O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 57
2x10 - Ruptura


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa, nossa parece que faz tempo que eu não venho aqui! Mas isso se deve ao fato de que eu tive o pior bloqueio de escritora da história na última semana. Sabem que eu cheguei a conclusão que não conseguiria escrever sobre romance por que eu acho que eu nunca vou encontrar um amor de verdade na minha vida? Caramba, eu acho que estava com uma crise de depressão ou coisa parecida. Enfim, eu não quero mais deixar minha vida pessoal interferir na minha tão amada fic, então eu arregacei as mangas e comecei a escrever hoje. Espero que gostem do capítulo, sei que vai gerar dúvidas, mas tudo será explicado ao desenrolar da história. Beijocas :*



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Eu não conseguia me fazer acreditar nisso.

Recusava-me terminantemente a acreditar. Era impossível. Não poderia haver algo que fizesse um lobo voltar a ser humano além dele próprio. Isso não podia acontecer.

Carlisle disse que Joham poderia ter pegado algo com o DNA de lobo – um fio de cabelo ou, melhor dizendo, pêlo. – e fora assim que ele conseguira criar uma substância que nos afetasse. Também dissera umas mil vezes que meu estado poderia ser apenas um efeito passageiro. Que ainda haveria esperança para mim. E o pior de tudo era ver Jacob sem palavras. Ele estava tão pasmo quanto eu.

Quando Carlisle saiu para analisar o meu sangue, Jacob deitou-se na cama comigo afirmando que poderia deixar Sam no comando por algumas horas. Aconcheguei-me, agradecida, em seu calor. Eu me sentia muito cansada. E os remédios para a dor estavam quase me derrubando, mas obriguei meus olhos a ficarem abertos.

–O que aconteceu depois que ela me pegou? – perguntei a ele. Eu lembrava que Seth estava sozinho perseguindo Joham, mas não consegui ver o desfecho.

–Seth seguiu Joham até a divisa com o Canadá, mas ele estava numa área habitada e teve que recuar. Agora os outros estão vigiando aquele ponto para ver se Joham vai voltar.

–E as outras?

Ele suspirou.

–Esse já é outro problema. – ele encarou meu olhar preocupado. – Acho que elas estão em algum lugar em Seattle.

–O que? – agitei-me sem querer e meu ombro doeu. – Ai, ai.

–Que foi? Tá doendo muito? – Jacob perguntou, preocupado.

–Não, não. – respondi impacientemente. – Elas estão em Seattle?

–Pela direção que foram, é bem provável. – ele respondeu ajeitando meu travesseiro. – Agora vê se dorme. Você tem que descansar.

–Tá legal. Você vai ficar aqui ou vai voltar pra floresta? – eu sabia que era egoísmo pedir que ele ficasse.

–Tenho que voltar. Mas só depois. Vou ficar mais um tempo aqui com você.

–Obrigada.

Ficamos um tempo em silêncio até ele dizer de repente:

–Você me deu um susto hoje, Agatha.

–Eu sei. – murmurei. Ainda me lembrava dele me afastando da briga, como se temesse que eu me machucasse.

–Sabe que não deveria ter ido atrás daquela louca sozinha.

–Ela ia machucar a Leah. O que você faria?

–É diferente, Agatha. – ele disse exasperado. – Você não pode agir por impulso.

Encarei-o com a expressão ultrajada.

–Olha quem fala! Você é a pessoa mais impulsiva do mundo!

Ele riu.

–Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

–Ahan. Pode crer. – tentei ser sarcástica, mas sem sucesso devido ao bocejo.

–Hora de dormir. – ele disse e colocou seu braço ao meu redor protetoramente.

Quando abri os olhos pela manhã, estava sozinha no quarto. Meu ombro doía um pouco e percebi que havia dormido por cima dele. Sentei-me com dificuldade e levantei para ir ao banheiro que havia no quarto. Quando me olhei no espelho tive um susto. Aquela não era eu.

Bom, na verdade aquela era eu, sim. Aquela que eu era antes de me transformar. Balancei a cabeça, triste. Eu tinha mesmo perdido a magia no meu sangue. Sentindo uma leve queimação nos olhos voltei para o quarto. Sobressaltei-me um pouco ao ver Renesmee sentada em minha cama.

– Oi. Você está bem? – ela perguntou atenciosamente.

–Estou sim, obrigada. – respondi.

Ela apontou para a bandeja na escrivaninha ao lado da cama.

–Trouxe seu café da manhã. E Vovô disse que você tem que tomar esse comprimido aqui.

–Tudo bem. Obrigada. – Voltei para a cama e tomei o comprimido. Depois comecei a comer o mingau de aveia. Estava muito bom.

Renesmee me observava com uma expressão triste.

–Sinto muito.

–Pelo o quê? – perguntei surpresa.

Ela suspirou pesadamente.

–Tudo isso que está acontecendo... Seu ferimento... Eu não queria ter causado isso.

Coloquei a bandeja de lado e encarei-a seriamente.

–Eu já lhe disse isso: não é sua culpa. É que simplismente têm pessoas no mundo que não são boas. E nós tivemos a má sorte de encontrar algumas delas. Mas não se preocupe, eu prometo que vamos dar um jeito nisso. Ninguém mais vai se machucar.

Ela não se convenceu.

–Mas agora você não é mais loba.

É. Eu não era mais. E duvidava que um dia pudesse voltar a ser. Mas não podia ser pessimista com Renesmee. Por alguma razão eu sentia que devia afastá-la dessas preocupações. Ela era nova demais. Acho que sentia como se pudesse ser a irmã mais velha dela ou coisa parecida. Era como eu me sentia com Seth.

–Então, eu vou ter de arranjar um jeito de lidar com tudo isso sendo humana mesmo. – dei um risinho. – E além do mais, Carlisle é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. É claro que ele vai dar um jeito nisso tudo.

Ela sorriu, mas só um pouquinho. Peguei meu café de volta e resolvi mudar de assunto.

–Então, onde estão Jacob e Seth?

–Patrulhando para variar. Tios Emmett e Jasper também foram.

–Hum. E Alice? Ela já teve alguma visão sobre tudo isso?

–Não e ela está bem mal-humorada por causa disso. – Renesmee respondeu com uma careta.

–Imagino. – comentei.

Comi por um tempo e ela ficou quieta, parecendo pensar sobre algo importante.

–O que acha que Emily colocou em você?

–Esse é o nome da vampira? – estranhei. Era um nome muito bonitinho para aquela louca psicopata. – Bom, eu não sei. Química não é minha matéria favorita. Carlisle já descobriu alguma coisa?

–Bom, na verdade meu pai descobriu... – ela hesitou.

–O que? – perguntei.

–Não se apavora tá? – ela pediu cautelosamente.

–Agora que eu vou mesmo. – esses avisos só serviam para me fazer entrar em pânico. – O que é?

–Eles acharam resíduos de veneno de vampiro no seu sangue. – ela soltou.

Meu queixo caiu e de repente eu senti um enjoo. Meu estomago retorceu. Larguei meu prato.

–Como é? – perguntei mortificada.

– Mas era só um pouquinho!

–Eu não deveria ter morrido, então? – minha voz falhou.

–É por que estava misturada com mais alguma coisa. – ela pareceu se arrepender de ter contado a notícia.

–Como se fizesse diferença. – disse segurando a náusea. Quer dizer que eu tinha veneno de sanguessuga dentro de mim? Um arrepio percorreu minha espinha e eu levantei indo ao banheiro rapidamente. Botei para fora todo o mingau. Que ótimo.

Depois de lavar a boca e ver meu rosto – de repente pálido – no espelho, ouvi uma agitação no quarto.

–Filha, você não devia ter contado! Essas coisas não se dizem assim.

–Desculpa, mãe. Eu só achei que ela deveria saber...

–Tudo bem. Vai lá para baixo, Rose está lhe chamando.

Saí do banheiro cambaleando um pouco. Bella me ajudou a voltar para a cama.

–Sinto muito por isso. – ela disse assim que voltei a me sentar. – Você está bem?

–Agora sim. – respondi, mas apesar de ter expulsado toda a comida, eu sentia uma desconfortável sensação de que meu corpo estava impuro. Pelo menos o ódio natural por vampiros não havia me deixado.

–Quer que eu lhe traga alguma coisa? – ela continuou.

–Não, obrigada Bella.

–Tudo bem. – ela ia sair do quarto quando a chamei de volta.

–Sim? – ela piscou os olhos dourados.

–Eu queria agradecer por tudo. Pelos cuidados. Por me deixar ficar aqui. Significa muito para mim.

Ela sorriu.

–Isso é o mínimo que nós podemos fazer. Você está ajudando a proteger nossa filha.

Sorri também, mas quando ela saiu minha expressão desmoronou.

Eu estava ajudando a proteger a filha dela; a partir de agora duvidava que pudesse fazer qualquer coisa de útil.

***

Nos três dias que se seguiram eu fiquei na cama com recomendações estritas de Carlisle para que não saísse dela. Renesmee ficava comigo durante o dia e na hora do almoço Seth vinha também – geralmente vinha com uma coxa de frango na boca, mas ainda assim não deixava de sorrir. Ele me deu a maior força dizendo que logo, logo eu iria voltar à ativa. Seth nunca perdia as esperanças.

Sue me ligava sempre, ela ficara muito preocupada quando soube do meu acidente e até veio me ver algumas vezes para me trazer roupas. Jacob geralmente vinha depois da sete da noite e ficava até eu dormir. Ele estava sendo um pouco mandão, dizendo para eu comer direito e tomar os remédios na hora certa.

Apesar de odiar ficar longe de Jacob por tanto tempo, eu me divertia com os Cullen. Principalmente com Renesmee e Alice. Elas me lembravam das minhas amigas de São Paulo.

Heydianna e Emily não apareceram mais e Joham também não. O engraçado era que se elas estavam mesmo em Seattle alguém já deveria ter morrido ou desaparecido em circunstâncias misteriosas. Mas isso não aconteceu.

Edward tinha uma teoria para isso: ele achava que se Joham estivesse fazendo isso a mando dos Volturi, eles provavelmente deram ordens para ele e as filhas não atacarem ninguém. De outra maneira, se houvessem ataques em massa, a comunidade vampira começaria a se perguntar o porquê da realeza não estar aplicando a lei.

Quando perguntei como eles estavam se alimentando, Edward respondeu que eles provavelmente estavam caçando pessoas que não fariam falta ou estavam caçando em outro lugar. De um jeito ou de outro, era um golpe de mestre, eu tinha de admitir.

Outra coisa que eu não entendia era por que eles estavam separados. Joham no Canadá e elas aqui à espreita? Não fazia sentido para mim. Seria possível que Joham não desse a mínima para as filhas a ponto de deixá-las sozinhas para enfrentar duas matilhas de lobisomens e um clã tão grande de vampiros como o dos Cullen?

No meu quinto dia de molho, recebi a notícia de que poderia sair da cama. O que era ótimo, por que eu odiava ficar parada. Só por que eu não era mais lobo, não significava que ia ficar de fora da ação, afinal de contas, ainda estávamos em guerra. Então, na quinta-feira à noite, Jacob pegou o Rabbit e veio para me levar de volta para a casa de Sue.

–Carlisle disse que vai levar mais uma semana para eu poder tirar a tala do ombro. – comentei enquanto ele dirigia para La Push. – Mas que agora eu posso pelo menos sair da cama.

–Eu estive conversando com o Velho Quil sobre o tal veneno que colocaram em você. – disse Jacob com a voz um pouco dura. Quando contei que injetaram veneno de vampiro em mim ele ficou possesso. Ainda bem que não botou tudo para fora, como eu fiz.

–E aí?

–E aí, que talvez tenhamos a solução para o seu problema. – ele deu uma olhada em meu rosto para ver minha reação.

–É sério? Mas o quê? Carlisle não achou nada. – disse, pensando nas várias horas que Carlisle passava em seu escritório sem conseguir achar respostas.

–Bem, Carlisle está procurando uma cura científica. Mas nós temos nossos próprios meios de cura. – ele disse e eu ouvi em sua voz o timbre majestoso que às vezes ouvia na voz de Billy. Sorri um pouquinho, me permitindo ficar fascinada pela autoridade de Jacob.

–E o que seriam esses meios? – perguntei lentamente.

–Então, o Velho Quil me falou sobre uma mulher que mora na aldeia. Eu não a conheço por que ela não sai de casa há anos. Mas já ouvimos falar dela algumas vezes. Ela costumava curar os habitantes quando tinha algum tipo de virose atacando.

–Acha que ela pode me curar? – perguntei franzindo a testa. Eu já não gostava de médicos quanto mais curandeiras.

–Bem, não custa nada tentar, não é?

–Mas peraí, ela sabe do dos lobos?

–Claro. Ela era do Conselho, mas por causa da idade avançada ela nem aparece mais nas reuniões.

Hesitei um pouco.

–Ela não vai me fazer beber nenhum tipo de chá milagroso, não?

Jacob riu.

–Para uma garota que veio parar aqui sem saber como, você é extremamente cética, sabia?

Ri também.

–É sério. Eu não vou tomar nenhuma gosma verde!

Foi só quando chegamos à casa que eu percebi que estava morrendo de saudades daqui. Sue nos recebeu com uma farta refeição e eu devorei quase toda a lasanha que ela preparou.

–Então, você vai visitar a Margô? – perguntou Sue quando terminamos de jantar.

–Quem? – perguntei confusa.

–A curandeira. – respondeu Jacob.

–Ah, acho que sim. – respondi dando de ombros. Eu não levava muita fé, mas era melhor do que ficar de braços cruzados. – Você a conhece, Sue?

–Minha mãe me levou até ela quando eu tinha sete anos. – disse ela. – Eu tinha uma febre que não passava e os remédios não faziam efeito.

–E ela lhe curou?

–Ah, sim. – ela respondeu solenemente. – Me deu uma mistura de ervas que me curou em menos de uma noite.

–Mistura de ervas. – repeti, tentando não demonstrar sarcasmo na voz. Dei uma olhada furtiva para Jacob, que apenas riu.

–Mas ela não é apenas uma curandeira, sabe? – continuou Sue, que aparentemente não reparara em minha descrença na tal mulher. – Dizem que ela é capaz de ver a essência de uma pessoa só de tocar nela.

–A essência? – perguntei.

–Como você é por dentro. – explicou Jacob. Quando abri a boca para responder, o telefone tocou e Sue saiu da cozinha para atender.

–Você acredita nisso? – perguntei a Jacob assim que ela saiu.

–Eu não sei, Agatha. Meu pai acredita, mas acho que não vou cometer o mesmo erro de achar que o que o velho diz é apenas superstição. Acho que a gente vai ter que ver pra crer. – ele respondeu e tirou uma mecha de cabelo da minha testa.

Suspirei. De um lado, um médico que não acha respostas; de outro uma mulher que mais parece ter saído de um livro de contos de fadas e que provavelmente iria me fazer beber algum troço nojento.

Pelo jeito eu não iria voltar a me transformar tão cedo.



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Notas finais do capítulo

O que estão achando?