O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 25
Antes do amanhecer I


Notas iniciais do capítulo

Heeeey obrigada pelos comentários lindas ___*
Ah eu adoro esse capítulo, especialmente por que ele tem duas partes, e é muito emocionante!
Bom, espero que gostem :)
XOXO



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/295164/chapter/25

Isso não vai dar certo.

Eu tentava calar o estúpido medo que insistia em dizer que meus planos não funcionariam.

E por mais que a coisa toda não desse certo, não era como se eu fosse morrer não é? Não é?

–Não entre em pânico Agatha. – sussurrei fazendo uma careta ao observar a altitude em que estava e como as ondas pareciam distantes lá em baixo. O vento era muito forte, agitava meus cabelos. Tentei arrumá-los enquanto repensava meu plano.

Para começo de conversa eu viera parar aqui caindo num buraco. Cair de um penhasco tinha o mesmo princípio, certo?

Errado. – corrigiu-me a voz em minha cabeça. – Você não vai cair, vai se jogar.

Dá na mesma – rebati. – O choque da água vai me levar de volta para casa, e tudo voltará ao normal. É isso o que eu quero.

É isso que eu quero não é?

Sentei-me na beira do penhasco e abracei os joelhos.

Eu não conseguiria fazer isso, eu sabia. E não era apenas a altura que estava me apavorando, mas a perspectiva de deixar tudo aqui. Era ridículo continuar tentando mesmo sabendo que Jacob deveria estar sentindo repulsa em relação a mim.

Levantei-me dando uma última olhada na imensidão do oceano abaixo e segui para a floresta. Não foi difícil achar o penhasco, apenas segui o que lembrava da discrição de Bella.

Torci o nariz ao lembrar-me dela. Era impressionante o quanto eu agora detestava minha heroína literária. Talvez fosse porque agora ela deixara de ser um personagem. Ela era a garota que havia destruído Jacob e deixara-o aqui em pedaços enquanto se divertia com seu vampiro!

Suspirei ao passar por um trecho escorregadio que me levava de volta a estrada. Hoje seria um péssimo dia, podia prever. Não era sempre que você acorda decidida a pular de um penhasco e descobre ter um ódio mortal pela pessoa que você mais admirou.

Se eu tivesse pelo menos conseguido pular... – trinquei os dentes. Como eu era covarde.

Segui o caminho para a loja. Estava disposta a pedir a Sra. Call para me deixar trabalhar dois turnos. Precisava me distrair.

O trabalho estava sendo monótono como sempre, ou talvez fosse meu humor depressivo que estivesse fazendo meus olhos enxergarem tudo cinza.

Como não havia movimento algum, decidi arrumar os enfeites do balcão. Arrumei-os simetricamente. Abaixei minha cabeça para observar se os enfeites estavam devidamente alinhados e vi alguém passar pela porta fazendo o sino tocar.

Tentei adivinhar como estaria minha expressão quando Jacob me fitou seriamente. Não consegui. Devia ser algo entre surpresa e desagrado.

–Oi. – ele não sorriu. Parecia cauteloso. Como se esperasse que eu jogasse os benditos enfeites nele. Levantei uma sobrancelha, considerando. Não era uma má ideia.

Como não respondi, ele tentou novamente.

–Sei que provavelmente sou a última pessoa que quer ver agora. – ele chegou perto do balcão. – Mas eu tinha que concertar o que fiz. – sua voz estava mais rouca do que o normal.

–Não cabe a você concertar nada. – Cortei-o com a voz saindo entre dentes enquanto pegava um pano e tirava uma poeira inexistente no balcão.

Ele mordeu o lábio pensando. Continuei minhas tarefas fingindo que ele não estava ali. Quando o silêncio se tornou constrangedor até para mim, fitei-o mais friamente que pude.

–Precisa de algo em especial? – era incrível como minha voz saíra irônica.

Ele passou o peso do corpo de um pé para o outro.

–Você me acha um idiota. – não era uma pergunta.

–E isso justifica o fato de você estar me atrapalhando no meu trabalho? – Eu disse. Jacob olhou para mim como se estivesse implorando para eu ser paciente. Tá legal, talvez eu estivesse sendo um pouco cruel. Mas o que ele esperava depois de ontem? Decidi amenizar um pouco minha expressão. – Tudo bem Jacob. O que você quer exatamente?

–Eu já disse. Eu quero consertar o que eu fiz ontem. – ele me olhou daquele jeito cauteloso novamente. Ele respirou pesadamente. – Se você deixar.

Senti os cantos de meus olhos formigarem.

–Por favor. – ele pediu.

Coloquei dois dedos em minha têmpora direita. Eu estava magoada, mas se eu fosse ir embora, era melhor ir de bem com todo mundo. Principalmente com Jacob, ele ainda era meu amigo.

–Você não precisa consertar nada. Deixa pra lá. – murmurei.

–Não, eu faço questão. Eu falei um monte de bobagens, Agatha. Eu quebrei minha promessa, falei coisas que não devia... Coisas que não são verdades. – ele balançava a cabeça, dava pra ver que Jacob estava arrependido.

–Tudo bem, Jacob. Eu já disse para deixar pra lá. – Eu odiava vê-lo no estado em que estava.

–Eu só vou deixar para lá se você me perdoar. – ele sentenciou.

Levei um tempo para pensar nisso. Eu não era uma pessoa que perdoava facilmente. Eu não era rancorosa, mas eu prezava muito a confiança e uma vez que fosse quebrada...

Não respondi. Ele abriu a boca para falar e eu o interrompi.

–Jacob, eu sei que você não falou aquilo por mal. Eu sei o que a dor pode fazer com alguém. – eu já passara por isso. – Sei que às vezes falamos coisas que não queremos. – eu falava baixo. – E o que você fez não foi lá um crime nem nada. Então pode esquecer esse papo de perdoar tá bem?

Não consegui acalmá-lo como pretendi. Seu olhar continuava torturado.

–Eu já disse que você é uma péssima mentirosa.

Fiz uma careta.

–Aonde quer chegar com isso?

–Você não me engana. Sei que você ficou magoada, e eu entendo se você levar algum tempo para me perdoar. – ele deu de ombros. – Contanto que você não comece a me odiar.

Fiquei sem palavras quanto a isso. Eu sempre soube que mentia mal, mas com Jacob era diferente. Como se ele lesse mentes ou sei lá.

–Eu tenho que ir, tá bem? – ele fez a volta pelo balcão e abraçou-me e me beijou no rosto, quase na boca. Por um momento achei que eu fosse desmaiar ali mesmo. Sua pele – mesmo sendo da mesma temperatura que a minha – deixou um rastro de fogo em mim. Jacob levou um tempo a mais do que o necessário para me soltar. E quando o fez saiu apressadamente me deixando totalmente atordoada.

Eu ainda estava meio chocada com o que houvera na loja mais cedo enquanto ia para casa. Não tinha muita consciência de meus pés movendo-se e foi uma surpresa ver-me na porta da frente em tão pouco tempo.

Encontrei Seth na cozinha comendo um sanduíche.

–Agatha. – ele disse surpreso. – Demorou a vir do trabalho, teve muito movimento?

–Hmm, na verdade não. – respondi pegando um copo de água. – Eu peguei os dois turnos.

–Por quê? – ele estranhou.

–Eu queria, hum, fazer alguma coisa. Não queria ficar sozinha em casa.

Ele terminou o sanduíche e pôs o prato na pia.

–Eu estava em casa. – ele disse um pouco ofendido.

Eu começava a ficar desconfortável. Não queria dizer o motivo real por não querer ficar perto de ninguém.

–Ah, eu – pigarreei dando de ombros. – achei que você fosse sair.

Ele olhou para mim de repente um pouco preocupado.

–Você está bem?

–Claro. – droga, eu respondi rápido demais.

Ele cerrou os olhos. Era óbvio que ele não acreditara.

–Eu vou tomar um banho tá? – eu ia saindo da cozinha e ele avisou.

–Ah, minha mãe disse que quando ela chegar nós vamos jantar na casa de Charlie.

Vire-me hesitando.

–É mesmo?

–É. Bom, Leah não vai ir. Ela trocou de turno com Jared e vai correr à noite.

–Tudo bem.

Eu estava dividida. Por um lado eu queria muito conhecer a casa dos Swan, o cenário de tantas coisas que li e muitas vezes quis viver. Por outro lado, a última noite que cruzei com Charlie fora um tanto constrangedora. Eu saíra desembestada da casa de Billy e nem sequer me despedira.

Tomei banho, e coloquei uma roupa qualquer. Decidi colocar um suéter, o tempo lá fora parecia frio e eu não queria causar suspeita de que não sentia frio.

Sue chegou e ela estava animada por visitar o amigo. Sorri comigo mesma ao lembrar de como eu adorara o fim de Charlie e Sue no quarto livro da Saga. Os dois ficarem juntos fez todo o sentido do mundo. Como se fosse para ser assim desde o início.

Seth conversava animadamente com Sue. Eu escapei com alguns murmúrios e risos forçados. Estava nervosa por algum motivo, uma sensação estranha. Como se algo importante estivesse para acontecer.

Tentei afastar este sentimento bobo da cabeça, afinal eu estava realizando o sonho de muitas fãs. Eu estava em Forks indo conhecer a casa de Bella Swan.

O humor negro me afetou quando me lembrei que nessa manhã eu pensara odiar Bella. Agora eu via como estava sendo amarga.

Minha ansiedade atingiu o nível máximo enquanto Sue estacionava ao lado da viatura de Charlie. Desci do carro quase quicando. Fazia algum tempo que eu não sentia alguma emoção que não fosse relacionada à confusão.

Charlie apareceu na varanda com um sorriso iluminado. Ele nos convidou a entrar e eu segui Sue e Seth timidamente. Atravessamos um corredor longo até a cozinha, que era exatamente como eu imaginara: os armários de um amarelo brilhante, o piso branco, a cadeira de Charlie em que Edward sentara pela primeira vez em Crepúsculo... Tantas coisas que eu lera e que aconteceram ali naquela mesmíssima cozinha.

A nostalgia tomou conta de mim e por um momento derradeiro, eu quis estar de volta ao meu quarto onde eu passava horas lendo meus livros. Era tudo tão fácil. Eles eram apenas personagens e eu apenas Agatha...

Recompus minha expressão antes que alguém percebesse. Charlie olhou-me curiosamente.

–Tudo bem Agatha?

–Sim, claro. – forcei um sorriso. – E o senhor?

Achei-o meio estranho. Como se estivesse preocupado.

–Bem. – ele se dirigiu a Seth. – E você garoto? Parece que cresce cada dia mais!

–Que nada – ele sorriu. – Sou um nanico perto dos outros!

Sue começou a fazer o jantar, ou melhor, tentou salvar a comida que Charlie havia começado a fazer.

–Seth e eu fomos até a sala ver tv. Ele ficou entretido com um jogo de basebol que passava. Não precisei de mais de dois minutos para ficar entediada. Fui até a lareira onde havia as fotos de Bella e sua mãe. Sorri ao contemplar o rosto de Renée, os olhos azuis dela – quase infantis – eram exatamente como imaginei. Aquelas fotos eram mencionadas no primeiro livro logo antes de Bella ir para a escola, mas havia uma que não era mencionada. Uma que provavelmente fora adicionada à coleção há pouco tempo. Era de Bella e Charlie lado a lado meio desajeitados, mas ambos com um sorriso verdadeiro no dia do casamento dela e de Edward.

Bella era realmente linda, dava os ares de Kristen Stewart obviamente, mas era muito mais bonita.

De repente fui pega por um desejo louco de conhecer o quarto de Bella. Estaria quase vazio é claro, mas ainda assim valeria a pena.

Olhei de esguelha para Seth que xingava o juiz pela tv. Espiei a cozinha e constatei que Sue e Charlie não iriam sequer dar conta de minha presença ou a falta dela.

Subi as escadas nas pontas dos pés, segui para o quarto e abri a porta.

O cômodo era pequeno, o teto curvado. Havia uma cadeira de balanço ao canto e uma cama sem lençóis. Não havia muito mais o que olhar, estava vazio com previ.

Antes de ir embora decidi satisfazer uma última curiosidade e fui até a janela que dava para o pátio da frente. Sorri ao imaginar Edward subindo rapidamente por ali, e depois Jacob se esgueirando, usando uma árvore para dar impulso em Lua Nova.

Pensar em Jacob doeu um pouco. Eu ainda estava confusa pela sua aparição repentina na loja mais cedo. Suspirei, cansada só de pensar em como seria nosso próximo reencontro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!