Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 7
Uma maldita experiência


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :33



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Acordei numa certa manhã, já conformada com a nova casa, levantei da cama ainda dominada pela preguiça e abri a janela do quarto para a luz do sol dominar o ambiente.
A rua estava pouco movimentada, apenas algumas crianças indo para a escola. O ar estava pesado avisando que certamente choveria mais tarde.
Fui ao banheiro lavei o rosto e penteei os cabelos rebeldes que caiam sobre minha testa. Não dava tempo de tomar banho, pois como sempre eu estava atrasada.
Voltei para o meu quarto e escutei gritinhos estridentes e eufóricos vindos do lado de fora da janela. Dei uma espiada e vi as duas meninas do dia anterior grudada uma na outra rindo feitas doentes mentais.
Achei patético e fechei a cortina bloqueando os raios solares.
Eu era uma menina diferente. Vivi minha infância no campo, no meu rancho. Fui criada livre da hipocrisia que cerca os adolescentes e da maldita ditadura da moda e da magreza.
Abri a porta do meu roupeiro e escolhi uma calça jeans batida e a camiseta uniforme com o emblema do colégio. Dei uma ultima olhada no espelho embutido na porta do guarda roupa, peguei meu All star preto e fui para a cozinha tomar o café da manhã.
Papai estava sentado servindo um copo de leite para Giovane que não parava de cantar a maldita musica doSapo não lava o pé”.
Passei por ele e sentei na cadeira já cortando uma fatia de pão.
–Bom dia filhota – disse papai sentando ao meu lado – você vai querer seu leite quente ou frio?
–Não quero leite – respondi com indiferença.
Ele me olhou um pouco preocupado.
–Esta tudo bem? – perguntou.
–Sim – respondi enfiando metade do pão na boca – Coisas do colégio.
Ele bebeu um gole de café.
–Precisa de ajuda em alguma matéria? – perguntou – que aulas você tem hoje?
–Muitas – respondi – Eu não sou que nem o Giovane que tem uma aula só por dia. Eu tenho varias.
Ele deu mais um gole no café pensativo.
Continuei comendo e o ignorando.
Senti muita raiva naquele momento. Não sei explicar o porquê, apenas senti.

Terminei a fatia de pão, corri para o quarto, peguei minha mochila e sai pela porta dos fundos.
–Tchau filhota – disse papai.
Continuei andando sem dar atenção a ele.
Atravessei o gramado e fui em direção a rua. Comecei a andar tentando me situar. Foi um pouco difícil já que aquela era a primeira vez que eu andava pelo bairro. Achei a avenida principal e segui ate encontrar o colégio.
Passei num armazém próximo ao colégio que já estava aberto e comprei um Trident.
Eu teria que andar um bocado todas as manhãs.
Entrei no colégio e tudo foi como era de costume. As mesmas piadinhas, as mesmas patricinhas e a mesma porcaria de sempre.
Passei por duas meninas de calça rosa e escutei uma delas falar.
–Garota da roça – sua voz era fina e irritante – os anos 90 ligou e ele quer o seu penteado de volta.
Ignorei as duas que riam muito.
O sinal logo tocou, fui ate a minha sala e sentei na cadeira de costume. A ultima do lado esquerdo da sala ao oposto das janelas.
Ricardo estava do outro lado da sala e sorriu assim que me viu.
Na hora do recreio sentei no gramado de costume e Ricardo veio sentar-se ao meu lado.
–Oi – disse ele tirando uma mecha do meu cabelo da frente do rosto.
–Oi – disse eu.
–Como você esta? – perguntou ele.
–Com vontade de morrer – respondi – agora eu sou uma garota da cidade, tiraram toda a minha liberdade.
Ele ficou preocupado ao me ver triste.
–Calma – disse ele – tudo vai ficar bem.
Respirei fundo tentando acreditar nas palavras dele.
Depois do recreio tivemos aula de literatura e a professora havia passado um simples trabalho na aula passada, escrever uma redação livre e apresentá-la para o resto da turma.
Primeiramente foi uma das patricinhas que riu de mim mais cedo e leu sua redação. Depois um garoto alto e loiro, em seguida uma menina baixa e gótica e logo depois dela eu.

Peguei meu caderno e fui até a frente da turma. Pigarreei e comecei a ler a redação que eu havia escrito na noite anterior antes de ir dormir.


“Rodovia Unicórnio, caminhando para o amor
Podemos ser fortes, mesmo caminhando numa estrada solitária em busca do amor. Eu corro todos os dias por essa estrada com a fúria de uma santa em meus olhos, com meus cabelos loiros livres e com uma arma fumegante sobre meus dedos. Sigo o caminho de pedras descalça e meus pés sangram, mas mesmo assim eu não desisto, sigo em frente e tento me encontrar nesse mundo tão fútil, sombrio e nefasto. Eu sou apenas uma garota montada em um sonho, bêbada por ingerir xarope de arco-íris frequentemente, triste por sentir que meu coração sangra. Eu não sigo as regras, queimo meus documentos e faço minhas leis. Tento seguir livre carregando como bandeira meu sutiã queimado. Sigo nessa estrada em busca de um unicórnio. Pois acredito que unicórnios nos levam ao amor.”

Olhei para a professora que estava um pouco espantada.
Abaixei a cabeça e segui para o meu lugar. Um salva de palmas fracas inundou o ambiente e a professora sem fazer qualquer comentário sobre minha redação, chamou o próximo aluno de sua lista.
Enquanto uma menina alta e de nariz arrebitado lia seu texto, me assustei quando um pedaço de papel caiu em cima da minha mesa. Olhei para o lado e vi Vinícius um menino da minha turma sorrindo para mim.
Desenrolei o papel e li o bilhete.

“Preciso fazer uma redação boa igual a sua, podemos nos encontrar hoje a tarde na minha casa?”

Olhei para ele e gesticulei um sim com a cabeça.
Ele sorriu e voltou a prestar atenção na aula.
Vinícius era um rapaz alto e encorpado, tinha os olhos castanhos claro e os cabelos encaracolados. Todas as meninas babavam por ele. Eu o achava completamente simplório e igual aos outros.
No final da aula me despedi de Ricardo que entrou no ônibus escolar e fui surpreendida por Vinícius que apareceu atrás de mim me dando um susto.
–E então – disse ele –ainda tá de pé nossa tarde de estudos?

–Sim – respondi insegura.
Realmente Vinícius era um cara bonito, além de se vestir bem usava um ótimo perfume.
–Eu não sei onde você mora – disse eu enquanto seguíamos para casa.
Ele riu.
–Eu moro duas casas depois da sua – disse ele – vi você vindo hoje de manhã para a escola, mas não tive certeza se era você mesma.
Sorri desajeitada.
Enquanto caminhávamos dei dicas de como escrever uma redação. Ele pareceu bastante interessado e marcamos de nos encontrar na casa dele as duas da tarde.
Cheguei em casa e papai estava preparando o almoço.
–Oi filhota – disse ele – cheguei agorinha, peguei seu irmão na lá na babá e trouxe para casa. Ele já tomou banho e depois o levarei para a escola. Como foi no colégio?
–Muito colegial – respondi – como foi no trabalho?
–Muito trabalhoso – respondeu ele.
Almoçamos normalmente, papai não perguntou o motivo de eu ter acordado com um péssimo humor e eu não fiz questão de mencionar o assunto.
Depois de comermos lavei a louça enquanto papai levava Giovane para a escola. Esperei dar às duas horas marcadas peguei minha mochila e sai para a rua.
Segui duas casas acima da minha e me deparei com uma bonita casa azul de dois andares. Toquei a campainha e depois de alguns segundos a porta da garagem se abriu.
Vinícius apareceu usando uma bermuda florida e uma camiseta verde. Foi ate o portão e o abriu, entramos pela garagem, atravessamos a sala da casa que era bem mobiliada, subimos os degraus da escada de madeira e chegamos ao quarto dele.
Era um quarto amplo e bem organizado. Tinha uma cama de casal no centro com uma colcha vermelha, uma escrivaninha com um computador ao lado da cama, um enorme roupeiro feito de cedro e quadros da Marvel nas paredes que eram de um tom azul claro.
–Fique a vontade – disse ele.
Sentei na cama e não pude notar o colchão que era extremamente macio. Vinícius se sentou ao meu lado e pegou um caderno que estava próximo aos travesseiros.
Depois de muita conversa descontraída e de muitas ideias no papel demos por encerrado nosso estudo.

–Acho que já vou – disse eu guardando meu caderno na mochila.
–Espera – disse ele – eu tô muito a fim de te dar um beijo.
Ele colocou as mãos sobre as minhas e eu gelei.
–O que? – perguntei assustada.
Logo em seguida colocou as mãos no meu rosto e me beijou.
Fui pega praticamente desprevenida.
Ele aproximou seu corpo do meu e eu não resisti ao beijo.
Ele passava as mãos por minhas costas rapidamente e quando vi já estava sem minha camiseta. As mãos dele percorriam minhas coxas e seu corpo foi caindo por cima do meu. Segurei sua nuca com força enquanto continuava a beija-lo.
Ele me colocou sentada na cama e ficou em pé na minha frente.
–Você me excita – disse ele enquanto tirava a camiseta e desabotoava a bermuda florida.
–O que você esta fazendo? – perguntei – eu tenho que ir.
–Espera – disse ele parado na minha frente - você vai gostar.
A bermuda caiu no chão junto com sua cueca. Vinícius pegou minha cabeça e pressionou contra seu membro ordenando que eu chupasse.
Fiquei receosa no momento e me neguei, mas ele pegou minha cabeça com força e me obrigou. Senti duas vezes o membro dele dentro de minha boca e na terceira vez que ele puxou minha cabeça consegui sair.
–Vem querida – disse ele.
Não! – me soltei dele – Me larga seu nojento!
Ele me olhou com raiva.
–Vamos brincar um pouquinho – disse ele – o que custa?
–Babaca – respondi vestindo minha camiseta – idiota.
Peguei minha mochila e sai o mais rápido possível daquele quarto.
Enquanto andava até em casa, uma lagrima caiu de meus olhos.
Eu estava tão envergonhada, me sentia suja e hipócrita.
Entrei pelos fundos de casa e deitei no sofá chorando, se eu pudesse voltar no tempo jamais teria aceitado o convite de ir na casa de Vinícius.
Enxuguei as lagrimas e respirei fundo, rezando misericordiosamente para o amanhã chegar logo e me fazer esquecer aquela maldita experiência.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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