Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 52
Tempo esquecido


Notas iniciais do capítulo

Sugestão de trilha sonora para o capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=pFDhG3hKwa8

Estou de volta! Sim, é quarta feira, e quero AVISAR a vocês (perdão pelo caps): Digo novamente que minhas terças e quintas estão ocupadas pelo curso de "français" e que o curso só acaba em dezembro, então as atualizações agora serão de QUARTA FEIRA.

Os reviews do capítulo anterior serão respondidos amanhã, meu primeiro dia livre desde... Duas semanas atrás? Está complicado.

Espero que gostem do capítulo! Aqui começa o jogo de manipulação de Harry.



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CAPÍTULO 52

TIME FORGOTTEN

Harry, como já mencionado várias vezes antes durante a história, não gostava de ficar no escuro. Não gostava de ser deixado em casa e principalmente, não gostava de ser deixado na casa de estranhos.

A notícia de que Nick estava voltando para casa mudou o humor do lar; enquanto James e Lily só faltavam dançar na sala, a ruiva cantarolando enquanto cozinhava, o animago ajudando-a, ou até mesmo fazendo o trabalho na mesa da cozinha, para passarem mais tempo juntos comemorando outra vitória de Nick, o Outro Potter andava rabugento.

Aquelas semanas haviam sido tão perfeitas para ele. Se Harry apenas fechasse os olhos e parasse de pensar, poderia acreditar que vivia em uma família normal, e que era um garoto normal. O modo como Lily havia suavizado seu tom com ele, como ela, às vezes, não o chamava de Harry, e sim de filho. Era como se estivesse vivendo um sonho.

Porém, como qualquer sonho, havia a infortuna hora de acordar. E a hora era agora.

“Harry? Está me ouvindo?”

O menino balançou a cabeça para dispersar os pensamentos e olhou para James, que parecia entediado. “Na verdade não, James. Pode repetir?”

Com claro desagrado, o animago repetiu: “Preciso que você fique aqui na Ordem até Nicholas voltar para casa. Não vai demorar muito tempo, e depois vocês podem se socializar como irmãos, e não inimigos” havia um aviso implícito ali. “Hermione está aqui, e os Weasley. Converse com eles, será bom você fazer amizade com alguns Gryffindors.”

“Eu tenho amizade com alguns Gryffindors” falou Harry, como desculpa. “Estou em parceria com os gêmeos Weasley em alguns dos seus produtos.”

“Ótimo!” James sorriu um sorriso satisfeito e indicou a porta do Grimmauld Place, 12. “Podem criar mais alguns projetos durante o tempo que vai passar lá. O diretor também vai querer trocar algumas noções para auxiliar nossas táticas de defesa, na opinião dele você parece levar jeito para isso.”

Harry entrou e fechou a porta sem olhar para trás.

Subiu as escadas, arrepiando-se a cada vez que um degrau rangia, e fazendo notas mentais para que evitasse pisar nos mesmos, seus dedos correndo pelo corrimão. Ele esperava achar a biblioteca, ou pelo menos algum livro que pudesse ler para preencher o tempo. Não queria se socializar, não por enquanto. Se alguém quisesse ser seu amigo, que viesse até ele.

Sua tática de evitar os Gryffindors se provou falha ao que Harry percebeu que, se encontrasse Hermione, encontraria a maior fonte de livros. Xingando sua sorte, ele lançou um feitiço para encontrar a rata de biblioteca e seguiu os passos mágicos até uma grande porta de mogno. O Outro Potter empurrou-a. Estava trancada.

“Alohomora” murmurou Harry, abrindo a porta logo em seguida. Hermione apareceu por detrás de uma grande pilha de livros, seus olhos castanhos se arregalando quando viu quem era. “Hey.”

“Hey Harry” Hermione corou levemente e indicou o outro lado da mesa onde está. “Fazendo os trabalhos extras para, você sabe, começar o ano com alguns pontos a mais. Estou lendo cada capítulo do nosso livro de Defesa Contra as Artes das Trevas e fazendo um artigo porque é óbvio que teremos que fazer um durante o ano. Esse livro não é tão bom quanto o do ano passado, só ensina o básico.”

Satisfeito por ter outra coisa para falar além da sua relação com Nicholas, o Outro Potter sentou-se onde fora indicado e pegou um dos livros. Folheando-o distraidamente, notou que a morena tinha razão: Aquele livro só possuía conteúdo que já tinham visto ou com Lupin, ou com Moody.

Fechou o livro com um baque, e Hermione olhou para ele, surpresa. “Não gostou?”

“Não” em raríssimas vezes, a honestidade era a melhor resposta.

“Se isso é o que vamos estudar esse ano, poderíamos muito bem matar aulas; Merlin, não acredito que disse isso!” Ela cobriu a boca com as mãos como se tivesse acabado de cometer uma infração grave. “Sabe, eu mal posso acreditar que tive uma queda pelo irmão do menino-que-sobreviveu.”

O que a fez corar mais ainda.

Harry assentiu, entendendo. “Revan tinha um rosto muito bonito. Não fico surpreso que você gostava dele.”

“Mas… Mas não foi o rosto dele que me fez gostar dele, de você. É que Revan conseguia ser tudo em um.”

Ele suspirou, pensando nas coisas que Regulus havia o ensinado quando ainda eram pai e filho. “Hermione, ser tudo em um significa ter todas as características negativas possíveis. Prefiro ter poucas, boas características, do que muitas e ruins.”

“É claro, mas eu não quero dizer dessa maneira. Você era bonito, inteligente e legal, apesar de ter virado um belo exemplo de Slytherin nos últimos anos. Harry! É por isso que você não aparecia no Mapa do Maroto?”

Harry estava prestes a responder quando a porta da biblioteca foi aberta novamente e Dumbledore entrou, usando vestes vermelhas com detalhes dourados que contrastavam contra o cabelo e barba brancos. Seus olhos azuis brilharam quando eles se encontraram com os verdes do Outro Potter, e Dumbledore caminhou até ele.

“Olá Harry. Podemos discutir uma coisinha na sala de reuniões? Prometo que não levará mais do que cinco minutos.”

Obediente, o menino se levantou e seguiu o velho mago, não conseguindo se controlar, porém, ao fazer uma careta e escrever a palavra AJUDA no ar, fazendo Hermione rir silenciosamente.

Não trocaram palavras até a sala, e mesmo quando chegaram lá, o silêncio reinava. Harry tinha tanto para falar com Dumbledore, tantos assuntos proibidos que ele simplesmente não queria dizer. Ainda assim, a vontade era tanta! Suas mãos comichavam para pegar a cadeira mais próxima e jogá-la na cabeça do diretor, ou de remover sua nova varinha e testar cada maldição que já tinha ouvido falar...

“Um minuto, diretor” avisou Harry quando exatamente 60 segundos haviam se passado. “Você só tem mais quatro.”

“Harry, sei que você está passando por uma situação difícil agora. A poção que Regulus fez você tomar, e os resultados dela quando o mais jovem Black morreu, eu estou fazendo o meu melhor para entender. Saiba que você pode contar comigo no que quer que for.”

O menino levantou uma mão para parar o diretor. “Você não é psicólogo, e a propósito, não preciso de um. Acho que não estamos aqui para falar dos meus sentimentos.”

“De fato não, Harry” os olhos de Dumbledore perderam o brilho. “A Ordem da Fênix está passando por maus bocados, e aparentemente Voldemort se tornou muito suspeito de Severus. Temo que ele precisará parar de ser um espião duplo por um tempo, para baixar a poeira. Antes de eu te pedir uma coisa, posso perguntar se compreende? Os motivos que levaram seus pais a fazer o que fizeram, os motivos de tudo?”

Harry assentiu.

“Muito bem. Está disposto a fazer algo para nos ajudar, e provar para os seus pais que você merece seu lugar?”

Movendo os olhos das sobrancelhas de Dumbledore para seus olhos, o Outro Potter sustentou o olhar do mago por alguns segundos. Harry podia quase ouvir Regulus gritando em sua mente que suas defesas mentais eram fracas e que não devia, em hipótese alguma, olhar nos olhos de um mestre Legilimens. Ele não se importava. Era forte agora, e se não fosse, tudo que fizera até o momento seria inútil.

“Sim.”

“Acredito que você queira ficar em Slytherin no ano letivo. Bom, não é como se você tem uma escolha. Entenda que você estará rodeado de comensais quando chegar em Hogwarts. Ah, mas você sabe disso, não sabe? Regulus morreu como um comensal.”

O moreno engoliu em seco e voltou a assentir. Se recusava a falar mais sobre o assunto.

Dumbledore não se acanhou com o silêncio do menino. “Tudo que precisamos nessa guerra que já estamos presenciando é de alguém que possa nos alertar de qualquer ataque que vá acontecer. Acha que pode conseguir essa informação para nós?”

“Por um tempo” confessou ele, pensando em suas palavras. “Eles são inteligentes e não vão acreditar em minhas mentiras para sempre. Você precisaria de alguém que está realmente no círculo interno do Lorde... de Voldemort. Eu sou um Potter. Um Potter que costumava ser um Black, mas ainda sou um Potter.”

Os olhos do velho bruxo voltaram a brilhar. “Isso é um sim?”

Harry manteve-se impassível. “Não. Isso é um talvez.”

Ainda assim, bem dentro de si, o menino sabia que suas escolhas escorriam por suas mãos como água. Ele teria que aproveitar o pouco que sobrasse, fosse o restante bom, ou não. Harry sentiu Revan recolher-se dentro de si, Nemesis mais ainda, e Harry Potter, o Harryzinho de dez anos atrás, aparecer, com tímidos olhos verdes parcialmente cobertos por cabelos de corvo.

E ele precisava ficar com o restante da água, custando o que custasse.

_

“O que você quer dizer com ‘seu irmão voltou’?” Nicholas perguntou, sua voz elevando-se acima do que era permitido no hospital. Sem receber uma resposta imediata, ele se pôs a examinar o novo braço. Era tão perfeito, ele conseguia sentir a mão da mãe apertando seus dedos, o calor da sua pele, e no momento em que recebeu as notícias de Harry, seus pelos se arrepiaram. “Mãe, ele sumiu. Ele sempre some depois que acaba de ferrar com a vida dos outros.”

Lily se enfureceu: “Não fale do seu irmão como se ele fosse um monstro, Nick! Ele está de volta... está melhor.”

“Foi você quem me ensinou que ele era um sociopata e que por isso eu deveria me esquecer dele!”

“Não, fui eu quem disse isso” corrigiu James, maxilar cerrado, sentado ao lado de Nicholas. Também examinava o braço prótese de Nicholas com admiração e assombro. Um expectador não podia dizer que não se tratava do real. Tinha o exato tom de pele, as exatas sardas espalhadas pelos ombros. “Acha que estamos felizes que Harry está de volta? É claro que não! Todavia somos seus pais, e não podemos despejar o menino em um orfanato outra vez.”

Nicholas cruzou os braços. “Funcionou da primeira vez.”

“Funcionou?” repetiu Lily, em choque. “Ele mal fala conosco, desvia-se do meu toque, não me chama de mãe e tem um ódio por Gryffindors. Pode ser explicado pelos conflitos que vocês tiveram ao longo dos últimos anos.”

O ruivo franziu a testa, não tinha intendido a iniciativa da mãe. “Você quer dizer último ano? Harry só apareceu no quarto ano.”

Lily fez uma careta que era estranhamente adorável ao seu rosto, tentando achar um jeito mais fácil de explicar a Nicholas que seu irmão só havia ficado fora de sua convivência por seis anos, e não dez. “A poção que Harry usava para se esconder expirou. Você já o conhecia, foi amigo dele.”

“Meu único amigo foi Ron, e ele morreu!” Nicholas insistiu, lembrando-se do outro ruivo com pesar no coração. Certo, eles só eram amigos por causa do dinheiro que ele tinha, mas ainda assim, Ron ria de suas piadas e o ajudava a escapar de enrascadas.

“É outra pessoa, campeão.” James não parecia muito animado com a perspectiva de ser ele quem daria as más notícias. Costumava ser o trabalho de Dumbledore. “Infelizmente, Ron está de fato, morto. Você tinha outra pessoa no primeiro ano, não lembra?”

O rosto de Nicholas contorceu-se em desgosto, seguido de choque e negação. “Não! Vocês não podem querer dizer Black. Ele é um Slytherin, ele é o garoto com quem todas as meninas querem ficar, ele me odeia!”

“Se serve de consolo, ele não é muito mais bonito do que você, agora” comentou James, sem pensar no peso que suas palavras teriam na cabeça de Nicholas, cujos olhos se arregalaram.

“Como assim, não é muito mais bonito?” Suas palavras tinham uma ameaça nelas. “Além de ser forte academicamente, o melhor jogador de quadribol, ele também é mais bonito? Que bosta, tem alguma coisa que ele não seja bom?” Ele implicava que os Potters precisavam achar alguma coisa onde Harry não era bom. “Pelo menos vou me casar com uma veela.”

Lily deu de ombros. “Ele vai se casar com Greengrass, e parece ter trocado bem mais do que beijos com Fleur, a irmã mais velha de Gabby, ano passado. É o que me disse o Ministro francês.”

A água que Nicholas tomada foi cuspida na cama onde estava. “Ele transou com uma veela? Sério?”

James mostrou as mãos como se mostrasse que assim, estava livre do que quer que fosse. Ele se redimia. “Só vamos para casa, tudo bem? Vocês podem acertar suas diferenças lá. Esse cheiro de hospital é nauseante.”

“Pelo menos me diga que vamos dormir em quartos separados.” Nicholas quase implorava àquele ponto.

“Você ainda tem a maior suíte da casa, Nick. Ele ficou com a menor, e está maravilhosamente satisfeito com o que tem. Não se preocupe, você ainda é o nosso filho favorito. Venha, vamos. Já testou seu novo braço, está tudo certo?”

Nicholas fez que sim e saiu, resmungando insultos, pela saída dos fundos do hospital, longe do alcance dos jornalistas. Pela primeira vez na vida, queria ser deixado em paz.

Chegaram ao som de música na mansão. Curiosos, seguiram até onde o som levava, a sala do piano, onde Harry tocava entusiasmadamente uma melodia que Lily pensava reconhecer de algum lugar.

“Está tocando Brian Crain?” perguntou quando a música havia terminado.

O menino levantou os olhos, sem parecer surpreso com as presenças na sala. “Sim, a peça Time Forgotten. Conhecem?”

Como demonstração, Lily foi até o piano, abriu-o e dedilhou as notas necessárias para fazer o acompanhamento da música que o filho acabara de tocar. Só então teve a ideia de mencionar: “Nick toca o piano também. Por que vocês não tocam uma música juntos?”

“Não!” falaram imediatamente.

“Que ruim que sou a mãe de vocês, então” Lily deu um sorriso sarcástico e empurrou Nicholas até o banquinho do piano. “Como mãe, estou obrigando vocês dois a tocarem, juntos, sob a pena de não terem janta hoje.”

Harry deu de ombros. “Tudo bem, sei cozinhar mesmo.”

“Harry” ele sibilou de dentes cerrados. “Colabore.”

“Nope. Já me esforcei demais por hoje.” Ele se levantou e saiu da sala sem dizer mais uma palavra. Ninguém tentou impedi-lo, e quando as portas já haviam se fechado, ele pensou ter ouvido Lily pedir a Nick tocar algo.

Ele não sabia dizer se Nicholas queria algum tipo de benefício com isso, mas o ruivo começou a tocar Time Fogotten quando Harry se jogou na cama tentando pensar em algo feliz. De agora em diante, dementadores não se fariam mais necessários.

O ruivo pigarreou e se sentou, teclando as primeiras notas. Logo Harry também o acompanhava em sua mente, o título da música lembrando-o da sua infância e consequentemente de Regulus. Ele odiava como qualquer coisa parecia lembrá-lo do pai; cheiros, cores e até mesmo sons quaisquer traziam uma lembrança à tona. Ao que o refrão se repetiu pela última vez, o moreno já tinha os olhos fechados. Dedilhava no colchão, como se esperasse que Regulus voltasse dos mortos para fazer um dueto com ele.

_

Harry se preparava para dormir quando batidas insistentes na sua porta dispersaram o pouco sono que ele conseguia ter dentro da mansão. Reprimindo um bocejo, ele pegou a varinha e encostou a orelha contra a porta para ouvir a respiração de quem estava do lado de fora. Respiração curta, voz grossa, na média da sua própria altura.

Nicholas.

Trocando pensamentos, o moreno abriu a porta com uma carranca para o ruivo. “O quê?”

“Mamãe disse para passarmos nosso tempo livre juntos” explicou Nicholas, entrando sem cerimônias e retirando um pacote de cheetos do bolso magicamente ampliado. “Uau. O que você fez aqui?”

“Feitiço de expansão” explicou Harry, indicando seu pequeno duplex. “Cozinha e sala no andar de baixo, quarto e banheiro no de cima, o banheiro tem uma expansão própria para caber uma banheira, e o quarto também. Não para uma banheira, mas para uma cama king size. A vista é artificial, mas não deixa de ser bonita.”

O queixo de Nicholas caiu. “Não é a toa que você não reclama do quarto que tem. Fez tudo isso sozinho?”

“Não é como se James fosse me ensinar como modificar meu próprio ambiente” retrucou Harry, dando de ombros. “Regulus me ensinou. É bom para se esconder durante a guerra. Pode sentar no sofá, se quiser. Ou só ficar em pé.”

Ele se jogou no primeiro sofá que viu pela frente. “Ok. Como quer fazer isso?”

“Os trouxas tem um jogo chamado Verdade ou Desafio, não têm?” Harry pegou uma garrafa de Whisky de Fogo. “Vamos modificá-lo. Confissões. Aqui, engula isso.” Ele estendeu uma gota de limão para Nicholas. Ao ver seu olhar indagador, explicou: “Evita que você minta. Não se mente em confissões, certo?”

Giraram a garrafa.

“Tenho medo que a veela não goste de mim” confessou Nicholas. A garrafa foi girada, apontando novamente para ele. “Ao decorrer dos anos, meus pais gostam de mim menos e menos.” Outra vez, para o ruivo. “Você está de brincadeira, né? Outra vez? Ok, ok. Acho que Dumbledore não me ache poderoso o suficiente para derrotar Voldemort, apesar dos meus feitos.”

Finalmente, a garrafa apontou para Harry. Ele deu um sorriso de espertalhão. A vontade de dizer a verdade foi ampliada com o pouco de whisky que havia tomado antes de se arrumar para dormir. Sua cabeça dava voltas.

“Estou escondendo muitas, mas muitas coisas de vocês.”

Nicholas não pareceu abalado. “Nós temos uma arma secreta.”

“Nós temos várias.”

Ele se inclinou para a frente, segurando as gargalhadas: “Sei resistir ao poderio de uma gota de limão.”

Harry levantou uma sobrancelha. “Ora, eu também.”

_

O moreno esperou até que Nicholas voltasse para o seu próprio quarto, antes de chegar até uma bacia rasa na parte de cima do duplex se tudo estava ocorrendo conforme planejado. Ele observou uma imagem perfeita de um cérebro, com uma grande atividade no córtex frontal. Maior do que o normal, ele se garantiu com um sorriso. Muito maior.

E, sem mais nem menos, levantou o punho, deu um giro de cento e oitenta graus e se deu um soco.

_

24h depois

Lily estava furiosa.

Não, ela estava mais do que furiosa. Ela não sabia que verbo podia exemplificar sua raiva com outra palavra do que furiosa, mas sua mente estava um nível além. Lívida? Furiosa parecia ter um efeito melhor do que lívida. A ruiva ficaria com furiosa.

James saiu da cozinha depois de comer as sobras do jantar, apenas para encontrar a esposa sentada no sofá, punhos fechados, como que se prestes a atacar alguém. O auror nunca havia visto a esposa tão brava, desde o dia em que ela percebeu estar sob o efeito das gotas de limão de Dumbledore quando aceitou que Harry fosse mandado embora. “Lily? Lily Flower? Por favor, responda.” Ao seu silêncio, levantou as mãos: “Venho em paz!”

“Vem em paz?” Lily caminhou até ele, dando repedidos tapas em seu ombro. “Diga isso para o seu filho!”

James franziu a testa. “O que quer dizer com isso?”

“A marca roxa no rosto dele, James, é disso que estou falando. Achou que pudesse esconder aquilo com um feitiço? Ele levou um soco, seu canalha! Seu soco!” Ela trouxe a testa dela e do auror próximas, de modo que pudessem compartilhar memórias em um feitiço que Lily estava aperfeiçoando desde que assistiu Doctor Who pela primeira vez na TV. A memória de Harry com um grande hematoma no olho direito fluiu através dela para James, que deu um passo para trás, assustado.

“Lily? Lily Flower, eu nunca faria isso com o meu filho.” Vendo seus olhos verdes cheios de fúria, a fúria de uma mãe que tem o filhote agredido. Pensou em suas palavras sem o cuidado suficiente: “Você... Você sabe que não!”

Ela o empurrou para o sofá. O impacto junto com o peso de James fez com que o móvel deslizasse para trás. “Eu sei é do episódio da janela! Colocar o nosso filho para fora da janela, para ver o que ele causou com magia! Francamente, James!”

“Você viu o que você fez?” rosnou James, puxando Harry pela manga da camiseta até uma janela quebrada com vista para o campo de Quadribol que eles tinham atrás da casa. “Vê? E olhe onde o vidro quebrado caiu!” com um empurrão, metade de Harry estava fora da casa, e ele podia ver vidro quebrado ao redor da porta.

Ele não sabia por que estava sendo punido. O vidro foi quebrando com um grito de raiva vindo de Harry, porque ele não conseguia fazer o feitiço “Wingardium Leviosa” e levitar uma pena de coruja. Ele tinha ficado tão animado pela demonstração de magia que correu para contar para seu pai. O resultado não foi o esperado: Depois de um beliscão de James e um tapa de Lily, ele foi trancado em seu quarto sem jantar. Antes de James trancar a porta, ele disse algo que ficou na mente de Harry por semanas:

“Não consigo acreditar que tive um filho tão estúpido como você.”

“Foi em um momento de raiva!” ele se justificou. “E você também bateu nele.”

Lily cruzou os braços, conjurando um lenço para limpar as lágrimas que começavam a cair. “Mas eu me arrependi, James. Você viu o menino que ele é agora? É por causa do que nós fizemos. E eu me arrependo de cada segundo do que eu fiz, cada segundo perdido dando atenção para Nicholas, quando ele já tinha toda a atenção do mundo!”

“Nick é o menino-que-sobreviveu!”

“NÓS NÃO SABEMOS DISSO!” berrou Lily, pegando um vaso e atirando-o em James. O auror desviou-se com poucos segundos de vantagem. Ela continuou, lívida: “Foi um palpite! A energia negra estava nele, ele tem a mordida de uma cobra que desapareceu, mas foi um palpite! Já imaginou que estamos fazendo tudo isso para o menino errado?.”

James chacoalhava a cabeça em negação. Ele não receberia ordens da esposa com aquele tom. “Você escute aqui!” rosnou ele, segurando o pulso frágil da ruiva quando ela se aproximou para dar-lhe um tapa no rosto. “Não falaremos disso, nunca. É Nicholas quem vai derrotar Voldemort!”

“Merlin, James, me solte!”

O auror firmou seu aperto com mais força. “Estamos entendidos?”

Lily fechou os olhos e se concentrou. No momento seguinte, uma corrente elétrica passou pelo seu corpo, atingindo assim também o do marido. “Você me solte, ou eu me solto sozinha. E fique aí! Vai dormir no sofá hoje.” Ela correu escadas acima, as mãos no rosto para que ninguém visse seus olhos inchados.

Como se James estivesse do seu lado, a ruiva socou o travesseiro em lágrimas. Quando seu corpo não podia mais aguentar a força, cedeu, murmurando até dormir: “Eu não te conheço mais.”


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Notas finais do capítulo

Que jeito melhor de se matar uma relação de família do que por dentro? Por favor notem que Lily não é sempre assim - se prestaram atenção, Harry drogou a bebida dela.

Faz um tempo que revisei o capítulo, e ele não está betado, então perdão pelos erros. Gostaram da trilha sonora? E que tipo de fim acham que a história vai ter, considerando os capítulos mais recentes?

Gostaria de agradecer todos que leram a história até aqui. Ela completa dois anos de Word agora em Novembro e seu "aniversário" do Nyah é em Janeiro, quando provavelmente a fic estará pronta. Dois anos! Obrigada pela paciência.

Cordialmente,
Lady Slytherin.