre a sua vida comigo simplesmente não fale. Vou ficar sentado aqui fingindo que não sei e que não vejo e agora também fingindo que não falo. – isso era ótimo, para dizer ao contrario, meu pai agora iria me torturar com a minha própria culpa, como se eu já não pirasse com ela sem isso.

 

- Pai tem certas coisas que as filhas falam com as mães e não com os pais. Não queria lhe constranger ou aborrecer. – encolhi os ombros e meu pai estava com o olhar longe com quem reflete bem nas suas palavras.

 

- Bella. – disse ele me olhando diretamente, dessa vez não pude evitar o encontro de nossos olhares – Sua vida não me aborrece. Aborrece-me o fato de você não confiar em mim. Graças a Deus Jake é um bom rapaz, mas se não fosse algo poderia lhe acontecer e eu aqui dormindo no quarto ao lado sem saber de nada.

 

              Charlie parecia extremamente triste e não irritado comigo. Dei um longo suspiro queria pensar bem antes de falar. Essa foi uma das conversas mais longas que tive com meu pai e não podia falar nenhuma besteira e estragar tudo, o que era bem típico em mim.

 

- Pai. – disse olhando nos olhos de Charlie e controlando cada fibra do meu corpo para manter esse olhar – Às vezes acho que você vai me ver como criança para sempre e eu não queria que você soubesse que eu e Jake estávamos – pensei na palavra, mas resolvi não usá-la era melhor não forçar o humor de Charlie – mais íntimos porque não soube como iria reagir. Eu pude prever cada palavra da minha mãe, mas com você era muito imprevisível, não quis me arriscar a magoá-lo.

 

- Bella, para mim, você sempre será um bebê, meu bebê. Porém – disse ele pousando as mãos sobre a mesa e se esticando na cadeira – não vou poder tratá-la como tal a vida toda, mesmo tendo muita vontade disso. Eu tenho de deixá-la crescer, mas quero estar ciente do que se passa na sua vida para não ser pego de surpresa.

 

“Bells, você é minha única filha e não quero que cometa os erros que eu e sua mãe cometemos, ela também tem essa preocupação só que não lhe fala. Estou menos preocupado, não satisfeito, que você esteja vivendo essa experiência com Jacob, ele é bom para você e te ama. Não que um pai fique feliz de ver sua única filha tão intima de um rapaz, não estou feliz, mas não quero que você pule etapas como eu e Renné pulamos e acabamos nos arrependendo no fim; não de você, mas de várias outras coisas. Quero que seja feliz e se isto está lhe fazendo feliz, que seja. Só preciso ser notificado e caso não queira minha opinião, você já é adulta e não posso mais mandar na sua vida, mas não quero que me exclua dela.”

 

           Charlie nunca foi tão sincero comigo em nenhum momento de todos esses anos em que vivi em Forks. Não fazia idéia de quanto minha felicidade, independente da forma que fosse era do interesse de Charlie. Eu não sabia o que responder; e de repente uma culpa antiga remoeu meu peito; lembrei-me da minha fase de depressão com a 1° partida de Edward, como Charlie deveria ter sofrido em silêncio assistindo minha infelicidade.

 

- Pai eu não imaginei que fosse encarar as coisas dessa forma por isso não me senti a vontade para conversar com você. – me encolhi na cadeira inexplicavelmente me sentindo minúscula. – Eu quero que você participe da minha felicidade sempre, ela jamais seria completa sem você. – estiquei um pouco a braço e meio sem jeito segurei a mão de Charlie, mais firme do que pretendia, ele retribuiu o gesto e isso foi como um estalo na minha mente. Lembrei-me de um dos principais motivos que me levaram a optar por Jake. Não podia deixar Charlie sozinho, eu era tudo o que ele tinha, me arrependeria eternamente se o abandonasse.

 

        Levantei-me, calculando os movimentos, temendo que minha atitude desse uma impressão errada ao meu pai. Mas soltamos a mão um do outro sem maiores constrangimentos. Coloquei a mesa e servi Charlie, mais generosamente que a mim mesma, e sentei-me ao lado dele novamente. Não estava com fome, estava era com um nó na garganta de tanta preocupação com Jake. Olhava ansiosamente para hora de um em um minuto e isso chamou a atenção de Charlie.

 

- Bella algum problema?! – Charlie usou um tom preocupado, acho que minha cara não devia estar muito boa.

 

- Estou preocupada com Jake, não o vejo desde hoje à tarde. – nunca menti muito bem, por isso resolvi dizer essa meia verdade.

 

- Vocês brigaram?

 

- Mais ou menos. – mais uma meia verdade.

 

- Posso saber mais sobre isso? – eu não queria falar no assunto, mas acabará de me entender com Charlie e não queria magoá-lo, fiz uma força tremenda para tentar explicar.

 

- Jake me pediu em casamento. – de novo, acho que pela milésima vez, mas Charlie não precisava de tanta informação.

 

- Que ótimo! – disse Charlie animadamente.

 

- E eu disse que não. – fiquei envergonhada em destruir as expectativas do meu pai.

 

- Ah! – ele limitou-se a este som e fez exatamente a mesma cara de desgosto que Jake fez alguns segundos depois.

 

- Pai está se sentindo bem? – comecei a duvidar da sanidade do meu pai, pois ele estava resmungando sozinho.

 

- Porque não quer se casar com Jake? – perguntou Charlie cheio de curiosidade na voz.

 

- Pai não é tão simples, não é o Jake e sim me casar. – tremi da cabeça aos pés com a menção da palavra e meu pai achou graça da minha reação.

 

- Você tem mais da Renné do que imagina. – disse Charlie em meio a risadas.

 

- Pai não tem graça!Jake está muito magoado, ele pensa que não o amo.

 

- E você o ama?

 

- Claro! – respondi com um tom indignado.

 

- Então diga isso a ele.

 

- Vou dizer se ele aparecer. – minha preocupação me faria ter um colapso nervoso aos plenos 20 anos se Jake não aparecesse logo.

 

- Não fique se remoendo Bells, sabe que Jake nunca te deixa. Ele sempre aparece. – não sei por que Charlie usou o presente ao invés do futuro no verbo, mas de qualquer forma não quis perguntar.

 

         Charlie terminou o jantar e foi para sala ver televisão. Eu fiquei sentada mais alguns minutos, dessa vez refletindo sobre minha conversa com Charlie. Será que Jake apareceria, já fazia mais de 6 horas que ele havia saído e nunca havíamos passado tanto tempo separados nos fins de semana desde que começamos a namorar o que era meio nojento, mas eu já havia me acostumado a vir correndo de Seattle e passar cada segundo possível com Jake. Terminei de arrumar a cozinha rápido demais para ocupar minha mente, resolvi mandar um e-mail para Renné, depois da conversa com Charlie me lembrei que já havia quase uma semana que não falava com ela. Passei pela sala e subi as escadas até meu quarto, Charlie me acompanhou com os olhos, mas não disse nada, então também me mantive em silêncio.

 

      Liguei meu computador, agora já não mais tão arcaico, e acessei minha caixa de e-mail. Senti um vento gelado em minhas costas ao me virar percebi que a janela estava totalmente aberta, só que eu jurava tê-la fechado quando terminei de tirar o pó do quarto. Fui até a janela e a fechei novamente dessa vez passei a trava para ter certeza de que a havia fechado. Virei de volta para mesa do computador e quase berrei ao ver um vulto passar bem na minha frente. Antes que eu pudesse respirar para gritar uma mão gelada cobriu minha boca, não sentia essa pele gelada há muito tempo, mas esse toque era totalmente familiar.

 

- Se você gritar Charlie virá aqui e eu acho que Charlie não irá me receber bem. – o hálito doce de Edward tocava minha pele tão perto que inevitavelmente comecei a me sentir tonta. Edward tirou delicadamente a mão da minha boca, deixando nossos lábios a poucos centímetros de distância. Tive que me controlar para não ter um ataque. Respirei fundo e com os pensamentos ainda turvos consegui dar um passo para trás.

 

- O que está fazendo aqui? – me encostei-me à janela para procurar equilíbrio e olhei para Edward. Péssima idéia!Ele estava dando aquele sorriso torto que eu amava e seus olhos estavam claros e quentes.

 

- Alice não avisou que estávamos chegando?

 

- Não... Quero dizer sim... Bem mas não aqui... Digo aqui no meu quarto. – ainda estava com o raciocínio embaralhado, a presença de Edward estava me afetando mais do que deveria.

 

- Eu quis te avisar que já havíamos chegado. Na verdade, queria vê-la. - Edward deu um sorriso aberto e eu tive uma sensação estranha de desmaio que não passou despercebida a ele.

 

- Bella se sente bem? – ele usava um tom de sorriso na voz.

 

- Sim. Só surpresa com a sua presença. – agora já pensava com mais clareza e consegui passar por Edward e me sentar na cadeira do computador. Edward estendeu a mão para trava da janela como quem iria abrí-la. Isso me deu um aperto no peito mesmo sem dever dar.

 

- Já vai?!! – perguntei com ansiedade demais.

 

- Sim, só vim vê-la e dizer que já chegamos. – Edward sorria da urgência em minha voz.

 

- Claro. – não sabia mais o que dizer.

 

- Alice pediu para convidá-la para tomar café conosco amanhã, ela não sabe se vai aceitar, mas espera que eu volte com uma resposta. Ela fica meio de mau humor quando não consegue pelo menos deduzir o que você irá responder, mas acho que já notou isso. – Edward estava num bom humor evidente.

 

- Diga a ela que eu vou e mande lembranças a todos.

 

- Claro. Então, até amanhã.

 

        Antes que eu pudesse responder Edward pulou pela janela. Meu pensamento voltou a se normalizar ainda meio atordoado com a presença de Edward, mas já coerente. Tentei me concentrar ao máximo no e-mail para Renné, mas acabou não ficando como eu imaginava. Desliguei o computador e me arrumei para dormir. Deitei na cama e fiquei encarando o teto pensando no breve encontro que me abalou mais do que devia. Estava claro que eu ainda amava Edward e eu teria de lidar com a situação que eu mais queria evitar mais brevemente do que gostaria.


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