O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 7
Dia ruim


Notas iniciais do capítulo

Eeeei quantos leitores :D
A escritora aqui ficou mega feliz kkk
Espero que gostem dos próximos capítulos, vou postar alguns já que a história está pronta
beijões !



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Acordei mais cedo aquela manhã. Tomei banho, vesti-me, peguei meu exemplar de Lua Nova e saí para o corredor vazio. Estava frio e pelas janelas pude ver o céu nublado. Desci as escadas, atravessei o saguão e saí pela porta dupla que dava acesso ao jardim.

Continuei caminhando até achar uma árvore promissora e sentei-me sob ela. Abri o livro e comecei a ler.

Apesar de Jacob Black ser meu preferido, eu sempre gostara de ler sobre Edward e Bella. Mas, agora estava entediante e de repente me vi procurando a parte em que Bella procura Jacob para ajudar-lhe com as motos.

‘... Seu sorriso animado se espalhava pelo rosto, os dentes brilhantes destacando-se num contraste vívido com a cor avermelhada de sua pele. Eu nunca vira seu cabelo sem o rabo de cavalo habitual. Caía como uma cortina de cetim preto dos dois lados do rosto largo. ’

Sorri ao ler essa parte, imaginando como seria realmente olhar para Jacob Black. Como seria ver seu sorriso ensolarado e sentir a temperatura quente de sua pele...

Acomodei-me recostada na árvore e continuei a ler.

Flashes estranhos e coloridos passavam por minha mente.

Vozes sussurravam coisas, porém não eu não entendia o que diziam.

E de repente tudo parou e a imagem de minha avó contando-me uma história fixou-se.

–Você sabia que a tribo da qual descendemos acreditava possuir poderes? – ela dizia.

–Poderes? – repetira fascinada.

–Sim, poderes. – ela sussurrara. – Os primeiros membros de nossa tribo eram capazes de sair de seus próprios corpos.

–Como assim vó? – eu perguntara.

–Seus espíritos saíam dos corpos. Eles faziam isso nos rituais.

–E como eles faziam?

–Bem, isso dependia. Era preciso ter um controle excepcional, mas alguns fugiam à regra. Alguns tinham um pendor natural, sabe.

–Você pode fazer isso? – perguntei, maravilhada pela possibilidade.

–Não querida. Infelizmente, a magia se perdeu durante as gerações. – ela disse claramente triste pelo fato. – Mas, quem sabe? Talvez um dia reapareça...

Acordei assustada e ofegante. Peguei meu celular e vi que faltavam cinco minutos para o sinal tocar.

Apanhei o livro e saí correndo. Atravessei o saguão lotado e esbarrei em algumas pessoas, mas não liguei.

Eu estava completamente assustada. Eu havia esquecido dessa história. Eu sei que não devia ter tanto medo, afinal são apenas histórias. Mas o fato desta em particular ser parecida com a história da tribo de Jacob não ajudou em nada.

Entrei no quarto, peguei minha mochila e saí correndo para minha primeira aula. Enquanto descia as escadas, chequei meu horário e vi que tinha Educação física.

Ah não! Ainda por cima teria de pagar mico na frente de todo mundo!

Eu sempre odiei praticar esportes. Eu sou desajeitada e meu físico não ajuda em nada.

Cheguei ao ginásio e a professora já havia chegado. Ela me olhou torto e eu senti meu rosto quente.

–E qual é o seu nome? – ela perguntou com certa arrogância.

–Agatha. – murmurei.

–Ah. Que bom que a senhorita Agatha deu-nos a honra de sua presença.

Todos os alunos riram e vi uma garota loura na primeira fila cochichando com sua amiga.

–Agora – a professora ordenou. – vá para a fila.

Obedeci.

Ela nos fez jogar vôlei e eu, relutante, fui para a quadra.

A garota loura – cujo nome eu não sabia – estava no outro time. Ela sacou primeiro e mirou a bola em mim. Numa tentativa débil de passar a bola para meu colega de time, acabei jogando a bola metros atrás dele.

A loura rira e percebi que vários outras imitaram seu gesto, como se ela fosse a rainha do bando.

Trinquei os dentes esperando que eu tivesse a oportunidade de lançar a bola na cabeça oxigenada dela.

Nosso time estava perdendo graças a mim. Quando chegou a minha vez de sacar, tive certeza que não conseguiria sequer passar a bola para o outro lado da rede.

Eu estava errada. De fato, eu não conseguira mesmo passar a bola para o outro lado. Mas o que eu não previ foi a bola batendo na rede e ricocheteando com toda a força na cabeça da menina do meu time.

–Ai! – eu ofeguei. – Me desculpa, eu não quis fazer isso!

–Tudo bem. Não foi nada. – ela disse massageando a cabeça.

As garotas riram de novo e eu cheguei ao meu limite. Percebi que a professora havia saído do ginásio.

–Qual é o seu problema hein? – gritei para a loura.

Ela me olhou com superioridade.

Meu problema? Não sou eu que tenho um problema. Pelo menos eu sou capaz de jogar vôlei sem causar estragos. – ela disse com uma voz cruel.

Seu grupinho rira novamente e eu me vi indo até ela.

–Eu estou pouco me lixando para o que você é capaz ou não é. – eu disse ainda caminhando em sua direção. – Mas eu a aconselho a parar de rir se não quiser que eu cause estragos de verdade.

–E o que você vai fazer hein? – ela desdenhou.

Estava prestes a responder enquanto dava os últimos passos que no separavam quando tropecei e caí de cara no chão.

Tudo escureceu.

Senti pingos gelados acertando meu rosto. Não tive certeza se consegui abrir ou não os olhos, afinal tudo continuava escuro.

–Querida você está bem? – uma voz de mulher perguntara.

Gradualmente, pontos de cor e luz foram surgindo e minha visão voltou, porém um pouco turva.

Pisquei e consegui distinguir o rosto da mulher idosa que falara comigo.

–Está se sentindo bem? – ela tornou a perguntar.

–Estou sim. – Girei minhas pernas para fora da maca e tentei ficar de pé.

–Calma filha. – ela advertiu-me. – Fique sentada aí um pouquinho.

–Mas eu estou ótima! – reclamei.

–Está sentindo dor de cabeça? – perguntou ignorando minha afirmação.

Eu poderia mentir, mas minha cabeça estava latejando de tanta dor, então resolvi admitir.

–Sim. – fiz uma careta.

–Bem, – ela virou-se e pegou um comprimido e um copo de água. – então tome isto e está liberada das aulas por hoje.

–Ok, obrigada. – murmurei e tomei o remédio.

–Você teve uma queda feia. – ela comentou. – Se sentir tonturas ou qualquer outro sintoma, me procure imediatamente está bem?

–Ahan... Posso ir?

–Ah sim. Mas antes pegue sua mochila. – ela alcançou-a para mim.

–Obrigada.

–De nada querida. – ela sorriu maternalmente.

Saí dali o mais rápido que pude, caminhando de cabeça baixa o tempo todo até chegar ao meu quarto. Larguei minha mochila na cama e tomei um banho. A água ajudou a clarear minha mente.

Imagens do meu sonho assaltaram-me e de repente eu estava ofegante.

O que estava acontecendo comigo? Por que, de repente, as histórias que minha avó contava passaram a ser importantes?

E pior ainda, o que isso tudo tinha a ver com Jacob Black?

Eu devia estar surtando. Era a única explicação.

Desisti de tentar relaxar e saí do banho.

Eu teria um tempo livre até o almoço, então resolvi arrumar minhas coisas no armário. Minha cabeça doeu quando eu fiz força para pegar a mala pesada. Isso me lembrou do mico que paguei na frente de todos.

Argh! Eu era mesmo estúpida! Eu devo ser a única pessoa na face da Terra capaz de cair e rachar o crânio no meio de uma discussão!

Aposto que a loura aguada se matou de rir com essa! – pensei amargurada.

Não é justo! Logo agora que eu resolvera ser mais amigável com as pessoas? Isso não é exatamente um estímulo!

Terminei de arrumar e fiquei orgulhosa de mim mesma. Tudo ficara minuciosamente organizado.

Suspirei.

Às vezes minha mãe dizia que eu tinha compulsão por limpeza e organização. Talvez ela estivesse certa.

Olhei o relógio e constatei que ainda faltava meia hora para o almoço. Peguei meus fones e meu celular, deitei-me na cama e escolhi uma música para tocar.

Você tentou encontrar a razão pela qual tudo foi embora

E você pensa o que poderia ter feito diferente

Quando você pensou que era completo

Você abriu seus olhos

Quando você pensou que tinha tudo

Foi quando você perdeu

Se você quiser se apegar a tudo

Você vai cair

Você fica por aí perseguindo coisas que desaparecem

Você não consegue o suficiente porque você quer tudo

Quando você pensou que estava bem

Você abriu seus olhos

Quando você pensou que tinha tudo

Foi quando você perdeu

Se você quiser se apegar a tudo

Você vai cair

Quando você pensou que tinha tudo

Foi quando você perdeu

Se você quiser se apegar a tudo

Você vai cair

Quando você pensou que tinha tudo

Foi quando você perdeu

Se você quiser se apegar a tudo

Você vai cair

Linkin Park - Hold Nothing Back

•••

–O que aconteceu com você? – Perguntou Ane esganiçada, no meio do almoço.

Ela obviamente havia ouvido falar do meu pequeno incidente na educação física.

–Hum, como assim? – eu tentei disfarçar.

–Por que Giovana está falando mal de você para todo mundo? – ela ignorou minha pergunta com outra pergunta.

–Quem é Giovana? – fiz uma careta de confusão.

–Você não brigou com ela? – agora ela também estava confusa.

–Quer parar de responder minhas perguntas com outras? – disse exasperada.

–Quer se acalmar? – ela me olhou com impaciência. – A garota que você brigou na aula, a loura, o nome dela é Giovana.

–Ah tá. Bem, eu discuti com ela sim. – expliquei.

–Mas por quê? – ela não me deixou responder. – Ela andou espalhando para todo mundo que você é uma desastrada...

–Bem, - eu corei. – é que... eu meio que caí, sabe, e desmaiei. Na frente dela e de toda a turma. – abaixei a cabeça.

–Oh. E você está bem? – ela pareceu preocupada.

–Ahan. Só fiquei com dor de cabeça. – desviei os olhos dos dela.

–Sinto muito por isso. Giovana é maligna, sério. – ela revirou os olhos.

–Como você a conhece? – falei espetando uma batata com o garfo.

–Ela divide o quarto comigo. – ela bufou. – A garota é um saco! É do tipo que se acha a melhor.

–É deu para perceber.

Continuamos comendo e depois mudei de assunto.

–Mas, e aí como vão as coisas com Kevin? – sorri.

–Hum... Normais. – ela corou.

–Normais é? – provoquei-a.

–Somos apenas amigos. – ela disse ao perceber aonde eu queria chegar.

–Ok. Se você diz... – continuei rindo e ela me fuzilou com os olhos. – Mas aposto que ele não pensa o mesmo.


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