O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 43
Danificada


Notas iniciais do capítulo

Fiz um vídeo de como seria a Agatha lembrando de tudo. Eu gostei do resultado dele já que eu fiz ele em pouco tempo, mas comentem o que acharam, ok?
https://www.youtube.com/watch?v=eS07zg6P6q8



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Há uma grande diferença entre viver e existir. Passar o tempo não é o mesmo que ver o tempo passar por você. Dor e felicidade são estados distintos que não podem coexistir no mesmo espaço. Na mesma pessoa. Um tem de morrer para o outro existir. É algo simples.

Eu queria e devia viver em felicidade. E supostamente tinha todos os motivos para ser feliz. Eu tinha uma família, amigos e um garoto que já havia provado de muitas maneiras que me amava. Então, quem estava de fora da minha mente, simplismente não entendia o porquê de tanta infelicidade.

É. Ninguém entendia.

-O que você vai fazer nas férias? – perguntou Carolina enquanto eu arrumava minhas coisas para ir para casa. Ela tinha o olhar cauteloso, como se esperasse que eu explodisse ou sei lá.

-Hmm, nada em especial. – respondi com o olhar entediado.

-Ah... Ok. – ela suspirou e tentou novamente. – Saiu uma comédia legal no cinema, nós vamos ver no sábado. Você gostaria de vir?

Olhei para ela tentando arrumar uma expressão decente no rosto.

-Não posso. Eu vou para a casa do meu pai, então...

-Ah, tudo bem. – ela parecia decepcionada. Que ótimo, pensei com sarcasmo.

Ela saiu do quarto me deixando sozinha. Terminei de arrumar minhas coisas e saí da escola rapidamente.

Eu sempre tinha pressa. Se eu passasse por tudo rapidamente, tudo acabaria mais rápido. Meu irmão viera me buscar de moto. Eu não gostava da moto dele, me lembrava o Jacob. Suspirei sentindo o nó na garganta. Eu não podia pensar nessas coisas.

-Oi Felipe. – cumprimentei-o.

-E aí como você está? – ele perguntou. A preocupação transbordava em sua voz.

-Estou bem. – eu dizia muito isso nos últimos meses. Ele me analisou por um momento e me deu o capacete. Coloquei-o, subi na moto e logo estávamos correndo pela estrada.

Quando chegamos, Felipe foi guardar a moto na garagem, e eu fui para a sala de estar onde estava minha mãe e meu pai de mãos dadas no sofá. Há seis meses atrás eu teria achado essa cena completamente maluca. Mas a realidade era que eles haviam se reaproximado muito nos últimos meses e acabaram voltando. O detalhe era que eles continuavam em casas separadas. Deviam estar passando por uma fase estranha onde queriam voltar a ser adolescentes ou coisa parecida. Isso devia me incomodar um pouco, mas se eles estavam felizes, quem era eu para estourar a bola deles?

-Oi mãe, oi pai. – disse vagamente.

-Agatha. – minha mãe se sobressaltou um pouco. – Como foi a semana?

Dei de ombros olhando para um ponto indistinto no tapete.

-Normal.

Meu pai me observou com seus olhos perspicazes. Ele não precisou dizer nada – me entendia com ele muito mais do que com minha mãe com seus falatórios intermináveis.

-Eu vou... – apontei para a escada. – ir pro meu quarto.

-Não senhora. – minha mãe discordou assim que pus o primeiro pé na escada. – Você passa a semana inteira longe de nós. Vá guardar suas coisas e depois se sente aqui e converse com seus pais.

Apesar de relutar um pouco fiz o que ela pediu. Quando voltei, Felipe já estava esparramado no sofá.

-Ah qual é mãe? – ele estava reclamando de alguma coisa para variar. – Eu só vou jogar boliche com o pessoal!

Sentei-me ao lado dele colocando as pernas para cima. Puxei a manta do sofá e me cobri. Eu estava congelando como sempre.

-Sabe que não vai sair até suas notas melhorarem. – ela sentenciou.

-Ângela, deixa o garoto. – pediu papai.

-Nem pensar! Depois ele repete o ano e...

Minha mãe começou a falar e falar... Desliguei meus ouvidos ao barulho externo e me concentrei no som da minha respiração lenta. Fiz isso por alguns minutos, de modo que até havia me esquecido que havia outras pessoas no mesmo cômodo que eu.

-Agatha? Agatha?

Ouvi meu pai me chamando.

-Hã? – pisquei os olhos voltando à realidade.

-Ligação para você. – pelo seu tom de voz presumi que fosse Bernardo. Ele e Felipe continuavam tão fãs dele quanto antes. Não haviam mudado de ideia sobre ele tão rapidamente quanto minha mãe. Peguei o telefone e fui até a cozinha para ter mais privacidade.

-Oi Bernardo.

-Nossa. Que animação. – ele comentou.

Bernardo falava comigo sempre que podia e eu nunca o tratei com mais animação do que isso. Então não compreendia por que ele demonstrava tanta surpresa com meu comportamento. 

-Foi mal. – suspirei colocando um pouco mais de vida em minha voz. – Então, você está bem?

-Ótimo! – sua voz continha excitação o suficiente para que eu não precisasse demonstrar tanto interesse. – Finalmente aluguei aquele apartamento que eu queria.

-Parabéns Bernardo! Fico feliz por você. – disse sinceramente. Eu me sentia meio culpada por ele ter saído da casa dos pais por minha causa. Mas, pelo menos agora ele tinha conseguido manter uma relação cordial com eles.

-É, eu também estou feliz por sair da casa do meu tio. Não me leve a mal, ele é gente boa. Mas eu queria mesmo era ser independente.

-Que bom.

-Então, já que estou inaugurando o apartamento, você poderia vir celebrar comigo. – Ah! Então era aí que ele queria chegar.

-Hmmm. Desculpa, mas é melhor não.

-Por quê? – ele perguntou rapidamente.

Pensei um pouco para responder e acabei concluindo que não havia uma resposta que não o magoasse. A verdade é que eu não queria ir porque preferia ficar trancada em meu quarto ao invés de falar com qualquer pessoa. Isso estava sendo meio que uma regra para mim nos últimos meses.

Olhei para minha família na sala. Eles mereciam algo mais do que uma filha debilitada. Eu deveria tentar por eles e por Bernardo.

-Quer saber? Eu vou sim.

-Sério? – ele mesmo não parecia acreditar.

-É, por que não? – tentei sorrir.

-Então tá. Eu passo aí daqui à uma hora.

-Ok.

-Até daqui a pouco.

Parei na porta da sala decidindo como contar aonde ia.

-O Bernardo conseguiu o apartamento. – disse.

-È mesmo? Que ótimo!

-E... Ele me convidou para comemorar, e eu disse que ia. – disse as palavras de modo hesitante.

Os três me olharam com surpresa. Desviei meu olhar para o chão.

-Eu acho bom você sair um pouco. – declarou mamãe.

-Você vai sair com aquele idiota? – gritou meu irmão

-Felipe! Deixe sua irmã. – disse papai. – A vida é dela.

Meu pai sempre me deixava tomar minhas decisões. Por mais que fosse contra sua vontade, às vezes.

-Obrigada. – sorri. – Eu, hã, vou me arrumar.

Peguei minhas coisas no quarto e fui tomar um banho. Depois abri o guarda-roupa e comecei a procurar alguma peça decente. Decidi pegar um jeans e um suéter grosso, apesar de estarmos na primavera.

Fucei no fundo de uma gaveta procurando meu estojo de maquiagens. Eu não o usava a tanto tempo que estava perdido no meio das roupas. Passei um pouco de blush, já que minha pele parecia meio desbotada, e um gloss labial.

Terminando tudo ainda havia tempo de sobra até Bernardo chegar. Eu tentava evitar o tempo livre e isso era necessário especialmente nessa ocasião. Eu não queria pensar no tipo de comemoração que Bernardo planejava.

Ri comigo mesma quando um pensamento bobo me ocorreu. Imaginei o que Jacob pensaria sobre minha saída com Bernardo. Mas o humor passou quando lembrei que ele provavelmente não se importaria. Tudo o que ele sentira por mim no breve tempo que eu fiquei lá fora apagado. Era esse o poder do imprinting.

Respirei fundo tentando preencher o vazio no peito. Não adianta pensar nessas coisas agora. – Eu sempre dizia a mim mesma.

Ouvi uma buzina de carro e desci as escadas com pressa.

-Calminha aí. Ele não vai fugir. – disse Felipe com mau humor.

-Quando você vai parar com essa implicância?

-Quando você perceber o otário que esse cara é.

Entortei a boca reprovando-o e gritei para os meus pais que estavam na cozinha.

-Já estou indo!

-Espere aí. – meu pai veio até mim. – Volte antes das 22:00.

-Se você não estiver aqui às 22:01, eu tenho permissão para quebrar a cara dele. – acrescentou Felipe.

Dei um sorrisinho amarelo e saí porta a fora. Bernardo estava encostado no carro com as mãos nos bolsos de maneira casual. Seu sorriso iluminava seu rosto, mas não tanto quanto seus olhos.

-Oi. – sorri.

-Que bom que você aceitou vir. – ele se inclinou e me deu um beijo no rosto. – Vem, entre.

Entrei no carro e ele arrancou. Uma música suave enchia o ambiente.

-Então, o que vamos fazer? – perguntei tentando disfarçar o interesse. Ele dirigia sempre rápido em direção ao centro da cidade.

-Eu pensei num jantar simples. Eu cozinho.

Dei um risinho.

-Você? Cozinhando? – Bernardo nunca precisara aprender esse tipo de coisa. Além de ser garoto, era rico.

-Hahaha. Muito engraçadinha. Mas apenas por precaução, vamos pedir uma pizza. – ele não quis admitir que fosse incapaz de fazer qualquer coisa no fogão.

-Mas, sério. – pensei nas dificuldades que ele teria morando sozinho. – Como é que você vai ser virar sozinho?

Ele ficou sério.

-Acha que eu não consigo?

-Não. – discordei rapidamente. – É que deve ser difícil, não?

-Não tanto. Eu já tenho um emprego e eu não vou ficar sozinho por muito tempo. Lembra do Diego? – fiz que sim com a cabeça. Ele era um velho amigo de Bernardo. – Bem, ele saiu da casa dos pais também e vai dividir o apê comigo.

-Ah, que bom. Não gostaria que ficasse sozinho. – disse sem pensar. Ele olhou para mim e sorriu. Na cabeça dele aquelas palavras soaram de outro modo. Pigarreei e mudei de assunto. – Então, já estamos chegando?

-Quase. É ali no fim da rua. – ele também recompôs a expressão de “apenas amigos”.

Eu havia estabelecido essa condição a ele logo no primeiro mês depois do acidente. È claro que ele não gostara disso. Mas depois aceitou e eu confiei em sua palavra. Era apenas por isso que eu aceitara vir hoje.

Paramos numa rua estreita com algumas árvores ladeando as calçadas. Entramos num prédio simples de quatro andares. Ao subirmos as escadas, Bernardo colocou a mão nas minhas costas como que para impedir uma possível queda. O apartamento era o terceiro no corredor. Bernardo pegou as chaves e deu um meio sorriso ao abrir a porta.

-Você primeiro. – ele disse fazendo um gesto com a mão para eu entrar. Adentrei num cômodo de porte médio. A sala de estar era simples, um sofá, uma TV e uma mesinha. Havia uma janela que dava para a rua deserta. No fim do corredor havia uma porta fechada que devia ser a do seu quarto. E a cozinha ficava do lado extremo norte da sala.

-E aí o que achou? – ele perguntou com a voz macia.

Sorri.

-Adorei. Deve ser muito bom ter a sua própria casa. – comentei.

-É. Realmente é. Ficou melhor com você aqui. – prendi a respiração. Era exatamente esse o tipo de situação que eu queria evitar. Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa para dizer ele se adiantou. – Vou ligar para a pizzaria.

Bernardo pegou o telefone e começou a pedir. Aproveitei para dar mais uma olhada pela casa. Na pequena mesa ao lado do sofá havia um porta-retratos. Peguei-o e vi, surpresa, uma foto onde estavam eu, Bernardo, Ariane e Felipe num churrasco da minha família. Sorri ao lembrar daquele dia. Eram férias de verão e nós havíamos passado o dia inteiro na piscina. Naquela época eu e Bernardo éramos apenas amigos e a coisa toda era mais fácil. Parecia há séculos atrás, onde tudo era simples.

-Eu sempre gostei dessa foto. – ele disse de repente atrás de mim. – Tínhamos o quê? Treze anos?

-É, você tinha treze e eu doze. – sorri. – Sinto falta dessa época. – coloquei o porta-retratos no lugar e me virei para encarar Bernardo. Ele estava a apenas centímetros do meu rosto. Ele ergueu a mão e acariciou minha bochecha apenas com a ponta dos dedos, se aproximou um pouco mais e eu permaneci congelada, talvez esperando tolamente que ele se lembrasse das minhas condições. 

A campainha tocou e eu dei um sobressalto. Ele sorriu ao ver minha reação e foi atender a porta.

Salva pelo congo literalmente. Será que Bernardo não via que não haveria algo há mais para nós? Por outro lado eu não podia culpá-lo. Ele me perguntara inúmeras vezes se eu havia me apaixonado por outra pessoa e eu não tinha alternativa senão negar. O que eu diria? – Bom, eu meio que estou apaixonada por um cara que gosta de outra. Ah, e a propósito, ele é Jacob Black, um personagem do meu livro.

Bernardo voltou com duas caixas de pizza no braço.

-Vem, vamos para a cozinha. – ele disse como se nada houvesse acontecido.

O restante da noite fora realmente agradável. E eu estava feliz por ter feito o que eu queria: tirara aquela impressão de deprimida que meus pais tinham de mim ultimamente, e passara um tempo com Bernardo. Apesar de ser um pouco perigoso fazer isso. Terminamos de comer e passamos um tempo na sala vendo um filme que eu realmente não prestava atenção. De repente, ele desligou a TV e me encarou por um momento.

-O que a gente está fazendo? – ele perguntou seriamente. Fiz uma careta.

-Bem, a gente estava vendo TV.

Ele revirou os olhos.

-Sabe do que eu tô falando. Quer dizer, há quanto tempo a gente se conhece? Dez anos? E quando foi que as coisas ficaram assim?

Encarei o chão sem saber o que dizer. Eu não queria enfrentar esse tipo de assunto. Bernardo chegou perto de mim e sussurrou:

-Você sabe que eu te amo.

Olhei para o seu rosto, que estava a centímetros do meu.

-Sei. – sussurrei de volta.

-E sabe que eu me preocupo. – ele continuou. Assenti uma vez.

-Eu sei, Bernardo.

Ele respirou fundo e foi chegando cada vez mais perto. Não consegui me mover. Só olhei fixamente em seus profundos olhos azuis tentando me lembrar das razões pelas quais eu não deveria fazer isso. Mas ele estava ali e eu estava aqui. E sabia que esse era o único lugar que eu tinha escolha para ficar, já que a outra opção era impossível. Então, apenas me deixei levar.

Era a primeira vez em muito tempo que alguém me tocava. Bernardo era extremamente gentil comigo e movia sua boca lentamente contra minha. Suas mãos acariciavam meu rosto. Eu mal pude distinguir o que sentia enquanto o beijava quando senti a necessidade de parar. Afastei-me de Bernardo sentindo aquela velha culpa. A mesma que me atingiu quando ele me beijou contra a minha vontade há seis meses.

-Bernardo, eu acho melhor eu ir agora.

Ele pareceu surpreso.

-O que?

-É que meu pai disse para eu estar em casa às dez.

-Ah... Então tá. – ele disse contrafeito.

Ele dirigiu em silêncio o tempo todo. Parecia estar pensando em algo importante, de vez em quando rugas apareciam em sua testa. Eu não ousei verbalizar nenhuma das perguntas que tinha.

Estacionamos na frente da minha casa. Faltavam quinze para as dez. Ele não olhou para mim e eu não fiz movimento algum para sair do carro.

-Obrigado por ter vindo hoje. – ele disse de repente.

-Não tem de quê. Eu me diverti. – murmurei.

Ele pensou por um momento, parecia querer dizer algo difícil.

-Como você está? – ele me olhou como se estivesse tentando ver dentro de mim. – De verdade.

Eu não entendia aonde ele queria chegar.

-Não estou te entendendo.

Ele ficou um pouco impaciente com a minha evasiva.

-Me responda sinceramente: o que você sentiu quando me beijou antes?

Olhei para o pára-brisa sem dar intenção de responder.

-Sabe por que eu me apaixonei por você? – ele não esperou uma resposta. – Você era diferente de todas as outras. Você era impulsiva e tinha aquele jeitinho que só você tinha. E agora? Parece que está faltando alguma coisa dentro de você. E eu só queria que você parasse de fingir que está tudo bem.

Fiquei muda com aquele fluxo de palavras acusatórias. Bernardo sempre ia direto ao ponto, vi-o fazer isso milhões de vezes. Mas nunca comigo. Ele tinha um argumento, isso eu tinha de reconhecer. Talvez eu não tivesse percebido antes – eu estava ocupada demais tentando evitar a dor –, mas o fato é que eu mudei mais do qualquer um. Aquela foto que vi mais cedo era a prova concreta do que ele falava.

Eu era incontrolável, rebelde. Por isso me dava tão bem com Bernardo antes. Agora ele procurava aquela mesma Agatha, mas não iria encontrar. Eu era um beco sem saída. Por outro lado, eu sabia que não queria continuar a ser infeliz. Mas isso era impossível. A não ser que... O único lugar onde eu realmente pertencia, o lugar onde eu era eu mesma... Mas não havia como voltar...

Não havia percebido o acúmulo de lágrimas em meus olhos. Bernardo se aproximou de mim e eu permaneci imóvel.

-O que está acontecendo com você, hein? – ele sussurrou. – Por que você não me deixa ajudar?

Olhei para ele querendo dizer que ele não poderia fazer nada. Que meus problemas eram impossíveis para ele entender, mas Bernardo se adiantou e colou seus lábios nos meus. Depois ele olhou pra mim esperando algum tipo de veredicto, ou sei lá.

Não respondi. Estava ofegando, agora as lágrimas escorriam livremente. Abri a porta do carro e saí, mas antes disse com a voz embargada:

-Me desculpe.


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Notas finais do capítulo

ai, ai sei que muitas não vão gostar dela beijando Bernardo, mas eles namoravam desde pequenos. Um amor desses não pode ser esquecido tão facilmente. ( eu é que o diga) haha