Were You Just a Dream? escrita por Lady May
Notas iniciais do capítulo
Classificação +13 apenas para ser coerente com a da série.
Parafraseando Camões, navego por águas nunca antes navegadas... Essa é minha primeira fic de Supernatural, então sejam bonzinhos, ok?! (Sem Beta)
Were you just a dream?
Ele se lembrava bem dos cabelos vermelhos e dos olhos amarelados que o mantinham na mira de sua arma. Recordava-se de ficar estático, também com a arma em punho, admirando a beleza ímpar da possível adversária enquanto tentava, desesperadamente, guardar seu rosto.
Ficaram naquela posição até que um barulho desviou a atenção de Dean Winchester.
Nunca mais a viu.
- Dean? – chamou Sam pela terceira vez – Você ouviu alguma coisa do que eu disse?
O mais velho foi puxado de suas lembranças com um susto, mas disposto a não dar o braço a torcer, olhou para a primeira mesa composta só de mulheres, sorriu maliciosamente e respondeu:
- Desculpe, Sammy. Estava pensando em outra coisa. – ele indicou, com a cabeça, a direção da mesa. – Acho que vou falar com elas. – Dean ameaçou se levantar apenas para manter o teatro, já que jamais admitiria estar pensando numa completa estranha. Às vezes se perguntava se não fora um sonho.
Sam, sem perceber o conflito interno do irmão, limitou-se a balançar a cabeça.
- Te vejo no quarto ou só amanha de manhã? – perguntou enquanto se levantava e seguia para a saída.
- A noite é uma criança. – replicou sorrindo de canto.
Porém Dean nunca falou com as mulheres; tampouco voltou para o motel. Deixou algumas notas sobre a mesa para pagar a conta e deixou a lanchonete a pé.
A noite estava agradável com o céu limpo, a lua cheia e temperatura amena. Condições perfeitas para organizar os pensamentos.
Andou sem rumo até uma praça perto da igreja da cidade. Sentou-se no banco enferrujado e, cobrindo o rosto com as mãos, forçou a mente a lhe mostrar as imagens daquela noite para tentar descobrir quando a garota ruiva se tornara uma obsessão.
Era dezembro e faltavam poucos dias para o Natal, mas, como de costume, os Winchester não comemorariam. Primeiro porque o espírito natalino passava longe daquela família, segundo porque Sam acabara de sair de casa, desafiando o pai.
Agora caçando sozinho com John, Dean parecia não se incomodar com coisas rotineiras como o frio que enfrentavam a caminho de um sanatório abandonado onde a população local dizia acontecer coisas estranhas, como a morte ritualística de uma menininha.
Ao se aproximarem, os dois puderam constatar o estado deprimente do lugar. Realmente há anos estava abandonado, já que os vidros das janelas estavam quebrados, as portas, podres e lascadas e a vegetação já retomava seu lugar de direito.
- Dean... – começou John assim que estacionou e entregou uma pistola ao filho.
- Eu sei, pai. Te dar cobertura. – replicou o rapaz destravando a arma e saindo do carro.
Cruzaram a soleira da porta e repararam nas pegadas, de, pelo menos, duas pessoas, formadas no chão empoeirado. Não estavam sozinhos. Mudando os planos, John fez sinal e os dois se separaram: Dean olharia o andar de baixo e seu pai, o de cima.
Havia muitas fotos na parede, todas em preto e branco, retratando a história antiga e macabra daquele lugar. Com certeza, era bem possível existirem almas atormentadas e atividades demoníacas ali. E a cada cômodo que visitava, o rapaz concluía aquilo.
Contudo, apesar de cheio de coisas apavorantes, nada que servisse de pista para o caso era encontrado. Até que soluços vindos de uma sala próxima atraíram o jovem caçador.
Dean andava vagarosamente para evitar que o rangido do assoalho velho chamasse a atenção para si. Ao chegar à porta e olhar discretamente o lugar, viu, no chão, uma lanterna iluminando parcialmente as manchas vermelhas do círculo para aprisionar demônios; no centro, um rapaz com o corpo num ângulo estranho e, sobre ele, uma garota que o sacudia enquanto chorava e implorava para que acordasse.
Ela parecia uma garota comum que dera o azar de estar no lugar errado na hora errada e agora vivenciava o terror e desespero de perder alguém querido. Dean sentiu-se penalizado e, ao mesmo tempo, com raiva da fragilidade humana. Por isso era um caçador, para impedir que pessoas como aquela garota sofressem, para ajudar...
O Winchester tentou se aproximar, porém, ao cruzar a entrada, pisou num assoalho particularmente barulhento e acabou assustando-a. A estranha levantou-se desajeitada, depois, segurando uma arma com as duas mãos, apontou-a para Dean, que não conseguiu dizer nada. Nenhuma garota normal andaria armada num lugar daqueles...
Então o caçador recebeu sua resposta: naquela noite, ela tremia. E ao vê-la naquele estado, assustada e sozinha, ele sentiu um forte desejo de abraçá-la e garantir que se sentisse protegida... e isso nunca o deixou. Nenhuma das mulheres que conhecera o fizera se sentir tão... necessário. Por isso jamais a esquecera.
Não se sabe por quanto tempo ficaram ali. Nenhum dos dois falava nada e o silêncio só era quebrado pelo esforço da garota para controlar sua respiração acelerada.
O caçador pensou em várias coisas para dizer, mas nada fora pronunciado, pois antes que qualquer palavra fosse formada, um barulho mudou seu foco, dando a oportunidade para a garota fugir. Ela passou correndo, movimentando o ar, levantando poeira e espalhando um perfume de que Dean apenas se lembraria... Nunca mais a viu.
O Winchester saiu de suas lembranças quando grossos pingos de chuva começaram a molhá-lo. Quanto tempo havia se passado? Quando aquelas nuvens se formaram?
Achando graça da situação, da sua vulnerabilidade, levantou-se, arrumou o casaco para se proteger da chuva e pegou o caminho de volta para a lanchonete. Quem sabe aquilo não fora um sonho? Vira tantas coisas... talvez sua mente não já saiba mais diferenciar o real e o imaginário. Nunca saberia... a menos que encontrasse a ruiva misteriosa mais uma vez.
FIM.
* * *
Como eu disse, primeira fic. Reviews são sempre bem vindos, mas nessa situação são mais ainda. Acertei? Errei? Onde posso melhorar?
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Gostou? A história continua em "O Jogo dos Espíritos".