Após a minha saída do hospital fui direto para casa, me joguei na nossa cama e puxei o travesseiro do Feh, e me pus a chorar em cima dele, ele não devia mexer assim com meus sentimentos, essa fase não estava sendo boa para ninguém, principalmente pra mim, eu não olhava com otimismo algum a situação por inteira, não encontrava a razão do porque aquilo estava acontecendo, e já me cansei de tentar conseguir alguma resposta de Deus, nessa altura eu já duvidava até de sua existência, com tantas pessoas ruins no mundo, que só serviam pra trazer desgraça e infelicidade pra vida das pessoas as boas, assim como o Feh tinham de partir? Que Deus e mundo maravilhoso que nós vivemos é esse, não é mesmo? Depois de um tempo o sono foi chegando e eu fui fechando os olhos aos poucos, deixando que apenas a luz da lua iluminasse o quarto naquela noite.

Acordei com o sol quente e vermelho batendo diretamente em meu rosto, olhei no relógio e já eram 15:00, cheguei a conclusão de que eu havia dormido por mais ou menos umas 12 horas, me levantei ainda mole e fui ao banheiro, tirei minhas roupas e tomei um banho gelado pra despertar, como estava quente coloquei uma bermuda bege, uma regata branca e um all-star sem meia, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, peguei meu celular e parti para o hospital.

Não havia tanto congestionamento como nos dias da semana, esse sábado parecia mais tranquilo, com um ar de nova esperança, uma verdadeira baboseira, pensei logo em seguida. Assim que estacionei o carro respirei fundo, não sabia se gostaria de vê-lo depois de ontem, mais no fundo eu sabia que eu devia estar ao lado dele, afinal de contas eu era sua companheira, sua amiga, amante, irmã ... ALMA GEMÊA.

Quando passei pelo corredor da ala a qual ele se encontrava instalado minha sogra que estava sentada com uma expressão mais animada até seu olhar não estava tão triste como o dos outros dias, quando me viu ela correu em meu abraço, meu sogro e meu cunhado também pareciam mais felizes do que antes, sem entender nada eu perguntei:

– O que está havendo?

Se soltando de mim ela disse:

– Não precisaram aumentar as dosagens de medicação Alexia, ele está melhorando, estão até mesmo dizendo em recuperação e volta pra casa.

– Mas... Como? Tipo de uma hora pra outra?

– Quando fizeram o exame geral perceberam que a doença está se contendo, os remédios e a estadia no hospital sob os cuidados do Dr Henrique fizeram com que ele melhorasse meu amor, ele está lutando internamente contra essa doença.

Eu queria gritar de alegria, meus olhos de encheram de lágrimas, mas dessa vez de emoção, será que ele iria melhorar mesmo? Tomara que sim, o céus tomara, com a notícia me dirigi a seu quarto e ao entrar vi ele e o Dr Henrique conversando, ambos com muito bom humor.

– Bom Felipe, por enquanto é isso que eu tenho a dizer, talvez ainda essa semana você possa voltar pra casa.

– É tudo que eu mais quero Dr, estou com saudades de tudo lá.

Com uma voz baixa, eu disse:

– Olá.

– Olá Alexia. – Disse o Dr Henrique bem humorado – Vou deixar você e o Felipe conversarem, e você rapaz se cuide está ouvindo?

– Pode deixar, rs.

O Dr saiu nos deixando a sós, eu me aproximei de sua cama, dessa vez ele não estava deitado, estava sentado, os olhos tinham o mesmo brilho de antes e o sorriso lindo como sempre, num gesto único e singelo nos abraçamos, ele me apertava com força, cheirava meus cabelos e me enchia de beijos nos cabelos, ambos sorriamos.

– Você ouviu? Eu vou sair daqui. – Disse ele parecendo uma criança no natal.

– Eu sei, sua mãe me disse. Estou tão feliz com isso Feh, vai ser ótimo ter você em casa de novo meu amor.

– Eu preciso te dizer uma coisa ...

– Diga.

– Me perdoe por ontem ... por, por ... te fazer prometer aquilo, por te pressionar assim dessa forma Alexia, eu não devia ter falado nada.

– Confesso que fiquei muito sentida com você, mas deixa pra lá meu amor, você está melhor, vai voltar pra casa e seguiremos em frente com nossa vida meu lindo, tudo será perfeito agora.

– Sim, tudo será perfeito.

(...)

Dentro de duas semanas o Feh voltou pra casa, claro que ele devia continuar tomando os remédios de sempre, e ainda não estava bom pra comer um X-Tudo, mas era melhor do que ficar entrevado naquela cama dias e noites seguidas, assim que voltou ele me ajudou a dar um jeito naquela bagunça, a preparar comidas mais leves e arrumar meu cabelo, que naquela altura do campeonato estava horrível.

Assim que terminamos ele quis assistir algum filme e sendo legal disse que me deixaria escolher, como eu amo, adoro de paixão romances fui direto neles, assistimos a “O Diário de Uma Paixão”, eu já havia lido o livro mas o filme me envolvia de uma maneira que não me importava de assistir mais de 20 vezes, assim que terminou eu perguntei a ele algo que me recordei que naquele dia que cheguei no quarto ele estava lendo esse mesmo livro, e curiosa perguntei:

– Porque com tantos livros você estava lendo esse livro no hospital?

– Porque acho uma história muito linda, apesar de não ser muito sensível eu gosto de histórias de amor que condiz mais com a realidade.

Fiquei olhando pra ele por alguns minutos e me perdi nos olhos castanhos –esverdeados que eu amava tanto, num gesto rápido ele tomou minha cabeça em suas mãos e beijou meus lábios, seu beijo era tão cheio de sentimento, tão cheio de saudade e amor. Suas mãos desceram pra minha cintura e me puxaram pro seu colo, depois deslizavam por toda minha coluna e então para minha nuca, e aos poucos sua mão estava tocando a minha pele por dentro da blusa do pijama, eu havia sentido tanto sua falta, e por diversas vezes pensei que nunca mais teria momentos como aquele de volta, o silencio do quarto foi quebrado por sua voz ofegante me dizendo:

– Faça amor comigo Alexia, senti sua falta.

– Sim, sempre que você quiser.

E depois disso ambos caímos em nossa cama, deixando que a luz das estrelas e da lua iluminassem nosso quarto.