“Desnecessária aquela sua entrada Rachel..” Falei assim que saí do quarto e encontrei Rachel sentada no corredor.

“Só queria saber o que estava acontecendo.. todo aquele silêncio me perturbou.” Ela respondeu, meio na defensiva.

“Frannie estava discursando sobre os motivos pelos quais eu deva perdoá-la...”

“Você vai perdoá-la..?” Rachel perguntou, enquanto saíamos do hospital. Eu suspirei e disse:

“Não sei..ainda... eu acho que ela merece uma segunda chance, mas ao mesmo tempo sinto que não devo mais confiar nela... então fica difícil..o que você acha?”

“Sinceramente Quinn, pra mim todos merecem uma segunda chance, porém você conhece sua irmã melhor do que eu, tenho certeza que vai fazer o que é certo.” Ela acariciou minha nuca e eu dei um sorriso. Esse momento de carinho durou pouco pois vi Russel e seus 'guardas' se aproximarem. Não dei a menor atenção a Smythe, mas para Jacob olhei fixamente, com raiva. Aquele idiota.

“Por favor, vocês duas, poupem os habitantes desse lugar medíocre de terem que presenciar esse tipo de cena asquerosa..” Russel falou. Todos que estavam entrando no hospital e também quem passava na rua ouviu ele falar assim. Senti Rachel se mover, ela queria enfrentá-lo.

“A única coisa asquerosa por aqui é você Russel..”

“Como ousa, sua fedelha nojenta, falar comigo...?! Eu deveria ter te matado quando tive a oportunidade.. mataria dois coelhos com uma cajadada só! Aquela caçadorazinha de merda e você, sua filha de pecadores nojenta, que deve ter feito alguma espécie de lavagem cerebral na minha filha.” Eu sentia Rachel tremer de raiva e se contorcer. Nós estávamos na rua, com várias pessoas olhando, eu não sabia se seria uma coisa legal ela se transformar ali, então interrompi a discussão, me colocando entre Rach e Russel.

“JÁ CHEGA! Russel, vá embora, você está muito longe da sua alcateia e só dois guardinhas não serão o suficiente aqui.” Falei olhando fixamente pra ele e terminei: “Se você disser mais alguma palavra sobre Rachel ou Cassandra, eu juro que vai voltar pra Cleveland sem um dos membros.” Minha voz saiu baixa, em um tom ameaçador que até me assustou. Jake estava de olhos arregalados, enquanto Smythe estava quase encolhido atrás dele. Parecia que eu havia apontado uma arma com balas de prata diretamente na cara de Russel. Meu coração batia descompassadamente, porque apesar dos pesares, parte de mim ainda o reconhecia como pai.

“Eu irei, porque tenho uma filha internada nesse hospital e sei que ela me respeita e ainda honra meu nome.” E entrou marchando no hospital, sendo seguido por Smythe e Jacob, que me dirigiu um olhar triste.

Mal sabia Russel que Frannie o queria lá tanto quanto eu.

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Dirigi de volta pra casa e vi Marley e Kitty sentadas no batente da porta. Ao lado de Kitty uma pequena mochila. Rachel olhou para as duas e depois para mim, mas eu sussurrei um “depois eu te explico”. Ela desceu e cumprimentou as duas.

“Olá, sou Rachel Berry e você é..?”

“Kitty Wilde, prazer em conhecê-la...” Rachel apenas assentiu e depois olhou pra Marley.

“Rose.”

“Berry.” Marley respondeu no mesmo tom e falou “Quinn podemos falar com você?”

“Sim, claro..”

“Q. vou pra casa, dar uma descansada, mais tarde eu passo aqui ok?” Rachel bagunçou de leve meu cabelo e eu assenti. Ela me deu um selinho e seguiu para casa.

Olhei pra Marley e ela fingia vomitar até que Kitty deu um tapa no braço dela.

“Só fica quieta se apanhar agora Rose?” Perguntei debochando.

“Cala a boca Fabray..”

“O que querem falar comigo..?”

Logo a expressão de Marley mudou. O rosto de deboche virou uma careta de choro e lágrimas apareceram. Kitty passou o braço pelos ombros dela e a puxou pra mais perto.

“Vou para Columbus hoje, não vou sossegar enquanto não tiver certeza que meu pai está bem... e Marley.. bem, ela pediu a mãe dela que deixasse ela ir comigo, mas Millie foi irredutível.”

Vi Marley soluçar e apoiar o rosto no ombro de Kitty.

“Eu tenho medo..medo que ela não volte...” Marley falou baixinho entre soluços. Kitty apertou ainda mais Marley e eu suspirei. Sentei ao lado de Marley e passei a mão no cabelo dela.

“Marley, você não precisa ficar assim. Kitty é sua, ela vai sempre voltar..”

“Não é esse o problema... Albert ainda está por aí.. ele pode.. ele pode fazer algum mal a ela e eu não..não..” Marley começou a chorar de novo. Eu entendia a preocupação e sabia que era legítima. Albert ainda estava por aí, mas eu sabia que ele não iria atrás de Kitty. O fissurado nessa história era Johnny e ele estava morto.

“Marley... Marley.. olha pra mim..” E segurei o rosto dela e fiz com que olhasse na minha direção. “Kitty vai voltar. Vai ficar bem e em segurança. Eu estou te garantindo isso.. e você confia em mim certo?”

Ela fungou e esfregou os olhos.

“Confio.”

Kitty sorriu e a puxou para um beijo. Eu dei risada e falei.

“Ewgh.. que nojo...”

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Fui encontrar Rachel na casa dela. Entrei e encontrei ela muito concentrada ao piano. Parei no batente da porta e fiquei ouvindo ela tocar:

“Anytime you feel like you just can't hold on

Just hold on to my love and I'll help you be strong

But you're so afraid to lose, and baby I can't reach your heart”

Aquela música me trouxe uma certa nostalgia e eu comecei a cantar, acompanhando Rachel na melodia que parou de cantar e sorriu ao me ver cantando:

“I can't face this world that's keeping us apart

When I can be the one to show you

Everything you missed before

Just hold on now, cause I could be the one to give you more...Let you know ”

E no refrão nós cantamos juntas:

“Anytime you need love baby I'm on your side (hey)

Just let me be the one I can make it alright (I can make it alright)

Anytime you need love baby you're in my heart

I can make it alright”

Ouvi a porta sendo aberta, mas estava concentrada demais, cantando com Rachel para perceber quem havia entrado.

“And now there's no way out

And I can't help the way I feel

'Cause baby you're the fire and I'll be waiting right here

You know my love is real, baby

Yeah yeah yeah

Anytime you need love baby I'm on your side (I'm on your side)

Just let me be the one (let me be the one let me be the one let me be the one alright)

Anytime you need love baby you're in my heart (you're in my heart)

I can make it alright...”

Então, quando a música acabou, Rachel me puxou para um beijo e nós ouvimos aplausos.

“Wow... Rachel por que você não disse que sua garota sabia cantar? Poderíamos colocá-la no Glee Club!” Mercedes falou rindo. Blaine, Kurt, Tina e Brittany assentiram.

Rachel olhou pra mim e disse:

“ Na verdade Mercedes, nem eu sabia que ela cantava...!”

“Não canto.. só gosto muito dessa música..” Respondi sentindo que estava prestes a ficar vermelha.

“Claro, claro... nesse momento em algum lugar Kelly Clarkson deve ter sentido inveja sem saber nem o porquê..” Kurt falou rindo. “Acho que deveria considerar a ideia do Glee Club Quinn, agora que não vai mais sair daqui e..”

Um barulho de gritaria interrompeu Kurt e todos arregalaram os olhos. Fui em direção a porta e vi um lobo claro que parecia estar fugindo de outros dois. Saí correndo sendo seguida por Rachel e pelos outros, até que notei que o lobo claro era Frannie e o castanho escuro que estava correndo logo atrás era Jacob. O outro com certeza era Smythe. Mas o que estava acontecendo?

Toda a alcateia parecia ver e por isso o barulho. Quando olhei pra casa, vi Cassandra sair com a besta na mão se preparando para atirar, mas Noah a impediu e se transformou, se jogando pra cima do lobo castanho. Mesmo assim, Cassandra atirou, acertando em cheio o outro lobo. Então corri até Frannie, que desabou aos meus pés. Ela estava ferida e parecia exaurida pela perseguição.

“Frannie? Frannie.. o que- o que está acontecendo..?” Ela tremeu e voltou ao normal.

“Russel..” a voz saiu falha e então ela apagou.