Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 12
Capítulo 11 — Ameaças.


Notas iniciais do capítulo

E então entramos no meu doc favorito a/. Então gente, eu tive que ir dormir pra recuperar meu bom-humor costumeiro antes de vir postar ♥ Eu sinceramente espero que gostem desse capítulo, embora ele seja meio... triste e com um POV Riley. Quem é Belley, por favor, preparem os lencinhos pros próximos capítulos. E ah, eu terminei Alexithymia hoje a/ são 27 capítulos + Epílogo gigantesco. Estou indo para minha próxima fanfic Beward ♥ ♥ Enfim, não se esqueçam de comentar no final. Quero agradecer a todas que comentaram no outro capítulo, obrigada mesmo! E quem ainda não comentou, não se sintam intimidados! Também aceito recomendações uahuashusahus. Beijos, até as notas finais. Sexta-feira posto mais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/296081/chapter/12

Mamãe me abraçou continuamente por dez minutos até eu começar a ficar sem ar por meu rosto estar prensado contra seu ombro. Ela me afastou por uns segundos apenas para olhar em meus olhos e voltar a me abraçar, chorando baixinho contra a minha blusa. Eu queria dizer a ela que eu voltaria quando pudesse, mas minha garganta apertada não facilitava nada.

Eu sentiria falta dela também, muito mais do que sentia antes. Porque agora era tudo melhor do que eu imaginava e eu não conseguia mais me imaginar vivendo em um mundo onde eu me conformava em nunca mais ver meus pais. Tudo tinha melhorado agora. Não tinha como simplesmente deixar isso tudo para trás, por isso papai me fez prometer que eu ligaria todo dia para eles, sem faltar nenhum. Era o mínimo que eu podia fazer, então eu o disse que sim sem hesitar.

— Eu vou lembrá-la de fazer isso. — Riley prometeu.

— Eu quero falar com você também, tá! — Ela exclamou para ele, fazendo-o sorrir e assentir. — Promete que vai mesmo nos ligar todos os dias? Sem faltar nenhum? Promete que eu e seu pai podemos ir lá a qualquer momento?

Eu sorri e assenti.

— Claro, mãe, claro.

Ela beijou os dois lados de meu rosto e depois me deixou ir. Claro que não antes de me fazer prometer de novo que nunca mais faria o que fiz. Não tinha como agora e parte de mim se tornara impossibilitada de deixá-los para trás com tanta frieza quanto fiz antes. Lembrei-me novamente de que tudo estava melhor agora.

Assim que chegamos ao aeroporto, senti vontade de voltar para eles e abraçá-los só por uma última vez, mas eu tirei isso da minha mente com rapidez. Era infantil pensar assim. O voo estava em cima da hora e era impossível que eu voltasse somente para abraçá-los mais uma vez. Eu voltaria assim que pudesse — me prometi. Queria ter arriscado perder o voo naquele momento porque eu nunca voltei a vê-los. Sorrindo.

— Com licença — A aeromoça me fez tirar meus olhos do livro que eu estava lendo e voltá-los para cima. — Desejam alguma coisa?

— Não, obrigada. — Riley dispensou quando tudo que eu fiz foi negar de modo mínimo com o rosto e voltar a ler o livro que me parecia mais interessante do que comer algo. Sentia-me amuada, exausta e principalmente triste por estar deixando meus pais em Forks. De novo. — Pode me dizer o porquê de estar tão… deprimida? — Ele perguntou começando a acariciar meu joelho.

— Eu não estou deprimida. — Defendi-me. — É… só estou com saudade deles.

— Por que não me falou antes? — Ele indagou paciente. — Poderíamos passar mais uma semana, mais alguns dias…

— Não tinha me dado conta. — Suspirei. — Mas não importa — Sorri para ele, tentando soar empolgada. — Estou ansiosa para a tal terceira semana na casa de praia do Sr. Wilder…

Ele sorriu com malícia e, mais cansada do que eu percebi, deitei meu rosto perto do braço dele. Dormi com facilidade depois que ele colocou seu braço ao meu redor e deixou que eu encostasse meu rosto em seu peito enquanto ele acariciava a minhas costas por cima da camisa e do casaco. Seu cheiro e suas carícias foram meu sonífero e me ajudaram a dormir por todo aquele voo, distraindo-me da saudade esmagadora que eu estava de meus pais.

Eu não sabia como eu viveria se eu não tivesse feito aquela visita a eles. Com certeza seria normal, mas faltaria algo que eu adquiri quando estava lá. Talvez a percepção que eles me amavam, talvez a sensação de ser abraçada de verdade por minha mãe. Tudo que eu pensei que eles não eram capazes de dar. Eu estava em paz comigo mesma depois disso.

— Sua mãe é um doce. — Riley comentou entre um voo e outro. — Seu pai me dava medo, mas… — Ele pareceu procurar a palavra certa para dizer e eu ri de sua dificuldade. — Ele é gentil quando quer. — Finalizou por fim. — E ele foi gentil comigo no segundo dia em diante… — Ele sorriu tortamente.

Alice se jogou em meus braços assim que eu apareci no portão de desembarque e eu me perguntei como que ela sabia que eu chegava naquele dia. Eu não tive tempo para pensar nisso quando ela começou a tagarelar dizendo que eu passara muito tempo fora e que essas semanas sem mim foram exacerbadamente tediosas para ela. Jasper trabalhava e só podia vê-la de noite, então todos os dias ela ficara em casa. Olhando pro nada.

Ela perguntou o que eu tinha feito para estar brilhando tanto e eu mandei um olhar ameaçador para Riley caso ele ousasse falar algo que não devesse. Ele achava que eu estava grávida, mas nada me dizia isso, então eu o mandei parar de ter falsas esperanças porque se eu não estivesse ele quem teria de lidar com a decepção.

Afinal, pessoas não ficavam grávidas de um dia para outro. Na verdade foram duas semanas fazendo amor descontroladamente, mas mesmo assim… eu poderia não estar. Eu não tinha vomitado nem tido tonturas, nada do tipo. Ainda.

— Ai Bella! Você me falou, bobinha — Ela disse tocando meu nariz com os dedos quando eu a perguntei como ela sabia que eu chegava naquele dia. — Então eu estava passado por aqui por perto e eu realmente não queria almoçar sozinha de novo. Pensei “Bellinha!” e vim. Espero que não esteja incomodada com isso… é.

Eu sorri com a empolgação contagiante de Alice e neguei com o rosto.

— Não, não há nenhum problema.

— Contanto que só seja a irmã. — Riley resmungou ao meu lado.

Eu teria me esquecido de Edward por exatas duas semanas e um dia se Riley não tivesse feito aquele comentário. De qualquer jeito, o olhar curioso de Alice para ele me tirou de minhas divagações. Ela me olhou com os lábios pintados de vermelho formando um “O” e riu de um modo incrédulo e chocado. Franzi meu cenho e esperei que ela se recompusesse.

— Você falou pra ele? — Ela sibilou tão baixo que Riley não tinha chance alguma de escutar. Eu assenti. — POR QUÊ? — Seus olhos gritaram.

 — Não temos segredos — Sussurrei.

Ela queria mais explicações, mas eu não estava com paciência para explicar nada naquele momento, então disse para ela que depois eu responderia qualquer coisa que ela quisesse a respeito. Eu me arrependeria depois. Eu sabia, mas eu não estava com nenhuma vontade de conversar sobre Edward naquele momento. Minha cabeça estava doendo demais e eu estava indisposta.

Alice foi a quem mais falou durante o almoço e tudo que eu fazia era concordar e sorrir quando devia. Riley parecia não estar indisposto, pois sempre fazia piada quando podia, de bom humor e sorridente quando me olhava, tentando me animar. Tudo que eu queria era dormir até que minha cabeça parasse de doer e comer chocolate até estourar e o meu sangue se tornar marrom.

Talvez eu estivesse exagerando. Mas eu queria chocolate desesperadamente. Eu sabia o porquê estava tão necessitada… Eu passara todas às duas semanas imensas em Forks sem comer chocolate. Dava para acreditar? Não! Não mesmo. Eu normalmente comia chocolate três ou quatro vezes na semana, Riley sempre deixava uma caixa dentro da geladeira e quando acabava ele trazia outra nova. Bom, ele também era viciado em chocolate, então facilitava as coisas. Demais.

— Sim! Eu quero chocolate! — Eu disse quando ele perguntou se eu queria alguma sobremesa. — Um milk-shake enorme de chocolate com cauda de chocolate e tudo de chocolate.

Ele sorriu.

Alice era a diferente e queria de baunilha, então eu e Riley tomamos uma taça enorme de milk-shake de chocolate enquanto Alice comia aquela coisa sem graça e sem gosto. O chocolate melhorou meu humor em cem por cento e eu estava quase dando pulinhos ao sair do restaurante. Quase. Eu ainda tinha minha compostura inabalável, claro.

— Poderíamos ir para o shopping amanhã talvez? — Alice perguntou, olhando-me esperançosa.

— Ahn… não. — Fiz uma expressão triste só para confortá-la. — Eu vou para uma casa de praia com Riley e só vou voltar no final de semana. Talvez pudéssemos ir no domingo?

— Sim! — Ela exclamou feliz.

Depois de arrumar pacientemente as coisas que estavam limpas dentro do closet, eu e Riley fomos tomar banho e depois desmaiamos esparramados no sofá. Eu de um modo confortável quase em cima dele. Só sei que quando eu me acordei estava no quarto de noite e pelo suor em minha testa estava mais quente do que deveria, então, arfando, saí da cama.

Meu estômago se revirava de um modo que me fazia ter vontade de colocar até o fígado para fora se isso fizesse aquela agonia parar. Respirei fundo, e sufocada pelo ar quente do quarto, fui até o banheiro, respirando com dificuldade sentada na borda da banheira. Levantei-me e molhei minha mão na água gelada, colocando-a na testa logo em seguida.

Se eu tivesse de barriga cheia, tinha certeza que se tornaria vazia em alguns segundos. Depois de tomar banho — porque eu não aguentava só molhar minha testa —, fui de volta para o meu lugar ao lado de Riley que continuava adormecido. Eu sentia minha mente desperta e incapaz de dormir — quase choraminguei por isso.  Peguei o livro que eu vinha lendo no avião e tentei distrair minha mente naquilo.

Eu fiquei parada no primeiro parágrafo, minha mente voando em várias direções opostas enquanto eu tentava voltá-la para o maldito parágrafo. Não me esforcei muito, era bom pensar sobre meus pais e os sorrisos enormes que tinham no rosto deles. Queria poder ver aqueles sorrisos todo dia, só para suprir a necessidade de todos esses anos.

E depois eu comecei a divagar sobre o bebê que Riley queria. Eu tinha medo de não ser a mãe ideal, de errar em alguma, de mimá-lo muito e acabar o estragando. Tinha medo de tantas coisas que tudo vinha a minha mente tão rápido quanto um assalto. E se eu fosse desengonçada com o pobrezinho? Se ele não gostasse de mim? Nenhum desses medos era maior do que de eu perdê-lo por fraqueza minha.

Riley se mexeu ao meu lado, virando-se para o outro lado e depois se virou de volta para o meu lado, passando a mão por onde eu deveria estar deitada. Sua mão esbarrou em minha perna e ele abriu os olhos lentamente, com preguiça e se apoiou em seu cotovelo, olhando-me com os olhos apertados, tentando me enxergar já que eu estava contra a luz.

— Bom dia. — Ele murmurou sarcástico. — Volta pra cama, Bella, vem dormir.

Eu ri.

— Pelas minhas contas…

— Nada de contas — Ele me interrompeu e puxou minha mão. — Apenas o sono que você me roubou todos os dias em que estivemos em Forks.

— Eu? — Ergui minhas sobrancelhas sem acreditar. — Eu? — Repeti e ri, balançando meu rosto em incredulidade. — Você que roubou todo o meu sono. — Murmurei e coloquei o livro em cima do tapete, deitando-me ao seu lado.

Ele sorriu, satisfeito e não discutiu com a minha afirmação, apenas colocou seu braço ao redor de minha cintura e me puxou para mais perto. Ele estava sem camisa e eu já podia sentir o calor que fazia interiormente molhar as minhas costas e começar a fazer gotas de suor se formar em minha testa. Eu estava começando a me sentir enjoada de novo quando Riley se levantou e ficou sentado, procurando algo no chão.

— Você sabe onde eu deixei o controle desse maldito ar-condicionado? — Ele perguntou impaciente. — Por que está fazendo tanto calor?

— Deve ser porque, teoricamente…

Ele riu e abanou a mão na minha direção, interrompendo-me da minha explicação conceituada em geografia. Ele odiava geografia e eu, sabendo desse fato, sempre que ele fazia alguma pergunta que puxava algum assunto da mesma, dava explicações perfeitamente geográficas. Eu sorri tortamente e me levantei da cama, indo até a janela que era onde o controle do ar-condicionado ficava num pequeno espaço.

Quantas vezes o coitado já caiu…

— É sério que você ainda está com sono? — Perguntei assim que abaixei a temperatura.

Olhei para o ar-condicionado com a cara feia, culpando-o por não ser tão eficiente por gelar o quarto rapidamente. Tirei minha blusa e Riley me olhou com os olhos maliciosos e confusos ao mesmo tempo porque quem dormia praticamente seminu era ele e não eu. Eu era a favor de roupas confortáveis e compostas na hora de dormir e eu simplesmente não conseguia me sentir confortável sem nada. Somente às vezes que… Eu era a favor da nudez dele na hora de dormir…

Eram duas horas da manhã e eu estava completamente sem sono. Riley estava entre o meio-termo, mas isso era o de menos já que o sono dele passava quando eu falava sobre “Filmes sangrentos”. Ele sempre estava disposto para assistir filmes e enquanto eu murmurava isso pra ele, um sorriso malicioso e infantil nasceu em seu rosto enquanto ele pegava um tomate dentro da geladeira.

— E sexo. — Ele acrescentou presunçoso.

— E sexo. — Dei uma tapa em minha testa — Claro. — Revirei meus olhos. — Como pude me esquecer disso? — Indaguei retoricamente.

Ele apoiou as duas mãos nos dois lados da minha cintura e beijou meu pescoço demorada e generosamente, fungando logo em seguida. Eu ri, encolhendo-me com cócegas enquanto com a mão que estava limpa o afastava de mim. Riley era notavelmente mais forte que eu; então não adiantou. Fiquei rindo enquanto ele fungava em meu pescoço, várias e várias vezes, enquanto eu me encolhia toda hora, arrepiada.

— Meu estômago está rugindo. — Ele reclamou e deixou um último beijo em meu pescoço.

Depois de Riley me forçar a fazer mais uma vez o creme de galinha que eu já estava enjoada de tanto comer, fomos para sala assistir um dos vários filmes que tinha dentro da pequena estante cor de tabaco com acabamento em branco. Claro que como eu não gostava muito desses filmes — eu preferia comédia ou romance — eu só fiquei lá, distraída ao deslizar meus dedos por seu braço, tocando os poucos pelos que ele tinha.

E depois quando minhas costas começaram a doer, encostei-me a ele. Depois de alguns minutos e deitei minha cabeça em seu colo e o sono que eu não sentia, fez meus olhos pesarem e depois que ele começou a acariciar — bagunçar — meu cabelo, não consegui mantê-los abertos. E de novo ao me acordar, vi que estava na cama em vez de no sofá.

Riley era um anjo por não me fazer arrumar as malas, no entanto eu não confiava tanto nele a ponto de me deixar ir às cegas para a casa de praia. Afinal, ele era péssimo para escolher roupas. As minhas, pelo menos. Tive — como previ — de acrescentar  algumas blusas e shorts a mais porque nunca se sabe o que vai acontecer. A mala dele estava mil vezes melhor que a minha, é óbvio. Ele sabe o que gosta de vestir e acha que sabe o que gosta de me ver vestir.

— Coloque protetor solar fator 100! — Alice me precaveu assim que eu abri a porta do apartamento pra ela. — Você é branca demais.

Ela sorriu docemente.

— Por que você já não voltou? — Ela choramingou. — Estou tão entediada.

— Você tem o Edward e o Jasper, seja lá como for o nome do seu amante de administração. — Ela riu e negou com o rosto.

— Edward viajou para Inglaterra. — Ela murmurou, cruzando os braços. — Eu não sei pra quê foi, nem quero saber. Ele está estranho esses dias. Pensativo demais, nervoso demais. É melhor que vá mesmo para Inglaterra relaxar um pouco.

Dei de ombros em sinal de indiferença.

— Por que você não mora em um apartamento somente seu, Alice? — Eu perguntei mais curiosa do que deveria. — Mais privacidade. Sei lá…

— Desde que meus pais se foram, Edward é a única família que eu tenho. Não consigo deixá-lo sozinho porque — Ela fez uma pausa para respirar fundo, olhando para o chão. — ele sofre com tudo isso. Eu vejo mesmo que ele esconda. Eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz e eu sei que ele faria qualquer coisa por mim. Qualquer coisa.

— Tenho certeza que sim. — Sorri para ela e esfreguei seu ombro levemente, confortando-a apesar de não haver nenhum sinal de lágrimas em seus olhos. — Alice, eu… tenho que terminar de me arrumar. Prometo que assim que eu chegar, nós vamos para o shopping.

Ela sorriu e me abraçou. Surpreendi-me por ela ser mais baixinha do que eu, chegando a ser quase do tamanho de uma criança. Seus cabelos longos e ondulados contradiziam isso assim como seus olhos que tinham um brilho quase pervertido de felicidade. Ela me olhou com a expressão acessa e alargou o sorriso, colocando uma mecha do cabelo cheio atrás da orelha.

— Não precisa me prometer nada, Bells. Relaxe.

Riley dirigia como um lunático quando as ruas estavam vazias — eu já sabia disso, mas hoje tinha algo de diferente. Eu estava tão agoniada que não aguentava olhar para a rua que passava como um borrão cinza e verde, e por isso peguei um livro e tentei prender minha atenção nele só por alguns segundos. Eu implorei para minha mente ser convalescente comigo.

— Riley vai com calma. — Eu pedi quando ele desviou bruscamente de um cachorro inconveniente que estava na pista. — Nós não estamos atrasados para nada. Aliás… o que houve? Você está estranho desde que saímos de casa.

— Não — Ele sorriu amarelo na minha direção. —, é impressão sua.

Suspirei e assenti, voltando meus olhos para o livro. Passei a viagem toda de duas horas com o rosto enfiado dentro do livro porque Riley não estava muito falante. Notei duas vezes suas sobrancelhas juntas enquanto seus lábios estavam prensados, sinal que estava preocupado com alguma coisa e não queria me falar. Eu sabia que ele só falaria quando quisesse, mas falaria. Ele sempre falava.

Ele me ajudou com a minha mala quando entrei no quarto e só. Riley me deixou no quarto e foi para cozinha e apesar de querer sugerir que fossemos para a praia, tomar um pouco de sol, eu não queria o incomodar. Queria, acima de tudo, perguntar qual era o problema porque aquele silêncio estava me matando.

Peguei meu livro e sentei-me na cama com um longo suspiro, começando a lê-lo. Tive de me levantar de novo para abrir a janela já que o quarto estava abafado, então a brisa marinha me atingiu com a mesma força de um soco. Meu estômago embrulhou e a bile subiu a minha garganta, fazendo-me arfar e colocar a mão na boca, correndo para o banheiro que tinha dentro do quarto.

Eu vomitei até que meu estômago estivesse vazio e eu estivesse zonza, sentada no chão do banheiro e tentando recuperar meu fôlego. Fazia alguns anos que eu não vomitava e sinceramente preferia ter passado o resto da minha vida sem o fazer. Coloquei minha mão morna na minha cabeça e suspirei ao notar que, além de doer, ela estava quente demais para ser normal.

Tomei banho depois de escovar meus dentes várias vezes e vesti uma blusa solta e que não me prendesse muito. Fechei a janela do quarto assim que saí do banheiro e optei por ligar o ar-condicionado que não tinha cheiro algum para enjoar. Eu evitava pensar na palavra com G de gravidez. Poderia ter sido somente um enjoo normal já que eu passara mais de duas horas dentro de um carro.

Encolhi-me na cama, debaixo dos lençóis e fechei meus olhos, mesmo sabendo que eu não iria dormir tão rapidamente.

POV RILEY.

Os cabelos de Bella pareciam um ninho de passarinho quando eu entrei no quarto e eu sabia que ela tinha tomado banho para depois se deitar com o cabelo molhado. Ela estava encolhida debaixo das cobertas, abraçada com o travesseiro que deveria estar na cabeceira da cama e seu rosto estava franzido como se estivesse confusa.

Eu estava preocupado demais para notar o excesso de aromatizante que tinha o banheiro, por isso fui prático ao tomar banho, sem me importar se eu estava molhando meu cabelo ou não. Estava amaldiçoando os setes infernos pela ligação que eu recebera um pouco antes de sair de casa. Tudo que eu queria era fugir com a minha mãe e com Bella para outro lugar onde não houvesse ameaças.

Ou matar o desgraçado que estava me ameaçando — o que me era uma opção mais prática e viável. Era tão mais simples matar uma pessoa do que deixar Bella como era a vontade do infeliz. Eu ainda estava pensando em alguma coisa que eu tenha feito contra alguém ou até mesmo Bella para que quisessem acabar com a nossa vida, mas nada me vinha à mente. Não tinha nada que tenhamos feito de tão mal para merecer isso. Nada.

— Riley Biers? — A pessoa perguntara, firme.

— Sim, é ele.

— Bom, Riley, eu tenho uns assuntos para tratar com você…

— Quem é que está falando primeiramente? — Perguntei começando a ficar impaciente. O tom era imperativo demais, grosseiro demais. — Se você tem algum assunto para falar comigo, então é porque nos conhecemos. Então quem é você?

A pessoa do outro lado da linha riu, sarcástica.

— Olha só, garoto… — Ele fez uma pausa e eu pude escutar ele respirando fundo do outro lado da linha — Você está sendo insolente demais para o seu próprio bem. Quem dá as ordens aqui sou eu e você só faz escutar e assentir, está escutando, não é? Então, bom… você tem que sumir da vida de Isabella Swan antes que algo de mal aconteça com alguém da sua família.

— Você acha que eu vou acreditar nisso? Olha só, cara, eu tenho mais o que fazer e receber trotes de algum maluco que pegou o número do meu celular avulso…

— Você é Riley Biers, filho de Sue Biers com Inácio que agora está na Alemanha. Seus pais nunca chegaram a se separar no papel, mas seu pai não suporta olhar na cara de sua mãe. Você é filho único, tem 24 anos e noivou com Isabella na faculdade. Isabella tem 23 anos e vai continuar com 23 pra sempre se não fizer o que eu estou mandando! — Exclamou ele em um acesso de fúria.

Tudo que eu pensei naquele momento foi em o que fazer para fugir sem deixar rastros e nunca voltar. Com Bella e com minha mãe já que meu pai sabia se cuidar o bastante e provavelmente recusaria a minha ajuda se precisasse.

— Você vai sair da vida de Isabella essa noite. — Ele disse, agora calmo. — Se a disser uma palavra sobre ameaça ou qualquer outra coisa, eu vou matá-la na sua frente, está me entendendo, não está?

E depois disso a pessoa desligou.

Dessa vez, eu tinha o pressentimento e a certeza que isso não era um simples trote. Tinha medo, eu admitia, mas não por mim e sim por minha mãe e por Bella. E claro, por meu pai também. Eu não suportava a ideia de ficar sem Bella, sem vê-la bem, sem protegê-la de tudo que viesse atacá-la, mas agora tinha uma quase mais importante que ela: A vida dela.

Durante a viagem de carro eu estava me sentindo tenso demais para fingir que estava tudo bem e minha mente fantasiava que se nós fôssemos para longe da empresa, tudo ficaria bem. Não que a empresa fosse o problema. Não era. Era só que… quase todos os problemas que eu imaginava provinham dela, então quanto mais longe eu ficasse, melhor nós ficaríamos.

Não era tão simples quanto parecia. Eu ignorei cinco ligações de “Desconhecido” e depois mais uma quando eu tinha saído do banheiro. O toque do celular acordou Bella e com os cabelos revoltos e olhos cerrados, ela tentou achar de onde que vinha o som. Quando não conseguiu, ela desistiu e voltou os olhos para eu que continuava parado estatelado na porta do banheiro.

— Apaga a luz, Riley. — Ela resmungou e virou-se para o outro lado.

Desliguei meu celular antes de me deitar ao lado dela que tinha se encolhido mais ainda e soltado o travesseiro, colocando-o onde deveria estar. Ela baixou os olhos quando eu a olhei e eu pude perceber o movimento discreto que ela fez para se empurrar mais pra trás, para longe de mim. Puxei-a para junto de mim com uma mão e ela suspirou, os olhos ainda fugindo dos meus.

— Qual é o problema? — Perguntei a ela. Bella sorriu sarcasticamente.

— Você. — Ela murmurou e sua voz estava rouca por causa do sono. — Só me diga o que eu fiz de errado antes de sair de casa… porque eu não sei de mais nada para você estar tão… indiferente. Eu… — Ela balançou o rosto e mordeu o lábio inferior. — Sinto muito se eu tiver feito algo que…

— Bella, pelo amor de Deus! — Exclamei, exasperado. — Você não fez nada de errado, nada.

— Então por que você está assim?

— Não é por causa de você. — Sussurrei.

Ela suspirou e revirou os olhos. Quase podia escutá-la resmungando “Grande resposta!” em sua mente, no entanto não a dei tempo de pensar em nada ao colocar minha mão em sua bochecha e trazer seu rosto delicadamente para o meu. Ela não se afastou, nem muito menos agiu como se estranhasse a minha reação, apenas colocou a pequena mão em meu ombro e a deslizou por minha nuca até chegar a meus cabelos úmidos por causa do recente banho. 

Ela sorriu brevemente em meus lábios e beijou-me tão inocente e calma que eu me perguntei, em um leve momento de descontração, se aquela nos meus braços era mesmo Isabella Swan. E se não fosse, eu estava ferrado quando voltasse para casa. Porém o gosto dos lábios dela era inconfundível e suas mãos perdidas por meu cabelo também eram. O sorriso leve também. Ela encostou seu nariz em meu peito e suspirou.

— Estou com sono. — Bella disse, ou melhor, resmungou.

— Durma então.

Pude a sentir sorrindo e eu beijei a testa dela antes de ajeitar o lençol que tinha ao nosso redor.

— Eu já disse que amo você hoje? — Perguntei a ela.

— Não. — Sussurrou.

— Bom… — Enrolei uma mecha de seu cabelo em meu dedo e mesmo que ela não pudesse ver, sorri. — Eu amo você. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por que estão fazendo isso com o Riley? Quem está fazendo? Por que ele tem que ficar longe da Bella? Tantas perguntas e a resposta só vem capítulos depois, bem longe. Eu espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar, sim? ♥ Boa tarde, beijoss!