Noah foi comigo até a casa dos Berry. Cassandra deu deixou Frannie dopada, para que ela não tentasse nada. Ela entregou a Mossberg para ele, mas Noah disse que iria enfrentar, quem quer que fosse, só com a força dos braços dele.

Rachel olhou para Noah e ele apenas disse:

“Berry, nada de se meter na frente da Q. acho que ela não vai aguentar outra intervenção heroica sua.” Falou rindo. Só que aquele pequeno momento acabou quando Leroy apareceu na porta.

“Rachel Barbra Berry eu não acredito que você vai me desobedecer!”

“Quinn precisa de mim pai!”

“Não ela não precisa.. isso é problema dela!!!”

“Não! Qualquer problema dela é problema meu também pai! Não é assim que você fala para o papai?” Leroy abriu a boca para protestar mas acabou não falando nada. Cruzou os braços sobre o peito e disse:

“Você!” apontou pra mim. “é a última chance que eu estou te dando Fabray. Que Rachel volte inteira ou é melhor você nem aparecer por aqui.”

“Sim, Sr. Berry. Vamos Rach.”

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O bosque estava escuro e Noah seguia na frente, já transformado. Eu conseguia sentir a tensão dele. Ele estava com raiva e magoado. Jake fez com que ele parecesse fraco para os outros e isso ele não iria admitir.

Rachel seguia atrás de mim, segurando minha mão com força. De repente Noah estacou e vi o que ele tanto farejava. Sangue. Uma poça enorme. E a partir daquela poça havia uma trilha.

Seguimos a trilha de sangue até a beira de uma grande vala que tinha no caminho. A trilha acabava ali. Noah olhou para baixo e viu Russel e Jacob em forma de lobos. Eles estavam deitados, mas não pareciam estar dormindo. Era como se estivessem acumulando energia. Noah uivou alto, chamando a atenção dos dois. O lobo menor, Jacob olhou para o alto e rosnou. Deu um salto e parou bem a nossa frente. Noah logo saltou para cima dele, mordendo e batendo com as patas. Russel olhou fixamente pra mim e voltou a forma humana, colocando uma capa suja sobre o corpo, e saindo da vala.

“Achei que teria que esperar mais Lucy.”

“Não mesmo Russel.”

Ele riu debochadamente. Olhou para Rachel com nojo e disse:

“Trouxe essa coisinha com você? Essa vala com certeza é o túmulo perfeito pra ela.”

Eu avancei para cima dele e comecei a socar Russel na barriga, enquanto ele tentava me empurrar para me derrubar. Russel era tão forte na forma humana quanto na forma lupina. Ele dava socos nas minhas costas tentando me derrubar. Ouvi um barulho e um vulto negro avançou contra Russel. Rachel saltou sobre mim e empurrou Russel longe.

Ele se levantou, com o rosto cheio de folhas secas e sangue.

“Covarde...veio me atacar como loba Srta. Berry? Quanta covardia! Onde está a sua honra? Porque não me enfrenta de igual pra igual?” Ele cuspiu no chão e Rachel rosnou. Virei para ela e falei:

“Não Rachel, por favor, ajude Noah e deixa que com Russel eu me resolvo.” Ela ganiu pra mim, mas foi. Jake, mais uma vez estava batendo em Noah.

“Você é uma tola Lucy... uma hora essa coisinha vai perceber que a vida dela vai ser melhor sem você. Provavelmente ela puxou à mãe, a Corcoran... uma deslumbrada estúpida que vendeu o corpo para aqueles dois... homens..se é que se pode chamá-los assim. Ela vai querer o mundo, ser uma estrela... eu sei que vai.. e você? Vai ser o cabide de bolsas dessa garota? Vai continuar fazendo o trabalho sujo de um caçador? Vai viver do quê Lucy Quinn Fabray?”

“Vou viver por mim, Russel, e pelo amor que sinto por Rachel e nada, ninguém.. inclusive você vai mudar isso.”

“Tola. O amor entre lobos é algo puramente hormonal...”

“Se você pensa assim Russel, acho que foi bem melhor para minha mãe que ela tenha ido para um lugar melhor a conviver com alguém tão infinitamente asqueroso como você..”

“Não ouse falar da sua mãe! Não manche a memória dela. Você se tornou indigna dela ao se juntar a essa corja de nojentos...!” Russel ficou completamente alterado. Ele partiu pra cima de mim e vi um lampejo prateado. Consegui desviar e vi o que era.

Minha adaga.

“Reconhece? Jacob pegou pra mim quando você e Frannie estavam no hospital. É funcional, leve e com certeza vai servir para aquilo que eu quero. Como eu disse ao Smythe: foi por mim que vocês vieram ao mundo e vai ser por mim que vocês sairão dele.”

“Não mesmo.” Puxei da minha cintura o punhal de Cassandra. Russel olhou e ficou pensativo alguns segundos.

“Sinto falta do tempo em que um lobo mata o outro na base das mordidas...” Russel falou com um falso saudosismo.

“Você é um especialista em matar lobos não é Russel? Afinal imagino quantos desafetos você não matou em Cleveland, além dos inúmeros párias.” Falei, com o tom de deboche e repulsa.

“Devia eu mesmo ter feito o trabalho naquela noite.” Ele falava da noite em que Cassandra me encontrou. “Devia ter ido até você e arrancado um pedaço da sua jugular. Mas achei que Francine daria conta. Fraca. Ela sempre demonstrou fraqueza. Te deixou escapar.. foi punida..voltou, fez merda e quase morreu e agora me renega. Ela é a próxima da minha lista. Tenho certeza que Shelby Corcoran e Cassandra July não são lá grandes seguranças...”

O rosto de Russel era uma careta grotesca. Ele não piscava, apenas alternava olhar entre mim e a adaga, como se aquela arma decidisse a vida dele. De certa forma ela decidiria.

“É muito estranho sabia? Usar uma arma... é como se fosse algo que incomoda meu corpo..”

“Já me acostumei.. uma arma é como se fosse a extensão do meu braço...” Falei calmamente. Toda aquela conversa estava me deixando desconfortável, mas a última coisa que eu queria é que Russel percebesse isso.

Então, vi um lobo castanho ser arremessado na minha frente. Jake. Parecia estar semi-inconsciente. Russel olhou pra ele e depois olhou pra mim.

Tudo aconteceu rápido demais.

Russel deu um grito e atirou a adaga na minha direção. Um estralo e um grande vulto escuro. Um ganido alto. Eu arremessando o punhal na direção de Russel. E um baque surdo.

Não quis ver se eu tinha acertado ele, a única coisa que me interessava naquele momento era ajudar o lobo caído na minha frente com uma adaga de prata enterrada no peito.