Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 53
Resistência


Notas iniciais do capítulo

"Quando eles chegarem, o que vai fazer a eles?
Vai dizimá-los como fez comigo?
Você vai deixa-los tontos e gagos?

Quando eles chegarem, como vai dar conta deles? Vai devastá-los deliberadamente?
Pois eu vou adivinhar: eles não estão preparados para
Mil fahrenheit luzes metálicas quentes por trás de seus olhos,
você é invencível!"
Invencible- Ok Go



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Agora, a responsabilidade foi assumida_ Caius sorriu friamente olhando nosso grupo.

Fechei os olhos e girei, me encolhendo no enorme corpo hirsuto e quente de Jacob, covarde demais para lidar com a dor das híbridas pelo pai.

—Detenham-nas_ ouvi Edward dizer urgentemente.

As três gritavam e se agitavam num arroubo doloroso e impensado por vingança. Senti uma lágrima rolar, incapaz de não me colocar no lugar delas. Só pude esperar morrer primeiro, eu não queria vê-los queimar.

Um estalo áspero soou apesar da desordem e espiei por cima do ombro, ainda colada a lateral do corpo do lobo. Seth tinha o rosto contorcido em agonia, era um homem nu sentado no chão e estava agarrado firmemente a cintura de Jennifer, que embora agitada e em pranto já não lutava; a perna dele (no joelho) não parecia numa posição natural. Os dois numa posição estranha, com ela quase em seu colo, de forma que sugeria que os dois caíram.

—Seu pai não ia querer isso_ Alice dizia a híbrida morena agitada entre seus braços. Jasper acrescentou segurando a outra loira:

—Se não puderem se conter, vamos morrer todos.

Elas pararam de lutar, mas Jasper e Alice continuaram a segurá-las, mais à frente Jennifer soluçava abraçada a Seth, ainda humano, ambos no chão.

Não fosse pelo lamento das híbridas tudo teria estado em mais absoluto silêncio, os dois Volturi encaravam a cena com incredulidade. Qual seria o próximo passo?, me perguntei. Então me ocorreu que a jogada com que eles contavam não veio. Não houve o ataque imediato de nossa parte, apesar de toda a comoção.

Atrás deles, suas testemunhas pareciam confusas, todos muito abalados com a execução repentina. Teria sido Nahuel... pensei que vomitaria a qualquer momento, meu estômago revirando desconfortavelmente; meus olhos buscaram sua figura, ainda no chão, no meio do caminho entre as duas multidões, ele parecia atônito, imóvel, os olhos enormes.

O murmurar soava como um enxame de abelhas, Aro olhou para trás com irritação mal disfarçada e percebi que sua necessidade de plateia havia se voltado contra ele. Me intrigou, como de repente, me parecia fácil lê-lo... Mas outra coisa me distraiu, tudo em volta perdendo o contorno e a importância quando outra contração me atingiu, me fazendo trincar os dentes e me apoiar inteiramente em Jacob, seus olhos aflitos em mim. Essa veio com um intervalo muito menor e muito intensa.

Aro disse algo que me escapou, enquanto eu tentava não me deixar cair de joelhos. Quando passou só consegui pensar em sair dali; um impulso muito rudimentar me dizia para correr, eu precisava ir.

—Preciso sair daqui_ falei por baixo da respiração, só para Jacob, a cabeça apoiada onde terminava sua pata dianteira. Bella e Leah me olhavam, percebi com a visão periférica. Ele olhou para frente, não tive coragem de imitá-lo, e olhou para mim de novo, torturado. Como eu precisava ouvir sua voz, que ele dissesse o que estava pensando.

Um ganido agudo e baixo saiu dentre seus dentes, os olhos aflitos e então Leah se aproximou e tocou meu braço delicadamente, me empurrando de leve. Olhei para Jacob novamente e assenti. Eu não sabia exatamente o que ele tinha em mente, mas confiava plenamente que ele faria qualquer coisa para a segurança de nosso filho. Então algo me ocorreu e me precipitei de novo, abraçando a lateral de seu corpo, ele se dobrou um pouco de lado, sua cabeça recostando em mim. Volte para mim, impus em sua mente, sem conseguir evitar que isso parecesse uma ordem. Sem mais, me virei a caminhei entre os vampiros amigos, pelo meio do grupo em direção as árvores.

Quando sob a proteção da floresta eu corri, o mais rápido que pude, Leah me alcançou facilmente, ganiu um chamado e apontou em direção a La Push, para minha casa. Balancei a cabeça hesitante. Aro conhecia o caminho tanto quanto eu. Eu queria um lugar seguro.

—Aqui é perto demais, Leah!_ balbuciei com urgência, minha mente catalogando um lugar seguro. Onde seria seguro?

Ela voltou à forma humana num piscar de olhos.

—É provável que tenhamos de fazer isso sozinhas, ir longe demais pode ser perigoso para você e o bebê, não sabemos como vai ser. E se houver alguma complicação?!

Sim ela tinha razão, mas era perto demais da clareira... Abri a boca para argumentar. Minha voz não saiu. Eu queria correr.

—Nessie, Jake está morrendo por não estar aqui com você, ele está lá para garantir que ninguém venha procurá-la, protegendo nossa retaguarda, ele não confia que mais ninguém faça isso. Vamos ficar ao alcance dele e de quem mais puder ajudar?

Concordei, relutante. Era loucura ir para longe, eu sabia, se meu filho não fosse forte o bastante para sair de mim era melhor que meu avô nos encontrasse o quanto antes, no entanto isso não me acalmou, eu ainda me sentia exposta e vulnerável, de qualquer forma era muito em que pensar, muito para articular, sobre tudo durante um trabalho de parto.

—Prometo manter vocês seguros com a minha vida.

Eu sabia, Leah havia se exposto em sua forma mais frágil por mim e por Jacob. Embora ele pudesse tê-la obrigado com sua autoridade de alfa, eu tinha certeza que não tinha feito. Ele não confiaria nossa proteção a ninguém mais.

Corremos.

Parei na praia que era nosso quintal dos fundos, a vista era tranquilizadora, quase afastava de minha mente o acontecimento a alguns quilômetros. Leah me alcançou, em forma humana e vestida, envolveu meus ombros com um braço e me guiou para casa; uma pausa para uma contração que pensei que me dividiria ao meio e seguimos.

Os minutos sem dor pareciam muito ligeiros enquanto os segundos de dor se arrastavam lentamente. Senti vindo quando meus músculos abdominais se retesaram, se fundindo numa cólica leve ao pé da barriga e uma dor grave no cóccix. Senti minha mente sendo sugada para algum lugar muito primitivo, nem ao menos conseguia contar o tempo, eu só conseguia sentir. Meu corpo. Medo. Que Jacob não estivesse comigo.

Leah puxou uma cadeira na cozinha e eu ignorei; acho que podia me dar ao luxo de ser um pouco rude agora. Não queria sentar. Espalmei o tampo da mesa e sustentei meu peso nos braços, absorvendo todo o ar, que eu não conseguira durante o minuto de dor.

—Acha que banho quente vai ajudar?_ a voz de Leah era doce. Balancei a cabeça em concordância. Talvez ajudasse. Ela assentiu e correu rumo à sala e escada a cima.

Tirei as botas e caminhei lentamente em direção ao meu quarto, a banheira enchia.

—De cinco em cinco minutos?_ Leah pôs a cabeça para fora do banheiro enquanto eu tirava a roupa, assenti debilmente, sem ter certeza. _A última durou um minuto inteiro.

—Sim.

A água não estava realmente quente, mas estava agradável. As contrações seguintes pareceram completamente suportáveis na água.

—Pode verificar o que está acontecendo?_ a olhei suplicante, ela hesitou, mas no fim cedeu e assentiu. _Vai me dizer o que está havendo?

—Renesmee...

—Por favor, Lee?

Ela suspirou e concordou, saindo em seguida do banheiro. Ouvi o rápido farfalhar de suas roupas e o bufar de sua respiração no outro corpo.

Eu sibilei, meu corpo se obrigando a se comprimir na parte de baixo, no sentindo de empurrar, sem pensar. Era instinto, meu corpo de alguma forma sabia o que fazer. Percebi que o empuxo aliviava a dor, era maravilhoso, um alívio enorme... e passou.

Ouvi novamente o ruído de Leah se vestindo e então estava de volta:

—Não está havendo uma briga, só uma conversa confusa entre Edward e o tal Aro. Jacob estará aqui assim que puder.

Assenti, irrequieta, de repente ficar na água não estava ajudando, estava me irritando, não havia posição confortável. Leah me ajudou a sair e vestir o roupão, eu não precisava realmente de ajuda física, mas era reconfortante tê-la comigo. Descemos para o andar de baixo em silêncio, eu não tinha nada em mente para fazer, mas precisava me manter em movimento, era isso que meu corpo queria, era algo como a sede ou a competição à minha natureza, era homeostático. Eu me percebi muito conectada com quem eu era.

Me apoiei nas costas do sofá quando outra contração veio, Leah ao meu lado afagava delicadamente a base de minha coluna, era bom; quando passou e eu ia tomar fôlego, porque parecia impossível respirar o bastante enquanto meu corpo se contorcia e retesava, veio outra e isso me apavorou. Temi sufocar.

—Respire_ Leah sussurrou, sua própria respiração soando mais forte e cadenciada, me guiando. _ Nós lemos sobre isso, lembra? É um bom sinal. Tudo está indo muito bem.

Assenti e veio um intervalo.

Embora a ideia de deitar ou sentar parecesse horrenda sentia-me cansada, mental e fisicamente, queria poder dormir um pouco, senti minha consciência lânguida durante os segundos de intervalo, toda minha energia estava voltada ao trabalho de meu corpo. Então senti, enquanto ouvia como uma bola de chiclete sendo estourada, quente e acrimonioso, o líquido amniótico escorrer por minhas pernas. Tentei controlar a respiração, a ansiedade e aflição ameaçando me dominar. Temendo dormir, tão grande era o súbito cansaço que eu sentia, fiquei imóvel e sem conseguir pensar assistindo Leah seguir até a cozinha e ouvi a porta do armário ser aberta e fechada, ela voltou com uma toalha de limpeza, depositando-a sobre a poça d’agua e me segurei no encosto do sofá. A força dessa me pegou de surpresa, eu já estava habituando ao padrão anterior.

Leah me lembrou de respirar fundo e expelir o ar pela boca durante a intensa contração dupla.

—Temos 30 segundos até a próxima. Precisamos monitorá-lo.

—No closet_ minha voz falhou com o choro preso. Eu simplesmente não conseguia derramar nenhuma lágrima. Apesar da vontade esmagadora de fechar os olhos e dormir (eu tinha certeza que podia dormir de pé se fechasse os olhos) eu queria rosnar, correr e quebrar coisas. Nunca antes eu estivera tão conciente do poder de minha constituição física.

Enquanto Leah ia ao andar de cima, organizei algumas almofadas no chão da sala, tentando apenas pensar no que estava fazendo, limpar minha mente.

Antes que ela voltasse, ouvi a aproximação conhecida; eu quis gritar de alívio, mas outra rodada me fez cair de joelhos sobre as almofadas, deitei o peito sobre o sofá, relaxando as pernas e o quadril. Foi tão libertador que me ouvi gemer, vagamente, minha mente escorregando para um lugar entre a vigília e o sono apesar da pressão absurda em meus quadris.

—Nessie_ Jacob falou ofegante, mas tudo que consegui fazer foi alcançar seu braço e apertá-lo enquanto a segunda compressão seguiu a primeira. Ele estava de joelhos comigo, percebi, inclinado comigo, sua mão quente mesmo por cima do tecido felpudo do roupão foi um consolo.

Ergui meu tronco para fitá-lo no exato momento em que Leah chegava. Sentei sobre minhas pernas e abri o roupão, me inclinando de lado, Jake me abraçando enquanto Leah usava o sonar portátil. Desejei cochilar por 30 segundos, no entanto, o som ágil e constante de um coração ecoando me alertou.

—Tá tudo bem_ murmurou Leah. No exato momento em que abri os olhos para olhá-la, um uivo muito perto soou alarmado. Os dois trocaram um olhar intenso por menos de um segundo e Leah saiu em direção à cozinha, correndo.

Apertei Jake contra mim, lutando mentalmente para sair daquele torpor.

—Não se preocupe, temos lobos em volta. Estou aqui para proteger vocês_ ele me beijou o rosto.

Inclinei para frente, de novo, com a força atordoante com que me contorci, um rosnado bestial irrompendo o ar, me chocando, vagamente. Apesar do meu tronco continuar se tencionando, a pressão concentrou, sobretudo, em minha pele, ardentemente, e eu podia visualizar nitidamente a posição de meu filho, mais perto que nunca. Senti meu rosto sorrir, notando a próxima contração avançando. Jacob afastou alguns fios de cabelo do meu rosto, uma mão em minha cabeça e outra em minhas costas; abri os olhos para olhá-lo com abandono, me concentrar na sensação não a fazia durar menos, e eu simplesmente não tinha uma palavra para descrever sua expressão concentrada, ansiosa, acolhedora e algo mais.

 Olhei para baixo, sentindo a pressão esmaecer, as almofadas abaixo ficaram úmidas lenta e continuamente a cabeleira úmida foi se mostrando e em alguns segundos a cabecinha ficou completamente visível ao mesmo tempo em que o intervalo chegou.

Ouvi-me arfar um riso, completamente fora de mim. Temi me mover, mas levantei a cabeça e encontrei os olhos lacrimejantes e o sorriso iluminado de Jake; toquei seu rosto, contendo uma gargalhada. Pensei, ao fundo de minha mente, que fazia sentido as pessoas darem suas vidas por drogas, a sensação devia ser semelhante, com tanta ocitocina assim.

Uma miríade de emoções fazendo o início de outra rodada de contrações ficar muito abaixo das prioridades que se reajustavam. Fiquei ereta me apoiando nos braços fortes que me envolviam, com uma mão, a outra segurando delicadamente a cabecinha dele. Foi fácil, muito mais fácil que todo o restante. Quando dei por mim o estava erguendo pelos ombrinhos minúsculos; ele fez careta, os olhinhos fechados, e chorou alto e nitidamente enquanto uma onda quente e avassaladora de ternura me atordoavam. Eu achava que não conseguiria desgrudar dele antes, mas nada se comparava com a sensação protetora que me tomou ao olhar seu rostinho.

Eu o trouxe para meu peito, e Jacob me puxou para o seu. O acalentei, fechando o roupão em torno de nós dois, e sentindo-o quentinho e macio contra minha pele; o choque de sair de meus 40 graus para se deparar com a temperatura muito mais baixa do ambiente era certamente desagradável para ele, além de sentir oxigênio sendo forçando por suas vias.

—Eu sei, eu sei, ar parece ruim..._ murmurei entre lágrimas, lembrando minha própria experiência ao nascer. Ele parou de chorar ao me ouvir.

Olhei para cima ao perceber Jacob tremer, ele tinha os olhos fechados e chorava. Beijei seu peito, onde alcancei, esfregando o bebê sem pensar, delicadamente, enxugando-o e o aquecendo. Ouvi sua respiração atentamente a fim de saber se algo a obstruía, parecia tudo bem.

—Obrigado, obrigado_ murmurou a voz rouca, após alguns segundos. Os braços de Jacob nos apertaram com delicadeza. _Você foi tão forte! Desculpe não vir antes, eu tive medo que...

—Não importa! _interrompi, sem querer romper a perfeição daquele momento. Eu só queria gravar para sempre a sensação do pequeno bebê em meus braços, seu cheiro quente e delicioso de uma forma que nunca imaginei possível, e os braços do homem que eu amava, incontestavelmente, a minha volta.

Havia muito mais coisas acontecendo fora de nossa redoma e se eu pudesse adiar ao máximo ter que pensar nisso eu adiaria. Um tremor me tomou, crescente, junto de um frio no estômago, refleti sobre meu medo, secando os fios da cabeça de meu filho, sentindo-me absolutamente apaixonada. Me sentia num sonho, como se ele fosse desaparecer a qualquer momento. Me apertei contra Jacob, incomodada que meus dentes estivessem batendo, de repente me sentia tão vulnerável!

—É a adrenalina_ Jacob afagou meu braço e minha perna, referindo-se ao tremor.

Não respondi, surpresa ao perceber que o cabelo de nosso filho era da cor de conhaque e não castanho como parecia com a umidade; era muito mais como eu que como Jacob (desde o sonho eu tinha certeza que ele seria exatamente como o pai), sua pele ficando rosada conforme se aquecia.

—Você é perfeito, Anthony_ ele gemeu e seus pezinhos empurraram minha barriga em direção ao meu seio.

Jake riu genuinamente. O fitei por um momento, maravilhada com tudo que ele me dera.

—Faminto como o pai!_ brinquei e ele selou meu lábios por um momento.

Sorri ao perceber que Anthony, agora, estava de olhinhos abertos. Olhos que pareciam azuis marinhos, muito escuros, evidenciando a tendência ao castanho de Jake. Iniciando um arrulho, fui detida quando Jacob ficou tenso, e me dei conta da aproximação alvoroçada. Dois lobos e uma pessoa, algum lobo em forma humana.

Jacob ficou imóvel à espera, o avançar não parou, seguindo para dentro de casa de forma familiar, até que Leah entrou em nosso campo de visão. Sua expressão aterrorizada, torturada, um fio de gelo em meu estômago fez meu tremor aumentar. Ela tinha um braço cruzado na frente do peito, segurando o outro braço, sangue escorrendo entre seus dedos.

Sua voz soou esganiçada com a dor:

—Eu fui mordida.


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Notas finais do capítulo

Desculpem os mais sensíveis, mas eu tentei fazer desse capítulo um pouco realista, tanto quanto possível RS



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