Storybrooke State Of Mind escrita por V01D


Capítulo 1
Prelúdios de uma grande tempestade


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira long em Once! Quem tá feliz dá o/!! o/
Eu sei, eu não deveria estar postando mais essa antes de terminar Coccoa. Eu também sei que deveria ter mandado para a fantástica Wich betar. Eu só não consegui me segurar. Eu espero que gostem, e vou dar meu máximo para essa long ser, no mínimo, um tanto quanto surpreendente.
Divirtam-se!



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Duas semanas, 3 dias, sete horas e quarenta e dois minutos. Aproximadamente, era esse o tempo que Henry saíra da mansão e fora embora com David. Duas semanas, 4 dias, treze horas e 27 minutos era o tempo que Emma e Mary Margaret estavam desaparecidas. O tempo que Regina estava praticamente sozinha naquela casa que agora, de tão vazia, quase parecia assombrada. O tempo que Henry mal olhava para Regina, e o tempo em que a prefeita, que uma vez tanto adorara a casa, começara a odiar estar na mesma. Agora aquela mansão era fria, sem vida, como uma prisão. E se Regina parasse para pensar, era exatamente como uma prisão para ela. O teto alto, as paredes claras demais pareciam sufocá-la. Ela não aguentaria muito mais tempo daquilo.

No início, ela se resignara. Era muita coisa para processar ao mesmo tempo. Sua magia de volta, Emma e Mary Margaret em outro mundo, o mundo que ela supostamente amaldiçoara por completo. No fim, a maldição havia feito mais do que apenas separar cada um de seu verdadeiro amor e trazê-los para esse mundo. Regina não mentiu quando disse que não sabia o que poderia acontecer com as duas. E a antiga rainha sentia medo de não poder trazê-las de volta. Ela queria, ela precisava. Precisava mostrar a Henry que ele podia confiar nela, precisava que ele voltasse a amá-la. Acima de tudo, precisava mostrar a si mesma que ainda era dona de si o bastante para controlar sua própria magia.

Ela perdera as contas do tempo que passara embaixo de sua árvore, fosse sentada, apenas observando-a, as maçãs que haviam recuperado seu vermelho vivo, tão ou até mesmo mais vivo do que sangue. Se a época fosse outra, Regina apenas sorriria satisfeita, cuidaria da árvore, e se acalmaria. O símbolo de seu poder estava vivo, forte, intacto, resplandecente como sempre fora e sempre deveria ser. Se fosse em outra época. Porque Regina sempre fora prudente, um pouco temperamental, teatral até, sim, mas prudente, sempre. E ela sabia, só de olhar para sua árvore, ou mesmo ao fechar os olhos e sentir toda sua magia correndo por suas veias que era poder demais até para ela.

Com a magia de volta a Storybrooke, sua magia funcionaria ali tão perfeitamente quanto no outro mundo, quase. Isso se ela não tivesse passado 28 anos praticando quase tanta mágica quanto uma almofada. Qualquer mágica que ela tivesse feito não chegava nem perto do poder que ela teria que exercer para abrir um portal, ou mesmo uma linha de comunicação com as duas mulheres perdidas.

Na segunda semana, Regina já havia lido praticamente todos os livros que tinha em sua biblioteca que pudessem dar-lhe qualquer ideia sobre o que fazer. Recorrera até mesmo ao seu cofre, sob o mausoléu de seu pai. E nada. Dormir não era um experiência prazerosa também. Não sabia explicar se pelo medo ou por algum outro motivo, mas há pelo menos doze dias, todas as noites seu sonho era exatamente o mesmo.

Ela estava em um lugar claro, uma campina cercada de algumas árvores. A grama ali era dourada, mas ela não tinha tempo de dizer se estava seca ou era apenas reflexo do sol, porque ela corria. Sentia a respiração acelerada, ouvia o martelar do próprio coração, sentia a força de cada passo percorrer seu corpo, e continuava correndo, sabendo que algo queria chegar até ela, estava atrás dela, e que não podia parar. Se ela ao menos chegasse na árvore no alto da campina... Mas ela nunca chegava. Toda vez que se aproximava, Regina acordara, suando frio, tremendo, com a boca seca, o coração disparado e a respiração completamente irregular. E não era como se ela quisesse exatamente voltar a dormir depois disso. Ela já tinha coisas demais a pensar, sem ter que se ocupar com um pesadelo um tanto insistente. Então, mais um livro, mais uma xícara de café, mais uma página virada, e nenhum progresso quanto a trazê-las de volta, por enquanto.

oOo

4 horas e 57 minutos. Foi esse o tempo que David teve com sua esposa e sua filha depois de 28 anos separados. Sendo que, dessas quase cinco horas, pelo menos quatro e meia havia se resumido a ele e Snow correndo atrás de Emma que parecia disposta a enfrentar o inferno ou o demônio que fosse para salvar a vida de Regina. E estava mesmo, como ele percebeu, quase orgulhoso, quando sua filha não teve medo nenhum de se dispor a enfrentar o sugador de almas. Ele só estaria mais orgulhoso se a pessoa que sua filha estivesse defendendo tão ferrenhamente fosse outra, que não a Rainha Má que havia começado aquele inferno todo afinal. Ele preferia pensar que Emma estava fazendo aquilo por Henry. Ele também seria capaz de enfrentar o inferno ou o demônio que fosse por Emma. Por Snow também, claro. E demorou pelo menos três dias antes que alguém conseguisse começar a tirar o sorrisinho orgulhoso de seu rosto depois que ele soube que sua filhinha tinha matado um dragão. Um dragão enorme que cuspia fogo e tudo. Exatamente como o papai. Talvez por isso mesmo ele nem se importou tanto assim de estar sem sua espada, porque ele sabia que estava em boas mãos. O que o orgulho de um pai não faz, não é? Pais normais emprestavam o carro, ele podia emprestar uma espada então. E mal podia esperar para ter Emma de volta, e ensiná-la tudo que sabia.

Mas é claro que alguém tinha que vir e lembrá-lo de que, temporariamente, eles não tinham a menor ideia de como trazê-las de volta, então é, ele podia começar ensinando Henry, e se dividir entre cuidar do garoto, da cidade, e achar um meio de trazê-las de volta. E que fosse rápido, por favor. Ele não achava que podia passar muito mais tempo sem as duas.

oOo

Emma havia perdido a noção de tempo já. Ouvira vagamente uma conversa entre Mulan e sua... Mãe, por mais estranho que isso soasse ainda, e elas disseram alguma coisa sobre estarem naquele mundo caminhando há pelo menos cinco dias. Desde então, Emma vinha tendo o mesmo pesadelo toda noite. Ela corria por algum lugar claro, e ela sabia que pertencia a esse mundo. Alguma coisa a perseguia, e ela tinha que chegar à uma campina, mas nunca conseguia, sempre acordando antes. Tudo que ela queria era voltar pra casa, para Henry, e pro pouco de normalidade que ainda havia em sua vida, que acabara totalmente nesse mundo.

Finalmente, elas chegaram ao palácio de Snow e James. Emma não podia acreditar em seus próprios olhos. O lugar era... Emma não tinha palavras para descrever. Enorme, magnífico, belo, aterrorizante.

A arquitetura era a mais bela que já havia visto em toda a sua vida, e a forma como cada coluna, vitral, piso, teto, tudo era detalhadamente esculpido, feito, pintado, a lembrava das aulas de história da arte que teve no colégio. Esse estilo tinha um nome não tinha? Art Nouveau, ou coisa assim. De uma coisa ela estava certa: O palácio inteiro era tão belo que poderia ter sido feito por elfos, se elfos fossem realmente iguais aos dos filmes do Senhor Dos Anéis.

Emma nunca fora claustrofóbica. Tirando é claro o fato de que ela não suportava ficar presa à algum lugar, a alguém, mas não tinha problemas com lugares fechados. Mas aquele palácio, tão imponente, tão enorme... As maciças paredes pareciam sufocá-la, e ela não pôde deixar de segurar mais firmemente o cabo da espada que até onde ela sabia, pertencia a seu pai.

Mulan e Aurora haviam deixado-nas logo que entraram no castelo, indo à frente, procurando por qualquer ameaça. Emma não conseguiu evitar a sensação de que caso elas realmente encontrassem algum perigo, Mulan lutaria e o máximo que Aurora faria seria gritar até que Emma e Snow as encontrassem, ou que os atacantes não aguentassem os gritos e saíssem correndo, o que viesse primeiro. Emma não tinha nada contra isso. Ela mesma se sentira assim nos três primeiros dias nesse mundo, até que o acampamento que elas montaram durante a noite foi atacado e enquanto Snow protegia Aurora ela e Mulan cuidaram de todo o resto. Goblins, se ela não se enganava, e descobrira que era surpreendentemente boa com a espada. Tão boa quanto, ou até melhor do que com o revólver. Impressionante como atravessar alguns corpos e pescoços com uma espada pode aumentar a auto-estima de uma mulher.

Mas agora que estava sozinha com Snow a sensação de desconforto só aumentara. Porque a mulher que até semanas atrás fora sua melhor amiga agora andava lentamente, como se toda a energia que vinha demonstrando tivesse sido sugada dela, como a vida fora sugada daquele lugar. O sorriso sempre presente dera lugar à uma saudade, uma tristeza antiga que não deveriam estar naquele rosto. Parecia errado. Há muito as lágrimas escorriam silenciosas pelo rosto claro de Snow, enquanto as memórias do que um dia fora seu palácio voltavam cada vez mais fortes , a cada salão ou comodo por onde passavam.

Ela não podia evitar de deixar os dedos correrem as superfícies empoeiradas do que um dia fora sua casa. Ela crescera naquele lugar, e agora ele não era mais do que um fantasma, sua magia, o esplendor de outrora apagados antes do tempo devido. Doía vê-lo destruído assim. Memórias vívidas da luz dourada do sol cortando os vitrais e iluminando os salões, do calor aconchegante do fogo, dos salões cheios nos dias de festa, da alegria, dos risos sempre presentes ali, da magia natural, antiga que aquele lugar carregava cruzavam a mente de Snow. E agora nada mais daquilo existia, as ruínas do que um dia fora um dos mais belos palácios daquela terra servindo apenas quase que como um lembrete sombrio da maldição, do tempo que se passara. De tudo que havia se perdido.

Quando Snow finalmente controlou as lágrimas, elas acabaram por se reencontrar com Mulan e Aurora, que garantiram que o castelo era seguro, e se dirigiram ao quarto de Emma. Se tudo corresse como Snow esperava, talvez o guarda roupas ainda pudesse levá-las de volta.
Tanto Emma quanto Snow hesitaram antes de abrir a porta. Finalmente, Aurora tomou a dianteira, e segurando uma mão de Snow, empurrou a pesada porta de madeira com a outra. A respiração de Emma ficou presa em sua garganta, e só de olhar para a mãe, soube que a dela também. Emma nunca teve nada. Era explicável, aceitável até que seus olhos se recusassem a acreditar que tudo aquilo havia sido feito para ela apenas. A loira deu o primeiro passo para dentro do quarto, os olhos viajando velozmente de um lado para o outro. A cor das paredes era suave, haviam inúmeros brinquedos, bichos de pelúcia espalhados. Aquele parecia ser o único lugar do castelo que ainda guardava um pouco de calor. A xerife não conseguiu evitar o passo que deu para mais perto do que aparentemente deveria ser seu berço. Os olhos da loira se encheram de lágrimas. O resto do castelo era triste de ver, porque instintivamente ela sabia que ele já fora vivo, lindo, mágico até, mas não significava nada para ela. Era como ver na TV um desastre que acontece do outro lado do mundo, você se chateia mas não significa nada para você. Aquele quarto significava que alguém pensara nela, que alguém se importava, que a amara verdadeiramente. E isso era mais do que ela jamais teve.
Alguns passos atrás, Aurora apertou a mão de Snow com mais força por um momento, antes de indicar Emma e soltá-la. Com uma respiração mais profunda, a morena finalmente se aproximou da filha, parando ao seu lado, e colocando a mão por cima da dela na borda empoeirada do berço.

-Você tinha um móbile com unicórnios de cristais bem aqui.-Snow comentou indicando o suporte agora vazio.-Quando o sol batia neles, eles brilhavam nas cores do arco-íris. Ele deve ter quebrado com a maldição.

-Não.-Emma negou, depois de parar para pensar. A descrição lhe soava familiar, e ela já havia visto esse móbile em algum lugar, disso ela tinha certeza. Então ela se lembrou. - Henry!

-Perdão?-Snow perguntou confusa.
-Eu vi esse móbile no quarto do Henry. Você sabe, numa das vezes em que ele desapareceu e eu fui procurá-lo...-Emma explicou, apressada, observando o olhar confuso que se formava no rosto de Snow. Até que elas ouviram uma exclamação de surpresa, vinda de Mulan, que entrara no que parecia ser uma espécie de closet.

-Emma...-A guerreira asiática chamou- Por favor, não me diga que esse era o portal que vocês pretendiam usar.

O coração da loira pareceu apertar-se com a visão. Não, ela não se lembrara do guarda-roupas, mas lembrava das imagens do livro de Henry e... Aquele guarda-roupas não tinha mais nada a ver com o seu. Estava completamente em pedaços. Exatamente como a melhor chance que tinham no momento de voltar para casa no momento.

-Eu... Eu sinto muito.-Aurora disse quando Emma se afastou, parecendo quase que enjoada. Por pelo menos cinco minutos inteiros, elas ficaram no mais completo silêncio. Emma sabia que Mulan a observava minuciosamente, procurando qualquer sinal que indicasse que era necessária ao lado da loira. Elas haviam construído uma amizade sólida nessas quase três semanas em que se conheciam, afinal. Finalmente, quando os olhos verdes da loira pareceram perdidos demais, a guerreira cortou o silêncio.

-Nós deveríamos ir andando.-Sugeriu.

-Não.-Emma negou prontamente- Vocês mesmas foram ver se o castelo era seguro ou não. Eu sugiro que nós montemos uma barreira por aqui, e passemos a noite aqui mesmo. Se fecharmos tudo bem, nem vamos precisar fazer turnos de vigília.

oOo

Em pouco tempo, Snow e Aurora cuidaram da comida, enquanto Mulan e Emma checavam mais uma vez o castelo, e fechavam muito bem qualquer acesso aos quartos, embora a loira soubesse que o castelo não seria atacado. Aquele era naturalmente um daqueles lugares que impunha respeito, daqueles que ninguém ousa atacar, simplesmente pelo que ele representa. E ele representava muito.

Emma não pode negar que deitar-se para dormir em seu próprio quarto, exatos 29 anos depois de ter saído dali era estranho, para não dizer irônico. Mas agora nada disso importava. Emma estava correndo novamente. Mas dessa vez, havia algo diferente. O que quer que fosse que a perseguisse estava mais perto agora, assim como ela estava da campina. Alguns galhos da grande árvore no alto da campina haviam caído, fechando a entrada para a clareira que Emma sabia que existia lá em cima. Ela podia sentir aquela presença quase a tocando, se ela pudesse correr só mais alguns passos... Três passos e saltou, e foi como se atravessasse uma barreira. Seu pé havia batida em um dos galhos, e ela aterrissou dolorosamente de lado no chão, rolando, mas ainda assim, havia algo de bom naquele lugar. O ar parecia mais fácil de respirar, e, após um segundo ou dois, enquanto se levantava, Emma notou o leve formigamento em sua nuca, que descobrira sentir toda vez que havia magia por perto. Não foi difícil deduzir que realmente atravessara uma barreira mágica então, não só pela força do formigamento, mas também por não sentir mais nada ou ninguém atrás dela. Ainda se levantando, olhou ao redor, e congelou.

Alguma coisa viva acabara de se mexer em cima da maior árvore.

-Mas o que diabos você está fazendo aqui?- Veio o sibilar nervoso de cima da árvore, e Emma apenas caiu sentada outra vez.


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Notas finais do capítulo

Não é roubo se você reconhecer:
-Once Upon A Time Não me pertence.
-O castelo foi baseado sim em Valfenda, do Senhor dos Anéis, só porque eu sou nerd e tenho uma queda por aquele lugar, e tudo mais que os elfos façam. Eu ainda vou conseguir um arco, uma espada e uma armadura élfica.
-Mágica será explorada
-O título foi baseado na música 'New York State Of Mind', que vale muito a pena ouvir na voz de Lea Michele. Nada a ver com a história, porém.
-Rewiews podem mudar uma vida. Ou uma história. Então, se vocês gostaram, deixem-me saber para continuar postando, e se não gostaram me avisem também!
Bjoos