A semana agitada me fez quase perder a cabeça. Provas, trabalhos, e o caramba a quatro. Alem da redação sobre ‘o que aconteceu de melhor na sua vida?’ o que mais eu poderia falar a não ser o Roberto? O nascimento do meu sobrinho? Minha Irma? Sei lá. Falei do Roberto como se fosse um amigo colorido, mas se ler nas entrelinhas da pra perceber o que é na verdade.

Bom, mas pra refrescar um pouco a cabeça, a Babi me chamou pra ir numa festa de um primo dela, que eu não faço a menor idéia de quem era.

Acordei um pouco cedo, por causa da ansiedade, e fiquei brincando com a Luiza. As horas passaram rápido. Sinceramente não vi meus pais o dia todo e não sabia onde a Lu ficaria, só depois descobri que era na casa da minha tia.

Me troquei, coloquei um vestido tomara que caia estilo tubinho vermelho, meu salto de onça e cacheei as pontas do meu cabelo. Deixei na minha tia que morava duas ruas depois da minha e peguei um taxi até o local da festa.

Era uma festa de 18 anos, então imaginem a bagunça... mil caras gatos de mais pra ser verdade mas que estavam com latinha de cerveja na mão, e alguns até com cigarro... tava um fedo que só... aquele odor me deu um nó na barriga, mas pra não arranjar encrenca disfarcei e procurei pela Babi, logo a achei com um pedaço de torta nas mãos.

-Oi. – falei pra todos ao redor dela.

-Ta linda ein amiga! Ah, gente essa é a Laura, Lala esses são meus primos. – apenas acenei.

Ela vestia um vestido azul, com babadinhos e um sapato bege. E os primos, um mais lindo que o outro, estavam com um Sport chique. Um deles me chamou atenção. Já tinha o visto em algumas fotos do facebook, mas ao vivo ele era bem melhor. Rafael, se eu não me engano.

-você quer torta, La? – a Babi perguntou.

-por favor.

-vamos pegar então. – ela me puxou e me levou ate uma mesa cheia de comes e bebes.

-aquele seu primo de camisa social azul é aquele Rafael do seu Facebook?

-sim, mas ele não é meu primo. – ela riu. – ele é o melhor do irmão do aniversariante. Cresceram juntos e tudo mais.

-muito lindo, cara... será que pode rolar? Preciso esquecer o Roberto loucamente.

-ele esta solteiro... quem sabe. – ela deu de ombros e eu fiquei esperançosa.

Virei pra vê-lo e percebi que ele cochichava com o amigo dele e olhava pra mim, ou melhor, na minha direção. E ele começou a vir, pra mesa onde estávamos perto, e no mesmo tempo o primo da Babi a chamou. Era um plano?

-oi. – o tal Rafael disse.

-Olá. – dei um sorriso forçado de tão nervosa que eu estava.

-você já conhecia o povo?

-não, primeira vez que os vejo na vida.

-você não me é estranha. – ele ficou me analisando e eu fiquei vermelha de vergonha.

-eu sei muito bem de onde te conheço. – ele me olhou com uma cara de medo e eu logo acabei com o espanto. – você tem fotos com a Babi... no facebook.

-ah, é. – ele gargalhou – tem quantos anos? – ele perguntou e parecia ansioso por uma resposta.

-16 e você?

-17. – ele sorriu, um enorme sorriso pra dizer a verdade.

Ficamos conversando muito e até me esqueci da Barbára. Coitada... ou não, pois a vi beijando um menino que nunca tinha visto, e ele era lindo de morrer. Mas ao mesmo tempo que eu estava empolgada em conversar com o Rafa (como ele pediu pra ser chamado) eu estava com um sentimento estranho. Algo me dizia pra não ficar com ele, se ele pedisse, mas com um cara desses na minha frente como eu resistiria?

-você está solteira, La? – ele perguntou e colocou sua mão em cima da minha, que estava na mesa.

-sim e tu? – eu ri, pra abafar a vergonha.

-ninguém me quer.

-posso parecer antiquada e velha, mas hoje em dia namoros não existem... o povo só quer beijar, dar e partir pra outra.

-infelizmente, porque eu estou a procura de um grande amor.

Ele estava chegando perto, minha consciência dizia pra eu me afastar, mas eu me deixei levar e nos beijamos. Suas mãos percorria minha nuca e minhas costas. Me entreguei sem culpa.

Depois de alguns beijos, começou a balada e eu não resisti e o puxei pra pista comigo. Nos beijamos mais do que dançamos, mas foi engraçado. Dançamos rouge, Xuxa, Claudia Leitte, Ivete, eletrônica, aquelas musicas mais afeminadas e o que mais tocou.

 Rimos muito e dançamos como se fossemos dois doidos. Combinamos tanto que até trocamos telefone.

Fui dormir na casa da Babi que me fez contar detalhes da operação ‘esqueça Roberto.com’ (nome estranho, mas...). contei, ela ria e eu ficava vermelha, mas estava tão feliz com os acontecimentos que nem liguei pras zuações dela. Até que chegou uma mensagem do próprio Rafael, me desejando uma boa noite. Ai sim não consegui dormir mesmo, porque a dona Barbara ficava me zuando, falando que eu iria sonhar com ele, e casar com ele e não sei mais o que.

Eu não fiquei incomodada. Gostei. Mesmo com a minha consciência dizendo que foi errado, eu amei o acontecimento, afinal por alguns momentos esqueci o Roberto e tudo o que ele me causou.