Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 5
Inocente




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As coisas de casa estavam praticamente todas encaixotadas, nos mudaríamos no dia seguinte para a cidade.
Passei a manhã inteira no colégio evitando Ricardo, eu ainda não havia contado a ele sobre a venda do sitio.
Na hora do recreio não entrei na fila da merenda como de costume, desviei meus passos para os fundos do colégio. Lá tinha um gramado onde os alunos sentavam embaixo de arvores para ler e conversar antes de voltar para as salas de aula.
Sentei em baixo de um ipê roxo.
Escutei passos abafados na grama e logo em seguida Ricardo sentou ao meu lado.
–Esta tudo bem com você? – perguntou ele.
Respirei fundo e olhei bem dentro de seus olhos.
–Papai vendeu o sitio – respondi.
Ele por um momento ficou mudo.
–O que? – perguntou depois de alguns segundos passados.
–Vamos nos mudar amanhã à tarde – disse eu.
Ele estava muito confuso.
–Mas.. por quê?
Contei a ele tudo o que papai havia me dito na hora do jantar na noite passada, Ricardo estava completamente surpreso e digeria cada palavra que eu dizia absolutamente mudo.
O sinal bateu assim que eu terminei de falar.
Ele estava muito serio.
–Temos que ir para a aula – disse ele levantando do gramado e estendo a mão me ajudando a levantar – vamos.
Levantei do gramado e seguimos juntos para a sala de aula.
Os alunos corriam de um lado para o outro entrando em suas salas rapidamente antes de seus professores chegarem.
Antes de atravessarmos a porta da sala Ricardo me puxou para o canto.
–O que vai fazer hoje à tarde? – perguntou ele.
–Não sei – respondi – por quê?

–Me encontre hoje à tarde embaixo dos pés de bergamotas – disse ele – temos que ter uma despedida decente.
Entramos na sala e cada um foi para um canto.
Namoro era algo completamente contra as regras do colégio.
Meninos ficavam de um lado da sala e meninas do outro. E no meio da sala dividindo ambos estava a mesa do professor.
Nossa aula era de matemática, mas eu não conseguia me concentrar em sequer uma das explicações do professor, meus pensamentos estavam em Ricardo e nessa despedida que ele havia dito.
O que seria? Eu estava extremamente curiosa.
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***


Quando cheguei em casa papai pediu pizza para o almoço.
Devoramos ela inteira em questões de segundos e logo depois papai levou Giovane para a escola, enquanto eu fiquei em casa lavando os pratos sujos de Ketchup.
Eu estava ansiosa, queria muito saber o que Ricardo estava planejando.
Lavei todos os pratos e deixei no escorredor para secar. Fui até a sala e liguei a TV, sintonizei em um canal TEEN que falava de sexo.
Eu e meus pais nunca tínhamos falados de sexo em algum momento. Nunca senti necessidade de experimentar, algumas das minhas amigas do colégio já haviam se dado ao luxo com seus namorados, mas eu estava de boa.
Eu via que essa parte da minha vida era bem resolvida. Eu me sentia maravilhada ao pensar nas pequenas coisas que tornavam a vida boa. Eu estava num momento ruim, mas sempre me ensinaram a clamar pela luz no fim do túnel.
A inocência é brilhante e eu sempre desejei que as pessoas nunca perdessem esse sentimento tão perfeito, tão puro e tão sem maldade. Se eu pudesse eu me prenderia a ela para todo o resto da minha vida.
Queria ser inocente para sempre.
Desliguei a TV e fui para o local marcado por Ricardo.
Ele já estava lá quando cheguei.
Estranhei seu nervosismo. Suas mãos estavam suadas e pareciam tremer.
–Oi amor – disse eu dando-lhe um beijo no canto dos lábios – Tudo bem?
Ele me olhou um pouco serio.

–Seu pai esta em casa? – perguntou ele.
–Não – respondi estranhando a pergunta – ele foi levar o Giovane pra escola e depois ele vai direto pra mecânica como sempre. Você sabe disso, o que esta acontecendo?
Ele me olhou serio.
–Há algum tempo eu queria te falar isso – sua respiração estava ofegante – E como você vai partir amanhã eu acho que esse é o momento de eu te falar.
Comecei a ficar um pouco preocupada.
–Falar o que Ricardo? – perguntei.
–Eu realmente te amo.. E eu queria ir além com você...
Fiquei olhando para ele sem entender uma palavra.
–Como assim? – perguntei – do que esta falando?
Ele tirou um pacote de preservativo do bolso da calça e me mostrou.
–Estou falando disso – disse ele me mostrando a camisinha.
Meu coração acelerou.
Olhei para ele confusa.
–Jessica – disse ele – quer ser minha primeira vez?
Fechei os olhos e respirei fundo.
Eu o amava, e ele seria o único que eu amaria na vida.
–Tudo bem – respondi insegura – a minha cama ainda não foi desmontada.
Fomos para dentro de casa e assim que chegamos ao meu quarto tranquei a porta.
Meu quarto não era muito grande.
Minha cama era de solteiro e tinha um jogo de lençóis rosa e roxo. Meu roupeiro de quatro portas ficava na maior das paredes e próxima a janela eu tinha um pequena estante com muitos livros.
O clima esquentava a cada momento, mas meu desejo era sair correndo dali e não voltar nunca mais.
Não sei por quanto tempo Ricardo pressionou seu corpo contra o meu, sei apenas que foi a pior das piores sensações da minha vida.
Algumas das minhas amigas haviam dito que era uma espécie de êxtase e felicidade, mas eu senti dor e desconforto.

Talvez tudo fosse devido ao fato de sermos ambos virgens, mas de uma coisa eu soube naquele dia, não existe um estado de êxtase na sua primeira vez, você não sente uma felicidade interior pra te confortar e nada é tão bom e bonito como parece.
Senti vontade de chorar quando tudo havia acabado.
Eu realmente daria toda a minha vida para voltar a ser inocente.



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Notas finais do capítulo

O que acharam?