O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 59
2x12 - Ciúmes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/295164/chapter/59

–Uau. – disse Jacob quando retornamos ao carro. – Isso foi... – ele não encontrou nenhuma palavra.

–Intenso. – completei. – Acho que essa serve.

Ele virou-se para mim, agora sorrindo.

–Você falou sério quando disse que eu sou a razão para você estar aqui?

Sorri também.

–Claro que sim.

Ele afagou meu rosto.

–Então por que você foi embora?

Dei de ombros.

–Achei que fosse a coisa certa na época. Para nós dois. Mas tudo deu errado quando voltei pra casa. Eu não conseguia me sentir bem. Parecia que faltava alguma coisa.

Eu nunca havia realmente contado o que acontecera comigo depois que fui. Jacob me olhou seriamente ao perguntar:

–Estava muito ruim?

–Insuportável. A pior parte é que eu não lembrava de nada.

–Não? – ele enrugou as sobrancelhas.

–Não. Mas depois as memórias voltaram por causa do acidente de carro e eu achei que tivesse ficado louca. Eu tentei voltar, mas não deu certo e aí todo mundo achou que eu tivesse tentado me matar, por que o Bernardo... – mordi a língua. Agora eu falara demais.

Ele ergueu as sobrancelhas e sua voz saiu estrangulada.

–Em primeiro lugar: que acidente de carro? Em segundo lugar: você tentou se matar? E terceiro: quem diabos é Bernardo?

Desviei meu olhar para o para-brisa, sem querer responder. Eu não me sentia confortável falando de Bernardo para Jacob, então comecei pelas duas primeiras perguntas dele.

–Tá legal. – exalei o ar nos meus pulmões. – Eu sofri um acidente de carro quando voltava do cinema com meus amigos. Um lunático num caminhão atravessou o nosso caminho. – ele levantou as sobrancelhas. – Não foi nada grave.

Ele me incitou a continuar com os olhos cerrados. Suspirei.

–E não: eu não tentei me matar. Eu tentei voltar para cá e me afoguei na banheira.

Os olhos dele cerraram-se tanto que eu me perguntei se ele estava mesmo me vendo. Abaixei a cabeça e não disse nada.

–E então? – perguntou ele.

–O quê? – perguntei evasivamente.

Quem é Bernardo? – suas narinas inflaram-se um pouco.

–Ele é meio que meu ex-namorado. – respondi querendo sumir daquele carro.

–Meio? Como assim meio?

–Bom, é que já faz um tempo que eu namorei ele. Quer dizer, eu o conheço desde criança, mas só começamos a namorar quando eu tinha quatorze anos.

Ele ficou algum tempo refletindo. Quando falou, estava de repente furioso.

–Você ainda estava com ele quando veio para cá da primeira vez?

Apressei-me a responder.

–Não! Claro que não. Ele terminou comigo, quando foi embora para o exterior. Isso foi um ano antes de eu vir. – revirei os olhos lembrando do quanto eu sofrera em vão quando ele partira.

–Então, esse cara deve ser um idiota. – disse Jacob, acalmando-se um pouco.

–A culpa não fora dele, Jake. Os pais de Bernardo o brigaram a ir, então... – me calei quando vi a fúria retornando aos olhos dele. – Mas acho melhor a gente encerrar por aqui, né? – ri nervosamente.

Jacob apenas me olhou e ligou o carro. Ele dirigiu em silêncio por um bom tempo, até que eu me irritei e disse:

–Eu não acredito que você vai ficar bravo comigo por causa de uma coisa que aconteceu antes mesmo de eu conhecer você!

–Tem uma lei que diz que eu não posso? – perguntou ele sarcasticamente, com os olhos ainda na estrada.

Não pude deixar de rir.

–Tem. Tem sim. É uma lei que diz que você não pode ter ciúmes de uma coisa que não existe mais!

–Você disse que todos acharam que você tinha se matado por causa desse idiota. O que aconteceu? – ele ainda estava zangado. Bufei. A resposta não faria o seu humor melhorar.

–Se eu contar, você tem de prometer não ficar bravo.

–Se você quer que eu prometa isso é por que o que você vai dizer com certeza vai me deixar bravo. Então qual é a moral de prometer?

–É assim, é? Pois agora eu não conto. – fiz biquinho.

–É, vamos ver.

Ele parou o carro, agora via que já havíamos chegado à casa de Sue. Jacob desligou o motor e me olhou com um misto de irritação e divertimento.

–Você vai contar, ou não?

–Você vai prometer não ficar irritado ou não? – imitei o seu tom.

Ele deu de ombros.

–Vamos ver.

–Nada feito. – sorri cinicamente. Ele cerrou os olhos e começou a me fazer cócegas.

–Não! Para! – disse entre risos. – Para Jacob!

–Então, me conta!

–Para! Eu não quero falar disso!

–Então sofra as consequências.

–Chega! Chega! – eu já estava sem fôlego. – Ele queria voltar comigo! Foi por isso!

Jacob parou e me olhou seriamente.

–E você quis voltar?

–Não.

–Por quê?

Dei de ombros.

–Você sabe por quê. Eu te disse: alguma coisa faltava dentro de mim e não era o Bernardo que podia preencher.

Jacob sorriu, contrariado.

–Você é mesmo um monstrinho.

–Por quê? – ri.

–Por que eu não consigo nem mesmo ficar bravo com você.

Ergui os ombros, como se o fato fosse algo que eu não pudesse evitar.

–Convencida. – ele murmurou antes de me beijar. Eu estava ficando sem ar quando ele parou e disse:

–Agora, sobre aquela história de você voltar a se transformar; como vamos fazer isso?

Suspirei, chateada por ter de voltar à realidade.

–Eu não sei... Ela disse que a magia que me prende a você vai me ajudar a me transformar, mas eu não entendi isso muito bem.

–É. Eu também não. Por que eles não podem ser mais claros?

–Sei lá. De qualquer maneira, eu vou resolver isso amanhã. Já que, de acordo com ela, eu tenho controle sobre a magia dentro de mim...

–Eu queria poder ajudar, mas não dá para deixar os garotos sozinhos.

–Não, eu sei. Não tem problema. Se isso der certo, eu logo vou poder voltar à ativa.

–Tenta pensar em mim, para ajudar. – ele sugeriu.

–Isso no mínimo vai me desconcentrar.

Então quando entramos na casa de Sue, encontramos Charlie no sofá da sala. Ele levantou-se para nos cumprimentar alegremente. Isso era um pouco atípico, já que sempre o via com a expressão séria. Meu olhar encontrou o de Jacob e ele riu ao sussurrar:

–O amor faz isso com as pessoas.

–Olá, Jacob.

–Oi Charlie.

Então ele olhou para mim.

–Sue me disse que você voltou. Parece que seu acidente foi mesmo feio, hein?

Olhei para Jacob, indagando-o.

–É, a partir de agora Agatha nunca mais vai tentar dirigir minha moto. – ele respondeu com uma falsa repreensão.

Dei um sorrisinho.

–Fazer o quê? Acho que motos não são para mim.

No fim, o jantar foi apenas para Sue, Charlie e eu. Jacob teve de voltar, já que ele não gostava de deixar a matilha. Depois do jantar, fui ao banheiro e quando voltei para encontrar Sue e Charlie na sala, peguei metade de uma conversa.

–Então, Agatha e Jacob, hein? Finalmente ele achou alguém. – disse Charlie.

–Acho que os dois se encontraram. – disse Sue. – Eles combinam, sabe?

–Ele deve ter uma queda por garotas Clearwater.

–Ah, aquilo com Leah não foi nada demais. – menosprezou Sue – Jacob pertence à Agatha.

Aquilo o quê com Leah?

Sem acreditar no que ouvia, repassei a conversa que tive com Jacob no casamento de Paul e Rachel, onde ele disse que passara um tempo com Leah... E que ela havia mudado muito...

Eu não acredito que ele não me contou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Outro Lado Da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.