30 Hora do Intervalo escrita por Sereny Kyle
Depois que o sinal do intervalo tocou, o pátio encheu-se de crianças como em qualquer escola normal. O sol raiava forte e todas as crianças corriam, brincavam e conversavam.
Syusuke Fuiuke estava sentado imponente numa mesa, reinando no parquinho. Ele era o garoto mais popular da escola, era simpático, gentil e engraçado. Ele viu de longe um garoto de cabelos castanhos e revoltos e óculos redondos e arroxeados saindo da sala da primeira série e indo até ele.
-- O que o professor queria, Yamato? – os dois se acomodaram juntos na mesa, onde dava pra ver todos no pátio.
-- Era sobre eu ter usado o Jagan hoje na aula. Você viu Tsubasa? – o garoto abaixou os óculos e levantou a franja, procurando pelo pátio alguém.
-- Não vi, deve estar andando por aí, distraído como sempre.
-- Eu preciso achar ele logo, a Fuuga está prendendo as pessoas na parede outra vez.
-- Outra vez? Ah, qual é?! O que o Sengoko aprontou que a deixou furiosa de novo? – Syusuke pareceu olhar todos os lados, preocupado, como se fosse possível algo atingi-lo de surpresa.
-- Eu não aprontei nada! – um garoto de cabelos castanho-acaju sentou-se junto a eles e parecia se esconder atrás dos dois.
-- Ah, não aprontou – Yamato encarou-o com desconfiança. – Mas eu vi bem quando o Tushui ameaçou você com um bisturi!
-- Ele ameaça tudo que anda e respira – defendeu-se Sengoko.
-- Eu ouvi essa, Haruki – um garoto pálido de cabelos negros apareceu atrás deles e Sengoko ergueu as sobrancelhas, aterrorizado.
-- E aí, Tushui? – Yamato cumprimentou. Tushui respondeu o cumprimento com um aceno de cabeça e o esboço de um sorriso. – Viu Tsubasa por aí?
-- Não, acabei de vir da quadra e estava procurando a Fuuga.
-- Veio da quadra? – Syusuke perguntou interessado.
-- Kaimin está conversando com o professor sobre ter usado pó de diamante pra ganhar na queimada.
-- Ele sempre joga sujo, aquele verme – Sengoko resmungou.
Tushui puxou um bisturi e colocou nas costas de Sengoko.
-- Como é? – ele sibilou, fazendo Sengoko suar frio.
-- Que isso, Tushui? – Tsubasa apareceu do nada e tirou a mão de Tushui pra longe. Tushui olhou-o contrariado, mas recolheu o bisturi de volta.
-- Viu a Fuuga? – Tushui perguntou a Tsubasa.
-- Estava amarrando um garoto que roubou o lanche de uma menininha perto do parquinho.
-- Eu vou até lá – Tushui se direcionou para o parquinho lentamente, seus passos nem faziam barulho.
-- Onde você estava, Tsubasa? – Yamato perguntou autoritário ao primo.
-- Andando.
-- Ai, ai, acho que se você fosse mais distraído, se esqueceria do próprio nome! – Tsubasa e Syusuke riram. Sengoko apenas se esquivava atrás dos três.
-- Passei pela sala de computação e Mugenjou estava lá.
-- Novidade! – Syusuke exclamou.
-- Ele está sempre lá, Tsubasa!
-- Mas parecia contente e ansioso...
-- Devia ter conseguido invadir algum site proibido!
-- Vamos lá ver – Sengoko sugeriu.
Os quatro saíram do pátio correndo até a sala de computação. Logo o sinal tocaria e teriam de voltar pra sala de aula.
Mugenjou estava na frente de um computador, teclando muito rápido.
-- E aí, Mugenjou? – Sengoko se aproximou do garoto e se apoiou em seus ombros. – Entrando onde não deve, de novo?
-- Quer fazer silêncio? – Mugenjou era o menor entre eles, mas extremamente inteligente e habilidoso em computação, era o primeiro da classe naquela matéria.
Tsubasa sentara-se na cadeira ao lado de Mugenjou, enquanto que Syusuke e Yamato sentaram-se na mesa de reuniões do clube de computação, um de frente para o outro. Yamato pegou um livro e começou a lê-lo. Syusuke riu e balançou a cabeça.
-- Voe e essa sua arte de devorar livros. É muito nerd!
-- Olha quem fala! O violinista!
-- Isso não tem nada a ver, Yamato! Minha mãe quer que eu aprenda a tocar.
-- E a minha disse que eu tenho que ler muito se quiser um dia trabalhar no serviço de recuperação. Como o meu pai.
-- Mas quando a gente crescer, eu, você e o Tsubasa vamos ter um serviço de recuperação os três juntos, né, Tsubasa?
-- Vamos sim!
-- E vamos andar na Joaninha do meu pai!
-- Eu adoro aquele carro, não importa o que o meu pai diga! – Syusuke ergueu o punho no ar, contente.
-- Ih, vocês três! Eu não quero saber disse tão cedo...
-- Claro que não, né Sengoko – Mugenjou comentou – se não tiver uma garota pra flertar, nada interessa você!
Os quatro riram, deixando Sengoko vermelho. O sinal do começo da aula tocou e a felicidade que contagiava o ambiente acabou.
-- Essa não...
--Vamos pessoal, de volta pra sala.
-- Mas eu estava tão perto...
--- Depois você tenta de novo, Mugenjou.
-- Eu vou precisar trocar de lugar ou a Fuuga vai me matar...
-- Eu sabia que você tinha aprontado. É sempre assim!
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