Cheguei cedo na escola porque precisava da Melissa, já que não a veria por mil anos depois da escola agora. Procurei por ela pro um bom tempo e percebi que todos me olhavam diferente, não paravam de cochichar e tudo mais.

–Achei você!

–Você é o comentário da escola. – a Mel pegou no meu braço e fomos andando para a sala.

–como?

–estão falando de sábado, Laura. De você e do Roberto. Acham que vocês estão namorando e agora o Pedro ta se roendo.

– sem chances pra ele.

–fica com ele, amiga! Ai você deixa o caminho livre pra eu chegar ao Ro.

–que desespero. Acho que ele esta apaixonado, sem chance pra você. – menti. Ou não.

Ela só me olhou feio e o professor começou a explicar. No meio da aula de português uma mensagem desconhecida, ou melhor, do Roberto chegou me chamando pra sair depois do almoço, aceitei e fiquei sorrindo feito boba. Percebi que a Melissa estava encabulada com isso, então fingi que estava concentrada no professor e ela logo parou.

Fui correndo pra casa, dei um tchau rápido e sai que nem louca.

O Roberto disse que ia me pegar em casa, então pude demorar um pouco mais pra me trocar. Coloquei um biquíni vermelho, um short jeans escuro e uma blusa preta, básica. Fiz um trança e fiquei esperando ele.

–Tudo isso só pra me ver? – ele perguntou quando parou o carro perto de mim e abriu o vidro.

–não. É pra mim, mesmo.

–toma Roberto. Chupa essa manga! – ele disse e arrumou o cabelo olhando pelo retrovisor.

–ai, nem te conto. Minha amiga te quer, vei. Canta ela, aposto que ela vai falar que a roupa não é pra você, mas o corpo nu... Ai deixa pra lá.

–Nossa, que desesperada. Ta na seca é?

–pior que não. – eu disse quando o carro começou a andar.

–mas como ela é?

–Ruiva, olho verde e magra. Mais que eu.

–nãaaaaaao. Ela nem deve ter peitos.

–Tem mais que eu. – eu disse e ele olhou pra mim, depois... – ta chega.

–mas ela não tem chance.

–não? Que dó. Por quê?

–porque ela não é você!

Tudo parou. Eu fiquei olhando em choque pra ele. Incrédula, olhando pra ele tentando ver se era aquilo mesmo que eu tinha ouvido. Isso não podia estar acontecendo, sabe? Eu ainda sinto algo pelo Pedro. Ou não.

–Você ta zuando com a minha cara, ne? – eu perguntei quando ele parou o carro no estacionamento.

–e se eu estiver falando a verdade?

–Sei La.

–Laura eu tenho chance? Porque se eu não te ver... me avisa que eu desisto e paro de te encher o saco.

–eu acho que eu quero sim.

Ele não pensou duas vezes. Me encurralou e me deu o maior beijo, aqueles que você fica sem fôlego e não consegue pensar em nada depois. Isso porque foi ao som de Gusttavo Lima, mas nem sei que musica, pois eu estava muito ocupada.

–desculpa. Eu matei a vontade de uns dias atrás.

–caramba, mas não sou tudo isso.

–pra mim você é, cara. Seu olho, sua boca, seu sorriso, sua voz. Você é perfeita, sabia? – ele disse e não deu pra ter réplica, ele me beijou de novo. Um beijo mais apaixonado que o outro.

Depois de tudo saímos e fomos almoçar no restaurante da família dele. O irmão mais velho e o pai estavam na recepção e então não hora corei. Ele me guiou ate lá e eles olharam como se eu fosse uma alienígena.

–Essa é a minha namorada, Laura. Laura esses são Afonso, meu pai, e Rafael, meu irmão.

–Oi. – todos disseram juntos e eu só dei um aceno, pois não saiu nada da minha voz.

Ele saiu e eu o segui, e sentamos numa mesa de canto pra ninguém nos notar. Ficamos nos olhando por um tempo e eu ainda estava tentando assimilar todos os fatos.

–desculpa, mas não sabia outra maneira de te apresentar pra eles. – ele falou num tom de medo.

–ah, tudo bem, Rô. Posso te chamar assim?

–Deve. – ele riu.

–sabe, eu não deveria estar fazendo isso, mas algo maior diz que isso é o melhor pra mim.

–isso o que?

–você. Estar com você.

–Como?

–Eu achei que amava o Pedro, mas você apareceu e tudo mudou, nada é o mesmo. To mais feliz, o mundo ta rosa.

–isso é bom?

–se isso for recíproco, será perfeito! – eu dei um selinho nele.

–ai caramba, me esconde. – ele falou e abaixou a cabeça.

–o que foi?

–minha ex, bem ali falando com o meu pai.

Olhei e era uma menina com o corpo perfeito. O cabelo liso em um corte Chanel a fazia ficar fofa e sexy. Ela esta com um short curto que dava pra ver o útero dela e uma tomara-que-caia preta. Percebi que ela estava procurando por alguém e logo entendi quem era quando o meu ‘sogro’ apontou para a minha mesa.

–ela esta vindo pra cá.

–droga, porra, cacete, caralho.

–Oi, Beto. Quanto tempo... –ela chegou na nossa mesa meio que se mostrando. Vadia!

–oi Pâmela.

–assim que você vai me tratar depois de tudo? Tudo bem então. A gente se vê por ai.

–ta, tchau!

O clima ficou totalmente pesado. Ficamos nos olhando e ele perdeu a fome.

–vou pra casa, Ro. A gente se fala outro dia.

–não, não. Fica! Sem você o dia vai ser pior.

–mas o clima ta chato, percebi que você está incomodado com isso. Resolve isso e depois conversamos, pode ser?

–não.

–ta bom, Roberto. Então o que você quer fazer?

–quer ir lá pra casa?

–tem outra coisa não? – eu perguntei morrendo de vergonha com o convite.

–não. – ele fez cara de bolado, então tive que ir pra lá.

A casa lindamente decorada era enorme e elegante. Decidimos ficar na sala, e pra eu não ficar tão sem graça ele convidou a Julia e o Jonas e eles já estavam a caminho, o que me deixou aliviada, afinal ficar sozinha em uma casa com um menino que você beijou pela primeira vez é de dar nos nervos.

–agora é oficial? – o Jonas questionou.

–foi só um beijo. – respondi no lugar do Roberto.

–Um beijo vale mais que mil palavras.

–Já dizia o Luan Santana. – todos riram menos o Jonas.

–Gostei de você. – o Jonas disse e começou a rir.

Sentamos para assistir um filme, o escolhido foi homem aranha 3. Eu e a Julia começamos a conversar, pois começou a ficar chato e começamos a ficar irritada com isso. O papo bom, o Jonas cochilando e o Roberto com medo do filme fez a hora passar rápido demais.

Meu celular começou a tocar e eu fiquei num desespero tremendo quando vi quem era. A melissa estava tentando me ligar fazia tempo e eu não atendi, ela devia estar uma fera. Peguei o celular e sai correndo pra qualquer lugar onde eu estivesse sozinha.

–Oi Mel, desculpa!

–onde você ta? A empregada disse que você não ta em casa.

–eu to na casa de uma colega minha.

–Bem, anyway. Quero saber se você pode me passar o numero do Roberto, quero falar com ele e ver se da em alguma coisa.

–Numero do Roberto? – gritei e ele olhou com cara de medo pra mim. – Eu deletei o numero dele da minha lista, Mel.

–Puta que pariu, ein Laura. Não faz nada certo nessa vida quando o assunto sou eu.

–desculpa Mel, nem lembrei que você ta querendo ele. Olha, tenho que desligar... nos falamos mais tarde, ok? Ok.

Desliguei e percebi que o Roberto estava vindo em minha direção meio bravo.

–Quem é essa?

–minha amiga.

–você não contou sobre a gente.

–como você acha que ela vai reagir, Roberto? Ela ta querendo você... se ela descobre o nosso caso eu to ferrada. – eu disse me segurando pra não chorar e indo em direção a porta. – vou embora, antes que a coisa fique mais fedida. Tchau gente. – abri a porta com tudo e sai correndo, sem olhar pra trás.

Sei que não estou fazendo o certo, mas não sei quem escolho. Meu amor esta se tornando forte e verdadeiro, mas a minha amizade de 100 anos não pode acabar por causa de um homem também.

As duvidas me corroem e não sei o que fazer. Meu coração desesperado fica acelerado quando penso nisso. Ninguém e casa, então só deito e durmo, querendo não acordar tão cedo pra voltar a realidade cruel.