Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 39
Astuto


Notas iniciais do capítulo

Favor, para os que querem me matar, fazer uma fila organizada ;)

Muitíssimo obrigada pelos reviews. Eles, honestamente, diminuíram :( Mas de qualquer maneira, estou atualizando agora.

VOTAÇÃO IMPORTANTE
*Estou no mesmo bloqueio criativo desde Janeiro, e acho que precisamos considerar as opções aqui:
1-Esperar o fim do quarto ano e "finalizar" a fic.
2- Criar um ritmo constante de postagem semanal até que todos os capítulos extras se esgotem, e aceitar um possível hiatus até que eu tenha, pelo menos, escrito o final do quinto ano.
3- Seguir a vida e me manter postando capítulos irregulares enquanto espero pela inspiração vir.



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CAPÍTULO 39

CUNNING

“Revan, o que posso te dizer?” Frederick sorriu para ele. “Obrigado por sua companhia. Tenho certeza que Karina pode dizer o mesmo.”

A loira em questão assentiu. “É uma pena que não possa ficar mais conosco.”

“Ah!” eles apertaram as mãos calorosamente, e Revan sentiu como era realmente ser parte de uma família. “Vamos nos ver no Natal e na Páscoa. Podemos chamar Regulus. Tenho certeza que Tory vai adorar conhecê-lo.”

“Estou contando os dias” garantiu ele, beijando a mão de Karina e fazendo um sinal para Daphne e Astoria - já passavam das dez. “Foi um prazer te conhecer.”

Em um gesto quase elegante demais para ser verdade, ele se virou e, segurando a mão das duas meninas, correu contra a parede de tijolos, ansioso para finalmente voltar a Hogwarts. Não que seu verão tivesse sido ruim – de fato, Revan o considerou o melhor de sua vida – mas Hogwarts era sua verdadeira casa, rodeada de magia.

Daphne soltou sua mão assim que emergiram do outro lado, corando levemente, mas Astoria apertou a mão do herdeiro Black com mais força ao ver seu futuro novo. Até escolherem qual era o melhor compartimento, a morena já havia reclamado duas vezes de como seu pai havia sido tolo ao vendê-la para Malfoy.

“Revan até pagou por você” ela resmungou, sentando-se e olhando os alunos que embarcavam. A loira decidiu que suas unhas eram mais importantes que o resto do mundo, e as encarou pelo o que pareceu uma eternidade. “Te fez herdeira de não sei quantas casas.”

“Duas mansões” murmurou Daphne. “E parte da herança.”

O herdeiro Black bagunçou os cabelos de Tory. “Você terá muito mais do que isso com Draco. Ele é uma ótima pessoa.” A última frase foi difícil de ser pronunciada, e ele se sentiu satisfeito quando conseguiu terminá-la. Os olhos azuis de Astoria diziam que ela não acreditava nele, enquanto Daphne não moveu os seus do livro que abrira.

Conforme o tempo passava as vozes do lado de fora do vagão aumentaram, e todos sabiam que era uma questão de tempo até que alguém batesse. Eles só esperavam, em um acordo silencioso mútuo, que não fosse Malfoy e seus gorilas. Tantas pessoas legais no trem, para se encontrarem todo ano...

Uma batida soou na porta. Os três cruzaram os dedos e deram um suspiro aliviado ao ver Blaise com a mão erguida. “Entre e feche a porta.”

Blaise fez como pedido e se sentou, esperando uma conversa surgir. Observou a tensão no compartimento, principalmente entre os comprometidos. Astoria observava a tudo com um sorrisinho esperto no rosto. Seu sorriso se alargou ao se lembrar da reputação do Slytherin.

“Blaise, como sua mãe fez para matar os quatro maridos?”

“Astoria!” sussurrou Daphne, horrorizada, apesar de exibir olhos brincalhões. “Não se diz uma coisa dessas. Não se faz uma coisa dessas. Lembre-se que Draco será seu marido.”

Rindo, Revan voltou a bagunçar os cabelos da morena. “Só tenha certeza que ele assinou o testamento antes de tentar algo.”

“E se sentar, garanta seu sucesso” completou Blaise, em um tom aparentemente sério, mas que indicava que aquilo não passava de uma brincadeira. Os Slytherins estavam acostumados a ouvir aquele tom de voz sempre que o menino pretendia enganar alguém. “Minha mãe pode te dar algumas dicas.”

O olhar de Daphne em sua direção pareceu tornar a temperatura do vagão negativa. O moreno se encolheu em seu assento e respirou fundo para uma última brincadeira. “Se nós te encararmos por tempo suficiente, você derrete?”

“Claro” respondeu a loira em tom ácido. “Tão rapidamente quanto o tempo necessário para eu fazer a linhagem Zabini terminar aqui.”

Ele engoliu em seco e, contrariado, lançou um galeão para Revan, que esperava com as mãos abertas.

“O que estão apostando dessa vez?” perguntou uma nova voz. Todos se viraram para dar as boas vinda a Theo, dando sorrisos amigáveis. “Eu quero participar.”

“Quantas palavras são necessárias para fazer a rainha de gelo ameaçar te castrar?” explicou Revan, batendo no assento ao seu lado. O trem começou a andar suavemente. “Apostei que seriam menos de dez.”

Blaise parecia desanimado. “Ela me ameaçou em nove.”

A menina em questão usou a desculpa de que precisava encontrar Tracey e Pansy para discutirem suas férias e falar sobre coisas femininas, fazendo todos os meninos do vagão estremecer e fazer um sinal para que ela fosse logo. Satisfeita, Daphne arrastou Astoria para fora, deixando os três meninos sozinhos.

“Dá pra acreditar que faz três anos que nos conhecemos?”

“Em um tempo onde você era um Black, e nós crianças. O que? Pelo que sei, o pequeno lorde não tem sobrenome.”

“Não me chame de pequeno lorde” reclamou Revan, cruzando os braços em uma atitude infantil para mostrar que entre eles, Nemesis ainda era um adolescente. “Não sou pequeno.”

Riram uma risada alta e divertida.

Theo gastou as próximas duas horas contando os garotos sobre suas férias na Irlanda. Chegara um mês antes da Copa Mundial de Quadribol para aproveitar os costumes locais e, completou com uma risadinha, as belezas locais. Ficou sozinho em uma propriedade – seu pai tivera que ficar na Grã Bretanha para ajudar na campanha de Lorde Voldemort.

“Como se você não gostasse de ficar sozinho” disse Blaise com uma voz provocativa. “As coisas ficam muito melhores quando não se tem pais te proibindo de fazer tudo que gostamos.”

“Conte-nos, Theo, quantas irlandesas te visitaram?”

“Se eu te der um número, me dará o seu?” ao ver a confusão do herdeiro Black, completou: “Você passou o verão com duas garotas. As garotas.”

Ele corou. “Astoria tem doze anos e Daphne colocou uma dúzia de maldições ao redor do quarto.”

Foi a vez de Theo se aproveitar da confusão. “Então o pequeno lorde não saiu das vestes?”

Revan se levantou, tirando a varinha do coldre, no exato momento que a porta foi aberta. Em uma fração de segundo, estava de volta em sua posição sentada com uma expressão angelical. Olhou para quem abrira a porta, uma menina que não podia ter mais de vinte anos.

“Hmm... Eu preciso de nomes, ano e casa.” A auror apertava as mãos nervosamente, e junto com sua face, seu cabelo se avermelhou. “Por favor.”

“Com nossos nomes, conseguirá nosso ano e casa” Blaise reclamou, examinando-a. Era a primeira vez que encontrava uma metamorfomaga.

“Não, olha, nem me formei ainda, me puseram nesse trabalho, Merlin, só me deem o nome de vocês.” Seus olhos mudavam de cinzentos para azuis, verdes, castanhos e um extravagante tom de rosa. “Eu me lembro de você!”

Revan congelou. “Sim?”

“No primeiro ano, eu fui uma das perseguidoras de Nicholas Potter, você estava sempre com ele. Raven, não é?”

“Revan. Há uma diferença.”

A bruxa sorriu. “Fala, primo. Tonks a seu dispor.” Ela estendeu a mão direita e examinou as unhas. Franzindo a testa, encolheu o comprimento e tornou-as azuis. “Somos parentes de não sei qual grau.”

O jovem deu um sorriso charmoso de volta. “Tonks... Acho que me lembro de você. Cabelo com as cores do arco íris, se não me engano. Quer sentar? A moça dos doces vai passar aqui logo.”

“Eu queria, garoto, mas estou trabalhando” ela deu um suspiro dramático e fez com que seus cabelos adquirissem as cores do arco íris, conforme Revan dissera anteriormente. “Não exatamente, mas não posso ser demitida antes de começar a receber. Vou estar em Hogwarts.”

Ela fez menção de se retirar.

“Espere!” gritou Theo. “Você nem anotou nossos nomes.”

“Theodore Nott, Blaise Zabini e Revan Black.”

“Valeu. Até Hogwarts, meninos. Vou ser a segurança substituta nas aulas de Transfiguração.”

Saiu.

Quinze minutos depois, a senhora dos doces apareceu, vendendo os mais deliciosos apetrechos, chocolates e doces suíços, belgas, italianos, só os melhores. Revan pegou o galeão da aposta para comparar três sapos de chocolate, duas varinhas de alcaçuz e seis chicletes baba e bola.

Gastaram boa parte do tempo discutindo o recente pânico dos bruxos: Lojas do Beco Diagonal estavam sendo abandonadas, enquanto a Travessa do Tranco enchia mais a cada dia. Aurores começavam a trabalhar depois de um ano de treinamento, em período experimental, como era o caso de Tonks. Eles estavam espalhados por qualquer lugar imaginável.

Azkaban agora tinha mais lutadores do que antes. Três para um, diziam as fontes, como se um comensal louco pelos dementadores fosse capaz de lutar contra três aurores treinados. Só se fossem do círculo íntimo do Lorde das Trevas, pensou o menino, divertido.

Frio pareceu congelar a espinha de Revan conforme se aproximavam da escola.

“Estão sentindo isso?”

Theo e Blaise assentiram, tremendo. O que diabos um dementador fazia na escola?

“Expecto Patronum!” lançou o herdeiro Black, pensando nos dias gastos com os Greengrass, toda a emoção de ter tantas pessoas ao redor dele que se importavam. Ele não poderia usar Iubeo no meio de tantas pessoas sem querer que uma delas fosse atingida, por isso praticou o verão todo. Em uma tarde Daphne o encontrou praticando em seu quarto, múltiplas tentativas frustradas sem resultado algum.

“Ainda não conseguiu?” sua voz era provocadora quando a loira se sentou ao seu lado. “É tão simples. Expecto Patronum!” e uma águia saiu de sua varinha, emitindo uma luz branca intensa antes de perceber que não havia perigo e desaparecer. “O que não está conseguindo fazer?”

Revan grunhiu: “A memória feliz.” Não importava o quão feliz foram os últimos acontecimentos de 1993, todos eles se convertiam em dever cumprido, fazendo a felicidade se extinguir no ar.

“Acho que posso te ajudar” sussurrou Daphne, inclinando-se mais para perto. “Lembre-se que só estou fazendo isso porque não quero um marido fraco.”

“Lembre-se você que só estou fazendo isso para conseguir realizar o feitiço” sussurrou o menino de volta, tocando a pele suave do rosto da loira. “Só para isso.”

Seus lábios se encontraram delicadamente, de um modo que quase parecia que nenhum dos dois sabia o que fazer com o outro. Depois de um instante tenso, ele aprofundou o beijo, trazendo-a ainda mais para perto, seus peitos quase se encostando. A ideia de que Daphne não sabia o que fazer desapareceu; nenhuma menina inexperiente poderia beijar daquele jeito.

A mão da loira deslizou para o peito de Revan, posicionando-a de modo ao ouvir o coração, o respirar do pretendente. Acelerado. Ainda no beijo, ela sorriu, satisfeita com a reação. Revan por sua vez descansou sua mão contra a bochecha dela, e então para sua nuca, por onde controlaria a intensidade do beijo com um pequeno empurrar.

“Nunca pensei que você fosse uma menina dessas” disse o herdeiro Black quando se afastaram para respirar. Ele podia sentir o momento quebrar-se. “Sempre te imaginei uma santa.”

Os olhos de Daphne já estavam frios novamente. “É melhor conseguir fazer o patrono agora.”

Levantou-se e foi embora antes que o menino pudesse formular uma resposta.

“Revan?”

“Eu disse que alguma coisa aconteceu nas férias!”

Ele chacoalhou a cabeça, voltando para a atualidade. Seu corvo acabara de desaparecer, tendo afastado os dementadores. Sua respiração estava pesada, e não podia dizer se era pelo frio, ou pela memória. “Achei que Dumbledore não gostasse de dementadores.”

“Não gosta, mas comensais também não” explicou Theo, que dos três era o mais próximo das notícias do Ministério por ter o pai trabalhando no mais alto nível. “A maioria deles não sabe como produzir um patrono, mas aposto que sabe disso.”

“Sei, claro. As coisa ficam caóticas quando um dementador se aproxima de quem se arrepende do que fez.”

Com esses dizeres, explicou para os meninos como alguém que reformulasse seus pensamentos poderia se tornar parcialmente imune aos efeitos da criatura. Quem se arrependia, carregava memórias ruins. Quem servia por amor e lealdade não tinha suas opiniões modificadas, porque ao que o dementador se afastava, sua lealdade estava de volta e os pesadelos enterrados no fundo da mente.

Era o que planejavam fazer com Nicholas Potter, quando acordasse. Tentar torná-lo mais resistente aos dementadores aumentando suas aulas de oclumência de modo que memórias ruins, como a de Nemesis (Theo riu suavemente) não viessem à tona.

“Belo trabalho que você fez com ele” comentou Blaise, mostrando a capa d’O Profeta Diário. “Seu estômago foi dilacerado. Ele está oscilando entre a vida e a morte.”

Revan e Theo se inclinaram para ver a manchete. Uma foto de Nicholas ocupava metade da folha. Pálido como um fantasma, lábios roxos e cabelos ressecados, caindo ao redor dele sempre que Lily passava um pente para deixar os cabelos mais apresentáveis. Quem não lesse sobre o que se tratava, veriam Nicholas como uma pessoa morta.

Blaise evitava olhar para a foto. “Ele vai acordar?”

“Vai, claro” o herdeiro Black fez movimentos complexos com a varinha para criar uma projeção indicando o que pretendia fazer com o irmão. Ou pelo menos o que pretendia, antes de perceber que ele não estava no trem. “Theo, Blaise, algum de vocês sabe quando ele vai voltar para a escola?”

Theo deu de ombros. “Nunca, se a decisão fosse minha. A escola ficaria muito melhor sem ele. Acho que os medibruxos podem acordar Nicholas se quiserem, mas as chances dele morrer são muito grandes.”

Eles cruzaram olhares. “Deveriam acordá-lo.”

“Bom, ele vai ter que estar acordado para o Torneio” comentou Revan, não sentindo culpa, porém se perguntando se a dose do elixir que dera a Nicholas era suficiente. “As escolas chegam no Halloween.”

“Mal posso esperar para as francesinhas” disse Theo esfregando as mãos, como que se preparando. “Papai disse que vão trazer estudantes de todas as idades, para uma maior integração.”

Blaise franziu a testa, pensando. “Mas na França a educação começa aos sete anos de idade.”

“Não seja um pervertido! Estou falando das de quinze, dezesseis. E vai até os dezessete. Fiquei sabendo que a filha do Ministro é uma veela” seu sorriso era tão maroto que por um momento Revan lembrou-se do verdadeiro pai. Seu humor caiu, mas, animado com a perspectiva de começar a nova política proposta por Voldemort, conseguiu manter-se sorrindo.

Já estava escuro quando o trem parou com um freio suave. Os meninos levantaram-se com pressa, querendo sair do trem antes de serem pegos na fila de mil estudantes, e quase correram corredor a fora, evitando um certo loiro e acenando para amigos Slytherins de outros anos. Só perceberam que não havia fila quando já sentiam o ar fresco do exterior do trem.

Onde estão os pequenos?, se perguntou Revan, antes de perceber a resposta. Pai algum iria mandar um filho para uma escola com a reputação recente de Hogwarts, a menos que a moradia atual apresentasse mais riscos. Ele começou a contar os estudantes que não tinham o brasão de nenhuma casa bordado nas vestes. Não mais do que trinta.

Daphne, que acabara de encontrá-los, também havia feito as contas. “Dos cento e quarenta, trinta.”

“Não pode ser tão ruim” murmurou Blaise, também contando aqueles com menos de 1,50 metros. “Éramos 41, lembra?”

“Quarenta e um estudantes ficaram vivos no meio da guerra. Em 1983 as coisas já estavam mais calmas.”

Theo suspirou. “Menos Gryffindors para atazanar esse ano.”

_

A cerimônia de abertura foi breve, com a música mais curta que os estudantes de Hogwarts já tinham ouvido do Chapéu Seletor:

Nesse ano que começa,

Hufflepuffs devem esquecer-se da inocência,

À chegada da escuridão,

Ravenclaws do conhecimento desnecessário,

Gryffindors do modo extremamente ousado,

E Slytherins, da extrema ambição.

Pois uma vez que a escuridão reina,

Há sim, algo a temer.

É hora de esquecer as diferenças,

Unir-se,

Para que quando o sol não raiar,

Possam sobreviver.

Mesmo com a comida estando melhor do que nunca, o clima era tenso. Com tão poucos novatos, a seleção ocorreu rapidamente. Dos trinta, seis eram Slytherins, duas meninas e quatro meninos que Revan não se importou em conhecer, apenas cumprimentou-os e comentou sobre como era bom ter novos companheiros.

Todos os olhos estavam em Moody, o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, cujo olho se contorcia na cabeça. Seus lábios rachados quebravam em um sorriso sempre que ele detectava alguém fazendo um comentário maldoso a seu respeito. Depois de um tempo, os estudantes aprenderam a lição e focaram nos colegas.

Draco lançava olhares para o herdeiro Black a todo momento, às vezes parecendo assustado. Satisfação preencheu o peito do moreno, sabendo que mais uma pessoa era vítima de suas manipulações, naquele caso, o enforcamento de Lucius Malfoy, salvo na última hora por um elfo doméstico. Duas vezes, Revan fez movimentos bruscos que causaram gritos do loiro, para a grande diversão dos novatos.

Quando Dumbledore levantou-se novamente, silêncio pairou. “E agora que todos estão bem alimentados, tenho um último anúncio a fazer: Devido à um evento que vamos sediar esse ano, o campeonato de quadribol está cancelado” ele pausou, esperando que os estudantes se recompusessem e respirassem fundo antes de continuar: “O Torneio Tribruxo!”

Palmas eclodiram pelo salão. O ânimo estava de volta, e sussurros curiosos se transformaram em conversas animadas. O velho mago ergueu o braço, novamente pedindo a atenção de todos. “Os que já conhecem o torneio sabem sobre o prêmio e mil galeões, e também sabem muito bem que fatalidades ocorrem... muito frequentemente. Por isso, estarei colocando um limite de idade. Apenas maiores de dezessete anos poderão competir.”

“INJUSTO!” berraram os gêmeos na maior reação que Hogwarts tinha visto deles desde a morte do irmão. “INJUSTIÇA, INJUSTIÇA!”

Dumbledore os ignorou. “As escolas participantes, Durmstrang e Beauxbatons, chegarão à Hogwarts a tempo da cerimônia de Halloween, onde o Cálice de Fogo será aberto, um juiz imparcial sobre quem serão os escolhidos para competir. Tendo dito isso, eu desejo a todos uma boa noite de sonos e um bom retorno à Hogwarts.”

Seus olhos nunca pararam de examinar a multidão. Eram menos cabeças, mas tais cabeças andavam mais próximas umas das outras, em bandos. Todos os Slytherins foram para os dormitórios em formação de batalha – os mais jovens no meio, circulados pelos mais velhos até os que cursavam o último ano de Hogwarts, nas extremidades.

Snape também não falou muito. As mangas de suas vestes estavam mais compridas, cobrindo totalmente o pulso onde, os mais velhos sabiam, ficava a Marca Negra. O Mestre de Poções repetiu as palavras do Chapéu Seletor, frisando como era importante não criar inimigos nem fora, nem dentro da casa, e permanecer unidos até mesmo quando todo o perigo não estivesse mais lá.

“Você nunca pode ser cuidadoso demais” repetiu ele, coçando distraidamente o pulso. “Um jovem é tolo é cai em armadilhas. Dois jovens são tolos, mas percebem a armadilha. Três tolos deixam de ser tolos e desviam da armadilha, mas em um grupo de tolos, pelo menos um tolo deve saber desarmar a armadilha, e deixa-la pronta para os verdadeiros inimigos.”

As lareiras foram lotadas de cabeças de estudantes avisando os pais que sim, mais uma vez, haviam chegado a salvo nos dormitórios, que a senha era complicada e que não, não viram nenhum comensal rondando nos arredores.

“O novo professor é louco” ia dizendo Astoria para os pais. “Mas acho que vou gostar dele. Moody é do tipo que não hesita em matar alguém, eu acho.”

Revan esperava ouvir o famoso ‘Tory!’ vindo de Daphne, mas ao seu silêncio, percebeu que a loira concordava.

Virou-se para os estudantes que se aglomeravam atrás dele. “Sim?” deu um sorriso brilhante que deixaria seu irmãozinho com inveja. “Como posso ajudar?”

Um dos novatos deu um passo para frente. “Vai nos ensinar a lutar?”

“Dizem que você é o melhor duelista. Os mais velhos não querem nos ensinar.”

Honra correu pelas veias de Revan. Ainda sorrindo, ele instruiu os seis alunos a empurrarem os sofás e poltronas para os lados, de modo a terem uma área limpa para o duelo. Estudantes dos três primeiros anos preencheram as cadeiras dos cantos, assistindo, enquanto os mais velhos foram aos dormitórios conversar sobre outras coisas e evitar ser atingido por um feitiço de um adolescente rebelde.

“Quem vem primeiro?” sorriu ele, arregaçando as mangas e tirando a varinha do coldre. Snape o observava silenciosamente. O menino exibiu seus dentes brancos. “Cinco de vocês, venham!”

Astoria foi a primeira a dar um passo à frente, seguida por dois dos novatos, e três quinto anistas. “Seis?” seu sorriso só aumentou. Seu estômago se revirava em antecipação. “Venham!”

Revan pulou para o lado, conjurando uma poltrona para servir de proteção contra feitiços mais pesados. Arrependeu-se logo depois, quando a duelista do quinto ano pôs a poltrona em chamas. Descartando-a ao sentir a queimadura no braço, ele usou o mesmo fogo para ir na direção dos primeiro anos, cercando-os até que se amontoassem no chão. Bastou um dos feitiços mais simples em sua opinião, Incarcerous, para livrar-se de dois oponentes, por mais insignificantes que fossem.

Água apagou seu fogo, e mais fogo evaporou a água. Os alunos deram um passo para trás, assustados, enquanto os duelistas continuavam a avançar, atacando, nunca parando de lançar feitiços que beiravam o rótulo de maldições. Até mesmo Astoria, percebeu Revan, era uma excelente lutadora com apenas doze anos. Perguntou-se no canto de sua mente se a irmã, com mais dois anos de experiência, seria uma boa adversária para práticas amigáveis.

“Estupefaça!” berrou a morena, tirando o suor da testa. Ela pulou, desviando-se de um feitiço do herdeiro Black e rolando no chão de pedras, sem se importar com o uniforme. “Petrificus Totalus!”

Ele apenas fez um movimento com o braço para desviar o feitiço, que ricocheteou até atingir o segundo estudante do quinto ano. As mangas de Revan se mexiam por conta própria, e ele percebeu que seu truque estava ficando impaciente.

“Expelliarmus!” sussurrou ele, repetindo-o mais duas vezes até ter certeza que seu alvo fora abatido. Concentrou-se, pensando nas palavras exatas e tomando cuidado para que ninguém o ouvisse: “Vá!”

De sua manga esquerda saiu uma serpente de meio metro, com escamas prateadas que refletiam a expressão de puro terror de todos ao reconhecerem sua espécie pela boca negra. A Mamba voou para o último oponente, as presas pingando veneno, e avançou até que ele estivesse encurralado contra a parede.

As meninas fecharam os olhos, horrorizadas, esperando o golpe fatal.

“O que em nome de Merlin é isso?” exclamou Snape, levantando-se e conjurando uma longa vara para tentar lidar com a cobra. “Black!”

Revan virou-se para a plateia, abrindo os braços. “Sempre, sempre tenham um truque extra. Surpresa é o melhor tipo de ataque!” Voltou a sibilar baixinho para a cobra, trazendo-a de volta para seus braços. Acariciou-a com o dedo indicador, sentindo o corpo esguio. Perfeita para ser escondida e atacar quando necessário.

O melhor presente que poderia ter ganhado de seu mestre.

“Isso é uma Mamba Negra, professor” sorriu o herdeiro Black, girando para que todos pudessem ver a cobra. “E também o novo bichinho de estimação de Slytherin.”


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Notas finais do capítulo

Sinto muito que não houve nenhum tipo de coisa importante no capítulo, eu sei que não foi o meu melhor. Para compensar, no próximo capítulo teremos:
+James e Lily
+Aulas novas por causa da guerra
+Uma visão
+Uma carta

Reviews deixam o meu dia feliz, sério. Qualquer sugestão é bem vinda, e críticas também. Um dos leitores comentou que não gostou do romance, e a verdade é que, nem eu. Eu não gosto de romance, gente. Eu só leio romance Valkubus (viciada, admito!).
Sim, eu planejo evoluir a personagem da Daphne ao ponto deles se amarem, durante o decorrer do quarto ano.

Isso é tudo, não se esqueçam de votar, pois o futuro da fanfic depende de vocês ;)

~Lady Slytherin